– Anda, veste isso ai! Disse Julie assim que me tocou uma calça jeens no rosto.
A verdade é que eu não estava nem um pouco a fim de sair de casa e muito menos ir à pizzaria, não depois do que aquele salafrário havia feito. Argh! Que vontade de deixar Victor careca!

Depois do beijo o clima entre mim e ele havia ficado estranho, fazendo com que minha cabeça girasse em 360 graus. O que estávamos tendo? Digo, tínhamos alguma coisa? Foram esses pensamentos que me obrigaram a ignora-lo o resto do feriado. Eu não queria, mas tinha medo de me aproximar e parecer uma idiota que... Oh meu Deus, eu realmente não sei o que fiz... Nós poderíamos ter nos entendido esse tempo em que estávamos sozinhas, mas eu simplesmente o ignorei, e nem sei por que!

Eu fiquei meio hesitante sobre o assunto dele com Milena e até mesmo brava, mas no fundo eu queria beija-lo novamente. Isso é tão estranho... Eu já senti o mesmo por outros garotos, mas esse sentimento parece estar se aprimorando aqui dentro... Na verdade, ele deu vários pulos depois do maldito beijo. A imagem de Victor sorrindo para mim não saia da minha cabeça, e nem eu entendia mais o que se passava ou o que eu sentia; estava tudo bagunçado.

E era exatamente por isso que as meninas estavam me arrastando de casa. Hoje seria aniversário de uma colega nossa, a Samanta. Ela era legal e eu até havia comprado um presente para ela, mas eu realmente não estava a fim de sair de casa. E foi por isso que Samanta me ligou...
– Então quer dizer que você não vai ao meu aniversário? Que amiga você, hein?
– Sam, eu...
– Não, tudo bem... Apenas estou indo me atirar de uma ponte. E vou levar o livro das fadinhas da Carolina Munhóz comigo, eu soube que você queria e comprei adiantado para o seu aniversário, mas como você não vem ao meu, nada mais justo do que...
– Chego aí em 40 minutos!
E depois disso eu apenas joguei o jeans de Julie do outro lado do quarto e corri para o banho.

Para as pessoas que dizem que não é nada bom ser vitima de chantagem, eu respondo que pode haver suas vantagens, ainda mais quando se recebe algo em troca. A festa estava boa e eu já esperava pelo que via; casais se agarrando, alguns brigando, pessoas dançando, era uma verdadeira festa digna de Samanta. Na verdade eu esperava por tudo, menos pela presença de Victor e Lucas. Eu fiz o máximo possível para permanecer longe e como a casa de Sam era meio grandinha isso facilitou bastante.

A frente da casa era pequena, com apenas alguns enfeites; já a parte de trás da casa era onde acontecia realmente a festa. Sam rodeava para lá e para cá recebendo os devidos parabéns e presentes maravilhosos. Até agora no quesito me enturmar o assunto estava critico.
– Pelo amor de Deus, Kat! Você não esta se divertindo! Disse Sam. Até mesmo Lena que é uma velha ranzinza esta dele paquerar e você aí, igual a um vegetal.
– Ei! Protestou Lorena. Eu não estou paquerando ninguém!
Julie riu.
– Acha mesmo que não percebemos os olhares entre você e o Lucas? Ou melhor, Luquinhas, não é assim que você o chama?
Achei ótimo o assunto ter mudado de protagonista, mas não posso deixar de observar que com toda certeza eu havia perdido alguma coisa.
– Pera lá, como assim Luquinhas?
– É isso mesmo querida Katherine continuou ela -, esses dias em que você estava dando uns pegas no Victor tinha que ser... - a Lena não parou de falar do Luquinhas e até ficou mais próxima dele. Acho que ela viajava para outro mundo; foi assim que ela disse: O Luquinhas é tão fofo.
Eu realmente não estava acreditando! Não podia ser, a Lena era tão pé no chão com estas coisas, nunca gostava de ninguém e sempre levou mais os estudos a sério (o completo contrário de Julie, que é mais namoradeira, o óbvio), mas agora Luquinhas? Ela não podia estar gostando dele não é? Ah por Zeus, Lena não faça coisas com que Lucas sente sempre na nossa mesa no refeitório! Por favor, espero que Victor não venha junto...
Lena revirou os olhos tentando esconder o quanto estava envergonhada.
– Mas o assunto não sou eu e sim Kat.
Mas que, traidora...
– Em falar em Lucas... E o Victor Kat? É verdade que você estava dando uns beijos inocentes ela fez aspas no ar -, nele enquanto estava sozinha?
Eu vou presa pelo IBAMA, mas juro que mato Sam e Julie!
– Suas filhas da mãe! Estou igual a uma louca procurando vocês.
Salva pela Amanda! Depois que ela chegou deu um abraço em Sam e entregou seu presente. Amanda era show, mas não estudava no mesmo colégio que o nosso e para falar a verdade nem era daqui. Era uma prima de Sam que morava em uma cidade vizinha e por isso nos víamos pouco, mas isso não nos afastava, pois éramos boas amigas.

