Do Outro Lado do Espelho escrita por yumesangai


Capítulo 11
Capítulo 11




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“Nee Axel, esse sentimento de felicidade, é como se eu estivesse desistindo de você... Eu não posso aceitar isso. Você não pode desaparecer”.

 

Capítulo XI

 

A música.

 


 “Lea?” Ela não pôde deixar de se surpreender ao vê-lo ali parado em sua porta.

 

“Eu tinha alguma esperança de encontrá-la nos corredores, mas me disseram que você não freqüenta as aulas”.

 

“Eu...” Ela desviou os olhos. “Eu não posso assisti-las”.

 

“Por quê?” Ele perguntou a encarando. E ela não suportava aquele olhar.

 

“Simplesmente não posso”.

 

“Você não é desse mundo”. Ela sentiu como se tivesse levado um choque e olhou assustada para o ruivo de olhos frios. “Não é?”

 

Ela engoliu em seco e então deu um sorriso fraco.

 

“É verdade, eu não sou”.

 

“E também não estava nos seus planos me dizer. Por quê?”

 

“...” Ela balançou a cabeça negativamente.

 

“Xion!”

 

“Por que eu teria que te dizer?!” Ela gritou antes que ele a segurasse pelo braço ou a sacudisse pelos ombros.

 

“Heh, tem razão, não tem mesmo motivo”. Ele colocou as mãos dentro do bolso e começou a se afastar.

 

“Axel!” Ela deu um passo.

 

Ele apenas virou o pescoço. O olhar era ferino.

 

“L-e-a”. Repetiu num rosnado.

 

“Eu sei!” Ela gritou elevando as mãos a cabeça. “Eu sei!” Ela fechou os dedos nos cabelos. “Eu sei disso!” E fechou os olhos com força.

 

“...Não tem jeito”. Lea parou em frente a ela. “Me desculpe, Xion”. Disse a abraçando.

 

“Por que eu sou tão egoísta? Quando foi que eu comecei a ter sentimentos assim? A domar tão bem, algo que dói desse jeito”. Ela soluçou. “Eu estou te machucando”.

 

E ele só pôde sorrir.

 

“Desde quando você precisa ficar se preocupando comigo? Com tanta coisa acontecendo, é natural que você seja egoísta. Ninguém está te culpando por isso”.

 

“Eu sei que vocês estão esperando que eu aceite esse mundo”. Ela recuou um pouco, olhando para ele. “Que eu pare de chorar por World That Never Was, que eu pare de ficar vendo cada um deles nas pessoas que me são próximas, mas eu não posso...” Ela não se importou de voltar a chorar na frente dele. “Eu não quero e nem vou deixar de pensar neles”.

 

“Talvez...” Lea se aproximou um passo. “Talvez você tenha razão, nós estamos queremos que você ‘acorde’ e comece a viver no nosso mundo”. Ela balançou a cabeça negativamente. “Porque você está aqui, seja lá o que tenha acontecido com o seu mundo, você veio pra cá”. Ele secou as lágrimas dela.

 

“Eu quero sabe por que eu vim sozinha, por que somente eu”.

 

“A sua memó--”

 

“Ela não vai voltar!” Gritou batendo o pé. “Eu já estou cansada de ficar esperando, por mais que eu me esforce eu não consigo nada vem na minha mente, quanto mais eu tento me aproximar mais eu me afasto desse mundo, mais sozinha eu me sinto. É tão confuso. Eu não quero... eu não quero ir longe demais daqui”. Ela olhou para Lea com uma expressão digna de pena.

 

Digna de uma criança carente.

 

“Se você... Se você descobrir o que aconteceu em World That Never Was você vai conseguir viver em paz aqui?”

 

“Provavelmente”. Ela suspirou.

 

“Então eu vou te ajudar”.

 

E os olhos dela brilharam. “Muito obrigada, Lea!”

 

E ele suspirou internamente. Aquela garota não fazia idéia de como ele se sentia bem em vê-la sorrindo.

 

 

 

Xion fechou a porta e se deixou escorregar pela madeira até cair sentada no chão. Ela ficou admirando a pouca escuridão do quarto, e olhou para a cama onde se encontravam dois plushes com capas negras. Um de cabelo vermelho espetado e o outro de cabelo dourado pra todas as direções.

 

Ela rapidamente se jogou na cama e passou os dedos por eles. Eles eram pequenos e fofinhos, no entanto os rostos continuavam sem desenho. Ela nunca o fizera.

