Quando os Youkais Dominavam a Terra escrita por Kaoru Higurashi


Capítulo 13
Capítulo 13: O castigo


Notas iniciais do capítulo

Pra quem gosta de Rin e Sesshoumaru e de muita encrenca ;D.
Mas não pensem que é um romance, ela ainda é uma criança aqui e isso é contra a lei u_uv



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/4386/chapter/13

<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"MS Mincho"; panose-1:2 2 6 9 4 2 5 8 3 4; mso-font-alt:"a325;a331; 明朝"; mso-font-charset:128; mso-generic-font-family:modern; mso-font-pitch:fixed; mso-font-signature:-1610612033 1757936891 16 0 131231 0;} @font-face {font-family:"\@MS Mincho"; panose-1:2 2 6 9 4 2 5 8 3 4; mso-font-charset:128; mso-generic-font-family:modern; mso-font-pitch:fixed; mso-font-signature:-1610612033 1757936891 16 0 131231 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; mso-hyphenate:none; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"MS Mincho"; mso-fareast-language:AR-SA;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->

Alguns youkais pareciam um tanto espantados vendo as duas figuras ilustres que desfilavam pela rua cheia. Inutaishou e Sesshoumaru andavam imponentes entre a multidão que se abria para que eles passassem. O lorde analisava tudo com atenção à procura de um merecido ‘castigo’ ao filho mais velho, sabia que mandá-lo escrever em um pedaço de pergaminho não faria nenhum efeito, ao contrário de Inuyasha; portanto tinha que submetê-lo a algo que ele detestaria e que lhe ensinaria a não implicar tanto com seu meio-irmão.

Sesshoumaru apenas seguia quieto o tempo todo, achando aquilo tudo extremamente desnecessário, afinal, ele não era mais um filhote para ser disciplinado assim. Muitos youkais os reverenciavam respeitosamente, outros apenas acenavam com a cabeça, dando falsos sorrisos amistosos; Sesshoumaru sentiu vontade de pisar na cabeça deles, quanta hipocrisia.

Alguns gritos e sons exaltados chamaram a atenção de Inutaishou, que os seguiu rapidamente, com o filho em seu encalço. Chegando ao local de onde se originava a bagunça, eles avistaram uma cena nada incomum. Uma menininha humana era caçada e arrastada por um youkai, que deveria ser um mercador de escravos. A menina dava muito trabalho e se debatia tanto que chegava quase a fugir do velho e gordo youkai anfíbio.

— Me ajudem! Socorro! – ela gritava com lágrimas nos olhos, os youkais simplesmente ignoravam.

Uma idéia maluca passou pela cabeça de Inutaishou, e ele viu uma oportunidade de talvez mudar a atitude de seu filho. E essa era a exatamente a chance que ele procurava.

— Sesshoumaru! – chamou com voz firme – Salve aquela garotinha!

— O quê? – indagou, achando que não havia ouvido direito.

— Você me ouviu, salve-a! – disse novamente com os olhos sérios fixos nele.

— Você só pode estar brincando. – pronunciou, quase perdendo o tom frio e substituindo por um de incredibilidade – Por que eu salvaria uma humana? – disse com repugnância.

— Faz parte de seu castigo. – respondeu, um minúsculo sorriso irônico surgindo em seu rosto – Agora faça o que lhe mandei! – ordenou, ficando sério outra vez.

Sesshoumaru estreitou ligeiramente os olhos para o pai, não notando qualquer sinal de brincadeira em sua expressão. Ele, o grande lorde Sesshoumaru, aquele que era temido e respeitado por seu poder, aquele que não obedecia às ordens de ninguém.. exceto de seu pai; um youkai muitas vezes mais forte que ele, ao qual ele tinha um respeito muito grande, talvez a única pessoa que ele respeitasse nesse mundo. Soltou um suspiro baixo de desistência – ao qual se desejou não ter deixado sair – e caminhou em direção ao youkai que tentava segurar a menina a todo custo. Ele estava mesmo de mau-humor, não precisava ser gentil com o youkai....

O anfíbio segurava a menina sobre seus ombros e tentava fazê-la ficar quieta, sem muito sucesso porém:

— Fique quieta humana! Cale essa boca antes que eu corte sua língua! – ameaçou.

— Me soltaaaa! – ela continuou gritando.

