Quando os Youkais Dominavam a Terra escrita por Kaoru Higurashi


Capítulo 26
Capítulo 26: O fim de uma guerra


Notas iniciais do capítulo

Finalmente o final dessa intensa luta. Quem sairá vitorioso?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/4386/chapter/26

Naraku lançou mão de alguns tentáculos na direção do hanyou. Este se abaixou e pulou várias vezes, desviando de cada um deles e, assim que encontrou uma brecha, empunhou novamente a espada para atacar. Mas dessa vez ele não desviou de um ataque que, o pegando de surpresa, o lançou ao chão. Ao se levantar novamente Inuyasha viu, não um tentáculo, mas uma enorme pata bloqueando seu caminho.

- O que pensa que está fazendo, Sesshoumaru?!
- Não se intrometa na minha luta! – pela primeira vez a voz de Sesshoumaru saiu daquele corpo canino, um pouco mais grave e rouca que o normal, como se fosse um rosnado transformado em voz.
- O quê?! – retrucou Inuyasha, indignado – SUA luta? Esqueceu do que Naraku fez com Kagome? Não pense que o deixarei só pra você!
- Se me atrapalhar, eu te mato! – ameaçou.
- Feh, não tenho medo de você, Sesshoumaru.
- Não tenham pressa, ambos vão morrer aqui! - se interpôs Naraku. O youkai juntou as duas mãos e uma esfera de energia roxa começou a se formar em sua palma, aumentando a cada instante. Os irmãos se prepararam para receber o impacto e Kagome rezou para que saísse viva também.

A energia maligna foi lançada em direção à eles com toda a força que parecia ter. Inuyasha posicionou a espada em sua frente, usando-a como escudo. A onda de youki os atingiu como um tijolo. O hanyou fincou a Tessaiga no chão e agarrou-se firme à ela enquanto o irmão apenas segurava-se sozinho bastando sua força de youkai para mantê-lo no chão, Kagome se encolheu no canto em que estava, sendo protegida por uma parede e o kimono que fora lhe dado. Nessa hora ela sentiu uma terrível pontada nas costas e lembrou-se de seu ferimento. - "Por que eu resolvi ficar...?" - lamentou-se mentalmente.

- Que poder incrível tem a Shikon no Tama. – vangloriou-se Naraku, que parecia mais contente do que nunca. Porém ele viu que seus inimigos ainda estavam bem vivos. – Por que não morrem de uma vez!? – irritou-se atacando-os novamente. Inuyasha cortou os tentáculos um por um e segurou a respiração por causa do miasma, ainda assim seguia em frente implacavelmente. Sesshoumaru também não ficou pra trás e tratou de alcançar o irmão, mas o corpo avantajado do youkai cão mostrou-se um problema, pois muitos dos ataques o atingiam e assim, o atrasavam muito em relação ao hanyou, mesmo que ele fosse mais forte.

Sem ver outra opção, Sesshoumaru voltou à sua forma quase ‘humana’ e desembainhou sua espada Toukijin. Naraku riu, zombeteiro:
- Nada disso adiantará.

Inuyasha lançou outro Kaze no Kizu, mas assim como o outro, não surtiu muito efeito. Sesshoumaru agora atacava com sua espada, mas Naraku se recuperava de qualquer ferimento rapidamente. Logo Inuyasha estava exausto e coberto de ferimentos. Sesshoumaru, apesar de tentar não demonstrar, também estava cansado. Kagome nada podia fazer de onde estava.

Naraku parecia tranqüilo e certo de sua vitória, quando atrás dele surgiu sorrateiramente Kagura com Hakudoushi nos braços. Naraku os olhou com o canto dos olhos.
- O que faz aqui Kagura?
- Hakudoushi queria ver a luta. – ela respondeu simplesmente.
- Huh, pode se livrar dele... Matá-lo se quiser. – disse o youkai, fazendo pouco caso. – Agora que tenho a jóia não preciso mais dele.
Kagura pareceu um pouco espantada, mas Hakudoushi não. O bebê estreitou os olhos:
- Eu sabia que me dispensaria quando obtivesse a jóia. Mas quem vai ser dispensado é você Naraku. – e sorriu maldosamente.
- Hu, hu, e o que você pode contra mim, Hakudoushi? Esqueceu quem te criou? – zombou Naraku.
- E você esqueceu quem tem seu coração?
Naraku estreitou perigosamente os olhos para o bebê. – Eu não preciso mais de um coração!