 

“Eu não sei se vocês estão sorrindo, se estão felizes por mim. Eu não sei onde vocês estão”. Ela murmurou os abraçando. “Me tirem daqui, rápido... me tirem daqui”.

 

 

 

“Sora?” Kairi perguntou ao ver o amigo virar o rosto rapidamente como se tivesse visto uma assombração.

 

“Acho que ela está chorando novamente...” Ele comentou encolhendo os ombros.

 

“Nós não podemos estar com ela o tempo todo”.

 

“Vocês estão pensando errado”. Riku puxou uma cadeira e sentou ao lado deles. “Que tal vocês lembrarem que ela é uma estudante dessa Universidade?”

 

“Ela não pode assistir as aulas Riku, é completamente diferente do mundo dela”. Kairi explicou já imaginando uma Xion perdida numa matéria de nível avançado.

 

“Bom, ela poderia ao menos ler os livros, não? Já que ela está nesse mundo e morando no dormitório daqui. Vocês sabem o que vai acontecer? Ela vai repetir o ano, vocês vão se formar e aí? Ela vai continuar naquele quarto? Isso aqui é uma Instituição”.

 

Kairi e Sora trocaram um olhar preocupado. Eles estavam tão concentrados em tentar ajudá-la, a se sentir confortável naquele mundo que se esqueceram completamente de como as coisas realmente funcionavam.

 

“Você tem razão, ela deveria assistir as aulas”. Sora começou sério, fazendo com que Kairi olhasse preocupada para ele. “Mas somente se ela quiser”. Finalizou com um sorriso.

 

“Eu não estou dizendo pra acorrentá-la e trazê-la pra cá”. Riku cruzou os braços.

 

 

 

“Assistir as aulas?” Xion piscou os olhos seguidamente. “Eu?”

 

“Sim, nós achamos que você deveria se esforçar um pouco”. Kairi disse enquanto arrumava os livros num canto do quarto.

 

“Mas eu--”

 

“Nós sabemos que vai ser difícil, mas pelo menos você deveria tentar. Fazer algumas anotações e se ocupar um pouco. Nós ficamos preocupados com você sozinha todos os dias nesse quarto”. Sora tirou uma mochila de dentro do armário e entregou para Kairi.

 

“Eu saio pra caminhar de vez em quando...” Murmurou olhando para os lados.

 

“Por favor?” Sora insistiu juntando as mãos e olhando todo esperançoso para ela.

 

  Ela acabou rindo.

 

“Tudo bem, mas não esperem que eu realmente entenda alguma coisa. Seria o mesmo que vocês usando magia pra derrotar um exercito de heartless”.

 

“Você sabia magia!?” E de repente Sora estava pulando sobre ela.

 

“S-sim”.

 

“Xion, você é incrível!” Sora gritou a sacudindo.

 

“Eu sou apenas de outro mundo”. Ela sorriu.

 

 

 

E como prometido. Ela estava pronta para uma manhã de dor de cabeça. Com uma mochila pesada ela seguiu até uma sala enorme. Como não queria chamar atenção ela se sentou nos fundos e perto da janela, se nada fizesse sentido ela teria com o que se distrair.

 

Nem dez minutos haviam se passado e ela já estava incomodada. Eram muitos olhares e cochichos nada discretos. Ela era um alien ali no meio. É claro que ter faltado a maioria das aulas e só aparecer agora não ajudava, mas não era como se ela estivesse arrependida dos momentos de paz naquele quarto.

 

O professor entrou, falou e ela fez anotações, ou melhor, ela tentou, depois de meia hora de aula ela se viu cochilando de olhos abertos e já tinha feito vários desenhos na borda da folha.

 

Ela sorriu para o desenho de keyblades e o par de chakrmas que enfeitavam a folha. Ela abraçou o desenho como se fosse o bem mais precioso que tivesse.

 

Não demorou muito para o sinal tocar, os alunos estavam deixando a sala e ela fez o mesmo, o corredor estava abarrotado e ela sentia falta de ar. Começou a caminhar olhando pra os próprios sapatos. Ela estava quase correndo.

 

“Xion, hey!”

 

Uma voz conhecida a fez parar. Ela olhou para os lados e então avistou Myde sentado no muro.

 

“Myde”. Ela não pôde deixar de se surpreender ao vê-lo ali.

 

“Não vai apresentar?” O outro homem perguntou enquanto se vazia visível ali. Ele tinha cabelos compridos e uma cicatriz embaixo do olho, mas não era nada chamativo.

