Vinculum Aeternum escrita por Kiri Huo Ziv


Capítulo 4
Capítulo IV: Votum


Notas iniciais do capítulo

As falas estarão entre aspas, e os pensamentos em itálico.

Votum significa "esperança" ou "promessa solene".

A primeira parte do capítulo tem um teor sexual um pouco maior do que o restante da fic, mas ainda creio que esteja suficientemente implícito para manter a classificação com +13.

Para quem sentiu curiosidade, razão da troca de nome: sofri alguns ataques pesados por Facebook e Youtube e achei melhor fazer a troca para que os agressores tenham mais dificuldade de encontrar as minhas fanfics. Kiri: casca de árvore; Huo: fogo; Ziv: luz.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/438689/chapter/4

The sun lonely rose
Of innocent souls
In the shades they reveal
By a tale never told
A sea of new hope
One fear is reborn
In this long quest we wait
For the great heaven's call*

Rumpelstiltskin passou a maior parte de sua festa de casamento sentado ao lado de Belle observando Sir Maurice e os membros do Conselho ficando cada vez mais bêbados à medida que o dia prosseguia.

O feiticeiro bebeu muito pouco, pois acreditava que era seu dever como marido permanecer sóbrio para fazer daquela noite, a primeira dos dois como casados, inesquecível para Belle. Ele percebeu, com alguma surpresa, que a jovem não bebera sequer um gole de qualquer bebida alcoólica servida. Rumpelstiltskin sabia que ela também não desejava estar alterada durante aquela noite, mas esperara que ela tivesse bebido pelo menos durante os brindes.

Tudo o que o feiticeiro conseguia pensar, entretanto, era no quanto desejava que o dia passasse mais rapidamente para que os dois pudessem, finalmente, ficar sozinhos. Ele buscou as mãos de Belle mais de uma vez, e a jovem sempre o encarava com um olhar feliz, embora decididamente ansioso, quando os seus dedos se enlaçavam, o que comprovava o fato de que aquela espera estava sendo torturante para ela também.

Mais de uma vez, os dois tentaram começar uma conversa banal entre si, mas o fato de que não conversavam apropriadamente há tanto tempo dificultava que encontrassem assuntos que pudessem ser abordados livremente diante do pai de Belle e todo o Conselho. Rumpelstiltskin elogiara longamente a belíssima capa que a jovem fizera para ele como presente de casamento, mas não conseguiu encontrar outro assunto quando este morreu.

Por vezes, eles se levantavam da mesa para uma dança, e esses eram momentos muito preciosos, em que Rumpelstiltskin segurava sua esposa pela cintura, e ela deitava a cabeça no peito dele enquanto os dois acompanhavam o ritmo da música. Eles não tentavam conversar entre si, apenas se preocupavam em sentir a proximidade um do outro. Posteriormente, haveria muito tempo para palavras.

Ao final do dia, finalmente, Sir Maurice chamou sua governanta, uma velha baixa e gordinha, para que os encaminhassem aos seus aposentos. A princípio, Rumpelstiltskin desejara transportar a si mesmo e Belle de volta ao seu castelo logo após a festa de casamento, mas após ver a reação da jovem à viagem anterior, o feiticeiro resolveu aguardar alguns dias e, posteriormente, fazer uma viagem por meio não-mágico.

Sir Maurice e os membros do Conselho se levantaram e fizeram uma saudação formal ao casal, a qual Rumpelstiltskin respondeu com um breve aceno de cabeça e Belle com uma pequena reverência. Depois, a jovem se adiantou e abraçou o pai, que sorriu e lhe sussurrou algo ao ouvido que o feiticeiro não escutou. Com olhos lacrimosos e um sorriso nos lábios, Belle deu um passo para trás e buscou a mão do marido, segurando-a com força.

“Que os deuses os abençoem,” disse Sir Maurice, observando os dois se voltarem para acompanhar sua governanta.

Durante a caminhada até os seus novos aposentos, Rumpelstiltskin percebeu a crescente tensão de Belle e se perguntou a razão da jovem estar se sentindo daquela maneira – afinal, não seria a primeira vez que dividiriam a cama. Provavelmente, ele pensou, ela estaria preocupada com a possibilidade dos dois gerarem uma criança de sua união naquela noite. O feiticeiro, entretanto, estava preparado para isso: em um de seus bolsos, havia um frasco que continha uma substância que impediria a concepção de uma criança temporariamente.

Eles alcançaram as portas do aposento após cerca de dez minutos de caminhada, o que agradou o feiticeiro, pois mostrava que estavam muito distante da região de maior movimentação do castelo. A governanta saiu do caminho para que os dois entrassem e Rumpelstiltskin entrou no ressinto após agradecer brevemente; Belle, entretanto, se demorou um pouco mais, abraçando a mulher mais velha antes de seguir o marido e fechar as portas atrás de si parecendo emocionada e atordoada.

“Minha querida Belle,” disse Rumpelstiltskin, tentando não soar como se achasse o comportamento de sua esposa muito estranho. “Anime-se. Nós finalmente estamos a sós.”

Belle lhe lançou um sorriso simultaneamente divertido e nervoso enquanto caminhava lentamente em direção a ele. A jovem segurou o rosto do marido entre suas mãos suaves e delicadas, fazendo com que o feiticeiro a encarasse nos olhos. Ele viu neles uma quantidade de desejo e paixão que provocou um inteso sentimento de necessidade e fez com que ele tomasse os lábios da esposa com ardor e muito mais força do que ele planejara anteriormente.

Os dois se separaram ofegantes momentos depois, mas Rumpelstiltskin não esperou que Belle se recuperasse do primeiro beijo antes de tomar seus lábios novamente com ainda mais urgência, apertando-a com força contra si para que ela sentisse o desejo que estava provocando nele.

O feiticeiro sentiu as mãos de Belle percorrendo seus cabelos enquanto ela pressionava os lábios com força contra os do marido, sua língua explorando, faminta, o interior da boca dele. Rumpelstiltskin sentiu que perderia o controle muito em breve quando a jovem deslizou suas mãos até os ombros dele e, em seguida, seu peito, começando a desabotoar a camisa que ele usava. Foi quando ele deu um passo para trás, hesitante: Belle ainda precisava tomar a poção.

A jovem pareceu muito decepcionada quando eles se separaram e abriu a boca para protestar, perguntando no que ele estava pensando, mas as palavras se perderam no meio do caminho quando ela viu Rumpelstiltskin retirar um frasco com conteúdo transparente de um de seus bolsos.

“Minha querida, gostaria que tomasse essa poção hoje. Enquanto o efeito durar, você não será capaz de carregar uma criança em seu ventre,” disse Rumpelstiltskin, com um sorriso que acabou por empalidecer quando o feiticeiro viu a expressão assustada no rosto de sua amada. “O efeito é apenas temporário, Belle, para que não precisemos nos preocupar com um acordo durante a nossa noite de núpcias.”

Para o horror de Rumpelstiltskin, Belle se sentou na cama, em um pranto que o feiticeiro reconheceu como desesperado, as mãos segurando a cabeça como se a jovem temesse desmoronar caso não o fizesse.

