Capítulo 18 – Conflicts

“Conflitos”

– Violet – janeiro de 1996 -

Passou-se uma semana desde o incidente com o Sr Weasley e Rony ainda me culpava, Gina quase não falava comigo e apenas os gêmeos se aproximavam, porém, não como antes. Harry ficou bastante perturbado com o ocorrido, principalmente pelos planos de Voldemort para meus amigos e Moody garantiu-me que Julianne passaria alguns dias na sede da Ordem até providenciarem um “segurança” mais adequado.

Quando acordei naquele primeiro dia de aula, sentia- me revigorada. A dor e as lembranças da noite passada ainda permaneciam em minha mente, claro, mas já não tinham a mesma intensidade. As meninas foram me ver durante o almoço e conversamos bastante, eu não queria e não podia esconder nada, portanto, disse tudo, inclusive sobre Julianne, a quem Alessa garantiu-me que ficaria bem.

Assim que voltamos para as aulas o clima com os Weasley não era muito bom, e todos perceberam. Umbridge, como sempre, encontrou um jeito de me atormentar.

– Srta. Snape, por que não compareceu à minha última aula?

– Eu não consegui dormir à noite e pela manhã passei mal, não estava apta para participar das primeiras aulas e Dumbledore me dispensou.

– Certamente as férias não foram o suficiente, já que resolveu faltar à minha aula...

Então você quer brincar? Muito bem, vamos brincar...

– Na verdade, as férias foram extremamente satisfatórias, além de não ter certas companhias pelo castelo, tive a oportunidade de conhecer e conviver mais com a minha própria casa... – falei no tom mais falso que consegui - Quanto à sua primeira aula, sinto muito... Eu queria tanto comparecer! – ironizei. - Mas acho que a senhora não ficaria satisfeita com uma aluna pálida, com o estômago embrulhado e à ponto de despejar o café da manhã em sua sala... – ironizei com um grande sorriso – Sei que sentiu minha falta, mas não precisa se preocupar, não pretendo faltar a nenhuma outra aula sequer... – finalizei com um sorriso inocente.

Umbridge ficou roxa e por fim vermelha de raiva. Todos da sala reprimiram um riso e, pelo canto dos olhos, percebi que Alessa sorria.

Como eu disse a mim mesma um tempo atrás... “Sua estadia em Hogwarts será um inferno!”

Logo tudo voltou à sua costumeira rotina. As reuniões do AD eram todos os finais de semana, os treinos secretos de quadribol às terças, minhas rondas às segundas e quintas e os ensaios com o Draco às quartas e sextas.

Matthew e Silena estavam realmente pegando pesado nos ensaios e, desde que voltamos às aulas, começaram a exigir mais que simples passos.

– Vocês estão sempre ensaiando com o uniforme da escola, a partir de hoje vamos mudar isso – disse Matt arrastando Draco para dentro de uma das portas da sala da McGonagall enquanto Silena me arrastava para outra.

Tive que tirar o casaco, a gravata e o colete, trocando o resto do uniforme por uma camisa branca com as mangas arregaçadas e os dois primeiros botões abertos, saia preta e meia calça preta. Nos pés, minha costumeira sapatilha foi substituída por um sapato de salto. Draco não ficou muito diferente, com camisa branca e calça, acrescentou apenas suspensório e sapatos de dança.

– Agora sim estão adequados... – elogiou Silena - Muito bem, acho que já é hora de ensinarmos algumas coisas mais complexas... – disse ele.

– Sim, com certeza. Violet, você consegue fazer isso?

– Terei que fazer isso?!

– Sim. No começo é um pouco complicado, mas logo você pega o jeito... – piscou – Basta levantar a perna num ângulo de 180º e pronto.

– Mas isso você pode treinar nos horários vagos, por enquanto vamos a uma posição em que ambos participam... – falou Matt

– A próxima chama-se “cruzada”. Draco, abra um pouco as pernas e flexione o joelho direito.

Draco fez o que Silena mandou, mas provavelmente estava errado, pois a mesma o encarava com incredulidade.

– Precisa ir ao banheiro Sr. Malfoy? – ironizou Matt

– Não, por quê?

– Porque não parece um dançarino e sim uma galinha prestes a chocar o ovo...

Novamente não aguentei e cai na risada, recebendo um mal olhado do loirinho.

– Faça direito! – mandou Matt Draco obedeceu e realmente fez certo. - Melhorou. Agora... Violet, em tese, é como se você fosse sentar no colo dele.

– Eu o quê?!

– Não faça escândalos, é algo simples! Veja... – disse Silena – Primeiro você se aproxima do Draco, que estará com o joelho flexionado. Depois você encaixa uma de suas pernas sobre a dele e, com um impulso, passa a outra por cima...

