You have my lion heart escrita por Blue Dammerung


Capítulo 1
Capítulo 1




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-Então... Você não é daqui, é?-O rapaz loiro perguntou, fazendo Jean olhar para ele, erguendo uma sobrancelha. Ainda era um pouco difícil entender o português com aquele sotaque, então sempre demorava alguns segundos até entender perfeitamente o que as pessoas queriam dizer.

-Ah, não. Quer dizer, eu nasci aqui, mas voltei para morar com meus pais, e agora estou aqui de novo.-Ele sorriu, ajeitando-se na carteira enquanto o rapaz loiro (o nome dele deveria ser Lucas) se escorava com um braço na borda do móvel.

-Sei... Que legal! Não deve conhecer ninguém, né? Sou Lucas, você pode andar com a gente se quiser. Bem, levanta, vamos te mostrar a escola.-Ele sorriu enquanto duas meninas e outros dois caras se aproximavam, rodeando Jean.

Não que quisesse já estar rodeado de pessoas, mas eles pareciam simpáticos, então por que não? Sorriu e os acompanhou no pequeno tour pelo lugar: Banheiros, salas de aula, coordenação, diretoria... E o melhor, claro, o refeitório.

Jean chegara ao Brasil na noite anterior. Seu pai conseguira um bom contrato com a Petrobras então ambos ficariam no Rio de Janeiro por alguns anos. Claro, deixar a Europa não fora fácil, mas ele sempre ouvira coisas boas sobre o Brasil, e além do mais, sua mãe tinha casado de novo e estava grávida e... Bem. Era uma coisa boa ter vindo.

-Nossas aulas começam as 7:30 e vão até... Oi, oi, você tá me ouvindo?-Lucas perguntou, atraindo o olhar de Jean.

-Ah, sim, desculpe, me distraí.

-Não se perde assim, cara.-Lucas riu, pondo as mãos nos bolsos, fazendo o resto do pessoal que seguiam ambos – conversando entre si animadamente – rir baixo.-Bem, mas e aí, você fala português direito?

-Minha mãe era brasileira, então ela me ensinou tudo. Só estou um pouco, como é, enferrujado.

-Ah, num instante você se solta, mano. Olha só, agora é o intervalo então a gente vai comprar alguma coisa na cantina. Você quer? Tem dinheiro aí?

-Não, estou sem fome.-Ele sorriu, dando de ombros.

-Pois fica aí, a gente vai comprar e volta logo.-Lucas sorriu, sendo seguido pelos demais enquanto Jean ficava postado entre algumas mesas no refeitório que logo estava lotado de estudantes.

Ficou olhando em volta. Os brasileiros pareciam mais... Alegres ou era impressão? Bem, devia ser. Grande parte dos que passavam por si ficavam lhe encarando, então ele sorria e acenava de volta. Deviam achar que ele não sabia falar português, porque, no entanto, nenhum se aproximava para conversar.

Até franziu o cenho quando uma espécie de comoção surgiu, e todos se afastaram para dar passagem a um estudante alto e de pele morena, ombros largos. Ele tinha um jeito de atleta porque pisava devagar no chão.

Ninguém falava com ele, aliás, a maioria só lhe dava passagem e ele ia se sentar bem ao fundo, na última mesa, sozinho, com os cabelos castanhos caindo em cachos até os ombros.

Quantos anos ele teria? Parecia ser mais velho, o mais velho dos estudantes talvez, e por que todos pareciam ter... medo dele? Ele não parecia tão assustador assim. Parecia até...

-Ei, cara, e aí? Que tá olhando? Ah, ele voltou.-Lucas apareceu de repente, com um pastel na mão e uma latinha de coca-cola na outra.-Ei, Marcos, ele voltou, olha. O Leonidas voltou. Vai ter que me pagar 10 pila.

-Eim?! Não, a data era só até ontem!-Marcos exclamou, a voz soando um tanto aguda demais.

-Deixa de brincadeira e passa pra cá!-Lucas riu, pegando a nota que o colega lhe entregou, voltando-se para Jean novamente.-Você viu ele? Cara, ele é muito legal, o Leonidas. Filho de ex-presidiário daqui do Rio, metido em droga, sabe? Lá do morro. Dizem que o pai dele foi preso, a mãe morreu, e aí o tio pegou ele pra criar, por isso que tá aqui dentro.

-Ex-presidiário? Mas... Por que ninguém fala com ele?-Jean perguntou, franzindo o cenho.

