Vitória e Derrota escrita por Bardo Maldito


Capítulo 1
Vitória e Derrota


Notas iniciais do capítulo

Galerinha,antes de mais nada,umas coisinhas: sou homem,sou do sexo masculino.Não,eu não sou fudanshi,não sou fã de yaoi.Porém,também não tenho nada contra,se for uma história legal,por mim tanto faz o gênero (embora eu tenha horror a Lemon).Porém,apesar disso,Shizaya é um casal que eu realmente gosto muito,acho que eles combinam bastante e acho a relação dos dois um bocado interessante (embora também goste de ShizuoXCelty e ShizuoXVorona).E essa fic surgiu como um presente de aniversário pra Feer,que é a minha primeira (e única) Izaya no grupo cosplay de Durarara do qual faço parte (faço cosplay de Shizuo).É minha primeira tentativa escrevendo algo entre shonen-ai e yaoi,então espero que tenha feito um bom trabalho.Boa leitura!



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Começou como um dia comum. Quero dizer, eu achava que era um dia comum.Encontrar clientes importantes, mandar e-mails... e coordenar cada passo que dou nesse jogo perigoso que conduzo cada dia. A delícia de controlar todos com minhas mãos, ver cada pessoa fazendo o melhor que pode com sua vida... felizes, achando que são donos do próprio destino... como eu amo os humanos!Como suas corridas insignificantes tornam o mundo tão belo, confuso e maravilhoso como é!

Mas aquele seria um dia fora do escritório. Eu precisava seguir até Ikebukuro, cuidar de uns assuntos e garimpar informações para um chefe da máfia que tinha interesse particular por aquela região... era algo arriscado, é claro, pois eu sabia quem estaria lá e provavelmente sentiria meu cheiro e viria me caçar, como a besta selvagem que é...

Mas quando eu tive medo de Shizuo Heiwajima? Ora, é claro que sempre. Mas desde quando eu deixo meus medos me afetarem? Ele que venha. Não vou obedecer se ele me manda ficar fora de Ikebukuro.

E, realmente, foi assim... fui pra Ikebukuro resolver meus assuntos... até encontrei Shinra no caminho, que me cumprimentou alegre: estava fazendo compras, disse que ia comprar filmes para ele e Celty assistirem juntos. Eu ri por dentro, afinal... Celty trabalhava demais. Era muito provável que ela chegasse em casa e fosse dormir, e todo o esforço de Shinra fosse em vão. Porém... não importa. É problema deles, não meu. Vi Mikado e Anri caminhando... era algo interessante de se ver, a timidez dos dois, o modo como estavam tão ansiosos para ser um casal, mas cada lado arranjando uma desculpa para adiar esse momento cada vez mais... assim que me viram, a atmosfera tranquila ficou pesada, e me cumprimentaram de jeito meio robótico e apreensivo, ao que eu apenas sorri e me afastei. Talvez eu arranjasse um jeito de, mais tarde, envolver eles em alguma confusão... quem sabe? Eu já testemunhei o modo como Mikado pode mudar se Anri estiver em perigo. Quem sabe esse não é o empurrão que eles precisam para que fiquem juntos? E depois, as possibilidades são infinitas... fazer uma gangue agredir Anri como aconteceu com Saki seria talvez um tanto bárbaro demais... passaram-se um ano ou dois, eu tenho que me adaptar com os tempos. Sem contar, é claro, que Anri é perigosa demais pra uma gangue de panacas conseguir agredi-la com aquela espada dentro dela. Mas se a situação for propícia... quem sabe? Quem sabe eu não consiga transformar Mikado em um monstro de ódio como... como...

“Ah, merda.” eu pensei, enquanto sorria e sentia um calafrio passando por minha espinha. Lá estava Shizu-chan... que parou e estava me encarando. Sem escapatória... era hora de começar a correr, antes que a primeira placa de trânsito fosse arremessada em minha direção.

Porém, para minha surpresa... ele não jogou fora o cigarro que estava fumando, apenas deu uma tragada e virou as costas.

Quê?

O que estava havendo? Esse era o Shizuo que nós todos conhecemos? Por que ele reagiu dessa forma?

A chama da curiosidade se acendeu em mim.

– Heeeey, Shizu-chan! - andei meio correndo e meio saltitando até ele, ficando bem à sua frente - Que mau humor é esse? Não está feliz em me ver? - disse claramente o provocando

Ele nem me respondeu. Apenas continuou andando, como se não tivesse me visto.

Ok, agora ele já foi longe demais. Como se atrevia a me ignorar dessa forma?