Matthew separou um pouco as pernas, flexionou uma delas e manteve a outra reta. Silena aproximou-se e “sentou” na perna flexionada, cruzando as pernas.

– Violet, você precisa “canalizar” seu peso e se equilibrar nessa posição. E você Draco, precisa segurá-la pela cintura o mais firme possível.

– Muito bem, agora vocês... – mandou Silena saindo da posição.

Draco repetiu os passos de Matt e encarou-me. Respirei fundo e repeti os de Silena, sentando-me na perna flexionada de Draco e cruzando as pernas e sentindo sua mão segurando minha cintura firmemente.

– Vocês aprendem rápido... – elogiou Matt – Agora sim você parece um dançarino Sr. Malfoy...

– Muito bem, podem se soltar, porém, sem sair de posição.

Descruzei as pernas e logo estávamos em pé novamente.

– Agora... Sr. Malfoy, deu para ter uma ideia da força que precisa para segurá-la, certo?

– Sim...

– Errado. Vocês precisam se acostumar com a presença do outro.

– Draco, você vai segurá-la no colo e veremos por quanto tempo aguenta. – mandou Silena

– Segurar como?

– Como um homem segura uma mulher. – ironizou Matt - Com uma mão na cintura e a outra embaixo dos joelhos... Agora.

– Tá, tá bom!

Rapidamente Draco passou uma de suas mãos em minha cintura e a outra embaixo de meus joelhos, erguendo-me e segurando-me em seu colo. Ficamos nessa posição por cerca de 5 minutos, quando senti que os braços dele começaram a tremer com o esforço. Antes que eu pudesse descer, a porta da sala foi aberta repentinamente.

– Merlin!

Assim que Minerva exclamou, Draco assustou-se e não conseguiu aguentar meu peso, soltando os braços e derrubando-me de costas no chão.

– Mas que droga Malfoy! – reclamei com os olhos fechados sentindo o chão frio sob meu corpo.

– Sr. Malfoy! – repreendeu-o Matthew enquanto estendia a mão para me levantar.

– Desculpem a interrupção, eu não fazia ideia de que ainda estavam ensaiando... – desculpou-se uma Minerva vermelha de vergonha

– Tudo bem, não se preocupe... – sorriu Silena

– Eu... Eu volto mais tarde... Com licença... – disse Minerva deixando a sala.

– Sr. Malfoy, se não está aguentando o peso da sua parceira, simplesmente coloque-a no chão ou avise, não precisa derrubá-la! – exclamou Silena

– Eu me assustei, não foi por querer...

– Você se assusta e eu pago o pato? – reclamei – Faça isso de novo e farei questão de acertar suas partes baixas... - avisei

– Você está bem? – perguntou-me Silena

– Estou.

– Ótimo, então vamos continuar. O próximo chama-se “frontal simples” – começou Matt – Vocês estarão na posição inicial, então Draco vai flexionar uma das pernas para frente e manter a outra reta, para trás.

– Violet, você não vai sair do lugar. Mantenha a perna de dentro apoiada no chão e a outra você estica para frente... Draco, quando você flexionar a perna, vai automaticamente para frente, então, a Violet vai junto... Matt - chamou

Matthew e Silena fizeram tudo e por fim ela ficou quase deitada, apoiada apenas pelo braço de Matt, que mantinha-se reto.

– Agora vocês – mandou ela ficando em pé novamente. Draco aproximou-se e fez tudo que Matt mandou, assim como eu repeti os passos de Silena.

– Muito bem, estamos progredindo bastante... – elogiou Matt

Antes que eu pudesse dizer outra coisa, a porta foi novamente aberta e, como da última vez, Draco soltou minha mão e cai de costas no chão.

– DRACO MALFOY EU TE MATO! – gritei de olhos fechados

– Ahh, desculpem... Pensei que a professora McGonagall estivesse aqui... – disse Luna com um olhar sonhador e extremamente surpreso

– Ela não está – respondeu Matt levantando-me novamente.

– Hmm... Tudo bem, desculpem... E... Violet, a Gemma mandou avisar que o treino com o Montague foi alterado para hoje, depois do jantar, no lugar de sempre... – avisou

– Obrigada Luna – respondi o mais amigável possível

– Estou indo, desculpem novamente... – falou fechando a porta

– Sr. Malfoy, quantas vezes terei que dizer que não pode soltá-la dessa forma?! – exclamou Matt

– Foi um acidente!

– Assim como da última vez? – rebati com raiva

– Muito bem chega vocês dois! – disse Silena – Vamos repassar os passos. Comecem pela cruzada, depois um giro e frontal simples, por último dois giros e terminando no “frontal composto”.

Me aguarde Draco Malfoy...