Um rápido borrão branco passou em frente aos olhos do youkai antes que ele tivesse tempo de ver o que era, e em seguida algo sólido cortou o ar perto dele, e quatro cortes em formato de garras se abriram em seu peito. Foi tudo tão rápido que ele apenas teve tempo de gritar quando o sangue jorrou, e derrubar a menina no chão. Atordoado e ferido no chão, ele olhou para os lados, procurando seu atacante. Não precisou olhar muito para visualizar o jovem lorde youkai de pé, parado ao seu lado, lhe olhando tão friamente e sem demonstrar emoções, que ele sentiu, por um instante, um arrepio percorrer sua espinha fazendo-o focar trêmulo como se estivesse dentro de um congelador.

— L-lorde...Sesshoumarusama...? – balbuciou, tentando ignorar a dor dos ferimentos – P-por que me atacou? – perguntou com o máximo de cuidado, temendo que aquela pergunta fosse sua última em vida.

— Apenas.... – falou lenta e pausadamente, estreitando mais os orbes dourados – Deixe a garota em paz. – disse entre dentes. Apenas ele sabia como havia sido difícil pronunciar aquelas palavras. Ele precisou se esforçar ao máximo para que elas não saíssem em tom de desprezo, e sentiu vontade de cuspi-las pra longe de sua boca. Só seu pai para obrigá-lo a fazer algo tão humilhante quanto salvar uma garotinha humana.

O movimento das ruas simplesmente parou. Se antes já havia vários youkais olhando curiosamente a cena, agora todos pareciam tolamente paralisados, chocados demais para falar alguma coisa. O silêncio imperou por alguns longos segundos, até que Sesshoumaru olhou desafiadoramente para a multidão, um claro sinal de que não estava contente com a observação. Em pouco tempo todos já haviam voltado a fazer o que faziam antes, como se nada tivesse acontecido, e até mesmo o youkai anfíbio conseguiu fugir entre o aglomerado. Inutaishou fitava o filho mais velho com um grande sorriso orgulhoso no rosto. Sorte ele ser seu pai, ou não estaria vivo para contar a história...

A garotinha ainda estava sentada no chão, olhando bobamente pra cima, para o youkai que a salvara. Seu olhar rapidamente se tornou de mais pura admiração, seus olhos brilhavam como dois diamantes incrustados, fitando seu salvador. Sem nem sequer olhar em sua direção, Sesshoumaru passou direto por ela, indo em direção ao pai, pretendo acabar logo com aquela situação ridícula. Inutaishou lhe lançou um olhar reprovador:

— Não pensa que vai deixá-la aí depois de tê-la salvado. – retrucou.

— E por que não? – respondeu naturalmente – Não a salvei por que quis. – deu de ombros.

— Nem pense em deixar essa garotinha aqui. – disse sério – Não se esqueça que isso ainda faz parte de seu castigo.

Por um momento Sesshoumaru sentiu vontade de fazer como Inuyasha, bufar e emburrar a cara com uma criança. Tão rápido quanto essa idéia passou por sua cabeça, ela se evaporou. Pisando duro, ele se virou para a menina novamente. Esta, já de pé, ainda o fitava com a mesma admiração de antes, aparentemente não ouvira o que Sesshoumaru dissera sobre não querer salvá-la. Ele caminhou uns dois passos relutantes em sua direção, depois fitou o pai, como se buscasse algum apoio. Inutaishou suspirou e enfim tomou a palavra:

— Você tem família, pequena? – assim que perguntou, aquilo lhe pareceu estranhamente familiar...

Ela apenas abanou a cabeça negativamente.

— Quer vir conosco? – disse bondosamente.

Ela abriu um largo sorriso e correu pra perto dos dois youkais, se postando ao lado de Sesshoumaru. Olhou para ele com os olhos inocentemente brilhantes.

— Obrigada por me salvar, senhor youkai. – agradeceu, feliz. Ele apenas desviou o olhar, ignorando-a.

— Pode chamá-lo de Sesshoumaru – informou Inutaishou, ignorando o olhar ameaçador do filho. – Qual seu nome? – perguntou.

— Rin. – disse, sorrindo.

Voltaram assim para o castelo, agora com uma alegre garotinha humana junto deles. Claro que alguém não estava muito contente com isso:

— O que pretende trazendo outra humana para o mesmo teto? – indagou Sesshoumaru, desconfiado, fitando a menina pelo canto dos olhos. Esta cantarolava alegremente, enquanto andava mais a frente.

