Angelic Me escrita por Thaís Fonseca


Capítulo 12
Capítulo XII - Atmosfera de Desejos Humanos




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Eu descobri que morrer não é tão ruim. Pelo contrário. Enquanto a morte se aproxima, toda a dor física some. E não se sente mais raiva, medo... Nada além de uma energia muito forte e tranquiizante. Mansidão. Morrer, ao meu ver, é realmente descansar eternamente.

De repente eu estava em um lugar diferente. Uma clareira. Flores de todas as cores existentes pintavam o chão, por cima da curta grama verde. O cheiro de orvalho tomava conta de todo o espaço. Bom, talvez não todo. Bem no centro da clareira, uma pedra contrastava com a paisagem. Mas não era uma pedra comum. Dificilmente você encontraria uma dessas por aí. Ao menos se você tiver a minha sorte, ou azar, dependendo do ponto de vista.

Aquela pedra era totalmente diferente de qualquer outra. Era alta, algo entre os 1,80 e 1,90m. E parecia rígida, inquebrável, indestrutível. E preciso adicionar que também era admirável. Sua beleza era algo que não podia discutir.

A pedra se moveu elegantemente em minha direção. Seus olhos brilharam ao me localizar, e um sorriso lindo desenhou seus lábios.

- Eu te esperei por tanto tempo... – sussurrou ela, com uma voz suave e doce.

Caminhei em sua direção, dando passos longos, feliz por tê-la tão perto. Queria tocá-la, senti-la. Mas repentinamente, meus pés mesmo em evidente movimento, pareciam continuar no mesmo lugar. Fui me distanciando daquele magnífico bloco de mármore, contra minha vontade. O desespero começou a tomar conta de mim. Tentei acelerar, correr o mais rápido que podia, mas era em vão. Sua imagem se tornava turva. Não iria chegar até ele. Talvez se gritasse, ele poderia me ouvir...

- Edward! Edward! – gritei em agonia.

- Se acalme Bella. Está tudo bem. – ouvi uma voz que reconheci muito bem. Eu já não estava na clareira. Meus olhos pesavam mas, com esforço pude abri-los. Tudo não passara de um sonho.

- Meu amor, você acordou finalmente! – a voz de Renee soou novamente pelo recinto. Minha vista antes fora de foco, foi recuperando a nitidez e eu pude vê-la ao meu lado, curvada sobre mim. Tudo era extremamente claro e eu estava deitada. Um hospital, deduzi por toda a aparelhagem ao meu redor. Eu não havia morrido afinal.

- Como...? – minha voz saiu fraca. – O que aconteceu?

- Bella, por que não disse que aquele rapaz estava te perseguindo? Poderíamos ter chamado a polícia.Aliás, seu pai é um chefe de polícia pelo amor de Deus. Nós quase perdemos você por culpa daquele maníaco!

Minha mente estava confusa.

- O que... o que aconteceu com ele? – perguntei.

- Morto. – ela disse seca. – Aparentemente tentou fugir e jogou um carro em um poste. Você sabe, gasolina e alta temperatura... a explosão foi tão forte, que nada sobrou de seu corpo.

- Ah... – os Cullen conseguiram então. Foi quando uma coisa me ocorreu. – Do que você se lembra?

- Hm. – Renee pareceu refletir. – Quase nada. Só me recordo de ir pegar as bebidas e de ele me render em seguida. Então tudo o que lembro é da pancada e mais nada. Segundo o médico, o choque pode ter feito com que meu cérebro apagasse tudo. Uma espécie de auto-defesa. Mas ele me disse tudo... – Ela desviou seu olhar para um canto do quarto do qual eu ainda não vira. Virei minha cabeça na mesma direção, localizando o mesmo bloco de mármore dos meus sonhos ali, imóvel. Sentado em uma poltrona, ele dormia... ou fingia dormir. Aquilo ao mesmo tempo que me divertia, me deixara sem graça. Se eu gritara seu nome, obviamente... nem quero pensar.

- Muito corajoso esse Edward. – Renee continuo, vagando em seus pensamentos. – Ele me falou sobre James estar te perseguindo, e falou também que estava de olho nele. Infelizmente James acabou te encurralando. Segundo o que ele me dissera, James te empurrou contra a nossa mesa de centro, e você acabou mergulhando a mão no vidro. Um dos cacos perfurou seu pulso venoso e você perdeu muito sangue. – Olhei imediatamente para o meu pulso, exatamente onde James havia mordido, uma faixa o envolvia. – Se Edward não tivesse sido rápido, você poderia estar morta. Os vizinhos ouviram os barulhos e chamaram a polícia. Foi quando James fugiu.

É obvio que eu me lembrava de tudo. Mas devo ressaltar: os Cullen são bem criativos.

Voltei a olhar para Edward, ainda em silêncio. Ele fingia tão bem, quase sorri. E se eu não soubesse que vampiros são incapazes de dormir, acreditaria que ele estava sonhando tranquilamente a se julgar pela sua expressão calma e doce.

- Esteve aí o tempo todo. – Renee falou, como que se tentasse responder meus pensamentos. – Não quis sair do seu lado nem um só instante. Ele realmente gosta muito de você, devem ter uma amizade muito forte.

Olhei para ela, divertida por sua insinuação. Ela pareceu fingir não ter pretendido nada e prosseguiu.

