A New Start escrita por Éryka H


Capítulo 4
O Acordo


Notas iniciais do capítulo

I'm back! Cada vez mais eu estou amando escrever esta história!
Não tenho muito o que dizer pra essa capítulo. Não acontece muita coisa nele, mas é necessário para fazer uma ligação com os eventos futuros.
Não irei enrolar mais. Boa leitura e até as notas finais!



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Fazia quanto tempo que estávamos em silêncio? Dois, quatro minutos talvez? Não sabia mais. Depois que recebi a notícia, meu coração parou e nenhum pensamento passou pela minha cabeça. Foi como se tudo tivesse parado no tempo e nós apenas nos encaramos. Meu pai com uma cara de expectativa e Dino com o semblante preocupado. Eu provavelmente parecia uma idiota com a boca aberta encarando eles. Só consegui voltar a mim quando meu pai falou:

– Catarina?

–Mas como?! Por quê?! – Levantei subitamente da cadeira e gritei com eles. – Casamento? Meu Deus, eu nem te conheço! – Fiquei andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Mil coisas passavam pela minha cabeça agora e não conseguia evitar dizer algumas delas.

– Filha, eu sei que você deve estar chocada e nervosa, mas lembre-se do que eu lhe pedi. Sente-se, por favor, e me deixe explicar. – Parei de andar e respirei fundo antes de sentar novamente no sofá. – Como eu havia dito, essa decisão foi tomada há muito tempo, quando você nasceu, para ser mais exato. Quando descobri que minha primeira filha havia nascido, o Nono Cavallone e eu vimos uma oportunidade perfeita de estabelecer uma aliança oficial entre nossas famílias.

– Como na Idade Média, você quis dizer? – Novamente não consegui me controlar e praticamente gritei com eles. O olhar de culpa que meu pai me deu, me fez pensar que talvez ele tenha se arrependido, mas pelo visto, não.

– Catarina, eu nunca teria feito um acordo dessa grandeza se eu não soubesse que Dino seria o homem digno e honrado que ele é hoje. Sinceramente, não consigo imaginar uma pessoa melhor para ser meu genro, e tenho certeza que você partilhará de minha opinião, com o tempo. – Timoteo levantou-se. – Eu irei subir para que você e Dino possam conversar. Por favor, me procure quando acabar. – Passou por mim e apertou meu ombro levemente, dirigindo um sorriso para mim e saiu em seguida.

Olhei para Dino, havia dois homens com ternos pretos atrás dele. O loiro, ao perceber que eu estava desconfortável, rapidamente deu ordens para eles se retirarem, agora era apenas nós dois na sala. Ouvi-o se levantando e vindo em minha direção. Mantive minha cabeça baixa, me recusando a olha-lo. O que será que ele pensa sobre isso? Como pode manter-se tão calma diante da situação?

Fui tirada dos meus pensamentos por um barulho, quando olhei para o lado encontrei Dino com uma cara de dor, esfregando um ponto da cabeça. Aparentemente ele a havia batido em um armário do meu lado. Não contive o riso e ele também não. Assim, o momento constrangedor foi brevemente quebrado. Sentando-se na poltrona do meu lado, disse:

– Eu sei que é tudo muito repentino, já estive em seu lugar, e sei que não é fácil, mas gostaria que você pelo menos pensasse sobre isso.

Dino me olhava com o semblante compreensivo e angustiado ao mesmo tempo, como se estivesse com medo da minha reação. Naquele momento me peguei presa ao seu olhar novamente. Como podia haver tanto carinho neles, sendo que ele mal me conhece? E considerando que eu estava gritando há poucos minutos, não devia haver simpatia nenhuma por parte dele. Foi difícil encontrar voz para dizer algo, e quando consegui, não passou de um sussurro.

– Você aceita isso?