— Ela é sua agora. A salvou, portando deve cuidar dela e protegê-la. – falou calmamente, tendo outra vez a sensação de deja vu. Antes que o outro pudesse retrucar, ele continuou – E não pense em se livrar dela ou coisa parecida, sabe bem o que acho disso. – nada mais foi dito desde então.

OoOoOoOoOoO

 

Tédio. Agora era nada mais que tédio. E um imenso vazio. O hanyou largado sobre seu futon contava os minutos. Para o quê? Nada em particular, simplesmente para que algo acontecesse. Não bastasse isso, sua mente insistia em lembrar-lhe as palavras daquela humana, deixando-o mais angustiado ainda. Quanta pretensão dela achar que poderia lhe perguntar qualquer coisa que quisesse desse jeito. É claro que ele não se importava dela ser humana, é claro que ele não gostava de ser um hanyou, é claro que ele considerava isso sua fraqueza. E ser desprezado pela sociedade e ser considerado o elo mais fraco da família logicamente não eram coisas das quais ele deveria se orgulhar. Ele ainda tinha um pouco da fraqueza humana dentro dele, que o fazia desejar muitas vezes ser como Sesshoumaru: um youkai completo. Mas claro que ele não se importava dela ser humana.... Ok, talvez fosse melhor rever seus conceitos...

Mas pior que ficar sozinho e entediado é quando se estava sozinho, entediado, e sem conseguir parar de pensar em algo... ou alguém. Ah, se ao menos Kagome estivesse ali para fazer-lhe companhia... Não, não precisava dela, pensaria em outra coisa. Quando alguma escrava apareceria com uma badeja de chá para que ele pudesse se entreter um pouco? Ah sim, normalmente era Kagome que fazia isso. Bem, ele poderia conversar com qualquer outra pessoa, mas a única com quem realmente conversava mais era Kagome.

— Maldição! – praguejou. Por Deus, sentia falta até de Sesshoumaru naquele instante. Já era tarde e ele estava, não sabia a quanto tempo sozinho e sem absolutamente nada para se ocupar.

Repentinamente, as orelhas caninas se empinaram, captando um distinto som de passos a vários metros de distância. Farejou mais o ar quando sentiu o cheiro fraco e familiar de seu pai e Sesshoumaru, junto com outro que ele não conhecia. Finalmente eles haviam voltado, talvez agora pudesse afastar o tédio. Mais do que rápido pulou da cama e correu porta afora até o hall de entrada. Chegou lá em segundos e esperou por pouco tempo, até que os dois inuyoukais despontavam na entrada. Aproximou-se, tentando não demonstrar o contentamento em vê-los; bem, ao menos em ver um deles...

— Espero que tenha cumprido seu castigo, Inuyasha. – disse Inutaishou quando o viu.

— Keh, estava morrendo de tédio aqui. – falou, ressentido, como se o pai tivesse alguma culpa nisso.

— Era exatamente essa a intenção. – retrucou normalmente.

O hanyou sentiu um par de olhos o observando, abaixou então o olhar, para se surpreender com uma menininha humana, fitando-o curiosamente, enquanto escondia parte do corpo atrás de Sesshoumaru, como medida de segurança.

— Quem é essa? – perguntou ao pai.

— Essa é Rin. Sesshoumaru a salvou e agora ela é dele. – disse sorrindo tolamente.

— O quê disse? – não, ele não podia ter ouvido certo. Sesshoumaru salvara uma humana? Fitou o irmão com uma sobrancelha arqueada – Não era você que dizia que detestava humanos?

— Cale a boca, Inuyasha. – respondeu, seco – Não é como se eu quisesse ter feito isso.

— Digamos que eu dei um empurrãozinho. -  comentou Inutaishou – É o castigo dele.

Sesshoumaru continuava com a mesma expressão fria de sempre. Inuyasha olhou novamente para a garota, que saíra detrás do youkai e se aproximara um pouco, fitando-o com uma inocente expressão curiosa.

— O que foi pirralha? – perguntou incomodado.

— Suas orelhas são diferentes... – falou, ainda com a mesma inocência.

— Keh. E daí? – falou, mal-humorado – E você é uma nanica.

— Eu não sou nanica – disse, fazendo bico – Ainda vou crescer muito, viu? – falou por fim, mostrando-lhe a língua.