 

No entanto Xion sentiu o peito arder. E ela conhecia aquela sensação. Ela sorriu amavelmente para o desconhecido. Seja lá quem ele fosse era o Somebody de Xigbar.

 

“Não a faça pensar que eu sou mal educado”. Myde se defendeu rindo. “Este é o meu amigo Braig, essa doce menina é a Xion”.

 

“Xion, huh?” Ele repetiu a olhando sem fazer muita cerimônia. Ela o cumprimentou com um aceno de cabeça.

 

“Ei Xion, você estaria interessada ir num concerto?” Perguntou se colocando na frente de Braig que ainda a olhava de cima abaixo.

 

“Concerto?” Ela repetiu meio incerta e meio agradecida por não ter mais o olhar do outro sobre si.

 

“De música”. Ele disse com um sorriso empolgado. “Eu faço aula de música e alguns alunos do curso vão tocar, e bem... eu vou estar lá, eu queria que você fosse, sabe?”.

 

“Um dos garotos está doente, e por isso colocaram esse aí no lugar, ele não é tão bom assim”. Braig disse chamando atenção dos dois.

 

“Pare de falar desse jeito!” Myde resmungou enquanto implicava com o outro.

 

Xion teve que rir. Algumas vezes ela vira Xigbar e Demyx, eles até pareciam se dar bem, mas não era nada que pudesse ser chamado de amizade concreta ou qualquer coisa do tipo, talvez porque eles não tivessem um coração... Ou por outros motivos que ela nunca se preocupara em descobrir.

 

Até quando aquilo iria atormentá-la? Não ter descoberto mais sobre os membros da Organização...

 

“Eu vou”. Ela disse interrompendo a briguinha deles. “Quero ir”.

 

“Você está livre hoje à noite?” Myde perguntou enquanto tomava as mãos dela.

 

“S-sim”. Respondeu meio desconcertada pela proximidade.

 

 

 

“Kairi, o que eu deveria usar pra ir num concerto?” Xion perguntou aleatoriamente enquanto eles estavam reunidos.

 

Sora quase capotou da poltrona e Kairi a olhou meio confusa.

 

“De música”. Ela completou como se isso pusesse mais sentido à frase.

 

“Xion, você tem um encontro?” Sora perguntou completamente atônito.

 

“Encontro?” Ela pendeu a cabeça para o lado. “Quer dizer que eu vou me encontrar com alguém?”

 

“Aaah, esqueça os nomes”. Kairi lançou um olhar rápido para Sora e então se voltou para Xion que ainda observava sem entender. “Você vai com alguém?”

 

“Sim, com o Myde”.

 

Sora e Kairi trocaram um claro olhar de quem perguntava quem era o tal cara.

 

“Ele vai tocar”. Ela disse ao ver o olhar estranho deles. Ela era de outro mundo e não burra.

 

“Então você vai sozinha?” Sora perguntou de repente.

 

“Braig disse que vai estar lá”. Xion deu de ombros. “Então, o que eu devo usar?”

 

Kairi decidiu ajudá-la com alguma coisa no armário e se não tivesse nada bonito, ela mesma iria emprestar uma roupa.

 

 

 

“T-tem certeza?” Xion perguntou timidamente enquanto era arrastada por uma decidida Kairi.

 

“Ele foi atrás de você não é? É uma forma de agradecimento, você vai o convidar para ir com você ao concerto”.

 

“Tem certeza?” Insistiu ainda com o rosto corado.

 

“Sim, agora vai lá!”.

 

Xion engoliu em seco e subiu as escadas do dormitório masculino. Já era noite e havia poucas pessoas pelos corredores, que estava de passagem não só parou, mas encarou Xion.

 

Não era todo dia que uma menina passava por ali. Muito menos uma num vestido preto com botas que iam até o joelho –que a fazia lembrar do uniforme da Organização e por isso insistira em usá-las-.

 

Lea ficou sem palavras no momento em que abriu a porta. Primeiro porque era Xion que estava ali, segundo porque ela estava muito bem arrumada. Como se fosse a um encontro, daqueles em que o rapaz leva a menina num restaurante francês.

 

“X-xion?” Ele censurou todos os pensamentos que cruzaram sua mente naqueles segundos.

 

“Er...” Ela coçou a bochecha meio sem jeito. –Sem ter noção de que isso a deixava ainda mais adorável-. “Eu estou indo a um concerto... eu queria saber se você gostaria, de... er... ir comigo”. Ela nem percebeu quando passou a olhar para o chão.

