Seu calor sobre a almofada se apagou

Já me faz falta

As lembranças não me deixam ver

Que nada será como antes, como antes

Emma andava pelo caís lembrando, com certa alegria e dor... Há exatos um ano e seis meses atrás a loira andava por aquele mesmo caís de mãos dadas com sua noiva, a prefeita, Regina Mills.

Regina... Aquele nome trazia lembranças dolorosas ao coração da loira.

Como tudo poderia ter saído tanto do controle?! Onde afinal Emma havia errado?!

Há seis anos quando Emma Swan chegou à cidade, jamais imaginou que fosse se apaixonar pela prefeita da cidade de StoryBrooke, sua futura namorada e noiva, Regina Mills.

Daquele dia em diante, Emma não tirou a morena da cabeça um só dia. Até que o tão sonhado beijo aconteceu, ali naquele mesmo caís, a loira sentiu o doce sabor de maçã nos lábios da amada.

A dor me desarma

E chorar já não me acalma

Pouco a pouco começo a enlouquecer

E não sei o que poderá vir depois, depois

A loira olhava ao redor, lembrando das noites em que começaram a se encontrar, dos beijos roubados, sorrisos trocados... Ela sentia falta do cheiro da morena, do sabor dos lábios, da mão sempre tão gelada e do corpo quente de Regina.

Ao entrar em casa, as lágrimas tomaram conta do rosto alvo de Emma, que ao se jogar na cama afundou o rosto no travesseiro. Chorar já virara parte de seu cotidiano. Aquela noite completava um ano e seis meses que Emma perdera o amor de sua vida, um ano e seis meses que Regina havia traído Emma com Ruby. Há exatos um ano e seis meses Emma não vivia, somente existia.

Respirar era difícil, acordar e ir trabalhar na delegacia pior ainda, comer era praticamente um suicídio para a loira. Qualquer coisa que não fosse chorar consumia as forças de Emma. Na verdade, a dor da traição, a dor da rejeição da morena, era viva dentro do coração da loira.

Ela se lembrava de cada dia, noite, madrugada que passará rolando entre os lençóis com Regina, as declarações de amor sussurradas ao pé do ouvido, as íris castanhos-chocolates brilhando de desejo, passando calor... Os abraços, o cheiro da morena, tão único, tão docemente cítrico, tão dela...

As lágrimas continuavam a rolar, encharcando agora o travesseiro da loira, que começara a soluçar.

Deus! Como pôde tudo dar tão errado?!

Emma fechava os olhos para tentar frear as lágrimas, mais a única coisa que conseguia era ver a imagem daqueles olhos penetrantes da sua morena, aquela pele bronzeada, os lábios tão lindos formados em um sorriso, a cicatriz em cima do lábio que tanto atraia Emma.

Pode ser que a fé me cegue

Mas, volto acreditar

Que isso não se acaba

Em um ato de desespero, Emma levantou no impulso e seguiu até seu carro, as lágrimas cegavam-lhe, os soluços a sufocavam, suas mãos tremiam... Emma conseguia ouvir as batidas do seu coração de tão frenéticas ao lembrar-se da voz da morena lhe dizendo – “Em, eu TE AMO. Não esquece, você é e sempre será, MEU MAIOR PRESENTE”.

Aquela frase, aquelas palavras, doía no mais profundo de Emma, partiam-lhe o coração, sangrava, queimava, torturava Emma.

Como pode amar tanto alguém como amará Regina?!

Seu subconsciente levou Emma até a casa da Prefeita.

Ao olhar a casa a sua frente, a loira não evitou o pequeno sorriso que formou em seus lábios. E as malditas lembranças voltaram a todo vapor, deixando claro à Emma que por mais que tentasse fugir, ela pertencia a Regina, mesmo que a morena não lhe pertence-se mais.

Sonho que tento te beijar

E volto a me queimar

A vida me escapa

E ainda que cada vez doa mais

Não quero te esquecer

Tocou a campainha, e ao que pareceram horas depois, apareceu uma morena descabelada, de robe e coçando os olhos.

- Emma? Está tudo bem? O que faz aqui há essa hora? Aconteceu algo ao Henry? – a morena olhava para ex-noiva confusa.

Henry... Deus, elas tinham um filho. Como Regina pode traí-la e esquecer-se do pequeno, e acima de tudo, esquecer-se de Emma?

A única coisa que Emma conseguiu fazer foi balbuciar...

- Não se preocupe... Henry esta bem. Disse a loira ao tentar sorrir.

O sorriso triste de Emma não passou despercebido pela ex, que começou a perceber as profundas olheiras e como a loira havia emagrecido. Um aperto cobriu o coração da morena. Céus! O que havia acontecido com Emma? O que poderia tê-la destruído tanto?

- Emma, o que faz em minha casa essa hora?

- Regina, eu... Eu... Não sei! – Diz a loira abaixando o olhar para esconder as lágrimas que ameaçavam escapar de seus olhos.

Hoje não, não resta nada

De um amor que se acaba

Pouco a pouco começo a compreender

Que eu não tenho muito que perder... que perder

Quando a loira ousou olhar novamente para a morena, a mulher de sua vida, ela viu o que JAMAIS desejou ver. Emma viu pena no olhar da amada, e ao fundo viu uma bela mulher somente de camiseta caminhar até a porta e abraçar SUA morena por trás.

- Amor, porque eu te procurei em nossa cama e não te encontrei? – disse Ruby beijando a face da morena- Ah! Oi Emma! Aconteceu algo com o Henry?

Emma sentiu o mundo desabar. Como Ruby ousava falar com ela? Como Regina pode deixar Emma presenciar uma cena dessas? A morena sabia o quanto aquilo feria, matava Emma, todos os dias. Onde foi parar todo aquele amor que ela lhe jurou sentir um dia?

Em um ato de coragem, Emma abraçou Regina, deu-lhe um singelo beijo na bochecha e disse:

- Re, não esquece. EU TE AMO. Você é e sempre será, MEU MAIOR PRESENTE!

Olho o relógio e começo a aceitar

Que o tempo me atrapalha

E em um segundo finjo que quero escapar

Mas eu volto para mais

E no final, não há nada mais

Após dizer isso, a loira virou as costas e sentiu seu coração falhar. Ela andou devagar, internamente desejando que Regina fosse atrás dela, que a morena pelo menos a chamasse e Emma voltaria com o maior prazer. Porém, nada aconteceu.

Emma parou em frente ao carro. Seu coração transbordava dor, suas pernas falharam, ela entrou no carro e pode ver a morena fechar a porta da mansão.

Era o fim para a loira. Ela dirigiu sem rumo, corpo cansado, mente e coração exaustos. Lágrimas embaçavam-lhe a visão... Chovia forte na cidade.

Uma luz, barulhos, chuva, buzinas, gritos... E então o impacto. Emma sentiu uma dor profunda, algo perfurando-lhe o corpo, mais nada comprado a dor que ela sentia na alma.

Pode ser que a fé me cegue

Mas, volto acreditar

Que isso não se acaba

Sonho que tento te beijar

E volto a me queimar

A vida me escapa

E ainda que cada vez doa mais

Em minha alma

E ainda que cada vez doa mais

Ela fechou os olhos, o ar sumindo de seus pulmões... E sorriu. Ela viu o sorriso cheio de vida, de amor de sua morena surgir, ela sentiu o perfume de maçã e a voz de Regina, bem longe...

“Em, eu TE AMO. Não esquece, você é e sempre será, MEU MAIOR PRESENTE”.

Então, com um sorriso nos lábios, o coração de Emma parou de bater.

Não quero te esquecer