Por algum tempo, o feiticeiro a observou aterrorizado, incapaz de compreender o que fizera para que a mulher corajosa e forte que ele amava ficasse naquele estado. Por fim, sentou-se ao lado de Belle e a abraçou, esperando que ela se acalmasse e lhe contasse o que estava acontecendo.

Rumpelsiltskin nunca soube quanto tempo os dois ficaram naquela posição antes que os soluços de Belle parassem lentamente e, logo depois, ela erguesse os olhos e encarasse o marido. O feiticeiro se esforçou para não perguntar nada à esposa enquanto ela estudava o rosto dele, permitindo que a jovem falasse quando se sentisse pronta. Após uma longa pausa, Belle deixou escapar um suspiro e o abraçou com força.

“Rum,” disse Belle, com a voz fraca e rouca. “Desculpe-me. Parece que tudo o que tenho feito ultimamente é chorar. Achei que podia deixar essa conversa para amanhã e ter essa noite só nossa, sem preocupações, mas eu estava enganada, esse não é um assunto que pode ser adiado.”

O feiticeiro sentiu Belle o apertando com mais força contra si e, embora não estivesse vendo o rosto dela, ele sabia de alguma forma que ela estava se esforçando para não voltar a chorar.

“Nós precisamos falar sobre isso, mas não hoje,” disse Rumpelstiltskin, tentando tranqüilizar Belle. “Se você não quiser tomar a poção, não é necessário que me explique os seus motivos. Não hoje à noite, pelo menos. Afinal, é a nossa noite de núpcias.”

Belle se afastou, saindo do abraço, e pousou as mãos nos ombros de Rumpelsltilskin. Ele percebeu uma confusão de sentimentos tão grande nos olhos dela e na expressão de seu rosto que foi incapaz de identificar quais eles eram. A jovem, então, fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente.

“Rum, eu entendo perfeitamente os seus motivos e gostaria muito de aceitar essa poção, de esquecer por uma noite a respeito do acordo que nos forçaram a fazer. Mas as coisas já não são tão simples assim, já é tarde demais para usá-la,” disse a jovem, sua voz muito baixa e fraca.

Rumpelstiltskin abriu a boca para perguntar à esposa o que ela queria dizer com aquilo quando a verdade o atingiu como um raio. Por um tempo que o feiticeiro foi incapaz de contar, ele permaneceu atônito e, posteriormente, não se lembraria de Belle tocando seu rosto e chamando o seu nome, embora ela lhe tenha dito que o fizera: tudo permaneceria apagado diante da constatação de que ele seria pai novamente.

Por fim, uma onda de felicidade sem tamanho o tomou. Ele não se importava com o fato de que um bando de velhos arrogantes o forçara a assinar um acordo em que prometia entregar a criança: ele seria pai de novo, ele teria uma nova chance!

Rumpelstiltskin se ergueu da cama em um salto, já incapaz de permanecer sentado, e segurou Belle em seus braços, arrancando um grito de protesto da jovem que acabou por se transformar em uma sonora gargalhada quando ele a girou pelo quarto em seus braços, rindo, genuinamente feliz.

“Fico feliz que a notícia tenha te alegrado,” disse Belle quando, algum tempo depois, Rumpelstiltskin a colocou gentilmente na cama, deitando-se ao seu lado.

“É claro que me alegrou, Belle. Eu já abandonei um filho uma vez, não repetirei o erro com essa criança. Nossa criança,” disse ele, tocando o ventre da jovem com carinho enquanto sentia as lágrimas queimando os seus olhos, embora ainda sorrisse. “Eu prometo que, enquanto eu viver, ninguém será capaz de tirá-lo de você, nosso filho não crescerá sem a mãe.”

Belle se adiantou e o beijou suavemente nos lábios, e Rumpelstiltskin pôde perceber que não a via tão tranqüila desde que a pedira em casamento. A reação de seu pai, a reação do Conselho e a descoberta do preço que teriam que pagar havia tirado algo de Belle que o feiticeiro ainda não havia pensado que fosse tão fundamental em sua personalidade: a jovialidade.

“Vou tentar não me preocupar,” disse Belle, tocando os lábios do marido delicadamente com os seus.

Na noite que se seguiu, eles revezaram entre fazer amor e conversar a respeito do futuro. Pela primeira vez em décadas, Rumpelstiltskin sentia uma felicidade pura e genuína e, a despeito do fato de que a maldição que ele criara se aproximava a uma velocidade inacreditável, prometendo vinte e oito anos de infelicidade, o feiticeiro não foi capaz de se preocupar. Vou protegê-los, acharei uma maneira de deixá-los de fora da maldição.

~~//~~

August acordou em sua primeira manhã na pequena cidade de Storybrooke se sentindo absolutamente esperançoso. Ele tinha a expectativa de que conseguisse de algum modo ajudar Emma a quebrar a maldição, redimindo-se por tê-la abandonado e revertendo a sua própria maldição.

Embora não tivessem conversado a esse respeito, August sabia que Ryan não estava tão otimista a esse respeito. O mais novo sempre fora mais realista do que ele: os dois conheciam Emma – embora a loira não os conhecessem – e sabiam que ela era uma pessoa extremamente cabeça-dura e pouco dada a acreditar e confiar nas pessoas.

Eu vou dar um jeito! Emma está destinada a quebrar essa maldição, e eu fui designado para ajudá-la. Juntos, nós dois resolveremos isso! Por mais otimista que fosse, entretanto, ele sabia que precisaria de aliados naquela cidade, de pessoas que o ajudassem a cumprir seu objetivo. Ryan era o seu melhor amigo, mais próximo do que um irmão, mas estaria focado na sua própria missão, algo que deveria ser realizado preferencialmente antes que Emma quebrasse a maldição.

August se lembrou do garotinho com quem Emma estava quando a encontraram na noite anterior. Pela similaridade com Emma, provavelmente aquele era filho dela com Neal Cassidy. Se o menino fosse parecido com alguns dos membros da família dele que August conhecia, talvez pudesse ajudá-lo.

“Vou sair para fazer uma caminhada,” disse August ao amigo, quando ele saiu do banheiro completamente vestido para descer e tomar um café da manhã no restaurante ao lado da hospedaria. “Gostaria de ir comigo? Fazer uma análise da área, talvez.”

“Eu estava mesmo querendo conhecer essa cidade. Talvez eu consiga ver alguns conhecidos por aí,” disse com um olhar divertido. “Apenas vamos comer alguma coisa antes. Eu estou faminto!”

Os dois saíram pouco tempo depois e rumaram até o restaurante, que pertencia à mesma pessoa que administrava a hospedaria. Eles cumprimentaram Ruby, a garçonete e neta da dona, com um breve aceno quando entraram e fizeram um pedido no balcão.

“A garçonete. Você a conheceu no nosso mundo, certo?” Perguntou Ryan enquanto os dois se sentavam em uma mesa próxima à parede. “Como você nunca me falou que conheceu a Red Riding Hood?”

August deixou escapar uma risadinha, Ryan era a pessoa mais perceptiva que ele já conhecera em sua vida, capaz de ler perfeitamente as pessoas e decidir em pouco tempo o que fazer com o que descobrira.