- Veremos! – bradou o bebê. Kagura então pegou um de seus leques e o balançou em frente a si mesma. Diversas lâminas atingiram Naraku, que não desviou de nenhuma delas, mas estas abriram cortes profundos em seu corpo.
- Até você Kagura? – ele perguntou, sem se abalar muito.
- Também quero ser livre.

Antes mesmo de terminar de se regenerar, ele lançou um de seus tentáculos na direção de Hakudoushi. O bebê rapidamente ergueu os curtos braços para o alto e uma barreira apareceu à sua volta e de Kagura, que o segurava. Naraku estreitou os olhos para o sorriso superior da cria youkai.

Sesshoumaru e Inuyasha agora eram meros espectadores de outra luta que ocorria entre seus inimigos outrora aliados, pareciam deliberadamente esquecidos.

- Não me façam de bobo! – explodiu Sesshoumaru, o qual não gostou nem um pouco de ser deixado de lado. Avançou para Naraku, que estava de costas, e o atacou impiedosamente com sua espada.
- Hey, não aja sozinho! – se irritou o irmão mais novo, não gostando de ficar pra trás e deixar o inimigo para o mais velho.

Sesshoumaru dava inúmeros golpes em Naraku, que mal tinha tempo de se regenerar antes do próximo ataque. Hakudoushi também aproveitava para se aproximar de Naraku, sempre com a barreira em volta. Kagura abria caminho pra ele, usando suas lâminas de vento. O hanyou pareceu confuso.
- “O que esse bebê está tentando fazer? E o que ele quis dizer sobre ter o coração de Naraku?”.

Mas os planos do bebê se aclararam quando a jóia apareceu, flutuando entre os pedaços dispersados do youkai. Esta ainda não tinha sido completamente absorvida por ele, ou então teria praticamente sumido em seu corpo. As pequenas mãos de Hakudoushi, ávidas pelo poder, quase alcançavam a pequena pedra redonda, contra os esforços vãos de Naraku em impedi-lo. Sesshoumaru também o atrapalhava muito, já que não o deixava se recuperar de seus ataques. O youkai cão já havia percebido todo o plano da cria de Naraku, mas não tinha intenção alguma de lhe dar a jóia.
- Inuyasha! Rápido, pegue a jóia!

O hanyou se sobressaltou sobre o chamado do irmão. Franziu então o cenho, numa expressão de dúvida e desdém. – Como?!

- Pegue a jóia de uma vez, seu retardado!! – gritou entre um ataque e outro.

Inuyasha franziu mais ainda o cenho e estreitou os olhos dourados, furiosamente. – Quem você está chamando de retardado?! Não me dê ordens, Sesshoumaru!!

O mais velho suspirou aborrecido. Por que seu meio-irmão tinha que ser tão cabeça-dura? Mal sabia ele que não era somente por ser hanyou que Sesshoumaru o detestava na maioria das vezes. Sem que percebesse, Hakudoushi já estava quase com a jóia em mãos. Logo que viu isto, Sesshoumaru direcionou o ataque contra o bebê. Ele teve que reforçar a barreira desta vez, já que o ataque veio com mais força que os de Naraku.

A Shikon no Tama flutuou no ar, movida pelo youki de Naraku e foi para o lado em que a cabeça do youkai começava a se formar novamente. Ele tentava escapar.

- Ah, não vai não! – exclamou Inuyasha, preparando a Tessaiga – Kaze no Kizuuu!!

Naraku tentou se proteger mas não conseguiu á tempo. Sem o youki ou um dos pedacinhos do youkai a sustentá-la, a Shikon caiu no chão, com um barulho de vidro característico de uma bolinha de gude. Sesshoumaru teve que atacar novamente Hakudoushi para que este não corresse ao encontro da jóia, agora ambos não podiam se mover do lugar. Inuyasha ia na direção do objeto brilhante, mas uma lâmina de vento de Kagura o obrigou a se afastar no último minuto. Ele franziu o cenho para a youkai enquanto preparava a Tessaiga novamente. Naraku lentamente voltava a se formar.