Dino ajeitou-se na poltrona, abriu a boca para falar algo, mas fechou-a novamente, como se tivesse pensado em uma resposta melhor. Sorriu docemente para mim e finalmente respondeu:

– Sim. Completamente. – A última palavra me pegou de surpresa, não esperava que afirmasse com tanta certeza.

– Por quê? Não quer ter o direito de escolher com quem quer passar o resto da sua vida? – Falei, já com o tom de voz normal. Dino me lançou um olhar de dor que se foi tão rápido quanto chegou.

– Não posso explicar agora, é muito cedo ainda. – Nesse momento, ele pegou minha mão entre as suas. – Só peço que me dê um tempo. Posso fazer você acreditar em nós, em que essa relação pode dar certo. E se no final, você ainda não concordar, darei de um jeito de cancelar esse acordo. Mas por favor, deixe-me mostra-la o quão maravilhoso podemos ser juntos.

A apreensão em seu rosto era tamanha, que não pude deixa-lo sem uma resposta por muito tempo. Sem nem pensar direito concordei, afinal, não custava nada tentar. Dino parecia ser um homem realmente muito bom e atencioso. Mesmo achando que as chances de eu concordar com isso sejam baixas, talvez eu me surpreenda.

Era possível ver o alívio o atingindo, transformando sua expressão. Com um suspiro, Dino levantou-se, batendo a cabeça novamente. “Atrapalhado”, pensei. Nós rimos e ficamos nos encarando por certo tempo, até que ele fez algo que me deixou sem reação alguma. Abaixou-se e beijou minha testa.

Tudo bem, foi apenas na testa, mas a forma como ele demorou os lábios nela e a ternura que continha naquele simples beijo, me deixou sem palavras mais uma vez. Pela segunda vez no dia, Dino Cavallone me faz algo que eu não esperava. Parece que realmente ele vai me surpreender.

。。。

Respirei fundo e bati a larga porta dupla de carvalho esculpida com elementos que pareciam definir um céu, que se partiu ao meio quando a porta foi aberta. Meu pai deu passagem para eu entrar no escritório, que era bem espaçoso. As paredes eram de uma cor escura, assim como o chão. As cortinas eram vermelhas e iam até o chão. No centro havia uma mesa comprida de carvalho, que estava com vários papéis espalhados. Aparentemente, Timoteo não era dos mais organizados.

Sentei-me em uma poltrona de frente para a mesa, e meu pai, em sua cadeira. Cruzou as mãos e as apoiou no móvel a sua frente, respirando fundo, disse:

– E então? Conversaram?

– Sim. – Foi minha simples resposta, não sabia mais o que responder além daquilo. – Mas realmente acho que não o senhor não precisava ter saído logo após soltar uma bomba daquelas! – Timoteo riu.

– Sinto muito, Dino havia me pedido para falar a sós com você após a notícia. Ele achava que seria melhor assim. – Disse entre risos. De repente a risada morreu em seus lábios. –Funcionou?

– Por enquanto, sim. Concordei com que ele me provasse que esse casamento pode dar certo. Acho que vamos nos conhecer primeiro, nem sei mais. – Suspirei pesadamente e me afundei na poltrona.

– Você vai acabar cedendo. São poucas as mulheres que resistiram ao charme dele. – O sorriso do meu pai se foi rapidamente ao perceber a minha preocupação. – Ah não, não foi isso que eu quis dizer. Sim, houve uma época que Dino era um mulherengo, mas ele mudou. Não é mais assim. Você tem minha palavra.

Minha preocupação diminuiu um pouco, mas não se foi completamente. Realmente, Dino é muito bonito, e pelo o que meu pai falou, já esteve com várias mulheres, a partir de agora posso vir a enfrentar vários problemas. Ex-namorada maluca, traições, fangirls possessivas. Teria que ser cuidadosa em relação a ele.

Com um sorriso fraco, dei boa noite ao meu pai e me retirei. Precisava ligar para minha mãe urgentemente e contar tudo. Tudo o que eu mais queria nesse momento era desabafar com alguém.