A conversa estava ótima até Amanda pedir o registro das atualizações. Julie e Sam, disseram na maior cara dura que Lena estava namorando Lucas e eu Victor; e claro que Amanda quis saber quem eram estes dois. Foi aí que a pior coisa aconteceu: eu vi Victor.

Não que isto não tenha sido bom, claro que ele é lindo e eu até diria gostoso, mas o pior foi poder observar com clareza o que ele fazia: se agarrava com uma morena peituda.
Ótimo, não faltava mais nada, realmente.

Eu fui realmente uma idiota em pensar que ele poderia sequer ser diferente! Idiota, idiota mil vezes idiota!
Sai correndo dali ignorando as meninas que chamavam meu nome. Eu queria sumir.

NARRADO POR VICTOR

Eu realmente não estava muito a fim de ir a tal festa da Sam, mas quando ela me disse que Katherine estaria lá eu pensei duas vezes.
Não sabia o que aquela maldita garota tinha! Primeiro ela ficava envergonhadinha por causa do beijo e dava-me até um selinho, e logo depois ela simplesmente me ignora. Vai entender as mulheres, puff...

Mas por mais raiva que sentisse da Kat eu ainda pressentia uma vontade enorme de estar perto dela e beija-la até me cansar, e Adrian devia entender isso; garoto chato.
– Cara ela é maior gostosa, você vai mudar de ideia rapidinho quando ver ela.
– Adrian eu realmente não estou a fim de...
– Vanessa! Gritou ele para qualquer lugar o qual eu não estou a fim de identificar.
Olhei para Lucas.
– Socorro!
Ele riu-se.
– Arrasta essa bunda dai e vai de uma vez falar com Katherine antes que um Mané a roube de ti.
– Ah, o que quer falando? Bufei. - Digo o mesmo sobre Lena.
– A, já entendi, já entendi. Está com o ego ferido por causa do baita forão que ela deu em você, mas cara são coisas da vida. E quer saber? Eu vou falar com Lena! Por que ao contrário de certas pessoas eu sou corajoso.
– Então vá!
– Só vou beber mais um refrigerante pra dar sorte.
Lucas saiu dali indo em direção ao minibar. Ele era mesmo uma figura.
– Aqui está, a gatinha que eu te disse.
Voltei meu olhar para Adrian encontrando logo depois uma garota ao seu lado, e posso afirmar que era não é tudo isso; colocando silicone até minha avó fica gostosa. Olha é até feio comparar uma baranga como essa com a minha vó.
– Vanessa esse é Victor, Victor Vanessa, tenham uma boa conversa.
Quando Adrian deu o último passo de distância de nós à garota chegou mais perto; bem perto...
– Então você é o Victor né? Ouvi falar muito de você...
– Isso é bom ou ruim?
– Sem dúvidas é ótimo! Foram apenas coisas boas. Dei um sorriso amarelo mostrando que não queria conversa, mas a garota era insistente, insistente até de mais. Não acha interessante nosso nome começar com V?
– Ãn, não.

Cara é sério isso? Essa garota é sem dúvidas estranha; não chega nem aos pés de minh... Kat. Merda, por que estou comparando?
– Ah, você deve ser tímido, mas logo, logo essa timidez acaba. Então ela atirou-se para cima de mim da forma mais dramática possível; se ela estava tentando parecer sensual ganho um zero bem redondo.
– Olha garota, da para me soltar? É sério que você não notou que eu não estou a fim de papo? Não fique se achando com o que você não tem, com licença.

Tirei-a de cima de mim e fui para outro canto sempre olhando ao redor. E antes que você pergunte sim eu estava procurando por Katherine e o porquê eu realmente não sei. Eu não iria falar com ela mesmo, que venha até mim.