Um pouco distante de toda a confusão, Kagome apenas observava a cena. Agora a jóia parecia esquecida enquanto todos brigavam para manter uns aos outros longe dela, ou para alcançar a mesma. Era hora de agir, mesmo que não soubesse bem como. Ela decidiu que não continuaria a ser apenas um peso morto nessa luta. Discretamente ela deslizou detrás da parede que a protegia e engatinhou pelo chão até uns poucos metros em direção na Shikon no Tama, mesmo que ainda faltasse muito para tê-la em mãos. Kagome nunca sentiu os ferimentos de suas costas arderem tanto quanto sentiu ao fazer isso, mas agüentou firme e continuou.
Não demorou muito para que ela visse que não conseguiria se aproximar mais sem que fosse notada e consequentemente virasse um alvo. Sentiu-se frustrada.

- “Eu sou realmente inútil...” – as imagens de Inuyasha a salvando inúmeras vezes vieram à sua mente – “Tem que haver alguma coisa que uma sacerdotisa possa fazer numa situação dessas”!
Ela fechou os olhos e pediu silenciosamente para que algo iluminasse sua mente. Dessa vez ela não se frustrara pois não tinha mesmo muita esperança de que isso funcionasse de verdade.
-“Não desista ainda, criança”.

Kagome se assustou e olhou para os lados. Aquela voz masculina e aparentemente madura de repente ressoou em sua cabeça, como um pensamento sussurrado em seu ouvido.
-“Quem...?” – estranhou.
- “Por que se assusta? Não estava a me chamar?
- “Você é minha consciência?” – indagou-se, crendo que finalmente havia perdido o juízo.
- “Olhe para frente e me verá”. – a voz respondeu.

Ela assim fez. Mais a frente Inuyasha e Sesshoumaru ainda lutavam ferozmente com Naraku e seus subordinados. Olhou mais a diante, mas não havia ninguém lá. Ia aceitar a idéia de ter ficado louca, quando seus olhos desceram e pousaram na Shikon no Tama ali no chão, quase entre os pés dos que lutavam.
- “A jóia..? Estou falando com a jóia!?”
- “Essa luta sem sentido pelo poder da jóia acordou essa consciência que agora lhe fala”.
- “A consciência da jóia...?!” - pensando bem, Kagome se lembrava de Naraku ter dito que a Shikon fora feita do youki de antigos e poderosos youkai. Talvez essa energia também tivesse a consciência de seus antigos donos.
- “Isso tem que terminar.
- “Terminar? Mas eu pensei que os youkais odiassem os humanos por os terem traído”.
- “Uma traição provocada, é isso que foi. Naraku enganou tanto humanos quanto youkais para faze-los pensar que eram inimigos”.
- “Mas por quê ele faria isso?”
- “Pelo que mais senão pelo que ele busca agora? Poder por meio da jóia”.
- “Por isso ele odeia Inutaishou, ele conseguiu mais poder que Naraku, e também protege os humanos.” – ela concluiu.
- “Muitas mortes já foram provocadas por causa dessa jóia, mas até agora eu só podia assistir passivamente. O fato de você me ouvir prova que apenas você poderá acabar de vez com isso.
- “Mas como?!”
- “Isso não cabe a mim responder”.

Kagome pensou consigo mesma buscando uma solução para aquele enigma. Ela certamente tinha as ferramentas para acabar com aquele confronto. Alguma coisa que lhe fora dito, algo que fora esquecido por ela, algum detalhe aparentemente insignificante, isso deveria ser a chave. Assim a palavra foi surgindo em sua mente: desejo. Parecia simples demais:

- "A Shikon no Tama realiza mesmo qualquer desejo de quem a possuir?"
- "Esse rumor se espalhou por aí pelo fato de que quem possui a jóia se torna muito poderoso, e assim pode realizar a maioria de suas ambições. Eu nada possuo de magia além de minha energia sinistra."

Kagome ficou claramente desapontada.
- "Mas farei o que estiver ao meu alcance." - a voz concluiu. A garota se animou um pouco.
- "Será que você não poderia me dar mais força para lutar contra Naraku?"
- "Infelizmente a energia impura que agora corrompe a jóia a corromperia também."
- "E se eu a purificasse...?"
- "Só uma sacerdotisa poderosa poderia realizar tal feito."
- "Então eu vou tentar." - terminou, decidida.