— Ora sua... – irritou-se o hanyou.

— Parece que vocês dois têm a mesma idade mental – disse Sesshoumaru, sorrindo sarcasticamente.

— O que disse? – gritou.

Indiferente aos protestos do irmão mais novo, Sesshoumaru partiu para o interior do castelo, com Rin em seus calcanhares. A garotinha agora fitava o castelo, fascinada:

— Nossa como aqui é grande... e bonito. – olhou para uma gravura de um cão branco na parede e piscou uma vez – Que desenho bonito: um cachorrinho. – disse, sorrindo, depois olhou para Sesshoumaru que caminhava a sua frente – O senhor deve ser muito importante pra morar aqui. Eu vou morar aqui também? – os olhos brilhavam enquanto falava e o seguia. Ele nada respondia, ou sequer olhava para ela.

A voz da pequena garotinha foi sumindo enquanto se afastavam. “Acho que o castigo dele foi pior que o meu” - Inuyasha pensou e sorriu sarcasticamente.

— Bem feito Sesshoumaru. – disse para si mesmo.

OoOoOoOoO

 

— E quantos anos você tem? – perguntou Kagome, simpática.

— Já tenho sete. – respondeu Rin, com um grande sorriso orgulhoso.

Kagome sorriu e num gesto delicado, tomou uma das mexas de cabelo negro e rebelde da garotinha, que caía em seu rosto, passando-a para trás da orelha. Era uma menina alegre e muito faladeira, e parecia sentir uma grande afeição por Sesshoumaru, apesar de só conhecê-lo desde o dia anterior, pois ela só falava em como ele bravamente a salvara do youkai malvado. Kagome duvidava que ele tivesse feito isso de bom grado, já que ele desprezava os humanos mais que tudo. Mas desde que vira a garotinha, fez grande amizade com ela. Isso a ajudou a se distrair um pouco, sem falar na nostalgia ao lembrar-se de seu irmão Souta quando era menor.

— Kagomesan? – chamou, tirando-a de suas lembranças.

— Sim? – indagou em resposta.

— Você parece triste. – disse observando-a mais atentamente.

— Só estava lembrando umas coisas.- respondeu tristemente. – Você me faz lembrar meu irmão mais novo... Não sei se voltarei a vê-lo um dia.

— Não fique triste – a menininha disse, com olhar de compreensão – Você vai ver ele de novo sim, é só você querer – ela sorriu ao ver que Kagome sorrira também – Uma vez me disseram que tudo é possível se você desejar muito.

Kagome ficou um tempo atônita com as palavras sábias pronunciadas pela menina de sete anos. Às vezes as crianças se mostram mais sábias que os adultos em toda sua simplicidade. Afagou a cabeça da garotinha e sorriu novamente, recebendo um outro da mesma.

— Vamos Kagome, me ajude aqui. – disse Tsubaki, que nesse momento adentrava a cozinha com um caldeirão em mãos, parecendo bem pesado. A jovem rapidamente se adiantou para ajudá-la a carregar. - Vá brincar para lá, sim Rin? – pediu, cansada. A garotinha apenas assentiu e saiu alegremente do cômodo.

Kagome a ajudou a pôr o pesado caldeirão sobre a mesa, e fitou seu interior curiosamente enquanto a outra acendia o fogo para cozinhar. Parecia haver uma massa disforme e marrom ali dentro, se aproximou um pouco mais para ver melhor.

— O que é isso? –perguntou, com a cara praticamente já dentro da panela funda.

— O almoço. – respondeu simplesmente Tsubaki.

Kagome ainda não tirara os olhos da coisa ali dentro, tentando identificá-la. De repente a massa marrom de mexeu e soltou um guincho agudo. Kagome se assustou e pulou para trás, caindo sentada no chão.

— Essa coisa tá viva! – falou, assim que recuperou o fôlego.

— Mesmo? –perguntou, como se fosse muito natural. Se aproximou e pegou novamente a panela, colocando-a no fogo. Os guinchos da criatura foram abafados pela tampa que foi em seguida colocada em cima, enquanto o recipiente se sacudia de um lado para o outro pela tentativa de fuga do ‘bicho’. Kagome assistia horrorizada a calma com que Tsubaki cozinhava aquela... coisa viva, enquanto cortava cenouras para o almoço.

