Capítulo 25 – Time Passing

“O Tempo A Passar”

– Violet – 1 de fevereiro de 1996 –

Conforme o mês de fevereiro chegava, mais desconfiada de Morgana eu ficava. Em todas as aulas ela me fazia perguntas e me perseguia, mas não era uma perseguição como a que meu pai fez quando eu entrei na escola, e sim uma doentia e obsessiva. Ela parecia querer provar alguma coisa, e me conquistar era o primeiro passo.

Desde que descobri que Morgana Snape não existia, dediquei-me a investigar tudo que pudesse para desmascará-la. Perguntei sobre seu passado inúmeras vezes, e nesse processo, percebi que meu pai dava dicas sutis de que estava mentindo, como se não pudesse me dizer a verdade mas quisesse que eu descobrisse.

Harry me aconselhou que, se eu quisesse saber mais dela, deveria fingir aceitá-la e estar por perto sempre que possível, tratando-a como uma verdadeira tia.

– Comece a ceder, finja que está confusa, mas ao mesmo tempo quer conhecê-la melhor... Ela não pode mentir o tempo todo, e quando ela escorregar e dizer alguma verdade, você estará lá... – disse ele.

Segui seu conselho e, em cerca de uma semana, ela já me tratava como da família, e o melhor, não desconfiava de nada. Com o tempo percebi que ela não era tão legal como todos pensavam, Morgana era fria, calculista, cruel e sentia prazer em ofender as pessoas. Como uma sonserina nata, ela acreditava que sangues-puros eram superiores e fazia de tudo para expor os “inferiores” perante a classe, sutilmente é claro.

Infelizmente ninguém via isso, todos os alunos a idolatravam, acreditavam nela cegamente e diziam que ela era melhor que McGonagall. Uma terrível ilusão.

Minerva fazia falta como nunca antes, todas as manhãs ao entrar na sala eu me lembrava de vê-la ao lado da mesa recebendo os alunos. Tentei descobrir algum contato com ela, mas era praticamente impossível, já que o Ministério, ou melhor, Umbridge, estava disposta a tirar Minerva McGonagall da história de Hogwarts.

Minhas detenções tiveram fim e finalmente pude me dedicar mais ao AD, que estava sob a responsabilidade do Harry até então.

– O que você já ensinou á eles Harry? – perguntei em uma das reuniões.

– Já passamos por todos os feitiços defensivos que estavam no livro – respondeu Hermione

– Então acho que podemos começar com o Patrono hoje, não? – sugeri

– Serio? Cara, eu sou louco para aprender esse feitiço... – disse Blás extremamente animado

– Muito bem, então vamos ao Patrono hoje – concordei rindo. – Em teoria, o feitiço do Patrono serve para nos proteger dos Dementadores e das Mortalhas-Vivas. É branco-prateado e sua forma varia de acordo com o bruxo. – comecei - Para lançar o Patrono vocês devem pensar em alguma lembrança feliz, mas tem que ser uma lembrança muito forte... Logo, o Patrono é uma reprodução da felicidade dessa felicidade, e como não é um ser humano, os dementadores não podem vencê-lo. É um feitiço muito complexo e difícil, alguns bruxos só conseguem produzir um jato de luz que logo se apaga.

– Jato de luz? Mas aquele dia no jogo você lançou uma águia gigante... – disse Gina

– Se a lembrança e os motivos forem fortes o suficiente, o jato de luz se transformará num Patrono Corpóreo, e no meu caso, um Corpóreo Celestial, que é o estágio avançado do feitiço. Lembrem-se que a forma animal de um patrono não determina sua força...

– O Patrono Corpóreo serve também para mandar recados à alguém que está longe, seria um tipo de pedido de socorro... - completou Harry - Basta apontar a varinha, pensar em algo muito feliz e dizer Expecto Patronum.

– Vocês podiam mostrar o Patrono de vocês não é? – sugeriu Gemma

– Claro, mas eu vou primeiro, se você for antes o meu parecerá insignificante – brincou Harry levantando a varinha - Expecto Patronum!

De sua varinha saiu um jato prateado que, aos poucos, tomou a forma de um veado na altura de sua cintura que logo desapareceu.

Acho que ele também terá que treinar...

– Sua vez – disse ele. - Expecto Patronum! – exclamei

Pensei nos momentos que passei ao lado de meu pai e meus padrinhos, especialmente Minerva, e logo minha varinha soltou um jato de luz prateado que em segundos tomou a forma de uma águia. Aos poucos ela foi crescendo e brilhando cada vez mais, até estar quase maior que eu, abriu as asas e fez um ruido alto antes de desaparecer.