- Mas agora você está bem, graças a Deus. E sei que seu amigo ficará muito feliz quando te ver.

Seu olhar vagou novamente para Edward e ele se mexeu aparentemente desconfortável.

- Bom – Renee se levantou devagar. – Vou até a lanchonete comer algo e ligar para Phil. Ele realmente ficou preocupado com você... volto depois.

Ela beijou minha testa de maneira carinhosa e saiu do quarto. Meu olhar disparou para Edward que prontamente respondeu meu desespero e praticamente voou para o meu lado.

- Bella, me desculpa! Eu não deveria tê-lo deixado chegar tão perto de você. Mas ele nos enganou! – Edward bateu no braço de ferro da cama, que automaticamente entortou entregando sua debilidade diante de um vampiro.

- Edward... eu estou bem. Nada de muito grave aconteceu...

- James mordeu você Bella! Por pouco não se tornou uma de nós. E eu... – ele abaixou sua cabeça tristemente. – na tentativa de te salvar quase...  Ah se você não tivesse dito aquelas palavras... provavelmente eu não teria parado.

- Palavras? O que eu...? – Me recordei de ter dito “eu te amo” e devo ter ficado pálida. Será que era daquilo que ele se referia ou eu tinha falado outra coisa?

Edward se inclinou sobre mim, seu rosto a poucos sentimentos. Ele me olhos nos olhos. Aqueles lindos olhos dourados. Meu coração pulou do peito, eufórico.

 - Não posso explicar de que forma, mas você consegue acalmar o monstro predador que eu sou. Você faz com que meus sentidos humanos retornem como se eu ainda fosse igual a você. Do seu lado Bella, não sou um vampiro sanguinário e descontrolado. Sou apenas um garoto de 17 anos, com todas as emoções de um humano.

Fiquei olhando para ele, escutando cada palavra. Meu coração batia forte o suficiente para que meus ouvidos meramente humanos pudessem ouvir. Ele sorriu, tocando meu rosto.

- Não fique frenética. Se controle, por favor. Depois de todo esse trabalho, não seria bom que você simplesmente tivesse um ataque cardíaco.

Senti o rosto queimar. Não sabia o que dizer. Mas ele foi mais rápido e cortou o silêncio.

- Bella, não sei se o que disse era apenas um delírio, ou uma fantasia minha. Mas quero que saiba que se foi verdadeiro, eu sinto o mesmo. E sou um completo idiota por ter te tratado tão mal todo esse tempo, por ter sido tão... rude. Me perdoe.

- Eu te amo. – falei de uma vez, tentando deixar confirmado que o que ele ouvira era verdade. – Não sei como aconteceu, mas é a verdade.

- Isso é tão louco – ele riu, sem humor. – É como se o cordeiro estivesse apaixonado pelo leão. Dançando em sua frente, se entregando a morte.

- É tão perigoso assim? – indaguei.

- Seria... – Edward sorriu. – se o leão não sentisse o mesmo pelo cordeiro.

- Isso significa...

- Que eu te amo. E que nunca mais, vou deixar com que nada disso aconteça a você. Mesmo que seja insanidade, que não seja algo fácil, vou estar aqui pra você. Como o vampiro que estou condenado a ser, sendo seu protetor contra tudo. E sendo o mais humanamente possível, para que você possa desfrutar de tudo, sem que precise se privar das coisas, unicamente por se apaixonar pelo seu carrasco.

Sorri, e fiquei olhando seu rosto de anjo por uns momentos. Toquei sua pele, gélida e suave como a seda.

 - Não me importa que seja humano ou vampiro, ou o que seja. Apenas seja você. Seja o meu Edward.

Ele se aproximou ainda mais, tocando seus lábios aos meus. O beijo que se seguiu foi diferente. Não foi um beijo de momento. Nem algo desesperador. Foi calmo. Como se selasse apenas o começo de algo. Sem pressa, sem tempo. Era como se pudéssemos ficar ali para sempre. Sua respiração doce, se misturava a minha e era como se fossemos um só. Como se Edward e Bella, fossem apenas uma pessoa.

Ele foi se afastando aos poucos, interrompendo o beijo. Sorriu com aquele humor que só ele tinha, e se sentou na poltrona ao lado da cama.

- Renee está voltando – ele se justificou – Não sei se ela vai querer saber que sua filha frágil e tendenciosa a riscos, anda beijando vampiros por aí.

Eu ri e ergui meu corpo com cuidado, me sentando na cama.

- Você acha que essa seria uma noticia muito chocante? – o perguntei.

- Talvez... – ele fingiu refletir. – apesar de que os pensamentos dela sobre mim, são bem interessantes.

- O quê? Me conte!

- Ela me aprova. – ele deu de ombros. – Me acha bonito e bom para você. Não sabe o perigo que sua filha corre ao meu lado...

Revirei os olhos, cansada de ouvir sobre risco de morte.

- Ok grande predador. Eu sei que você não vai me matar nem nada.

- Não era desse tipo de perigo que eu falava... – Ele riu, de uma maneira diferente. Humana demais. E eu entendi de alguma forma o que ele queria dizer com aquilo. Meu rosto corou, o fazendo rir mais ainda.

E então Renee entrou no quarto e quebrou aquela atmosfera de desejos humanos.


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