Kagome recomeçou a se aproximar da jóia, engatinhando em sua direção aos poucos. Não faltava muito agora. Ela esticou o braço na direção da bolinha de vidro e... Um tentáculo bateu forte no chão à apenas alguns centímetros de sua mão. Mais que rapidamente a garota a encolheu. Naraku a encarava raivoso. Mais tentáculos vieram em sua direção. Kagome rolou no chão desviando por pouco de um deles, mas não teria tempo de desviar do próximo.
- Kagome! – a voz de Inuyasha chamou por ela e antes que ela pudesse se dar conta, o tentáculo havia sido cortado. Ele olhou reprovativo para ela, Kagome olhou para a jóia e então ele entendeu o que ela tentava fazer. – Pode ir, eu te protejo! – e se pôs na frente dela.

Naraku estreitou os olhos vermelhos e deixando Sesshoumaru e Hakudoushi de lado, voltou seus ataques à humana. Um a um os ataques eram barrados por Inuyasha. Mesmo que um tentáculo o ferisse ele não se movia do lugar, apenas o cortava e continuava a defender Kagome. Esta finalmente havia chegado ao seu objetivo. A Shikon estava a apenas alguns centímetros dela. Cuidadosamente a pegou entre os dedos, pensando em como eram tolos aqueles youkais que brigavam tanto por uma simples jóia redonda, ela não parecia tão poderosa afinal.

Mas o que Kagome não esperava é que a jóia lhe desse um choque. Ou ao menos foi o que ela pensou que fosse. Tentou soltá-la, mas não conseguiu, uma onda de energia percorria todo seu braço, deixando-o formigante.
- “Mas... o que é isso..?”
- “Eu lhe avisei. A Shikon no Tama está impura agora e se você não tiver poder suficiente também ficará impura. Se não é capaz disso não merece segurar essa jóia.” – respondeu a consciência da pequena bolinha de vidro.
- “Eu sei que posso.” – disse desafiante, cerrando mais os olhos enquanto a dor se intensificava. A energia sinistra começava a preencher seu corpo como veneno. Ela sentia novamente como se fosse perder a consciência a qualquer momento, assim como quando encontrou com Hakudoushi. O youki chegou ao ferimento em suas costas, fazendo a garota soltar um gemido.
- Kagome! Está tudo bem? – indagou o hanyou preocupado. Kagome não conseguiu lhe responder. Apesar da preocupação com seu bem-estar ele ainda precisava protege-la de Naraku, que ficava cada vez mais violento conforme seu desespero aumentava.
- Me devolva a jóia!! – ele gritava entre os ataques. Inuyasha não lhe deu ouvidos e prosseguiu com o que fazia.

A humana enfraquecia cada vez mais.
- "Eu lhe avisei, você não é capaz de me purificar".
A energia maligna percorria todo seu corpo e começava a tomar conta de sua alma. Kagome não conseguia fazer nada além de se desesperar.

Sesshoumaru já estava se cansando dos joquinhos de Hakudoushi, que impedia seus ataques com uma barreira e logo depois dava uma brecha para Kagura atacar. O daiyoukai acabara de desviar de outra lâmina de vento.
- Já chega dessa brincadeira, você vai sumir agora! - ele ergueu Toukijin para o alto e começou a juntar toda sua energia maligna na lâmina desta.
- Hu, se conseguir passar pela minha barreira. - sorriu Hakudoushi.

Naraku também sorriu ao ver a humana começando a ser controlada pela energia maligna da jóia.
- Hu, hu. Ela é muito fraca para controlar e purificar todo esse youki. Logo ela se tornará escrava da Shikon no Tama e eu poderei controlá-la facilmente.
- Eu não permitirei que toque em mais nenhum fio de cabelo da Kagome! - bradou Inuyasha. Naraku não fez muito caso da ameaça e persistiu em seus ataques.