“O que a denunciou? O óbvio gosto pela cor vermelha ou o fato de que ela vive com a avó?” Perguntou August, e Ryan apenas sorriu em resposta, dando de ombros. “Bom, Red era parte do Conselho de Snow White, portanto, eu a vi no dia em que meu pai foi convocado para construir o armário mágico que trouxe Emma e eu até esse mundo.”

Ruby se aproximou e serviu os pedidos. O próximo quarto de hora se passou enquanto os dois comiam quase completamente em silêncio, observando as pessoas que chegavam ao restaurante e lhes lançavam um olhar curioso, provavelmente se perguntando quem eram aquelas duas pessoas completamente desconhecidas.

Eles saíram para a caminhada assim que terminaram de comer, conversando animadamente a respeito da perspectiva de encontrar alguém conhecido. August já dissera que não entraria em contato com seu pai antes da maldição ser quebrada, pois sabia que provavelmente o eu amaldiçoado de Geppetto não se lembraria dele. Ryan, entretanto, não estava certo do que faria, e August já o havia dito que ele precisaria decidir para o caso de se encontrar com alguém que conhecesse.

Os dois passaram pela praça central da cidade, onde se encontrava a torre do relógio. Ryan era muito novo quando a maldição fora lançada e não reconheceu ninguém. August, por outro lado, por vezes apontava para alguém aleatório na rua, dizendo nomes que o mais novo conhecia apenas dos livros de história que os dois haviam lido naquele mundo.

Então, as casas começaram a ficar muito grandes e suntuosas em uma rua que claramente era exclusiva para construções residenciais. Ryan parou, repentinamente, assim que atingiram mais ou menos o meio da rua, observando um ponto adiante. August acompanhou o olhar dele e percebeu o garotinho que estivera com Emma no dia anterior se aproximando.

“O que vocês estão fazendo aqui?” Perguntou o garotinho, com um olhar curioso e intrigado, parando diante deles.

Ryan e August se encararam com um sorriso antes de responder, e o mais velho se perguntou no que o outro estaria pensando naquele momento.

“Apenas caminhando,” disse August, após alguns segundo de silêncio, nos quais a curiosidade do garoto parecia crescer. “Você sabe, conhecendo a cidade, já que nós somos novos por aqui.”

“Eu quero dizer, em Storybrooke,” ele disse, com impaciência.

“Você é um garotinho curioso, não?” Disse Ryan, com um sorriso maldoso. “Sua mãe não te ensinou a não conversar com estranhos?”

August lançou um olhar de advertência para o amigo: se queria aquele menino do lado dele, não era uma boa ideia que Ryan o lembrasse do que toda mãe sempre dizia às suas crianças a respeito de estranhos. O mais novo, entretanto, não olhou na direção de August, focando seu olhar em um ponto atrás de Henry.

“Pela expressão no rosto da sua mãe, acho que ela te ensinou, sim, você é quem esqueceu a lição,” disse, e Henry pareceu congelar por um ou dois segundos antes de olhar para trás e encarar a mulher furiosa que se aproximava.

Regina! O cérebro de August gritou para ele naquele mesmo momento. Ele não conhecia a Rainha, mas já ouvira muitas histórias a respeito e a mulher que se aproximava era exatamente igual à descrição que um dia Snow White fizera de sua madrasta. O destino era mesmo irônico!

“Henry, o que você está fazendo aqui? Vai se atrasar para a escola,” ela disse com severidade. Em seguida, se voltou para os homens diante de si e August a viu empalidecer quando percebeu que não os conhecia. “Vocês são novos na cidade?”

“Sim, senhora,” disse August, tentando parecer tranqüilo, “meu nome é August, e esse aqui é o meu amigo, Ryan.”

“Regina Mills, e esse é meu filho, Henry,” disse a mulher com um sorriso falso que não conseguiu enganar August. “Qual seria o motivo de sua visita? Desculpem-me por minha curiosidade, é que não recebemos muitos visitantes em Storybrooke.”

O homem sorriu ao observar que o garotinho o encarando com grande curiosidade. Ele fez uma pausa, pensando no que deveria responder à mulher de modo que pudesse manter o mistério por mais algum tempo.

“August é um escritor, ele veio fazer uma pesquisa para um livro que está escrevendo,” disse Ryan, com o olhar travesso que deixava evidente para o mais velho que ele sabia que estava estragando a sua brincadeira. “Como eu não tinha nada melhor para fazer, vim acompanhá-lo e conhecer essa charmosa cidade.”

Regina sorriu novamente, parecendo decididamente insatisfeita com aquela resposta. Aquela era uma mulher incapaz de esconder seus sentimentos – ou extremamente destreinada na arte, pelo menos.

“Bom, é um prazer conhecê-los,” ela disse, por fim. “Se me dão licença, preciso levar o meu filho para a escola antes que ele se atrase. Uma boa estadia para vocês dois.”

“Muito obrigado,” disse August, enquanto Ryan acenava positivamente com a cabeça.

“Então, essa é a mulher que eu devo seguir?” Disse Ryan quando mãe e filho saíram do campo de visão dos dois. “Ela não me parece ser grande coisa.”

“Ryan, não se esqueça de que essa é a mulher que lançou uma maldição horrível apenas por vingança,” disse August, sério. “Não subestime ela, sim?”

Ryan assentiu, mas o mais velho pôde perceber que ele não estava realmente convencido. August compreendia o mais novo, mas temia por ele.

“Seja como for, não há nada que se possa fazer. Até segunda ordem, essa mulher é o que eu tenho de mais próximo de uma pista,” disse o mais novo, enquanto virava para fazer a caminhada de volta para a hospedaria. “Henry. O que achou do menino? Ainda pensando em recrutá-lo?”

“Ele parece ser obstinado como Emma e o príncipe James,” disse August. “Mas possui uma mãe adotiva perigosa. Vou precisa pensar um pouco antes de tomar uma decisão.”

“É claro,” disse Ryan, sorrindo, e os dois retornaram para a hospedaria, perdidos em seus pensamentos.

~~//~~

Os meses de gravidez foram relativamente tranqüilos para o casal. A princípio, Rumpelstiltskin quis levar Belle o mais rápido possível até o seu castelo, onde ela poderia ter o bebê sem que qualquer um soubesse.

Belle não sabia ao certo se queria manter o filho em segredo de todos. Mesmo não gostando da ideia de ter que abandoná-lo em favor de seu pai, a jovem dera a sua palavra e considerava extremamente equivocado não mantê-la. Sempre fora honesta, e não ser naquele momento específico não parecia ser uma boa maneira de começar a exercer sua função como mãe.

Ela sabia, entretanto, que Rumpelstiltskin não queria manter o filho em segredo apenas para que não precisasse dá-lo – embora essa fosse, evidentemente, uma de suas razões –, mas porque tinha conhecimento de que, no momento em que fosse divulgado que o Senhor das Trevas tivera um filho, os seus muitos inimigos fariam de tudo para colocar as mãos na criança.

Depois de muito conversar, o casal chegou à conclusão de que podiam esperar. Eles não precisavam falar sobre a criança naquele momento a outrem, já que ainda demoraria nove meses antes que qualquer um que não fosse Belle pudesse carregá-la, e não precisavam sair às pressas do castelo, pois ainda demoraria algum tempo antes que a gravidez de Belle começasse a aparecer.