-Já viu o tamanho dele?! Porra, se ele te der um murro, quebra tua mandíbula, cara!-Lucas exclamou, a boca cheia de pastel mastigado.-Mas sei lá, ele não gosta de conversar, falta quase todas as aulas, de vez em quando some por umas semanas... Mas tira notas boas, e parece que é só por isso que ele não reprova por falta ou coisa assim. As meninas gostam dele, porque ele é mais velho e machão, mas sei lá... Ele é estranho. Tem cara de pobre e cara de rico ao mesmo tempo.

-Como assim?-Jean perguntou, sem entender o que ele dissera por último. Lucas sorriu, terminando de comer o pastel, entregando a latinha de coca pra outro colega segurar.

-Você é muito bestinha, né? Vai sacar logo. Anda, vamo embora, tem umas tarefas que quero copiar.-Lucas falou, rindo enquanto se voltava para todos os outros colegas, mas Jean se mexeu para o caminho oposto, sem seguí-lo.-Ei, ei, pra onde você vai?!

Ele nem ouviu. Os pés quase se mecheram sozinhos enquanto ele caminhava até a mesa ocupada por apenas um rapaz, engolindo em seco. Ele parecia mesmo ser grande, mas não era tanto assim. Nem era musculoso. O uniforme era claro, então seria capaz de perceber se o homem por acaso fosse um halterofilista ou coisa do tipo.

-Oi, eu sou Jean.-Ele falou quando estava de frente para a mesa, fazendo o outro erguer o olhar.

Então prendeu a respiração, ou melhor, ela subitamente faltou. Subitamente as pernas tremeram e o estômago revirou. Subitamente, tudo.

Os olhos do moreno eram azuis, de um azul tão claro quanto ass planícies geladas da Groenlândia, de um azul gritante, do tipo que podia ser visto a quilômetros, que fez o ruivo engolir em seco e lutar para aprender a respirar novamente.

-Eu sou... Jean.-O ruivo repetiu.

-Já ouvi, não sou surdo.-O outro respondeu, a voz firme. Ergueu a cabeça um tanto mais, o moreno, apoiando a face na palma da mão, o cotovelo sobre a mesa, enquanto Jean não desviava o olhar.-Perdido?

-Não, eu... Eu vim falar com você, porque... Eles têm medo de você e... Eu queria...-Jean ia continuar quando alguém agarrou seu ombro por trás.

-Oi, eu sou Lucas, esse é Jean, o novato, e ele tá perdido então ignora o que ele falou, tá? Vamo, Jean, a gente tem que te mostrar o resto do colégio e...-Lucas falou rapidamente, rindo torto até ver Leonidas levantar, a altura de mais do palmo gritando entre ambos.

-Sai da frente, antes que eu quebre seu braço.-Leonidas grunhiu, os olhos muito azuis encarando tanto Jean quanto Lucas, este último puxando o novato para o lado, deixando livre a passagem, e em segundos, Leonidas tinha ido embora.

Lucas soltou um suspiro então, soltando Jean.

-Meu deus... Eu achei que ele fosse dar um murro na gente, você viu? Que filho da puta. “Sai da frente”, meh meh meh, que idiota.-Revirou o olhar, mas Jean nem ouvia. Sua atenção estava completamente voltada para a memória, a memória dos olhos azuis tão brilhantes.

- - - - - - - - - - - - - -

-Você tem casacos em casa?

-Ah, sim.-Jean respondeu, assentindo.

-Ótimo, acho melhorr você trazer. Está ficando meio frio... Aliás, sempre leve casacos na bolsa. Fica muuuito frio de repente, tipo, numa hora faz 40° graus e na hora seguinte faz 13° graus, sabe? É muito instável, o clima aqui, então é sempre bom levar um casaquinho, coisa assim.-Lucas falou, postado ao lado do ruivo do lado de fora da escola. A aula tinha acabado e todos iam embora aos poucos, e o sol estava se pondo, devagar, atrás dos prédios.

-Tudo bem, amanhã trago um, obrigado.-Jean sorriu. Descobriu que, ao longo do dia, Lucas era até bem agradável, assim como o restante da turma, mas... Os olhos azuis não saíam de sua cabeça, os olhos daquele...

-Okay então, vou indo. Seu pai vem te buscar?

-Meu motorista vem. Meu pai só chega em casa de madrugada e sai antes de eu acordar.-Falou, fazendo uma careta.