Kagome por outro lado, parecia absorta dentro de si mesma, seus olhos castanhos jaziam opacos e ela agora travava uma luta interna contra a jóia. Sua energia purificadora porém era muito fraca e não havia despertado completamente ainda. A energia negativa vencia.
- “Não posso... acabar assim...” – ela tentava a todo custo manter sua consciência estável.
- “Vamos, me purifique agora. Ou vai ser controlada pela jóia e nunca mais voltará a ser você mesma!” – a voz saída da pequena pedra redonda a lembrava do que deveria fazer.
- “Eu... não consigo... Não posso...” – o cansaço e a dor venciam pouco a pouco a força de vontade anterior. A tentação de desistir, de acabar com a dor era maior.
- “Então desista!” – ela se surpreendeu com essas palavras – “Deixe que a energia maligna a controle e você não sentirá mais dor, não sentirá nada.”
- “Eu tenho essa escolha...?”
- “Sempre há uma escolha. Mas para cada escolha há uma conseqüência”.

Kagome considerou essas palavras. Se ela desistisse não sofreria mais. Mas por outro lado, Naraku é quem sairia vitorioso no final. E o que seria dos humanos se um youkai com tamanho poder e ódio por eles vencer até mesmo um youkai forte e bom como Inutaishou? E sua família: Sua mãe e seu irmão que deviam estar em algum lugar por aí? E quanto a Inuyasha? Ela nunca mais o veria de novo.
- “Não... eu não posso... Eu quero ajudar todo mundo, todos os que me acolheram... Eu quero ver Inuyasha de novo”. – ela apertou os olhos com força e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. No mesmo instante uma luz intensa brilhou, saída de seu corpo, mais precisamente da altura de seu peito.

Todos pararam ao ver a luz branca e ofuscante tomar conta da sala. Até mesmo Naraku cessou seus ataques.
- Kagome... – balbuciou o hanyou.

A luz diminuiu de intensidade e o rosto da garota pode ser visto novamente. Ela abriu os olhos devagar. Parecia exausta, mas mesmo assim sorriu ao vê-lo.
Naraku não pôde se conter mais. Estava perdendo a jóia e sua esperança de obter a eternidade. Num último ataque desesperado, lançou os tentáculos na direção de Kagome. O sangue jorrou no chão, e algumas gotas caíram sobre o rosto da garota. Seus olhos marejaram e sua garganta apenas conseguiu proferir um único nome:
- Inuyasha!!!

O hanyou, de costas para ela, virou ligeiramente a cabeça em sua direção, um filete de sangue escorria de sua boca, mas ainda assim um pequeno e sofrido sorriso podia ser visto ali. Os tentáculos atravessavam seu peito e saíam pelo outro lado. Ele havia cumprido sua promessa: Protegeu-a.

Naraku franziu o cenho.
- Saia da frente, hanyou!!
Inuyasha voltou seu olhar ao youkai e cerrou os olhos. Ele fincou as garras nos tentáculos que ainda o perfuravam e os segurou firmemente, não deixando que o inimigo os recolhesse para usá-los em outro posterior ataque.
- Me solte!! – gritou, mexendo os tentáculos na tentativa de livrar-se do hanyou.
Inuyasha fez uma expressão de dor, mais sangue escorreu para o chão. Mas ele não soltou, apenas segurou com mais força.
- Inuyasha!! – chamou Kagome, aos prantos.

Sesshoumaru fitou a cena, um tanto surpreendido e estranhamente desesperado. Droga, por que se importar com aquele hanyou, só o que importava era vencer aquela luta. Empunhou a espada, que a essa hora já tinha muita energia armazenada em sua lâmina e a apontou para Hakudoushi.
- Prepare-se.
- Hu, pode vir. – desafiou.

O youkai desceu a espada na direção do bebê, liberando toda a energia ali contida. Hakudoushi ergueu os braços, preparando sua barreira e Kagura se abrigou a trás dele, uma vez que o segurava. Sesshoumaru então liberou seu ataque. Uma onda de energia enorme foi na direção dos oponentes, destruindo tudo no caminho e abrindo um enorme sulco no chão. Hakudoushi arregalou os olhos quando a energia atingiu sua barreira a despedaçou na mesma hora. Uma luz brilhou e quando terminou não havia sinais de Hakudoushi ou Kagura.
- Acabou. – sentenciou Sesshoumaru.

Naraku arregalou os olhos e colocou uma mão no peito, como se sentisse dor em um coração inexistente. Tossiu algumas vezes, mas continuou em pé, apesar de parecer fraco.
- Maldito!
- “Sesshoumaru destruiu o coração de Naraku, mas ele continua vivo. Como isso é possível?” – pensou o hanyou, enquanto via o desespero pela jóia aumentar em Naraku.