Saquei de meu bolso uma das minhas faquinhas de arremesso (eu sempre me armo completamente antes de ir pra Ikebukuro, por razões óbvias) e atirei nas costas de Shizu-chan.

Acertei.

Ele parou.

Fiquei incrivelmente surpreso: quando uma dessas faquinhas conseguiria acertar as costas de Shizu-chan? Ele tem reflexos tão rápidos que ninguém pode atingi-lo facilmente! Porém, lá estava a minha faca, cravada nas costas dele, sangue escorrendo do ferimento.

Ele levou as mãos às costas e, com algum esforço, retirou a faca. Em seguida, veio caminhando até a minha frente. Eu tremia de antecipação... com certeza, ele iria tentar enfiar essa faca na minha goela. Não que eu deixaria, é claro... mas seria a deixa para vê-lo mais e mais furioso.

Porém... ele apenas me entregou a faca que atirei em suas costas. Em seguida, disse com voz de tédio:

– O que você quer?

Ele falou com um tom de voz tão desanimado, tão indolente, que também me desanimou. Se eu normalmente diria alguma frase irônica para provocá-lo, agora ele parecia tão... indolente, seco, não sei... que nem parecia valer a pena gastar algum esforço nisso. Então, apenas disse a verdade:

– O que tem de errado com você? O normal seria que você começasse a arrancar placas de trânsito do chão e tentasse me matar, ou coisa parecida... por acaso está se controlando, deixando de ser aquele monstro que todos odeiam? - perguntei maliciosamente, em uma última esperança de que isso o exaltaria

Ele suspirou, tragou mais um pouco de seu cigarro e disse:

– Não... mas hoje não vou me estressar com você. Hoje, vou te dar uma trégua.

Fiquei confuso.

– Por que hoje?

– Você nem faz ideia, seu idiota? - ele suspirou, agora realmente um pouco irritado

– Se eu soubesse, eu não perguntaria, seu tonto. Afinal, não é como se eu fosse obrigado a saber de tudo que se passa na cabeça do Shizu...

– É seu aniversário.

Isso me fez ficar quieto. Meu aniversário... era mesmo meu aniversário?

E... sim, era bem possível que fosse. Pelas minhas contas, estávamos no começo de Maio... era mesmo meu aniversário?

Essa deixa era deliciosa demais pra eu deixar escapar. De modo que sorri, irônico, e disse:

– Ah, que coisa mais fofa... Shizu-chan se lembrou de meu aniversário...

– Vai se foder. - ele disse, enquanto dava uma última tragada no cigarro e o guardava em um saco plástico que carregava para jogar fora posteriormente - Só me ocorreu que hoje era seu aniversário. Então, eu decidi que, se você viesse pra Ikebukuro hoje, eu não iria me estressar com você. Afinal de contas, é seu dia.

– Você vai me fazer chorar, Shizu-chan... venha, me dê um beijo e vamos comemorar... - alisei a gola de sua camisa

– Vá pro inferno. - ele resmungou, afastando minha mão - Hoje, nada que você fizer vai adiantar. E amanhã, volta tudo ao normal... se você colocar os pés em Ikebukuro depois da meia-noite de hoje, eu vou te matar.

– Awn... assim você me deixa até sem graça...

– Heh... - ele sorriu, como se estivesse achando graça de algo

– O que é tão engraçado, Shizu-chan? É tão difícil essa sua carranca de monstro se abrir em um sorriso...

– É só que você pensa que engana alguém... mas eu te conheço, sua pulga patética. - ele disse, ainda sorrindo para si - Você não está gostando dessa situação. Está furioso por eu te ignorar e não tentar te matar. Está louco pra chamar minha atenção e fazer eu me descontrolar. E frustrado, porque não adianta, porque eu já decidi que hoje não iria fazer isso.

Finalmente, as palavras dele me afetaram. Desgraçado, como ele sabia que era exatamente isso? Vir pra Ikebukuro era sempre um perigo por causa da presença dele... mas se eu encontrava ele e ele reagia assim, o que eu ia pensar? Como eu poderia reagir? Como ele podia mudar de forma tão repentina?

– Heh... - ele pôs as mãos no bolso e me deu as costas - Faça o que quiser. Hoje, eu não vou te dar o prazer de ver meu descontrole.

Então, ele começou a se afastar. Aturdido e sem saber o que fazer, esperei ainda mais alguns minutos, sem reação... até recuperar o ânimo.

Ele ia me ignorar, é? Vamos ver quanto tempo ele conseguiria.

Corri até Shizu-chan e arremessei mais uma faca em sua direção. Porém, dessa vez ele estava de sobreaviso e a segurou entre os dedos, a jogando no chão em seguida.