Draco aproximou-se e, após passos básicos de “esquerda-direita-esquerda-trás-frente-direita”, flexionou o joelho e eu rapidamente enganchei a perna na sua para em seguida passar a outra por cima. Dois segundos depois ele colocou-me no chão e girou-me uma vez, para então flexionar o joelho novamente e impulsionar-me para o frontal simples, puxou meu braço e girou-me duas vezes para finalmente terminarmos no frontal composto.

– Foi ótimo! – exclamou Silena satisfeita

– Acho que agora podemos repassar a coreografia que mostramos no início da aula não? – sugeriu Matt colocando o disco para tocar.

http://www.youtube.com/watch?v=jbPv0dWsDQw

(apenas o som)

– Desde que ele não me derrube de novo, por mim tudo bem...

– Foi um acidente...

– Certo, fiquem em posição e apliquem os novos passos de hoje... – avisou Matt

Assim que a música começou, Draco trouxe-me para mais perto. Devo admitir que estávamos bem melhores na dança, mas como eu ainda tinha uma vingança para fazer, esperei o momento certo. Fizemos os tradicionais passos para os lados e quando chegou a parte da cruzada, enganchei uma das pernas na sua e levantei a outra, exatamente como Silena havia pedido para treinar. Draco olhou-me maliciosamente e devolveu-me ao chão, partindo para os próximos passos.

Deveríamos terminar com os famosos “chutinhos” entre as pernas de ambos. Draco fez sua parte e, quando chegou a minha vez, a porta foi novamente aberta, mas como estava concentrada na minha vingança, não percebi quem era. Simplesmente levei minha perna para a posição e, “acidentalmente”, empreguei força e direção exageradas, ou seja, acertei suas partes baixas com o salto do sapato.

– Oops... – falei com um sorriso travesso - Foi um acidente...

Draco encarou-me com uma expressão de raiva e curvou-se um pouco, mas não soltou-me momento algum. Ainda segurando minha mão, empurrou-me para trás e logo puxou-me bruscamente, fazendo-me colidir com seu corpo. Em seguida girou-me rapidamente e, tomada pela raiva, retribui com algumas pisadas em seu pé.

– Sabe de uma coisa Snape? – sussurrou

– Você é um idiota?

– Não, a verdade é que eu sei dançar... – sorriu presunçoso

Draco girou-me rapidamente e seu peito colou-se à minhas costas, uma de suas mãos segurou minha cintura enquanto a outra levantava minha mão.

– Pois eu também sei – respondi

Antes que ele nos separasse, levantei uma das pernas, enganchei sua cintura e com a outra fiz novamente como Silena havia mostrado.

– Então isso será divertido... – rosnou

Antes que eu abaixasse as pernas, Draco rodou comigo no colo e logo me soltou. Obviamente ele queria me derrubar, mas fui mais rápida e agarrei sua gravata, levando-o comigo e aguentando nosso peso.

– Não foi dessa vez... – sorri empurrando-o e girando uma vez, levantando a perna e girando como se fosse uma bailarina de balé.

Draco surpreendeu-se com a minha atitude, mas logo em seguida puxou-me pelo braço bruscamente e voltamos aos passos tradicionais.

– Você é boa... Mas será que consegue me acompanhar? – murmurou

Draco empurrou-me para o lado, deixando claro o que iria fazer. Puxou-me novamente pelo braço e, segurando minha cintura, levantou-me, passou-me por seu pescoço e colocou-me novamente no chão com uma força exagerada. Obviamente não fiquei para trás, enquanto me girava agarrei seu pescoço e cravei minhas unhas em seu braço, onde certamente ficaria a marca mais tarde.

http://www.youtube.com/watch?v=jbPv0dWsDQw

(2:40 – 2:47)

– Chega! – gritou Silena, tirando-nos do transe. - Vocês dançam como se fossem arrancar a cabeça de seu parceiro!

Nesse momento percebi que a porta ainda estava aberta. Olhei ao redor e vi que Dumbledore e Minerva nos encaravam com uma expressão surpresa e curiosa.

– Violet, pensei que não conseguisse fazer aquele movimento da perna... – disse Silena

– Eu nunca disse que não sabia – respondi

– E porque atingiu as parte baixas do Sr. Malfoy?

– Porque ele mereceu. – respondi

– E o Sr. retribuiu muito bem não é? – indagou Matt encarando Draco

– O que eu fiz?!

– Eu não sou uma boneca de pano para você puxar sempre que quiser Malfoy! – rebati

– O Sr. a puxou brutalmente diversas vezes, provocou-a durante a dança e incitou passos complicados com o intuito de derrubá-la!

– E a Srta não fica atrás! – emendou Matt – Além de acompanhá-lo nesse “duelo”, acertou suas partes baixas duas vezes, quase o esganou no final e também o provocou o tempo todo!