Kagome também viu o ocorrido e pensou rapidamente.
- “A única chance é purificar a jóia!” – ela fechou os olhos e se concentrou profundamente, rezando para que a jóia se tornasse novamente cristalina.
A luz agora era constante e estável e pouco a pouco a jóia ia retornando a sua cor original: um rosa claro com um brilho misterioso em seu interior.
- Não! – Naraku gritou.

Mas ele não podia fazer mais nada, a jóia havia sido purificada. Kagome levantou novamente, com a jóia em mãos. Caminhou até Inuyasha, que ainda segurava os tentáculos firmemente.
- Inuyasha. – chamou, com os olhos lacrimejantes.
- Você foi muito bem Kagome. Estou orgulhoso. – ele sorriu dolorosamente.
As lágrimas saíam somo cachoeiras dos olhos da garota. Seu corpo se abalava com soluços ocasionais.

- Não chore. Eu estou feliz por ter te protegido. – ele respondeu serenamente. Em seguida segurou a espada e a ergueu com dificuldade.
- Acabou, Naraku. – o youkai não ousou responder, era verdade afinal.
Ele juntou a energia e soltou seu último ataque.
- Kaze no Kizu! – dessa vez o corpo de Naraku se desintegrou completamente e não voltou a se formar.

Logo em seguida o hanyou caiu ao chão, inconsciente.
- Inuyasha! – Kagome rapidamente se abaixou perto dele, erguendo sua cabeça e colocando-a em seu colo. Queria chacoalhá-lo para que ele acordasse, mas tinha medo de feri-lo mais.

Sesshoumaru se aproximou devagar.
- Ele perdeu muito sangue. Mesmo Inuyasha não resistirá muito tempo assim.
- O que faremos? – perguntou desesperada.
- Não há nada que se possa fazer. Não há tempo. – respondeu no mesmo tom de sempre, mas seus olhos o traíam com uma preocupação sutil.

Kagome chorou ainda mais. Não podia terminar tudo assim. Ela apertou com força a jóia em sua mão e se lembrou da consciência desta. Pensou bem alto para que pudesse ser ouvida por ela.
- “Jóia, por favor. Você disse que faria o que pudesse desde que eu a purificasse. Então eu peço que me ajude agora”. – pediu com fervor. Para sua felicidade, ela novamente ouviu aquela voz.
- “Sim, e obrigado por me livrar daquele terrível destino de guerras e morte. Em que posso ajudá-la?
- Por favor, salve o Inuyasha. Me dê poder para salvá-lo!”
- “Se assim deseja, eu farei.”

Então a jóia novamente emitiu seu brilho róseo. Kagome colocou cuidadosamente uma das mãos sobre o ferimento do hanyou enquanto segurava a jóia com a outra. A mão que repousava sobre ele também começou a emitir um brilho parecido e o ferimento começou a se fechar lentamente, para a felicidade da garota. Sesshoumaru sabia que, diferente de Naraku, a pureza da jóia não mataria Inuyasha por sua natureza híbrida, mas desconhecia qualquer poder de cura vinda da jóia, de forma que pensou se esse seria o poder da Shikon no Tama ou da humana.

O ferimento cicatrizou totalmente. Aos poucos Inuyasha foi retomando a consciência e tornou a abrir seus belos olhos cor de âmbar. Kagome não se conteve e o abraçou, radiante de felicidade.
- Kagome...

Sesshoumaru suspirou como se tivesse tirado um enorme peso dos ombros. É claro que ele não deixaria que percebessem seu alívio. Como poderia voltar sem o meio-irmão e explicar isso a seu pai? Era essa sua única preocupação é claro, assim pensava.

Kagome olhou uma última vez para a jóia que esmaecia em sua palma, sumindo pouco a pouco.
- Obrigada... – disse, e a jóia sumiu por completo.

- Vamos embora. – disse Sesshoumaru, virando-se e partindo. Inuyasha sorriu. Sabia que pela expressão de seu meio-irmão um pouco antes ele estivera preocupado com ele, ainda que só um pouco.
- Vamos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Um final bem esperado e um tanto clichê para o capítulo. Mas a fic ainda não acabou, continuem acompanhando.
Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando os Youkais Dominavam a Terra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.