Então é assim, é?

Persegui ele o dia inteiro. Ele se juntou com Tom e passaram a fazer as cobranças do dia, enquanto eu os seguia. Ocasionalmente, eu arremessava uma faca em Shizu-chan, apenas para ver ele a segurando e descartando como se não fosse nada... em outras horas,eu gritava ofensas ou insinuações, sempre as frases feitas que eu sabia que seriam capazes de acabar até com a paciência de Simon, a criatura mais paciente que existe em Ikebukuro... mas nada. Cheguei até a tentar atirar facas em alguém inocente que estivesse próximo aos credores que ele vinha cobrar... mas Shizu-chan apenas as aparava, sem permitir que ninguém se ferisse, e sem nem explodir de raiva por eu me sujeitar a tentar atingir gente que não tinha nada a ver conosco. Como o desgraçado conseguia?Será que era só o prazer de me ver frustrado dessa forma?

Minhas tentativas débeis ocuparam boa parte do dia... até que recebi uma ligação. O cliente que eu tinha vindo ver em Ikebukuro estava me ligando, furioso por meu atraso. É... acabei deixando tudo de lado pra perseguir Shizu-chan. Irritado, decidi que ele ganhou dessa vez. Fui resolver meus assuntos... e quando acabei, já estava tarde, de modo que voltei para meu escritório em Shinjuku.

Uma festa surpresa, organizada por Kururi e Mairu, me esperava. Com bolo, velas e balões, elas organizaram tudo aquilo e, mais felizes que eu, estavam comendo bolo e fofocando sobre as garotas mais bonitas da escola. Naomi também estava lá, tomando café em completa indiferença com relação a tudo aquilo. E, nesse aspecto, eu estava próximo dela... tudo era fútil. Nada tirava da minha cabeça o fato de que eu falhei completamente... Shizu-chan estava rindo de mim, ele aprendera a pensar, deixara de ser aquele animal incontrolável que, por ser tão perigoso, era tão divertido em manipular?!

Tais pensamentos me tomaram boa parte da noite... até que Kururi, Mairu e Naomi foram embora. Eram cerca de 22:30... amanhã seria novamente um dia cheio. E, segundo Shizu-chan, tudo voltaria ao normal.

Não...

Nada voltaria ao normal. Seria sempre uma derrota que eu carregaria. O dia que eu não consegui fazê-lo perder o controle.

Eu não podia suportar... era demais pra mim.

Então, me levantei e peguei meu casaco. Iria voltar para Ikebukuro ainda nessa madrugada.

Cheguei em Ikebukuro, mas a essa hora, obviamente Shizu-chan estava em casa... de modo que fui diretamente pra lá. Mas acho que ele apenas se sentiria superior se eu tocasse a campainha... e não iria deixar que ele me dominasse. Eu iria dominá-lo.

Então, com minhas habilidades de parkour, escalei até a janela e, com algum esforço, a arrombei. As luzes estavam apagadas... mas, afastando as cortinas, a luz do luar iluminou fracamente o quarto, e pude ver Shizu-chan dormindo tranquilamente.

Ele estava vestindo apenas uma cueca samba-canção, dormindo sem camisa e com um lençol o envolvendo. Porém, suas costas estavam expostas... e lá estava, como uma joia iluminada pela luz da lua, a vermelhidão do ferimento que minha faca havia causado.

O palerma, além de tudo, não havia posto nem um band-aid naquele corte. Se um dia ele morresse de tétano, talvez ele aprenderia.

Sem conseguir me conter, entrei silenciosamente no quarto, com passos silenciosos como os de um gato. Olhei no relógio que havia em sua cabeceira... 23:30. Dentro de meia hora, meu aniversário acabaria... eu tinha esse tempo para fazer ele perder o controle.

Porém, não conseguia tirar os olhos do ferimento que eu fizera nele... francamente, eu estava mesmo mudando meus métodos. Pura violência, sem pensar em nada, jogar uma faca só por jogar... coisa estúpida. Não era eu.

Deslizei os dedos pelo corte que brilhava à luz da lua... enquanto pensava que talvez enfiar o dedo em tal corte seria suficiente para acordá-lo de modo brusco o suficiente para que ele perdesse o controle.

Porém, percebi algo... ele estava deitado de barriga pra baixo, uma das mãos “esparramada” para fora da cama, e ali, logo ao alcance da mão dele, estava uma folha de papel... um pouco amarrotada, como se tivesse sido lida muitas vezes.

Curioso, a peguei e li... e entendi tudo.