-Aaah, okay então. Olha cara, se você quiser passar umas tardes lá em casa, sem problema, tá? Sei que você não sabe muita coisa daqui, então fica a vontade pra me ligar e... Ah, deixa eu te passar meu telefone. Olha, é esse aqui.

Jean sorriu, assentindo, pegando o número do celular do outro. Lucas foi embora não muito depois, a silhueta esguia, os cabelos loiros e curtos, os olhos castanhos. Ele ia pegar um ônibus não muito longe, ao que parecia.

O ruivo ficou ali, esperando seu motorista – que não conhecia, aliás. Seu pai apenas lhe avisara que contratara um homem para lhe buscar e lhe deixar no colégio, e também lhe levar aonde ele quisesse ir – chegar, mas depois de meia hora, quando a maioria dos alunos já tinha ido embora, começou a pensar que ele talvez não viesse.

Bem, ele podia não saber onde era o colégio ou... Mordeu o lábio. Com certeza teria havido algum problema. Tirou o celular do bolso então. Só tinha o telefone do pai, e provavelmente ele não sabia que ônibus pegar para ir até em casa e... Jean ainda nem sabia qual era seu endereço. Ligou da mesma forma, esperando que seu pai atendesse, soltando um leve suspiro quando chamou até cair. Bem, ele devia estar ocupado.

Saiu andando então, olhando em volta – as pessoas não costumavam a respeitar as leis de trânsito com frequência ali, ao que parecia – e segurando a bolsa junto ao corpo. Sabia que morava perto dali, só não sabia onde...

Soltou um burburinho baixo: estava ficando frio de repente. Ótimo, a noite estava caindo, o sol já tinha se posto, e agora, a queda de temperatura. Estava meio perdido – o colégio já tinha ficado para trás – senão totalmente perdido e o destino colaborava apenas contra si.

Tirou o celular do bolso novamente, tentando ver se conseguia ligar o GPS e se localizar por ali. Não sabia qual exatamente era seu endereço, mas se pudesse chegar a avenida mais próxima ou ir por um lugar que lhe fosse familiar, seria útil.

(claro, teria sido melhor se Jean tivesse esperado no colégio até seu pai atender o celular e lhe dizer o endereço e então o rapaz pegaria um táxi e voltaria para casa, mas o Rio era uma cidade nova e a ideia de se perder, por isso, pelas novidades, nem era tão ruim.)

Ou ao menos era assim que se consolava quando alguém de repente bateu em si e tirou seu celular de sua mão, saindo correndo.

-E-EI!-Gritou, correndo atrás do homem, mas ele era mais rápido do que si e conhecia bem as ruas, tanto que não demorou a e embrenhar em vários becos, com Jean lhe seguindo de perto, quase tropeçando, esquecendo o frio por alguns momentos enquanto a respiração tornava-se pesada e ofegante.

Então Jean, depois de quase dois minutos inteiros de perseguição, parou, vendo a cena que se sucedia a sua frente:

Estavam sim numa rua mais larga, mas vazia, escura, as luzes fracas dos postes. O homem que roubara seu celular estava com uma faca na mão e uma pessoa bem maior estava a sua frente. Eles pareciam ter se esbarrado, enquanto o homem corria, e para o ladrão não continuar a correr, a pessoa deveria ter feito algo e...

Oh.

Era Leonidas. Impossível não reconhecer o brilho ferrenho nos olhos azuis, mesmo com a luz fraca.

-SAI DA FRENTE, MOLEQUE, SENÃO MATO VOC...!-O ladrão gritou, mas antes dele terminar a frase, Leonidas largou a própria mochila no chão deu uma cotovelada em seu estômago, fazendo o homem se curvar, mas não soltar a faca. Longe disso, ele tentou ferir o moreno, que e a segurou, apertando a lâmina e a tirando das mãos do assaltante enquanto dava uma joelhada em seu estômago, fazendo o homem desabar, chutando-o então na altura das costelas uma, duas, três vezes, até ele estar gemendo na calçada suja e que cheirava a urina.

Claro, ele largou o celular. Jean, que até então estava imóvel, quase atônito, simplesmente sem reação a não ser ver tudo aquilo, se aproximou, pegando o aparelho – sem ele, teria ficado sem comunicação com o pai e isso seria a pior coisa que poderia lhe acontecer – e colocando-o no bolso.

Mas então, bam, um soco na face. Literalmente. Caiu no chão com tudo, de repente como aquilo fora, e ergueu o olhar para Leonidas, que finalmente o encarava, com o punho ainda erguido.