– Uau... – comentou Simas

– Depois disso me sinto humilhado... – brincou Harry

– O Patrono do Harry é um Patrono Corpóreo Simples, o meu é um Corpóreo Celestial... – ri – Agora vocês... Lembrem-se: pensamentos felizes!

Logo todos começaram a lançar o Patrono, porém, a maioria não conseguia mais que um filete de luz. Enquanto andava pelo Salão e ajudava a todos, observei que muitos se divertiam com a lição.

Rony ainda não confiava inteiramente em mim, mas pelo menos respeitava e não discutia, já Gina parecia ter me perdoado, embora não houvessem motivos para um perdão. Passamos um bom tempo na Sala Precisa e apenas a Luna conseguiu um Patrono Corpóreo, porém, este só durou poucos segundos.

– Meus parabéns Luna! – elogiei

– Obrigada – respondeu

Seu Patrono era uma lebre pequena, porém, muito rápida. Obviamente ela precisaria treinar mais, mas para uma primeira aula estava ótimo.

– 10 de fevereiro de 1996 -

Com o passar dos dias todos melhoraram seus patronos, estavam cada vez mais fortes e mais duráveis. Cho Chang produzira um cisne, Gina um cavalo, Hermione uma lontra, Simas uma raposa e Rony um Cão Terrier. Sophie era talvez a mais fofa, já que seu patrono era um filhote de coelho, enquanto o de Mary era um lobo e o de Alessa uma pantera.

Gemma, por sua vez, produziu um gato que recordou-me instantaneamente Minerva. Toda vez que me lembrava que ela fora afastada por me defender dava-me um aperto no peito. Eu sentia tanto a sua falta! Ela deveria estar em Hogwarts para nos ajudar o quadribol, para nos orientar nos exames e para supervisionar o Baile.

Ela deveria estar ao meu lado...

Meus ensaios com o Draco estavam cada vez melhores, a coreografia era perfeita e só faltava um pequeno detalhe: as roupas! Uma semana antes do baile Dumbledore liberou os alunos para uma visita à Hogsmead para comprarem seus trajes, e daquela vez, Luna e Gemma nos acompanharam.

Passamos a tarde toda de loja e loja, e quando finalmente compramos tudo, paramos no Três Vassouras, onde reencontrei certa pessoa.

– Violet! – exclamou assim que me viu

– Saoirse... O que faz aqui? – perguntei surpresa

– Vim comprar algumas coisas para o Baile... E você?

– Também. Veio sozinha?

– Minha mãe veio junto, ela é ótima para escolher joias e sapatos... – brincou

– O que acha de conhecer minhas melhores amigas? – perguntei

– Acho ótimo! – concordou enquanto a puxava para onde as meninas estavam.

– Meninas, esta é Saoirse, irmã do Vitor. Saoirse, essas são Alessa, Sophie, Mary, Gemma e Luna – apresentei uma a uma.

– É um prazer conhecê-la... – disse Alessa

– O prazer é meu – respondeu sorridente - Uau... Essas sacolas são todas suas? – falou ao perceber as inúmeras sacolas ao meu lado

– Ela foi a que demorou mais... – brincou Sophie – Acho que quando seu irmão vê-la vai ter um ataque!

– Acho que posso dizer o mesmo do Draco, não? – ironizei

– Você vai ao Baile com o Malfoy? – perguntou Gemma

– Não viu o brilho nos olhos dela quando dissemos o nome dele? – debochei deixando-a vermelha

– Sabem, até agora eu não sei com quem vocês vão... A não ser a Sophie e a Violet, claro – comentou Gemma com um sorriso malicioso para mim, que Saoirse percebeu.

– Pode tirar esse sorriso malicioso daí Srta. Farley! – falei – Aliás... Quem foi o louco que te convidou?

– Theo. – respondeu – O quê? Ele é divertido! – acrescentou assim que percebeu nossas expressões incrédulas - E você Mary?

– Eu convidei um amigo de infância que mora em Londres, Ben Karmicle, vocês não conhecem... – respondeu – Alessa?

– Patrick Volkov – falou

– Você vai com o Patrick?! – perguntou Saoirse surpresa

– Quem é Patrick? – perguntou Gemma

– Ele estuda em Durmstrang, filho do novo diretor e um dos melhores amigos do Vitor... – respondeu Saoirse

– Irônico não? – brincou Mary – As duas melhores amigas vão ao baile com dois melhores amigos... Quando casarem não vão nem perder o contato... – riu

– Mary! – repreendi-a com as bochechas vermelhas

– Patrick é apenas um bom amigo – respondeu Alessa – Saoirse?

– Eu vou com um amigo de Durmstrang também...

– E você Luna?

– Eu vou com o Harry.

– Harry?! – surpreendi-me

– Sim...