 

“A um concerto?” Ele ainda estava com dificuldades de compreender a situação.

 

“De música”. Ela explicou enquanto arriscava um olhar.

 

“C-certo, me de só um minuto, ok?” Mas antes que ele desaparecesse pelo quarto. “Er... Você quer esperar aqui?”.

 

Xion olhou para trás, definitivamente Kairi já havia fugido há muito tempo.

 

“Claro”. Ela sorriu meio sem graça.

 

 

 

Não era como se eles estivessem super elegantes, prontos para um casamento. Mas a situação um tanto quanto formal sempre deixava as pessoas nervosas. Para Xion era como entregar um relatório para Xemnas, para Lea... bom... era um encontro.

 

Ainda que ele tivesse namorado Relena por algum tempo e eles saíssem um bocado, era diferente. Xion era completamente diferente.

 

Era até absurdo fazer uma comparação.

 

“Ei”. Braig chamou atenção dos dois. “Querem assistir de camarote?”

 

Xion e Lea trocaram um olhar rápido e concordaram sem nem discutir.

 

O dito camarote ficava numa parte fechada da arquibancada, era bem mais alto, mas quem iria reclamar? Xion já estava sentada bem próxima, Lea ocupou o acento ao lado dela e Braig ocupou duas cadeiras lá no fundo.

 

Lea que às vezes olhava para Xion podia ver claramente quão concentrada e importante aquele evento parecia ser para ela. Ela estava realmente ouvindo com o coração.

 

 No entanto, foi na vez de Myde que Lea se viu surpreso. Não só porque o garoto tocava bem, mas porque a música trouxera lágrimas aos olhos de sua querida acompanhante.

 

Quando eles estavam no Campus e Myde dissera “Tudo bem se você chorar, você está triste afinal. Você perdeu alguém não é?” Ela chorou como uma criança. Agora ela sentia vontade de chorar, mas não queria.

 

Talvez porque Lea estivesse bem ao seu lado e ela não queria parecer mais fraca do que já havia se mostrado.

 

“Xion...” Ele a chamou baixinho.

 

Ela não sentia que estava completamente sozinha. Ela olhou para ele. A expressão preocupada em seu rosto. Seria porque ele estava ali?

 

Ela não estava mais sozinha e ela reconhecia isso.

 

A música parecia soar ainda mais triste. Agora, assim de repente.

 

Não era ainda mais triste e sufocante? Sem Axel, sem Roxas... Ela encarou os olhos verdes de Lea até se ver refletida neles.

 

Ela não estava sozinha e era isso que doía.

 

“Xion”. Ele a chamou outra vez.

 

Algumas lágrimas caíram.

 

O que era aquilo? Algum poder místico que poderia acalmá-la e fazê-la ser capaz de viver naquele mundo sem mais pensar em World That Never Was? Ainda que ela mesma tivesse dito que ainda queria ficar ali, ainda que ela mesma tivesse dito para Axel que gostaria de ficar ali...

 

Se isso era alguma magia, ela iria desfazê-la. World That Never Was seria sua meta até o fim. Axel e Roxas significam muito para ela deixar aquele assunto de lado e começar a viver como uma estudante.

 

“O que vocês acharam?” Myde perguntou afobado assim que os avistou.

 

“Myde”. Xion se virou para ele. “Eu gostaria de te contar uma coisa, você poderia se sentar?”

 

“Claro, o que houve?” Ele olhou para Lea, mas este não disse nada. No entanto ele parecia meio alarmado.

 

“Eu não sou desse mundo. Eu vim de um lugar chamado World That Never Was”. Ela disparou sem deixar ninguém nem piscar.

 

Ela disse que iria destruir aquela magia da felicidade, então ela tinha que começar com Myde e sua música. Era a música dele, os sentimentos dele que a faziam se desligar completamente.

 

Ele sorriu.

 

“Eu sei”.

 

Continua.

 


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Notas finais do capítulo

N/A: Me desculpem pelo atraso, eu já havia avisado que não conseguira postar e depois teve aquele feriado e eu aproveitei pra descansar. Apesar de que o meu pulso está doendo um pouco...

De repente eu senti uma vontade incrível de fazer uma cena completamente bizarra, mas acho que vou usá-la mais tarde, eu realmente preciso escrever essa cena!

E também culpem o vicio de Durarara!! Eu passei os últimos dias assistindo aos episódios e nem sentei pra escrever. É um ótimo anime e eu recomendo!



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