Foi com o coração pesado, mas convicta, que a jovem deixou o castelo de seu pai com seu recente marido – mas não tão recente amante – duas semanas depois do casamento.

Embora profundamente preocupada com o fato de que prometera entregar a criança que esperava como herdeiro de seu pai, Belle não pôde deixar de pensar posteriormente nos meses que se seguiram como alguns dos mais felizes de sua vida.

Preocupado com a jovem, Rumpelstiltskin só deixava seu castelo para fazer os acordos mais importantes, retornando sempre no mesmo dia com presentes para a esposa – geralmente, livros ou pinturas que falassem sobre as terras que ele visitara.

Belle passou a maior parte dos dois primeiros meses de gravidez se sentindo muito doente e cansada para fazer muito mais do que ler ou observar Rumpelstiltskin trabalhando em suas poções e seus encantamentos enquanto ele lhe ensinava as leis da magia e todas as suas implicações.

“O amor verdadeiro não pode ser criado por magia, embora existam poções e encantamentos capazes de imitar alguns de seus sintomas. O efeito, entretanto, é extremamente fugaz e o preço costuma ser muito elevado,” disse Rumpelstiltskin certa vez, enquanto fazia a poção de amor verdadeiro com os fios de cabelo de Snow White e seu amado príncipe. “O que você está me vendo criar é uma solução a partir de um amor que já existe, que costuma ser inútil para qualquer um que não sejam as pessoas envolvidas.”

“Você quer dizer, os dois amantes?” Perguntou Belle, observando a poção atingindo lentamente uma maravilhosa coloração lilás. “O meu anel poderia apenas proteger a mim ou você?”

“E nosso filho. Ele é o fruto do nosso amor e, de certa maneira, muito similar a essa poção,” disse Rumpelstiltskin com uma ternura, se aproximando de Belle e tocando gentilmente o ventre que começava a crescer. “Crianças nascidas de um casal que compartilha o verdadeiro amor sempre são muito raras e poderosas.”

Belle sorriu, pensando no quanto estava ansiosa para conhecer essa criança maravilhosa.

A partir de meados do segundo mês de gravidez, Belle começou a se sentir cada vez melhor e mais disposta, e Rumpelstiltskin passou a levá-la para fazer caminhadas nos arredores do castelo, nas quais ele contava histórias que ouvira em suas viagens ou que vivenciara nos seus dois séculos de vida enquanto ela sentia o vento em seus cabelos e o sol acariciando a sua pele.

O sétimo mês, entretanto, foi bastante conturbado para o casal. Belle voltou a se sentir mal diariamente e seu corpo começou a ficar cada vez mais pesado, havendo dias em que ela era incapaz de ficar de pé por mais que meia hora. A jovem sentia a preocupação do marido crescendo diariamente, embora ele tentasse com afinco esconder, tranqüilizando-a sempre que necessário.

Então, certo dia, no começo do oitavo mês de gravidez de Belle, ela acordou em profunda aflição enquanto sentia como se o seu corpo estivesse ardendo em chamas, o toque de Rumpelstiltskin provocando uma dor intensa que a fazia gritar – embora tentasse se controlar para não assustá-lo.

Ela perdeu a noção de tempo enquanto tentava se esforçar em recobrar algum nível de consciência, a enunciar pelo menos algumas palavras tranqüilizadoras ao marido. Então, repentinamente, ela sentiu as mãos dele inclinando delicadamente em sua cabeça, causando-lhe uma náusea intensa e repentina, e um líquido gelado descendo por sua garganta, aliviando a dor quase imediatamente.

Belle sentiu vontade de voltar a dormir, mas sabia que devia tentar permanecer consciente e se forçou a abrir os olhos. O que viu, foi o rosto extremamente aflito de Rumpelstiltskin, que segurava com força um pequeno frasco em suas mãos.

“Eu não sei como lidar com o que está acontecendo com você, Belle,” ele disse com a voz muito fraca, e a jovem se perguntou por quanto tempo ficara quase desacordada. “Não sei do que se trata, mas conheço alguém que talvez saiba, uma antiga inimiga minha.”

Ele engoliu seco, e Belle pôde ver que ele estava tentando controlar o próprio desespero em benefício dela. A jovem segurou a mão do feiticeiro, que estava pousada próxima à sua, em uma tentativa de tranqüilizá-lo, de dizer sem usar palavras que tudo estava bem.

“Ela age sob leis ainda mais estritas do que as minhas, de modo que, embora tenha muito conhecimento, não pode fazer muito. Mas pode ser que ela abra uma exceção em troca de algo muito valioso que eu tenho comigo,” disse Rumpelstiltskin. “Mas ela é uma inimiga, e vou precisar me certificar de que ficará calada e não lhe fará mal algum antes de trazê-la até aqui. Vou precisar deixá-la por um tempo, minha Belle.”

“Vou ficar bem,” disse Belle, surpresa que, embora baixa e fraca, sua voz tenha saído coerente. O que Rumpelstiltskin havia lhe dado, afinal?

“Isso aqui é um sedativo que está amenizando a sua dor por algum tempo. Se você precisar, tome outra dose,” disse o feiticeiro, como se tivesse lido o seu pensamento, colocando o frasco do lado do travesseiro da esposa. “Voltarei o mais rápido possível, mas não hesite em me chamar usando a magia do seu cordão se precisar de mim.”

“Vá, Rum. Quanto mais cedo você for, mais cedo retornará,” ela disse, tentando sorrir, e Rumpelstiltskin assentiu, lançando-lhe um último olhar aterrorizado e desaparecendo em uma nuvem de fumaça roxa.

Belle encarou o lugar onde seu marido estivera um segundo antes. Ela estivera tentando parecer forte e corajosa, mas estava aterrorizada diante do que estava lhe acontecendo, preocupada que seu destino fosse o mesmo que o de muitas mulheres: a morte dando a luz. Pelo menos, terei a certeza de que Rum cuidará do nosso filho.

“Você não vai morrer,” disse uma voz muito preocupada ao lado da jovem. “Ele não permitirá, ele vai encontrar uma solução, como sempre faz! Você verá, eu prometo!”

“Gwenaël,” disse Belle, com um sorriso. “Eu sei, tenho plena confiança nele, e Rum me prometeu que, enquanto ele vivesse, nosso filho não cresceria sem mãe. Nós ficaremos bem, estamos em boas mãos.”

Belle não estava completamente certa disso, mas precisava acreditar no marido e não podia negar a Gwenaël aquele consolo. Em uma tentativa de confortá-lo, a jovem estendeu a mão para segurar a do menino – como fizera com Rumpelstiltskin anteriormente –, mas suas mãos o atravessaram, o que não a surpreendeu completamente, embora tenha feito seu coração disparar de medo.

“Então, eu estou ficando maluca,” disse Belle, aterrorizada diante da enormidade do que descobrira. “Você não é real, você é parte da minha imaginação!”

Gwenaël se limitou a encará-la, levemente perturbado, embora Belle tenha esperado que o menino desaparecesse agora que ela descobrira que ele não era real. Por um momento, os dois permaneceram em silêncio – a apreensão de Belle crescendo a cada segundo –, até que, por fim, Gwenaël balançou negativamente a cabeça.

