O sol estava escaldante naquele dia. Uma típica tarde de quarta feira de início de verão. Ludmila estava sentada muito ocupada enquanto tirava sua atenção do telefone celular em sua mão, para o milk-shake de morango a sua frente, na mesa.

A garota tinha tido a brilhante ideia de ir para o shopping mais próximo tentar se distrair ao invés de fazer seus deveres extraordinariamente chatos de álgebra.

O shopping que por muitos anos tinha sido como um lar, agora estava perdendo a cor, a graça e a loura se perguntava por que tinha voltado ali depois de tantos meses. Será que tinha sido apenas mesmo o calor que tinha a feito ir para aquele local?

Nunca mais ela tinha sentido essa atração, porque logo agora que precisava estudar tinha sentido?

Deixando por fim a atenção do telefone um pouco de lado, colocando-o na mesa e pegando o milk-shake, Ludmila revivia os longos momentos que tinha passado naquele shopping nos anos anteriores.

Conseguia lembrar-se de tudo: das cores e risadas aos cheiros e tropeços.

Naquele tempo que tinha sido há quase um ano e meio atrás, era uma pessoa meio que vazia e que se perguntava o que estava fazendo de sua vida constantemente. Qual era o real motivo para ela ser daquele jeito?

As aulas do estúdio tinham tomado o seu fim há alguns meses atrás e já tinham se iniciado novamente. Infelizmente - ou felizmente, nunca se sabe - Ludmila não estaria lá naquele ano.

A garota tinha decidido que embora se autoconsiderasse uma mega estrela, aquele talvez não devesse ser o seu futuro. Então tinha tido uma ideia; a ideia de mudar, e dessa vez seria verdadeiramente. Ela queria mudar, almejava isso com todas as suas forças.

Então traçou novos planos e metas que de sua cabecinha foram para a ponta do lápis.

Inscreveu-se em uma universidade em Chicago ainda não sabendo muito bem o que cursar, iria fazer a prova e tinha em mente que iria sim conseguir passar. Ela sempre conseguiria e desta vez não iria ser diferente, não poderia ser.

Pediu seu pai para lhe dar as coisas básicas que uma pessoa precisa para viver, ou seja, casa, móveis, comidas e tudo isso até que conseguisse um trabalho, e ele tinha concordado com isso.

Pensava que já estava mesmo na hora de sua filha acordar para a vida e parar de viver em seu mundinho de constelações.

Já entediada, a garota se levantou e se dirigiu a saída do shopping que ficava próximo ao estúdio On Beat.

Pensou momentaneamente em ir lá, ver como estavam às coisas, dar um último adeus. Entretanto, logo desistiu, não queria se lembrar de nada.

E ficaria muito grata se nunca mais voltasse aquele lugar novamente.