O silêncio e a escuridão predominavam naquele quarto, só não vazio pela pequena figura agachada ao pé da cama abraçada aos joelhos.

A garota segurava fortemente seu chaveiro, seu olhos traziam tristeza, mas não apresentavam sinal de que estivessem ou viriam a ter lágrimas.

- Rukia! Rukia, já cheguei! Ei Rukia! Eu sei que você está aí! - O silêncio continuou. Ichigo subiu as escadas e correu para o quarto preocupado, com um chute abriu a porta e a viu, estava lá, quieta ao pé da cama como uma estátua esculpida apenas para assumir esse lugar.

- Rukia!? Está tudo bem? - Ichigo se aproximou em passos lentos, olhava-a diretamente, porém não recebia de volta o olhar, sua franja negra encobria-lhe a face, impedindo-o que mirasse em seus olhos de cor peculiar.

- Ichi... go ela se foi... - Rukia disse num tom de voz quase inaudível, mas ele escutou.

- O quê? O que aconteceu Rukia? Quem se foi? - Ele parecia confuso, ele observara o comportamento da garota por alguns instantes e nada mudou.

- Eu a matei, ela nunca mais irá voltar Ichigo! Você entende isso Ichigo?!! - Ela o olhou furiosa, culpando-o com o olhar de todos seus recentes males.

- Rukia levantou-se num pulo, virou para o rapaz com um olhar decidido e falou como se recitasse uma profecia:

- Eu desejo um funeral! Mesmo que as pequenas as almas daqueles que se foram devem ser honradas! - Ela olhou distante para o céu escuro da noite e começou a fazer uma oração qualquer perto da janela.

- Rukia! Não diga besteiras! Você é uma Shinigami, sabe muito bem pra onde as almas vão!! - A garota parecia não ter ligado para os berros do ruivo, mas resolveu responder:

- Ela não era humana! - Alguém já ouviu falar de um morango roxo? Felizmente para a Mãe-Natureza ele não era uma fruta. A raiva do ruivo somada a sua paciência limitada o fizeram tomar esta estranha coloração. Sim, Ichigo estava roxo de raiva.

- Rukia, não me diga que isso na sua mão é... - Ele apontou incrédulo e com mais algumas cores não nomeadas no rosto.

- Ah, isso? É um Tamagochi! E bem... hoje foi, sua última noite – Ela voltou o olhar melancólico para a janela.

- Você estava assim por causa de um Tamagochi que morreu?!!!!! - Um trem, é isso! Ichigo esfumaçava como um trem! Alias, se olhasse de perto talvez visse um desses rodando pela sua cabeça.

- Como você esperava que eu estivesse? - Ela lhe lançou um olhar cheio de dor e angústia, é, Rukia certamente era uma atriz magnífica.

Alguns segundos de choque se passaram até Ichigo recuperar a sanidade.

- Você já tentou apertar Restart? -

- Restart? Que Restart? - Seu olhar mostrava surpresa, sua voz mostrava surpresa, será que ela realmente não sabia?

- Rukia, se você apertar isso, você poderá refazer seu bichinho – O garoto assumiu um olhar entediado, como um professor do primário ensinando uma criança a escrever seu nome.

- Refazer? Você diz que ela poderá nascer de novo? - Os olhos da pequena brilharam com a notícia, é Ichigo parece que ela aprendeu bem, logo pegou seu chaveiro e começou a apertar insistentemente os botões-

- Ei Ichigo! Onde fica esse tal de 'restart'? - Ela parecia confusa examinado com cuidado até mesmo a argola do chaveiro

- É aqui sua idiota! - ele apertou o botão com facilidade surpreendendo-a – Oh não,.. Ichigo... o que você fez? - Ela parecia incrédula com qualquer coisa que ele ainda não havia se dado conta – Do que você está fal.. - Iria retrucar, mas foi interrompido pelas palavras da menor

- Ichigo, você não percebeu? Agora que você me ajudou a fazê-la você é o pai! - O rapaz caiu num salto

- Mas que diabos você está falando? -

- É simples, esquanto eu a fazia apenas com meus dedos ela era só minha, mas agora que você botou os dedos no meio, deve assumir a responsabilidade – Ichigo a olhou assustado

- Rukia, você escutou o que disse agora?

- Ahn? O que? Eu disse alguma palavra errada?

- Rukia,... - Ele parou em sua frente e segurou-lhe os ombros – Sua inocência me assusta -