– Luna –

– flashback on –

– Os testrálios são criaturas maravilhosas não são? – falei enquanto jogava um pedaço de carne para um dos filhotes

– São...assustadoras... – admitiu - Então você... Já viu a morte de perto?

– Minha mãe era pesquisadora e gostava de fazer experiências... – comecei – Um dia uma delas deu errado e o quarto explodiu... Eu era muito pequena e estava no jardim.

– Eu sinto muito...

– Tudo bem, agora eu tenho meu pai... Ele fez um bom trabalho...

– É, ele fez... – comentou

Olhei para ele surpresa, o que o deixou sem graça. Era tão fofo quando ele não sabia o que dizer!

– Então... Hmm... Luna, você... Você já tem par para o baile? – perguntou apertando as mãos nervosadamente.

– Não... Os garotos me acham muito esquisita...

– Você não é esquisita. – contestou rápido de mais, fazendo-me sorrir.

– Então o que eu sou? – perguntei aproximando-me

– Você... – gaguejou – Você é diferente, mas de um jeito bom... É divertida, fofa, gentil...sonhadora – disse fazendo-me sorrir – E seus olhos são lindos...

– Obrigada Harry – falei sorrindo ainda mais.

– Eu adoro seu sorriso... – comentou encarando-me – Bom, eu... Hmm... Queria perguntar se você não gostaria de ir ao baile comigo...? – perguntou vermelho

– Você não precisa ficar com vergonha, deixe essa parte para mim... – brinquei

– Digamos que eu não me dou muito bem em convidar garotas... – admitiu passando a mão sobre o cabelo

Mas com certeza é bom em conquistá-las...

– Você se saiu bem agora... – falei – E eu aceito seu convite Harry, adoraria ir ao baile com você... – respondi sorrindo

– flashback off –

– Violet –

– Eu não acredito que ele não me contou! – falei de boca aberta

– Luna, Luna... Quem diria hein? – brincou Alessa

– Então é ele! – falei finalmente percebendo

– O quê? – perguntou a loira confusa

– Você estava apoiando incondicionalmente a Grifinória no quadribol... No início pensei que era por ser amiga dos jogadores, mas agora eu percebi o verdadeiro motivo – expliquei surpresa e feliz ao mesmo tempo.

– Que seria...? – indagou Luna.

– Você gosta do meu irmão! – respondi sorridente fazendo-a corar

– Ele é apenas um bom amigo... – tentou contornar.

– Não adianta fugir Luna... Sabe, vocês até formam um casal bonitinho... – comentou Mary

– Eu já disse que somos apenas amigos...

– A Violet e a Sophie dizem a mesma coisa do Vitor e do Draco... – riu a ruiva Sophie corou instantaneamente e eu também, o que não passou despercebido.

– Ownn!!! Foi só dizer o nome dos dois que elas coraram... Que fofo!!!

– Alessa! – gritei ao mesmo tempo que Sophie.

– Então você gosta do meu irmão? – perguntou Saoirse com um sorriso enorme.

– Parem com isso! – pedi – Temos que comprar as joias ainda, lembram?

– Não adianta fugir do assunto Srta. Snape... Seus olhos já te entregaram... – riu Saoirse acompanhada pelas meninas.

– Sophie, socorro... – pedi

– Você que começou... – riu a loirinha

– Violet, posso te pedir um favor? – falou Saoirse de repente.

– Qualquer coisa

– Nossa, tudo isso é desespero? – riu Gemma

– Vem comigo para falar com uma pessoa? – pediu Saoirse

– Agora?

– Você prefere ficar para conversarmos mais?

– Não! – respondi alto de mais – Quer dizer... Bom, sou uma pessoa prestativa...

– Claro que é... – ironizou - Então vamos – disse ela levantando-se – Meninas, prometo que daqui a pouco voltamos – falou piscando enquanto me arrastava para fora do bar.

– Com quem você precisa falar? – perguntei curiosamente

– Saoirse Krum -

– Você já vai saber... – sorri maliciosamente

Agora eu tiro todas as minhas dúvidas...

– Sabe, eu não gostei nem um pouco desse sorriso... – falou fazendo-me rir. Rapidamente entramos na Trapobelo Moda Mágica, loja especializada em confecção de roupas.

– O que estamos fazendo... – parou assim que percebeu quem estava à sua frente - ...aqui!

Vitor estava em frente à um espelho de corpo inteiro enquanto um homem tirava suas medidas. Violet ficou vermelha e extremamente surpresa, certamente não esperava encontrá-lo ali.

– Eu não acredito que você fez isso... – sussurrou ela ainda encarando-o.

– Vitor! – chamei

Assim que ele virou o rosto e percebeu Violet ao meu lado, abriu um grande sorriso que faria qualquer garota suspirar e se aproximou, deixando-a ainda mais vermelha.