“Você poderia definir o que é real? Eu ser ou não ser depende muito do que você imagina por algo real. Mas eu não sou fruto de sua imaginação,” disse o menino, se esforçando para parecer mais calmo do que de fato estava. “Eu sou o que já existiu, quase deixou de existir e agora luta por uma chance de existência. E você e seu filho são a chave, Belle!”

A jovem se sentia inquieta. Ela não compreendia o que ele estava lhe contando, mas sabia que era de importância fundamental naquele momento. Gwenaël pareceu sentir que a perturbara, porque continuou a falar quase ao mesmo tempo em que Belle pensou em se levantar – não era mais capaz ficar deitada!

“Quando ele abandonou o filho dele, também deixou a mim. Eu, que sou a inocência dele, a consciência, sua verdadeira humanidade, fui banido por dois séculos e quase desapareci completamente,” disse o menino, fazendo com que Belle, atordoada, esquecesse imediatamente sua vontade de se levantar. “Então, quando já havia perdido as esperanças há muito tempo, eu a vi naquela sala cheia de homens armados através dos olhos dele e usei o último resquício de influência que tinha para que você fosse o preço para salvar Avonlea.”

Belle encarou Gwenaël. Por um momento, não soube o que dizer a ele, pois um grande número de perguntas havia surgido dentro de si. Por fim, ela se decidiu pela mais simples.

“Por que eu?”

“Você é uma pessoa especial, Belle, embora não tenha conhecimento disso. Sua aura é mágica e poderosa, embora seja oposta à dele,” disse Gwenaël, com um sorriso que o fazia parecer muito velho. “É muito raro encontrar alguém como você em quaisquer mundos.”

“Alguém como eu?”

“Boa, pura e amável com todos. Capaz de ver o coração das pessoas através do que elas aparentam ser e compreendê-las,” disse o menino. “Você é o motivo pelo qual eu tenho forma. Eu já existia antes, é claro, mas foi você quem me deu um corpo, quando a sua magia foi despertada pelo ambiente mágico que é o castelo dele.”

Belle tentou se sentar, permanecer inerte diante de tamanha quantidade de informações e perguntas que se acumulavam em sua cabeça se tornava cada vez mais insuportável. Arrependeu-se, entretanto, no mesmo instante, quando a dor retornou repentinamente, tomando o seu corpo por completo.

“Beba a poção, Belle,” disse Gwenaël, com a voz aflita.

A jovem pegou o frasco com os dedos trêmulos, se esforçando para não deixá-lo cair, destampou-o e tomou o líquido, sentindo imediatamente um imenso alívio enquanto a dor desaparecia gradualmente. Ela se deixou cair na cama.

“O que está acontecendo comigo?” Perguntou mais para si mesma do que para Gwenaël.

“Sinto muito! Você está se sentindo dessa maneira porque seu filho está usando magia contra você,” respondeu Gwenaël, para a surpresa da jovem. “Recentemente, ele sentiu a minha presença e, como somos muito parecidos, ambos fruto da sua união com ele, nós começamos a nos tornar um só. Mas nossa fusão está lhe causando dor e acelerando o seu nascimento, e ele está usando magia como reflexo. Sinto muito, Belle.”

Belle permaneceu atordoada por um momento. Seu filho estava usando magia como um reflexo, o que significava que deveria ser algo natural para ele. A jovem não sabia se Rumpelstiltskin gostaria daquela informação, mas teve uma repentina certeza de que, um dia, aquela criança ainda não nascida o faria se sentir muito orgulhoso.

“Não é culpa sua,” ela disse, por fim, sorrindo fracamente para Gwenaël. “Não se preocupe, Rum não deixará que nós morramos. Ele nos protegerá. Estou feliz, porque nos encontraremos novamente e, então, eu vou protegê-lo para que nunca mais seja exilado de seu próprio corpo.”

Gwenaël lhe lançou um sorriso, parecendo profundamente agradecido e aliviado. Ele estendeu a mão e tocou o ventre de Belle, que começou a brilhar intensamente, fazendo com que a jovem sentisse seu corpo voltando a arder, como se estivesse em chamas.

Nesse momento, a porta do quarto se abriu em um estrondo e Rumpelstiltskin entrou correndo, sendo seguido de perto por uma pequena criatura voadora totalmente trajada de azul.

Enquanto o mundo escurecia a sua volta, Belle sentiu o toque suave de Rumpelstiltskin em seu rosto e uma luz azul a preenchendo. Ela sorriu, cansada, para ele, tentando acreditar no que dissera a Gwenaël: tudo ficaria bem!

Uma fada! Foi seu último pensamento antes de se render à escuridão.

~~//~~

Após um rápido almoço, Ryan saiu imediatamente para conhecer o restante da cidade de Storybrooke, procurando aprender o que pudesse sobre ela antes de colocar em prática o seu plano.

Em meados da tarde, quando se tornou evidente que uma tempestade se aproximava rapidamente de Storybrooke, August achou que era uma boa hora para tomar um café quente e rumou sozinho para o restaurante da Granny, onde se sentou tentando aproveitar o momento para pensar em seu próprio plano.

Ele estava, também, um pouco preocupado com Ryan, por causa da tempestade e da missão perigosa na qual ele havia se empenhado, mas conhecia o amigo bem o bastante para saber que ele sabia se cuidar perfeitamente.

Repentinamente, August ouviu uma porta se abrindo e o som do suspiro de Emma – ele ficou feliz em constatar que se lembrava de tudo a respeito da loira, embora não a visse há mais de dois anos. Para sua surpresa e grande deleite, ele ouviu os passos dela se aproximando.

“Precisamos conversar,” disse, sua voz aparentando agitação.

“Por quê?” Ele respondeu sem se voltar para encará-la enquanto sentia um sorriso brotando em seus lábios. Então, ele a incomodara, algo que não havia esperado fazer tão cedo: um bom sinal.

“Você é muito suspeito,” ela disse, se sentando diante dele, e August soube naquele mesmo momento que aquela conversa seria muito boa!

“É mesmo? Por estar sentado bebendo café em um restaurante?” Disse ele, o sorriso crescendo em seus lábios. “Imagine se eu tivesse comprado uma rosquinha!”

“Quem são vocês? O que vieram fazer em Storybrooke?” Perguntou Emma, ignorando-o. Ela sempre fora uma pessoa muito direta, e August sentira grande prazer nas vezes que a vira derrotar seus inimigos – sempre de maneira rápida. “Vocês estavam falando com Henry!”

“O menino que veio nos fazer perguntas enquanto caminhávamos hoje, mais cedo?” Perguntou August, ainda que soubesse perfeitamente de quem se tratava: o filho de Emma e Neal Cassidy, adotado pela Rainha Má. Como essa ironia é doce e azeda, simultaneamente! O destino tem um ótimo senso de humor, quando quer. “Não é costumeiro ele agir com curiosidade diante de pessoas e circunstâncias estranhas?”

Emma o encarou por um tempo, em silêncio, e August soube por sua expressão que a curiosidade de Henry não era algo surpreendente para a loira. Ela deixou escapar um suspiro e olhou para debaixo da mesa, onde se encontrava sua caixa.

“O que há dentro da caixa?” Perguntou, voltando os olhos para August, que abriu ainda mais o sorriso.