-Está ficando maluco?!-Jean exclamou, ao que o moreno ergueu uma sobrancelha.

-...Não vi que era você.-Ele respondeu, abaixando o punho antes erguido, escondendo a mão, que sangrava bastante, no bolso da calça.

-A-Ai...-O ruivo fez uma careta de dor, levantando-se do chão devagar, uma mão na face que, pela pele branca e muito clara, logo ficou bastante avermelhado.-Como assim não me viu...?

-Esbarrei com um assaltante, idiota. Está escuro, você apareceu de repente, como ia saber que era você?-Leonidas suspirou, desviando o olhar.-De qualquer forma, o que está fazendo aqui? Se perdeu, imbecil? Lugar de burguês é na mansão, não na rua.

-Para sua informação, eu moro num apartamento, não numa mansão.-O ruivo falou, a voz ácida, ainda massageando o rosto.-E eu... Eu não estou perdido. Ok, só um pouco, eu... Estava tentando achar o caminho de casa.

-Caminho errado.-Leonidas ralhou, pegando a mochila no chão e se afastando dali.

-E-Ei, espera!-O ruivo logo foi atrás dele, caminhando ao lado, passos apressados para compensar a passada maior do outro.-Onde você mora? É perto daqui? Ah, obrigado por... Parar o assaltante, quer dizer, ele teria levado meu celular e... Você está bem? Você feriu a mão, não foi, deixa eu...

O ruivo, que também era menor, estendeu a mão que não estava colada a face para tentar tocar o braço do outro, que rapidamente se afastou mas segurou o pulso com força, ainda no ar, encarando os olhos azuis, um tanto mais escuros do que os do moreno, do outro de forma penetrante.

-Não me toque.-Foi tudo que o moreno disse antes de largar o pulso e continuar a andar, de repente dando meia-volta e seguindo por outro caminho. Jean não entendia toda aquela reação – Leonidas era tão rude! - mas não quis insistir. Ele até dava certo medo. Então só o seguiu, de perto, sem ousar tirar o celular do bolso de novo.

Felizmente, a temperatura se manteve estável, então mesmo que fizesse certo frio, era suportável. O tempo, também, passava rápido porque o ruivo passou grande parte dele encarando o moreno: os cabelos, que se moviam tanto com o vento quanto quando ele andava; as passadas, firmes e pesadas; os braços que se moviam conforme ele andava, mas que eram cobertos por mangas longas do uniforme. Aliás, Leonidas também usava a gola alta, diferente dos demais, que também mantinham as mangas arregaçadas. Estaria ele escondendo alguma coisa ou...?

Ficou nesses pensamentos pela quase uma hora seguinte, até que Leonidas de repente parou e Jean quase esbarrou nele.

-Chegamos.

Jean ergueu o olhar. Aquele lugar era familiar, aquele lugar era...

-Esse é meu prédio. Como você...?-O ruivo franziu o cenho.

Mas Leonidas já estava se virando para sair dali. Jean encheu os pulmões, exclamando um “espere!” e quase estendendo a mão para segurar o braço dele quando se lembrou da cena de antes: nada de toques. Correu até a frente dele então, olhando-o nos olhos.

-Você... Sua mão ainda está sangrando? Olha, eu posso dar um jeito nela, enfaixar pelo menos. Você me ajudou com meu celular e...

-Não, vá pra casa.-Leonidas respondeu, tentando passar pelo menor, mas logo ele tomou sua frente novamente.

-Leonidas!-Jean exclamou, fazendo o moreno erguer uma sobrancelha.-...Por favor? Não sei se não é costume aqui, mas na Europa nos retribuímos favores e... Bem, você me deu um soco também, mas eu perdoo você, então quer subir comigo até meu apartamento para que eu possa ao menos ver como sua mão está? Posso lhe dar dez belos motivos para você me deixar fazer isso, aliás, você pode até perder sua mão, sabe, necrosar e então você terá que amputar e...

Leonidas revirou o olhar com todo o desprezo possível que pudesse colocar num simples gesto, mas Jean não ligou. Apenas sorriu quando o moreno disse um “que seja”, logo ambos subindo pelo elevador até o apartamento do ruivo que, como sempre, estava vazio.

