Entre tridentes e nós Fannie escrita por Julia Potter Jackson Mellark


Capítulo 3
A aposta




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Nas semanas seguintes, a maior parte de seu tempo Annie passava na praia, a mesma em que conhecera Finnick. Catava conchas, sentava-se na areia e criava colares com as que encontrara. Apenas observava em silêncio enquanto Finnick e seu pai pescavam, para não atrapalhar. Ele, por sua vez, tentava manter os olhos na água, mas é muito difícil quando se tem uma garota tão linda sorrindo pra você.

Durante alguns dias, eles só se falavam quando tinham de voltar para casa, ao pôr do sol. Não passava de um “Olá, Finnick” e “Como vai, Annie?”, seguidos de alguns sorrisos tímidos. Aos poucos, foram passando mais tempo juntos. Conversavam na praia, depois de o pai de Finnick voltar para o distrito após o expediente.

Antes da Colheita, já podiam ser considerados amigos.

Com a proximidade da colheita Finnick tornou-se ainda mais obcecado em pegar seu primeiro peixe. Deixou de fazer companhia a Annie para treinar longe dos olhos do pai. Ela não se incomodava; continuava com seus colares, lançando olhares furtivos para o amigo, mas fingindo desinteresse. Depois de meia hora, ele se cansava e ia sentar-se junto a ela.

– Annie! – gritou em direção à areia. A longa estaca de madeira que usava como lança acabara de passar a centímetros de um bagre pequeno, atingindo um aglomerado de algas logo ao lado – Annie, você viu isso? – Caminhou na água em direção a ela, com a “caça” na mão direita– Eu quase consegui dessa vez!

Annie nem mesmo levantou a cabeça.

– Hum-hum. – Finnick abriu a boca indignado com o descaso dela. Annie estreitou os olhos para conseguir vê-lo – Se você praticar mais talvez consiga pegá-lo ao invés de algas marinhas.

Finncik andou até a margem.

– Você acha que é fácil? O que você acha de vir aqui e me mostrar como é que se faz? – provocou. Ela apenas sorriu.

– An-ham.

Finnick lançou as algas na direção da menina. Ela conseguiu ficar de pé, levantando a saia, e correr antes de ser atingida.

Annie torceu o nariz enquanto Finnick chutava para longe as algas e deitava-se no seu lençol com um dos braços atrás da cabeça, sentindo-se o dono da praia.

– Sério, Annie? Como você viveu nesse distrito toda a sua vida e nunca aprendeu a nadar? – Ela cruzou os braços; já tinham tido essa conversa antes – Quer dizer, é praticamente um crime.

– Eu não aprendi porque eu não preciso – explicou, aproximando-se e puxando o lençol, fazendo Finnick rolar comicamente, sujando-se na areia. Sacudiu o tecido e o esticou novamente no chão enquanto continuava: - Meus pais fazem nós de pesca. Não é preciso nadar.

Finnick sentou-se e balançou a areia dos cabelos de fogo.

– E mais – acrescentou Annie, deitando-se no lençol -, não é bom para alguém da minha classe ser vista mergulhando com filhos de pescadores.

– Eu não sabia – Finnick ficou de pé – que amarrar nós praticamente te faz uma cidadã da Capital – Ele fez uma reverencia brincalhona antes de sentar-se ao lado dela – Sua majestade.

– Bem – argumentou Annie -, é mais civilizado do que ficar checando e procurando.

Finnick espremeu os olhos para o horizonte.

– Um dia meu pai vai me dar seu tridente – suspirou. – E é por causa de pescadores como eu que você tem comida na mesa. – E sorriu vitorioso.

– É por causa de pescadores como seu pai que temos comida na mesa. – corrigiu Annie com um risinho – Se nós dependêssemos de você, Finn, teríamos fome há muito tempo.

– Ei, eu estou melhorando! – defendeu-se Finnick. – Além do mais, pescar é muito mais difícil do que amarrar nós.

– Ah, você acha, é? – zombou ela, jogando os cachos vermelhos para o lado.

– Eu tenho certeza. – rebateu ele – Eu aposto que poderia fazer uma rede sem nenhum problema.

Annie levantou-se e puxou o lençol novamente debaixo de Finnick.

– Sim, certo – desafiou – Eu gostaria de ver isso.

– Você verá, Annie Cresta – A menina revirou os olhos com o exibicionismo dele, e seguiu andando em direção a cidade.

– E quando eu o fizer – completou Finnick às suas costas – você terá de me deixar te ensinar a nadar.

– Com certeza, Finn. – respondeu sem olhar pra trás – Vou tentar não morrer de velhice até lá.

Annie acenou com a mão.

Finnick suspirou para o mar.

Não havia mais ninguém na praia. Era dia de Colheita.


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