Ele perguntou à loira porque deveria lhe dar aquela informação, tendo em vista que não havia nada de ilegal em carregar uma caixa por aí. A frustração de Emma crescia a cada palavra dele, o que o divertiu profundamente e lhe deu uma ideia.

“Eu posso fazer você esperar, observando-me carregar a caixa por aí, perguntando-se, tentando adivinhar: o que há dentro dela?” Disse August, lentamente, e ele viu que a curiosidade e a ansiedade de Emma crescendo ainda mais. “Ou você pode deixar que eu te pague uma bebida um dia desses, e vou responder três perguntas suas com honestidade agora mesmo.”

Emma sequer hesitou em concordar que ele lhe pagasse a bebida, o que fez com que August se sentisse exultante. Ele estivera se sentindo otimista anteriormente e talvez fosse um sentimento justificado, afinal de contas.

“Suas perguntas, minha dama…” falou, e Emma encarou a caixa, o que provocou o riso do homem. “Muito bem.”

August pegou a caixa que repousava debaixo da mesa e colocou diante de Emma, abrindo-a rapidamente e revelando uma máquina de escrever muito antiga.

“Uma máquina de escrever?” Perguntou Emma, intrigada. “Por quê?”

“Posso considerar essa a sua segunda pergunta, então?” ele perguntou e, hesitante, Emma balançou a cabeça afirmativamente. “Eu sou um escritor, e Storybrooke é uma cidade inspiradora, não acha?”

Emma pareceu pensar nas palavras por alguns segundos sem deixar de encará-lo. Ela ainda parecia desconfiada, mas a curiosidade e a tensão desapareciam lentamente de seu rosto, e August cruzou os braços esperando que ela pensasse em uma terceira pergunta. Por fim, Emma lhe lançou um sorriso.

“E quem é o seu amigo?” Perguntou, por fim.

“Ele é alguém com quem eu cresci. Conhecemo-nos quando eu tinha sete anos, e ele apenas três. Eu o protegia de outras crianças que tentavam atormentá-lo e, depois de algumas conversas, nos tornamos amigos. Somos como irmãos,” disse August, tomando o cuidado de não revelar mais do que o amigo desejaria, falando mais de si do que de Ryan.

Então, eles ouviram a porta se abrir, e Ryan entrou no restaurante completamente encharcado e evidentemente chateado. August levantou a mão e observou as sobrancelhas do amigo se erguerem quando viu a pessoa com quem ele estava sentado.

“Eu e a xerife aqui estávamos conversando sobre você agora mesmo,” disse August, apontando para a loira diante de si enquanto tomava o cuidado de não revelar a Emma que conhecia o nome que ela nunca tinha dito possuir.

“Bem, eu espero,” falou Ryan com um sorriso enquanto se sentava ao lado de August, lançando-lhe um olhar bastante intrigado e intimidador, que teria feito qualquer outra pessoa tremer, mas apenas provocou uma risadinha nele. “Então, você é a xerife dessa cidade? Não devo me preocupar com a possibilidade de ter que tirar o meu amigo da cadeia novamente, devo?”

Novamente?” Perguntou Emma, a desconfiança voltando a crescer dentro dela.

“Ele está brincando,” disse August rapidamente, lançando um olhar para Ryan que ele esperava ser intimidador. “Eu nunca estive na prisão.”

Eles ficaram um momento em silêncio. Emma pareceu acreditar nele – afinal, ela possuía a habilidade de ver quando as pessoas estavam faltando com a verdade, e ele não dissera nenhuma mentira: de fato, nunca estivera na prisão, embora tenha tido que fugir algumas vezes para não ser preso. Ele e Ryan foram adolescentes sem pais, e eles sabiam que Emma compreendia que isso era receita para um desastre.

“Bom, vou deixá-los, então,” disse Emma, por fim, levantando-se. “Imagino que não vá cobrar a bebida nesse momento.”

“De fato,” August concordou. “Vou cobrá-la quando estivermos sozinhos.”

Emma assentiu, seriamente, se despediu dos dois e saiu, deixando a August a prazerosa tarefa de explicar tudo o que ocorrera a Ryan.

~~//~~

Rumpelstiltskin sentiu o temor o tomando enquanto observava Belle perdendo a consciência em seus braços. Quando ele entrara no quarto, por um momento vira uma pequena silhueta desaparecendo em meio a um intenso brilho dourado. Alguém estaria machucando Belle?

Ele sentiu a presença da Blue Fairy, sua inimiga jurada, a mulher responsável por levar o seu filho para longe dele, se aproximando e tocando o corpo inerte de Belle com a sua magia em uma tentativa de descobrir o que estava lhe causando aquela aflição.

“Magia. A sua esposa é vítima de uma magia emanada de seu próprio corpo,” ela disse, por fim. “Percebo que você a ensinou a controlar a própria magia, de modo que a única resposta que podemos ter é que o seu filho a está usando contra a própria mãe.”

“Meu filho sabe magia? Isso não é possível, ele sequer nasceu,” disse Rumpelstiltskin, sentindo a fúria e o medo crescendo dentro de si. “Além disso, por que o meu filho usaria magia contra a própria mãe?”

“Ele foi gerado da magia. Isso ocorre com qualquer criança nascida do amor verdadeiro dos pais, como tenho certeza que você sabe muito bem,” disse a fada, com azedume.

Rumpelstiltskin a encarou com espanto e horror, incapaz de se decidir o que o apavorava mais: o fato dela saber a respeito de seus planos e do quão longe já se dispusera a ir para cumpri-los ou dela não ter feito absolutamente nada para detê-lo.

“Estamos correndo contra o tempo,” disse a fada, sem esperar que o feiticeiro se recuperasse do choque de descobrir que uma de suas inimigas declaradas sabia muito mais do que ele revelara a qualquer um – mesmo Belle – a respeito de seu grande plano e nunca fizera nada para pará-lo. “Nós precisamos neutralizar a magia da criança por algum tempo, ou ela matará a própria mãe.”

Rumpelstiltskin se recuperou do choque imediatamente diante da acusação que a fada estava fazendo a respeito de seu filho. Ele se sentiu mergulhar novamente na raiva e teve que se conter para não agredir a Blue Fairy.

“Meu filho jamais machucaria a própria mãe,” disse, por entre os dentes. “O que te faz pensar o contrário, querida? Será o fato de que ele é filho de um monstro? É, é? Ele é, também, o filho de uma pura de coração e jamais machucaria a própria mãe.”

“Não estou chamando o seu filho de monstro ou assassino, Rumpelstiltskin,” respondeu a fada, com aspereza. “O nascimento é doloroso para a criança como é doloroso para a mãe, e essa criança é tocada por um misto perigoso de tipos de magia, ela pode vir a se tornar uma das criaturas mais poderosas que já pisaram nesse mundo. O fato de que está usando magia instintivamente em uma tentativa de fazer a dor parar não me espanta.”

Rumpelstiltskin estava, não pela primeira vez naquele dia, muito surpreso. Não, não, não! Ainda faltam algumas semanas antes que o nascimento aconteça. Mas o feiticeiro sabia que poucas coisas eram mais imprevisíveis do que a data de nascimento de uma criança. Ele deixou escapar um suspiro, tentando se tranqüilizar por si mesmo, por seu filho e por Belle: tudo dependeria dele.