O apartamento era bem mobiliado, mas estranhamente vazio ao mesmo tempo. Não havia tantas fotos nem enfeites, então ele era todo meio cinza meio branco, áustero, quase impessoal. Quando entrou, Leonidas deixou a bolsa sobre o chão ao lado da porta e seguiu o menor, que sumiu num corredor e voltou logo depois com uma caixa branca que deveria ser de primeiros-socorros.

-Vem aqui.-Jean chamou, indo até a cozinha, aonde Leonidas foi então.-Me dá sua mão.

-Você não quer apenas ver?

-Ah, sim, mas...

-Só ver. Nada de toques.

-Oras, não seja tolo!-Jean exclamou, não tocando a mão dele a força, mas sim expondo ambas as suas, palmas para cima, como se pedisse a mão do outro.-Deixe-me ver, e quando digo verm é tocar e examinar. Você é muito teimoso, credo.

Leonidas voltou a repetir o gesto de desprezo e revirar os olhos ao mesmo tempo, lentamente, muito cuidadosamente, tirando a palma do bolso e a entregando ao menor. O tecido da calça estava manchado de sangue onde o moreno a escondera.

-Ugh.-Jean fez uma careta, colocando a palma do maior ao seu lado sobre a pia e abrindo a torneira.-Você foi legal mas foi muito descuidado. Olha só o estrago... Vai ter que fazer uns pontos, mas...

-Nada de médicos.

Jean encarou o outro. Sério mesmo? Sem toques e sem médicos? Que tipo de trauma aquele cara tinha afinal?

-...Tudo bem.-O ruivo deu de ombros, deixando a palma do outro na água corrente por mais alguns minutos. Depois, pegou água oxigenada e jogou sobre o ferimento. Claro, ele não era lá nenhum enfermeiro, mas se pudesse ao menos evitar que infeccionasse... Enfaixou então, fazendo um pequeno nó, sorrindo largo.-Pronto. Olha, tente não molhar, ok? Tente evitar qualquer coisa que possa infeccionar sua mão. Você realmente devia ver um médico, mas... Deixa pra lá.

Jean fechou a caixa de primeiros-socorros e a deixou no canto do balcão, abrindo o freezer então, de dentro tirando uma compressa de gelo, apoiando na própria face. Ops, ainda doía.

-Vai ficar roxo... Ainda bem que meu pai não vai ver.-O ruivo sorriu, apoiando-se no balcão, ao que Leonidas o encarava de forma estranha.-Você é meio... rude. Como eles chamam, “esquentado”, é...? Não é de se admirar que as pessoas do colégio tenham medo de você...

-Não gosto do seu sotaque.

Jean ergueu uma sobrancelha, mas de forma não muito agradável.

-Ah, desculpe, minha rainha, se não agrado você.-Jean revirou o olhar.

-Posso ir embora agora?-O moreno perguntou, a voz um tanto diferente. Jean quase dizia, quase, que ele estava se divertindo.

-Como você sabia que eu morava aqui?-Perguntou então, umas gotas d'água da compressa se condensando e descendo por seu pulso.

Mas novamente, Leonidas não respondeu. O moreno apenas olhou em volta, o olhar de sempre então, grave, a cara de poucos amigos. A mão enfaixada pendia no ar enquanto a outra se enfiava no bolso.

-Você mora só?

-Não... Meu pai é que chega em casa só bem tarde. Você não vai me responder? Como sabe que eu moro aqui?

Leonidas se voltou novamente para o ruivo, o olhar estreito.

-Se me perguntar isso de novo, eu quebro seu braço.

Jean engoliu em seco. O coração saiu do compasso – receber uma ameaça tão direta e tão realista como aquela não fazia bem ao coração – mas para disfarçar, desviou o olhar e bufou, ainda apoiando a compressa de gelo na face.

Leonidas era uma pessoa difícil, podia ver. Ele poderia ser um ladrão, um assassino, um stalker, algo do tipo, podia ser verdadeiramente perigoso e, no entanto, lá estavam apenas ele e Jean, entre quatro paredes. O ruivo não sabia brigar muito bem, e tinha certeza que não daria trabalho algum se caso Leonidas quisesse realmente lhe machucar, mas...

Ao mesmo tempo, mesmo com a ameaça, Jean tinha aquela súbita confiança, uma extrema convicção de que não. Leonidas não lhe machucaria por nada naquele mundo.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que esta fanfic deve estar cheia de um milhão de erros, mas eu sinceramente quis postá-la logo, então perdoem os erros, mas me digam os que acharem ♥

Gostaram? Mandem reviews!



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