Subi as escadas correndo e entrei em meu quarto. Por um milagre não me perdi dessa vez. Peguei o celular e disquei o número da minha mãe. Tocou duas vezes antes que ela atendesse.

Filha? Que saudade! Como estão as coisas? Está gostando daí? É muito frio? Ouvi dizer que é. Ai meu Deus, justo agora que você esqueceu aquele casaco de lã que sua vó lhe deu Natal!

Comecei a rir. Ouvir a voz da minha mãe e o velho tom de preocupação nela, me fez sentir uma saudade enorme e me coração apertou. Agarrei o celular com mais força e quando dei por mim, estava chorando.

Foi repentino, não consegui evitar. A dor de não poder ter minha mãe do meu lado me abraçando e confortando, era enorme. As lágrimas simplesmente rolavam sem parar e junto com elas veio os soluços.

Catarina? Você está chorando? O que houve menina?! Alguém te fez alguma coisa? Olha, eu posso ir aí agora mesmo e te trazer de volta, e ai de quem me impedir! – Ri novamente. A maneira como ela falou me deixou mais segura sobre tudo. Não importa o que aconteça, eu ainda terei minha mãe.

Respirei fundo e contei tudo. Desde quando cheguei, até quando fui ao escritório conversar com meu pai. Pensei que minha mãe iria surtar, mas quando a única resposta que eu encontrei foi o silêncio, fiquei confusa.

– Mãe? Você ouviu o que eu disse? – Achei que a ligação havia caído, mas quando ouvi um barulho do outro lado da linha, uma ideia me bateu. – Você já sabia. – Não havia sido uma pergunta.

Catarina, sinto muitíssimo filha, eu—

– Você sabia sobre isso e não pensou em me contar?! – Gritei pelo telefone. A única pessoa que eu achei que iria me entender, me dá uma bela de uma facada pelas costas. Por essa eu não esperava.

Catarina, me escute! Quando vim com você para o Brasil, era para que você não vivesse essa vida perigosa que seu pai leva. Sempre soube que você estava prometida em casamento e não concordei, por isso, pedi a seu pai para manter em segredo até que você fosse maior de idade, assim poderia tomar sua própria decisão a respeito disso. – Pude ouvi-la suspirando do outro lado. – Seu pai me falou sobre esse garoto. Parece ser bom e isso, só você e mais ninguém poderá confirmar. Quero que saiba que qualquer que seja sua escolha, eu te apoiarei. Você é minha filhinha apesar de tudo, e eu lhe amo mais do que tudo que existe. Perdão meu amor. Fiz isso apenas para o seu bem.

Chorei novamente. Ainda estava com um pouco de raiva dela, não iria negar, mas mostrar isso e guardar rancor, não era o melhor caminho. Entendo que ela só fez o que fez apenas para me proteger e porque achava que era o melhor, mas mesmo assim, doía.

Não disse que a perdoava, não estava pronta ainda, apenas desconversei dizendo que não estava mais com raiva. Conversamos mais um pouco sobre como as coisas estavam pelo Brasil e depois deliguei, com a desculpa de que iria dormir, mas a verdade é que não conseguia falar agora com ela, precisava de um tempo.

Mal desliguei o celular e já comecei a ligar de novo. Não demorou muito para atenderem e uma voz feminina vir do outro lado. Sorri ao ouvir.

Alô?

– Elena, sou eu. Liga pra Carolina e coloca-a na ligação.

E boa tarde pra você também! Essa é a primeira vez que liga desde que chegou aí e nem pensou em dar um olá? – Havia um pingo de irritação na voz dela, mas percebi que não era nada sério.

– Desculpa, mas é que eu tenho notícias urgentes. – Expliquei. – E pelo amor de Deus, a gente já tinha se falado antes.

Sim, mas por mensagem. Voz é outro nível e merece ser tratado com o devido respeito. – Revirei os olhos e ri. Elena continuava a mesma.