— O que...exatamente... é isso? – ela perguntou novamente, olhos fixos e espantados no caldeirão no fogo.

— Não vai querer saber. Os youkais têm um gosto culinário bem... digamos... diferente do nosso. – respondeu calmamente.

— Ah...- exclamou, ainda pasma com aquilo. Seria um almoço bem ‘nutritivo’ para eles...

[...]

— Sesshoumarusama, olha meu kimono novo. Não é bonito? – perguntava Rin, alegre como sempre, enquanto dava uma volta em torno de si mesma, mostrando o kimono amarelo repleto de quadrados laranjas e amarrado com um simples obi de cor verde.

— Hm. – foi o único som que saiu dele, que nem olhava para a garota. Estava ocupado demais lendo um pergaminho sobre táticas de batalha enquanto sentado à mesa, para prestar atenção a uma filhote de humano que não sabia a hora de ficar quieta.

— Oh, Sesshoumaru. Bom ver que estão se dando bem. – disse Inutaishou, que chegava juntamente com Inuyasha e sentava-se ao chão, de pernas cruzadas frente ao corpo, diante da mesa. O filho mais velho sequer fingiu ter escutado esse comentário.

— É, da pra ver como estão entrosados. – disse o hanyou sarcasticamente, também se sentando.

A pequena garotinha apenas sorriu e voltou a observar seu mestre. Gostava de fitar aqueles longos cabelos prateados quando o sol refletia neles e os fazia brilhar, era estonteante. Logo ela percebeu um pequenino nó naqueles fios tão alinhados e lisos.

— Sesshoumarusama, tem um nó nos seus cabelos. Pode deixar que a Rin vai tirar – disse contente, pegando uma mecha. Sesshoumaru parou por um instante a leitura do pergaminho e pareceu um pouco surpreso pela ousadia. A menina passava os dedos com delicadeza pela fina mecha alva, desfazendo o nó, sentindo o êxtase de poder tocar as melenas que pareciam ser feitas de seda (o que só agora ela podia constatar que não eram).

Inutaishou fitou apreensivo, pronto para agir caso o filho se tornasse violento. Inuyasha ficara num silêncio nervoso, quase sem respirar, enquanto esperava que alguma coisa fosse acontecer naquele momento. Sesshoumaru incrivelmente parecia ter ignorado o que a garota fazia e voltou sua atenção para o pergaminho calmamente, enquanto ela terminava.

— Pronto. – ela disse, largando a mecha e sorrindo.

O silêncio imperou na mesa por um momento. Inutaishou e Inuyasha se entreolharam, ambos atônitos pelo outro youkai não ter ao menos repreendido a humana.

— Sesshoumaru... Está se sentindo bem? – perguntou o hanyou, não exatamente preocupado.

O mais velho ergueu os olhos do pergaminho um instante para lançar um olhar frio ao irmão, e logo algumas escravas entraram trazendo o almoço, sendo que a pergunta foi ignorada.

Kagome apareceu com uma bandeja, contendo aquela coisa estranha que Tsubaki cozinhara, parecia um animal de porte médio ao qual não sabia identificar. Fez cara de nojo para a criatura e colocou a bandeja sobre a mesa, fazendo uma breve reverência, durante a qual não pôde evitar lançar um olhar de esguelha a Inuyasha, perguntando-se o que ele devia pensar dela agora, se a odiava ou algo assim. Ele a olhou rapidamente, um olhar frio e seco, e logo desviou a atenção para uma coisa qualquer. Ela sentiu um aperto no coração, sem saber explicar o porquê, e silenciosamente se retirou do cômodo.

A cena de apenas alguns segundos de duração não passou desapercebida por Sesshoumaru. Mas estranhamente o que ele sentiu não foi satisfação, foi algo como... remorso? Não, nunca. Nunca se arrependia de nada que fizesse. Não teria por que se importar com o que acontecia entre seu ‘desprezível’ meio-irmão e uma escrava humana, desde que não fosse algo que pudesse se tornar mais um motivo para zombaria por parte dos outros youkais à família de descendência nobre. O almoço se seguiu silenciosamente, exceto pelo tilintar dos hashis na porcelana (Rin havia sido levada a cozinha, onde comeria comida humana, de preferência).


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews por favor o/
Não se esqueça, a cada review que um leitor não manda, uma escritora morre ;-; *preparando o caixão*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando os Youkais Dominavam a Terra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.