“Eu devo neutralizar a magia da criança para que ela não possa usá-la contra Belle, e então?” Perguntou, aterrorizado. Ele já fizera muito em sua longa vida – coisas das quais se orgulhava e das quais não se orgulhava –, mas nunca acompanhara o nascimento de uma criança e não sabia como proceder.

“Então, eu me certificarei de que a criança nascerá em segurança. Você possui o feitiço?”

O feiticeiro sorriu secamente. Era evidente que ele conhecia aquele feitiço, que era extremamente básico em termos de se defender contra outros seres mágicos e fora uma das primeiras magias que ele aprendera após se tornar Senhor das Trevas. Passara muitos anos aperfeiçoando aquele feitiço, tornando-o mais potente, mas naquele dia usaria a fórmula original e mais fraca para não causar danos ao filho.

Rumpelsiltskin sabia que magia era emoção e ele focou na emoção mais forte que estava sentindo naquele momento – seu medo de perder Belle e o filho – ao lançar o feitiço. Ele precisava dela, ele precisava dos dois.

“Não sinto mais a magia emanando do corpo da sua esposa,” disse a fada, quando Rumpelstiltskin abriu os olhos e a encarou. “Eu vou cuidar dela agora, você deve sair.”

“Não vou deixá-la sozinha nesse momento,” disse, com determinação. Ele não deixaria sua esposa e seu filho nas mãos de uma inimiga declarada, independentemente do acordo feito para que ela o ajudasse.

“Muito bem,” disse a fada, lentamente, estudando-o com cuidado. “Mas você deve prometer não interferir independente do que vir. Nascimentos costumam ser assustadores, e esse será muito especialmente.”

“Não vou deixar você machucá-la,” ele disse, lançando à fada um olhar que esperava ser muito intimidador.

A fada o encarou, a raiva transbordando em seus olhos e, por um momento, o feiticeiro achou que ela o atacaria e se preparou para se defender. O momento passou, entretanto, e a fada deixou escapar um suspiro.

“Sua esposa não está em condições de realizar a sua função nesse momento. Mesmo que eu a cure e acorde com magia, ela não terá energia para resistir à longa batalha que é o nascimento de uma criança,” disse a fada, e o feiticeiro sentiu que ela realmente se importava com Belle. “Precisarei cortá-la e retirar a criança; então, assim que terminar, eu a curarei. Sei que sua inimizade para com as fadas existe há dois séculos, mas nós fizemos um acordo e eu não o quebrarei. Você deve confiar em mim ou perderá sua esposa e o seu filho, não há alternativa.”

Rumpelstiltskin encarou a fada, a raiva crescendo em seu peito. Ele sabia que não era a Blue Fairy que o estava fazendo se sentir daquela maneira, mas sua própria impotência diante da situação em que sua esposa se encontrava. Eu devia ter procurado saber mais a respeito disso quando soube que Belle estava grávida, mas estive tão absorto em meio à felicidade que tudo isso me trazia que acabei me tornando negligente!

“Se ela morrer em suas mãos, eu caçarei você e a farei pagar com sangue,” disse, por entre os dentes, e saiu do quarto, sabendo que seria incapaz de observar a fada cortando sua Belle sem reagir com agressividade.

Ele andou em círculos diante da porta do quarto pelo que pareceram horas, sua ansiedade crescente tornava difícil que ele se contivesse e não abrisse a porta, mandando aquele demônio azul se afastar de Belle. O feiticeiro, entretanto, se conteve, pois sabia que a fada tinha razão: não havia nenhuma alternativa.

Rumpelstiltskin prometeu a si mesmo nunca mais ser negligente com Belle ou com seu filho, e ainda prometeu que, assim que possível, contaria a ela a respeito da maldição que encerraria todas as maldições e os mandaria para o um mundo sem magia. Ele já havia adiado aquilo por tempo demais, era hora de Belle conhecer seus planos e dele começar a procurar um meio que permitisse que ela e a criança viajassem àquele mundo sem a maldição, para que não ficassem à mercê de Regina.

Ele, entretanto, deveria ser amaldiçoado, pois precisava prosseguir com seu plano para que conseguisse levar a magia para aquele mundo. Seria duro, e ele tinha conhecimento de que Belle não gostaria ou compreenderia aquilo, mas era necessário e Rumpelstiltskin sabia disso.

Repentinamente, a porta se abriu e a Blue Fairy saiu no tamanho habitual de um ser humano, carregando um pequeno fardo cercado de lençóis azuis muito limpos.

“É um menino,” ela disse, com a voz cansada. “Ele é saudável e perfeito, mas possui um óbvio resquício da maldição da adaga em si.”

Rumpelsiltskin se aproximou, temeroso, e encarou o bebê que dormia tranquilamente nos braços da fada. Ele era muito pequeno e magro, possuía uma pequena quantidade de cabelos castanhos – como os da mãe – no topo de sua cabeça, mas o que chamou a atenção do feiticeiro foi sua pele, que reluzia suavemente o brilho emanado pela luz do sol vinda da janela ao lado.

O feiticeiro sentiu as suas pernas bambas e seus olhos ardendo: passara sua maldição para uma criança inocente, para o seu filho. Ele sentiu o olhar da fada em si, mas não se importou naquele momento.

Por fim, ele segurou o menino em seus braços de modo protetor e olhou para a Blue Fairy, percebendo que o olhar que ela lhe lançava era curioso e caloroso, como se a fada tivesse repentinamente descoberto que ainda restava humanidade no feiticeiro.

“Rum,” chamou Belle, de dentro do quarto, com a voz fraca.

Ele sentiu o medo o tomando. Belle já teria visto o filho? Saberia ela que a criança que carregara por tantos meses era um monstro? Seria capaz de perdoá-lo pela maior atrocidade que já cometera em toda a sua longa vida?

A Blue Fairy abriu espaço para que o feiticeiro passasse. Lentamente, ele entrou no quarto e se sentou na cama ao lado da jovem, que tinha o olhar cansado, mas se sentia claramente feliz. Ela estendeu as mãos para ele e, com certa apreensão, o feiticeiro lhe entregou o embrulho de lençóis e observou o rosto do Belle se transformar em pura surpresa quando ela viu o filho pela primeira vez. Ela ergueu os olhos para Rumpelstiltskin e, para a surpresa dele, sorriu.

“Ele se parece com você!” exclamou, deixando escapar uma risadinha. “E é tão lindo e perfeito!”

Rumpelstiltskin a olhou por um momento, perdido em meio ao espanto. Belle não teria consciência do que aquilo significava? Do que aquilo implicava e dos problemas que gerava? Não, Belle sabe perfeitamente, mas não se importa com nada disso, como nunca se importou quando eu era o amaldiçoado.

“Gwenaël,” disse ela, com carinho, para o embrulho. “Você será o meu pequeno Gwenaël, a pessoa mais importante e especial do mundo, e meu trabalho será fazer com que você acredite nisso durante todos os dias de sua vida.”

O feiticeiro encarou a esposa com espanto, sabendo que aquelas palavras eram, também, direcionadas a ele. Gwenaël. Ele estava certo de que já ouvira aquele nome, embora não se recordasse em que circunstâncias, mas gostou da sonoridade.