Fiquei na linha de espera enquanto ela ligava para Carolina e a colocava na linha. Esperei por alguns minutos até que pude ouvir a voz dela.

Como assim notícias urgentes?! Catarina, fala tudo agora! – Carolina praticamente gritou do outro lado da linha.

Outra mal-educada! – Elena disse, mas foi ignorada.

Contei a elas tudo o que aconteceu desde a última vez que nos falamos que no caso, era quando eu estava prestes a me encontrar com Dino. Já sabia basicamente o que elas iriam dizer, mas mesmo assim, precisava ouvir.

Meu Deus do céu Catarina! – Carolina foi a primeira a gritar. – Não precisa nem ser bonito, me manda foto agora!

Mas como assim?! Vai se casar?! Como ele é? É velho? Legal? Engraçado? – Elena disse em seguida.

As duas me bombardearam de perguntas até que fiquei completamente perdida e tive que gritar para que se acalmassem, quando finalmente fizeram, pude falar.

– Eu ainda não concordei em me casar com ele, nós vamos nos conhecer primeiro e ver onde vai dar. Ah, e Carol, se quer ver uma foto, pesquisa por ele no facebook. Não sei se tem, mas não custa nada tentar.

Ok, vou ver se acho. Agora, conta pra gente, você gostou dele? – O silêncio de expectativa que se seguiu foi excruciante.

– Sim, até agora ele é bem legal, só um pouco atrapalhado. – Respondi, me lembrando de como ele bateu com a cabeça no armário duas vezes.

Mesmo assim, vamos fazer a ficha completa dele e dizer se aprovamos ou não. Deixa com a gente. – Elena falou em um tom de voz brincalhão que me fez rir.

Pois por mim ele está mais do que aprovado! – Gritou Carolina do outro lado. – Elena, amiga, te mandei o link do facebook dele. Entra agora mesmo! Jesus Catarina! Juro por Deus que se você deixar esse homem escapar, eu não vou te perdoar nunca! Sério, ele é provavelmente mais bonito que metade dos garotos daqui. – Ri, porque era verdade.

– Se vai dar certo, se não der, não poderei fazer nada a não ser deixa-lo ir para outra mulher. – Falei em tom sério.

Se eu estivesse solteira, até pediria para você me apresentar a uns amigos deles, mas estou muito feliz com meu Armim. – Carolina tinha razão. Ela e Armim formavam o casal mais lindo que eu já vi, dava para ver que eles se amavam.

A conversa durou até umas onze da noite, quando eu estava morrendo de sono. Conversamos sobre várias coisas, mas inevitavelmente voltávamos para o mesmo assunto: Dino. Finalmente, me despedi das duas e me preparei para dormir, já estava bem tarde e teria que acordar amanha cedo.

Acho que vou ligar para elas mais vezes. Foi muito bom conversar por telefone, como Elena disse, é realmente bem diferente de se conversar por mensagem, parece ser algo mais íntimo, mais pessoal. É quase como se eu estivesse lá no Brasil e fosse apenas mais um dia normal da minha vida, sem nenhuma surpresa, sem nada de especial.

Abri o laptop para dar uma checada nos e-mails e facebook antes de dormir. Abri o site, uma notificação de amizade. Meu coração pulou no meu peito ao ver que era o Dino, e meu Deus... Não era a toa que Carolina estava tão afobada em relação a ele. Estava parecendo um modelo na foto, com seus óculos escuros estilo aviador, camisa sem manga mostrando a tatuagem e um sorriso de canto de boca que mataria qualquer uma.

Aceitei o convite e suspirei ao imaginar a luta que teria daqui para frente. Como meu pai disse, não seria realmente nada fácil resistir ao charme desse homem...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Fun Fact: O namorado da Carolina, eu imaginem sendo o Armim de Amor Doce, um otome-game bem legal.
A partir do próximo capítulo as coisas vão melhorar e o drama vai começar heheheh
Beijos e até o próximo capítulo!



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