Seu pai, Kichirou Heiwajima, havia morrido. Eu nunca ouvira falar nada sobre a família de Shizu-chan, exceto por seu irmão Kasuka que, afinal de contas, era um ator famoso. Mas, pelo visto,o pai dele tinha câncer, e havia morrido no dia anterior... e Shizu-chan havia recebido essa carta hoje.

Então era isso... não é que ele havia conseguido se controlar apenas pra me provocar. Mas seu pai estava morto... e ele estava tão deprimido que não sentia vontade de brigar com ninguém. Mesmo comigo.

Me senti aliviado... não, Shizu-chan não mudara nada. Era só um velho que tinha morrido e se meteu. Ele não premeditou, ele não fez cada movimento calculado pra me fazer perder a paciência.

Mas ainda assim... ele se lembrou de meu aniversário.

Foi uma grande coincidência ele receber a carta justamente no dia de meu aniversário... mas, ainda assim, ele se lembrou. Tudo uma grande coincidência... ou será que não?

– Droga, Shizu-chan... queria que você estivesse acordado agora. - eu disse pra mim mesmo, meio sem pensar

– Pra que, sua pulga imbecil? - respondeu uma voz meio rouca, um tanto embargada pelo sono

Me sobressaltei. Shizu-chan...estava acordado esse tempo todo? Ele certamente me ouviu entrar. Viu eu lendo a carta que recebera de sua mãe. E não fez nada?

– O que você quer? - continuou Shizu-chan - Ainda está se remoendo porque não tentei te matar hoje? Ora, vá se foder. Você já viu a razão, vá embora e me deixe em paz.

Ir embora? Agora? Não me parecia uma boa ideia.

Eu estava confuso... eu não sentia prazer em descobrir que não, ele não “ganhou” o dia de hoje. Mas tampouco sentia pena dele. Apenas... não queria ir embora.

Ele suspirou e se sentou na cama. Me encarou nos olhos.

– Escute, você está me deixando muito irritado. Eu prometi pra mim mesmo, em respeito ao meu pai, que hoje eu não iria bater em ninguém. Mas em meia hora, não haverá mais nada pra me impedir. E estou pouco me fodendo se é seu aniversário ou não, principalmente porque sei que você quer que eu tente te bater. Que você gosta dessa merda toda. E mesmo que eu odeie cada um desses momentos, se você ainda estiver aqui, eu vou te moer de pancada. Então, o que vai ser?

Ele me disse tudo isso com o olhar muito sério. E, só então, pude perceber realmente tudo o que ele sentia. Mais que raiva pela minha presença, mais que dor pela perda de seu pai, mais que irritação pelas minhas tentativas de provocá-lo... cansaço. Ele estava apenas cansado de tudo isso... de modo que conseguia fazer uma trégua assim. Um momento temporário de paz... como o predador feroz que, depois de um tempo, se isola em sua toca sozinho. Como o lobo que abandona a sua alcateia e caça apenas quando tem fome, sem ligar para a concorrência com os outros lobos pelas fêmeas da região, ou pelos melhores lugares para se caçar.

Era isso. Shizu-chan estava cada vez mais cansado. E isso, mais do que qualquer outra coisa, realmente me atingiu.

Então, não sei porque fiz o que fiz.

Segurando seu rosto entre as mãos, me aproximei de Shizu-chan e lhe dei um beijo na testa. Ele arregalou os olhos, tão surpreso quanto eu. Mas, no momento seguinte, já me afastei e sorri com meu jeito irônico habitual.

– Você ganhou hoje, Shizu-chan. - eu disse - Meu aniversário não é importante, a morte de seu pai não é importante... o importante é que hoje será o único dia que eu vou permitir uma vitória. Então, aproveite bem essa madrugada... pois momentos assim nunca mais se repetirão.

Ele me olhou, agora ele que estava confuso. De modo que apenas ri e fui para a janela.

– Feche a janela depois que eu sair, o vento da madrugada é frio. Se cuide, Shizu-chan. Eu te odeio.

Em seguida, pulei pela janela, amortecendo a queda usando pequenos pontos de apoio, os mesmos que usei para subir. Então, comecei o trajeto de volta para Shinjuku, um sorriso brincando em meus lábios.

“Eu te odeio... te odeio demais, Shizu-chan.”


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Notas finais do capítulo

E é isso aí.Feer,se sinta homenageada,porque olha até que ponto eu cheguei pra te dar um presente :v mas confesso que a experiência foi interessante e eu gostei do resultado final.Sei que fujoshis ficaram esperançosas que ia rolar algo a mais nessa cena final,mas...bem,já avisei desde o começo que tenho horror a lemon,lamento decepcioná-las.Mas espero que tenham gostado.See ya!



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