– Ou seja, foi perfeito! – exclamou Silena sorridente – Vocês dançaram muito bem, e quando eu disse que para o tango precisa de paixão ou ódio, nunca pensei que chegariam a esse ponto... Adorei os passos improvisados, dava para ver a raiva nos olhos de cada um! Foi emocionante!

– Agora sim podemos avançar as coisas... – sorriu Matt maliciosamente.

– Mas por hoje é só, descansem que amanhã passaremos a coreografia final para o baile... – disse Silena – Profº Dumbledore, o senhor queria falar conosco?

– Sim. Silena e Matthew queiram nos acompanhar, por favor... – sorri.

– Até amanhã crianças... – disse Matthew antes de sair da sala acompanhado por Minerva, Silena e Dumbledore.

Quando olhei para o relógio percebi que não daria tempo para trocar de roupa antes do treino com Montague, então decidi apenas pegar minha bolsa e ir com aquela roupa mesmo, trocaria pelo uniforme de quadribol no vestiário do campo. Peguei minhas coisas e percebi que Draco não estava mais na sala, sendo que a porta estava entreaberta.

Estranho...

Levantei e sai, porém, assim que passei pela porta, um balde de água fria me atingiu, lavando-me inteira. Abri os olhos e percebi que o balde estava encaixado sobre a porta e logo ao lado Draco ria como uma hiena.

Meu sangue ferveu e a raiva me consumiu por inteiro.

– Draco Malfoy é melhor você correr, porque se eu te pegar você nunca mais terá filhos na vida! – exclamei limpando o rosto.

– Foi só uma brincadeira Eileenzinha... Onde está seu senso de humor? – gargalhou

– Na minha mão, e ela está louca para te mostrar... – rosnei

Controle-se Violet, controle-se...

– Pense pelo lado positivo: não precisa mais tomar banho hoje...

Dane-se o autocontrole!

– Draco eu te mato! – gritei aproximando-me

Draco encarou-me assustado e afastou-se.

– Nunca te disseram que quem meche com fogo acaba se queimando?

– Calma... Foi... Foi só uma brincadeirinha... – falou assustado

– Pois agora eu também quero brincar... – avisei sorrindo diabolicamente

– Socorro! – gritou ele antes de correr

– Você não vai escapar de mim Malfoy! – gritei correndo atrás dele.

Eu já não controlava meu corpo, a raiva era tanta que me dominava por inteira.

Atravessamos o longo corredor do terceiro andar rapidamente, descemos as escadas correndo e logo chegamos ao jardim do castelo, onde larguei minha bolsa. Não me importei com o fato de estar com saia e meia calça preta, salto alto e camisa branca ou de estar totalmente molhada, tudo que via na minha frente era Draco Malfoy fugindo.

– Socorro! Blás! – gritou ainda correndo.

Muitos alunos estavam presentes e Draco foi em direção ao que estava mais longe. Blás, Theo, Gemma, Alessa, Sophie, Mary e, logo ao lado, Ron, Harry, Hermione, Fred & Jorge, Luna e até mesmo Neville presenciaram a cena.

– Socorro! – gritou Draco escondendo-se da única pessoa que estava em pé: Sophie.

– O que você fez Draco? – perguntou Blás enquanto eu me aproximava rapidamente.

– Ela é louca! Segurem ela! – gritou Draco de volta agarrando os ombros de Sophie

– Me solta Malfoy! – reclamou ela

Antes que eu o alcançasse, Harry passou os braços em minha cintura e segurou-me por trás.

– Violet, para! – pediu assustado

– Me solta Harry! Quero fazer picadinho do Malfoy! – exclamei ainda encarando Draco, que olhava-me surpreso

– Calma Eileenzinha, foi só uma brincadeira... – debochou saindo de trás de Sophie.

Não faço ideia de como fiz aquilo, mas tomada pela raiva e pelas lágrimas que caiam de meus olhos, levantei uma de minhas mãos em sua direção e Draco foi lançado para trás, colidindo com a árvore.

Eu ainda te esgano!

No momento seguinte Draco gritava de dor. O aperto em minha cintura ficou ainda mais forte e logo Alessa colocou-se à minha frente, abaixando meus braços à força.

– Violet, olha para mim... – mandou ela

Assim que desviei meus olhos para os dela, vi medo e preocupação. Meu peito apertou-se e minha cabeça começou a doer.

– Alessa... – murmurei rouca

Foi nesse momento que finalmente percebi o que acontecia ao meu redor. Draco permanecia sentado debaixo da arvore e massageava o pescoço, Blás e Theo o ajudavam a se levantar e Ron me encarava com raiva enquanto lágrimas silenciosas corriam pelo meu rosto.

Eu estava enforcando o Draco... Eu ia matá-lo...

– Violet! – gritou alguém ao fundo

Uma forte pontada atingiu minha mente e meus joelhos cederam, levando-me ao chão e inundando-me na escuridão da inconsciência.