Com os olhos novamente ardendo – mas, agora, de emoção –, Rumpelstiltskin abraçou suavemente a esposa e depositou um beijo suave no topo de sua cabeça.

“Obrigado,” ele disse, para Belle e o filho, sentindo as lágrimas percorrerem seu rosto. “Eu amo vocês.”

~~//~~

Nos dias que se seguiram, August tentou entender a rotina das principais peças no jogo de poder que se passava em Storybrooke.

Ele e Ryan começaram tentando compreender como funcionava o cotidiano de Regina e quais eram os lugares que ela mais freqüentava. Não houve surpresa em constatar que ela preferia estar em casa ou na prefeitura. De vez em quando, ela visitava o hospital da cidade, a loja de penhores do Mr. Gold e o mausoléu de sua família.

Depois, Ryan e August se separaram enquanto o mais novo seguia Sidney Glass, que um dia fora o mais fiel servo da Rainha Regina e parecia ter desenvolvido um inesperado interesse em Emma, e August tentava determinar se Henry seria um aliado confiável.

Ele descobriu por meio de Granny, a dona da hospedaria e do principal restaurante da cidade, que o menino era obcecado com contos de fada e possuía um livro com versões muito interessantes deles.

August resolveu seguir Emma e Henry alguns dias após a tempestade e descobriu que o livro estava escondido próximo a uma pobre construção de madeira localizada próxima à praia de Storybrooke, que ele ouviu a loira chamando de “castelo”. O homem aproveitou quando os dois não estavam olhando e pegou o livro: poderia usá-lo para revelar sua história ao menino.

Ryan não gostou quando soube o que ele fizera e se recusou a ler as histórias. Às vezes, August achava o código moral que o amigo seguia muito estrito, mas ele conhecia os motivos do mais novo e os compreendia, de modo que não ficou surpreso ou chateado diante do fato de que Ryan passou um par de dias sem sequer olhar na cara dele.

Dois dias depois, August entrou no restaurante da Granny e encontrou um Henry muito concentrado escrevendo junto ao balcão enquanto a velha senhora o encarava com certa preocupação.

“O que você está escrevendo, menino?” Perguntou, se sentando ao lado dele. August percebeu que se tratava da transcrição do livro que ele roubara ao ler o estava escrito e observar as ilustrações que o menino estava fazendo.

Henry lhe contou que havia perdido um livro muito importante, e parecia extremamente ansioso e irritado, o que fez com que August se sentisse um pouco mal pelo que fizera – mas não o bastante para devolver antes de acrescentar o necessário. Ele precisava de aliados e Henry era, possivelmente, o melhor e mais seguro possível naquele momento – e parecia também estar precisando urgentemente de alguns.

“Você poderia estar escrevendo em qualquer outro lugar do mundo,” disse o menino, repentinamente, e August percebeu que ele estava muito desconfiado. “O que você está realmente fazendo em Storybrooke?”

August se aproximou de Henry de modo misterioso e sussurrou em seu ouvido que estava fazendo “coisas”. Depois, se levantou e saiu do restaurante, desejando ao menino uma boa sorte. Ainda se sentia muito culpado pelo que fizera e estava decidido a terminar o mais rápido possível o que precisava fazer com o livro para devolvê-lo a seu legítimo dono.

Ele voltou ao seu quarto na hospedaria para encontrar o amigo sentado no chão, ao lado da cama, absorto lendo o livro – e August estava certo de que sabia que história ele estava lendo, pois viu lágrimas nos olhos dele. O mais velho tentou sair sem fazer barulho para não incomodá-lo, mas Ryan ouviu e o encarou.

“Bom, vejo que você me pegou em uma situação muito embaraçosa,” disse o mais novo com um sorriso em seus lábios. “A história está incompleta, pois eu sequer sou mencionado, e as ilustrações não fazem justiça ao modo como eu penso nela. Ainda que, você sabe, eu só me lembre apenas vagamente de sua voz e do seu toque.”

August entrou definitivamente no quarto, sentando-se ao lado do amigo, e viu que, conforme esperado, ele estava lendo sobre seus pais. Ele conhecia perfeitamente aquela história, pois Ryan já a havia contado algumas vezes, mas há muitos anos os dois não conversavam francamente sobre o passado.

“Não se preocupe, se alguém pode encontrá-la, esse alguém é você,” disse August observando a ilustração que o amigo tocava com delicadeza no livro.

“E se ninguém puder encontrá-la?” Perguntou Ryan, a angústia crescendo nos olhos azuis tão parecidos com os da mulher do livro. “E se ela estiver morta e tudo o que eu encontrar for um túmulo? Após tantos anos, não seria surpresa se já a tivessem matado.”

“Seu pai saberia se isso tivesse acontecido, pois o teriam feito para atingi-lo. Já conversamos sobre isso,” disse August pousando a mão em um dos ombros do amigo, tentando confortá-lo. “Talvez, você devesse tentar contatá-lo. Ele é uma das pessoas mais poderosas da cidade e provavelmente poderá ajudá-lo.”

Ryan passou a mão em cima da ilustração de seu pai, e August sabia que o mais novo estava considerando o que ele dissera. Por fim, ele balançou negativamente a cabeça.

“Meu pai costumava me contar que minha mãe lhe devolvera sua humanidade,” disse Ryan. “O que mais de trinta anos longe dela pode ter feito com ele? Eu não quero que a busca pela minha mãe seja manchada de sangue. Ela não gostaria disso.”

August assentiu, observando Ryan colocar o livro de lado, levantar-se e sair do quarto, completamente em silêncio. Ele não tentou ir atrás do amigo, pois sabia que, sempre que se sentia triste ou pensativo, Ryan saía para caminhar sozinho.

Ao ouvir os passos do amigo se afastando, o homem pegou o livro no chão e leu o título da história que o amigo estava lendo: “A Bela e a Fera”. Título muitíssimo apropriado!

August fechou o livro e colocou em cima da cama. Em seguida, se encaminhou até a mesa onde se encontrava a sua máquina de escrever e começou a digitar a parte de sua história que ele sabia não estar escrita ali. Dessa forma, Henry terá mais informações. Em breve, poderei revelar a ele quem eu sou e terei um grande aliado! Em breve.

_______________

* ”O sol nasce solitário/De almas inocentes/Nas sombras, eles revelam/Por um conto nunca contado/Um mar de nova esperança/Um medo é renascido/Nessa longa jornada, nós esperamos/Pelo chamado do grande paraíso.” (Música: Sea of Fate – Rhapsody of Fire)

Nesse link vocês encontrarão um desenho em preto e branco que fiz do Ryan, e nesse aqui a versão (muito pior) colorida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, esse é o capítulo final dessa fanfic, mas eu resolvi, para fins de facilitar o desenvolvimento da próxima parte dessa história e instigar a curiosidade de vocês, trazer um pequeno epílogo.

Haverá apenas uma parte em Storybrooke e uma na Enchanted Forest, a primeira narrada pelo Gold e a segunda pela Belle. Devo postar ainda essa semana e começar a trabalhar na segunda parte dessa história!

Espero que tenham gostado do Gwenaël e do Ryan! Alguém aí adivinhou quem eles eram ou consegui surpreender vocês?

Muito bem, até breve!