Lori sorriu quando estendeu outra peça de roupa na cama. Acariciou o tecido cor de rosa, imaginando que em alguns meses teria alguém ali. Pensou em como o tempo tinha passado depressa e em como muita coisa mudou nesse período de tempo. Lori já não era mais a mesma, aliás, ninguém ali era mais o mesmo. Desde que Daryl foi levado, tudo estava tão confuso, principalmente para Carol e Sophia.

Sabia que Rick estava dando tudo de si para tirá-lo de lá. Mas as coisas pareciam se complicar cada vez mais. Já tinha passado um mês... Um mês que todos tentavam entender o que realmente tinha acontecido. Daryl era o irmão bom, que não se metia com as mesmas coisas erradas que Merle. Ele era o cara que as pessoas costumavam dizer que foi preso... Mas Daryl? Não... Ainda que algumas pessoas comentassem sobre isso, o assunto parecia ter morrido na cidade. Ninguém gostava de falar.

Lori observou Rick enquanto o mesmo terminava de se vestir. Seus olhos se encontraram com os dele através do espelho. O xerife abriu um largo sorriso para sua esposa. Não era algo verdadeiro como sempre foi. Estava sorrindo por educação e se perguntava quando isso começou.

– Você parece feliz. – Lori comenta.

– Os advogados que estão cuidando do caso de Daryl me ligaram. – Rick pega sua jaqueta e suspira. – Eles podem ter algo importante... Eu te vejo de noite.

– Espero que não seja mais um alarme falso... Carol não agüentaria... – A mulher caminha até seu marido, abraçando-o pela a cintura. – Eu te amo... Não se esqueça disso.

– Não vou. – Seus lábios alcançaram os dela. Rick sussurrou um “até breve” e saiu.

Lori se sentou na cama, sabia que tinha algo errado... Diferente. Rick estava diferente, eles estavam distantes novamente... Mas não como da primeira vez, antes Lori sentia que Rick a amava, independente de qualquer coisa que acontecesse entre os dois... Mas agora ela já não tinha tanta certeza.

Não gostava de pensar na possibilidade de Rick ter outra mulher... Talvez não fosse algo tão grave, ele só estava preocupado por Daryl. Ela não tinha que se preocupar com nada.

– Mamãe, Sophia está lá em baixo. – Carl avisa.

Lori sorri carinhosamente para o filho. Não demora muito para que desça as escadas e encontre Carol e Sophia sentadas.

Estavam exatamente como da ultima vez que as viu. Tristes... Inclusive a pequena Sophia. Não era a primeira vez que perdia alguém dessa forma, também não era a primeira vez que ficava longe de Daryl. Mas seus olhos azuis perderam toda a alegria que tinham á um tempo atrás. Embora sorrisse, quem a conhecia bem o bastante, saberia quanta dor aquele sorriso carregava e quantas lágrimas ele escondia. Não era muito diferente de como Carol se sentia. Daryl deu um mundo para ela, fez escolhas e tomou decisões que nenhum outro homem tomaria, ele a salvou... E ele provou diversas vezes que era capaz de amá-la da forma que ela merecia ser amada.

Ela sabia de todas aquelas coisas, assim como sabia que não poderia agradecê-lo por tais atos... Ficar sem Daryl, era como tocar numa vela acesa e não sentir o fogo queimando sua pele, era como não sentir frio ou calor... Ou dor... Era como não ter um coração, ela já não o sentia bater, mas sentia ele se quebrando a cada vez que seu pensamento desenhava o rosto do caipira.

Rick andava de um lado para o outro. Andrea rola os olhos, desistindo de tentar acalmá-lo. Era sempre assim, quando surgia alguma esperança, nada o parava.

– Eles estão demorando... Essas pessoas não conseguem cumprir um horário? – Ele diz passando as mãos pelo o cabelo.

– Nem está na hora, Rick... Fomos nós que chegamos cedo de mais. – Andrea se senta em uma das cadeiras, se perguntando quando tinha decidido ajudar os Dixon.

– Senhor Grimes. – Uma mulher se aproxima, estava acompanhada de mais dois homens. – Sou Anna Prior, estou cuidando do caso de Daryl.

Rick aperta a mão da mulher. Seus olhos seguem para um dos homens parados atrás dela.

A mulher sorri e passa por Rick, entrando em uma das salas.

Andrea o olhou, estava confusa. Geralmente não era ela quem vinha a esse tipo de reuniões. Rick suspira e entra na mesma sala, sendo seguido por Andrea e os outros homens.

Estava mais nervoso do que das outras vezes. Não sabia se conseguiria tirar Daryl de lá, não sabia o que esperar daquela conversa.

– As acusações foram retiradas. – A mulher diz sem olhar para Rick. – Não foram encontradas provas o suficiente para incriminar Daryl Dixon. Por enquanto não temos nada... Mas as investigações vão continuar, qualquer coisa que encontrarem será o bastante para mandá-lo de volta para a prisão.

– Eu sei. – Rick diz. - Vou cuidar para que ele se comporte.

Beth deslizava a ponta da caneta sobre o papel. Seus olhos estavam focados no pequeno caderno a quem ela apelidava de amigo. Distraía-se algumas vezes com as risadas de Glenn e Maggie. Parou um tempo para observá-los.

Não se lembrava da última vez que viu Maggie sorrindo daquela forma. Ela estava tão feliz, tão viva... Perguntava-se se algum dia olharia assim para alguém, se poderia segurar na mão de um homem e sorrir tendo certeza de aquilo tudo era real.

Sua mente foi golpeada pelos os olhos do xerife, olhou para as folhas do caderno em sua mão, reparando o nome dele em algumas linhas.

Mais uma vez se sentiu incomodada com a grande bolha que se formou em seu estomago ao pensar em Rick. Ela sabia o quanto aquilo era errado, o quanto era errado se sentir daquela forma, mesmo não fazendo ideia do que sentia.

Beth estava começando a pensar sobre sua vida, estava começando a querer tomar suas próprias decisões e tudo parecia muito confuso para ela agora. Seu corpo estava diferente, sua mente estava diferente. Ela já não pensava mais como uma garotinha, já não chorava mais quando algo bobo lhe magoava e já não corria para a cama de sua mãe quando tinha pesadelos.

Estava crescida, tão madura quanto Maggie. E o que mais lhe roubava o tempo, era ele... O único que a fazia questionar o quão errado as coisas poderiam ser. O único que a fazia sentir coisas diferentes. Rick.

Mais uma vez olhou para sua irmã. Dessa vez não se imaginou segurando a mão de um homem. Não precisou fazer muito esforço para imaginar alguém. Ela segurava a mão de Rick.

– Ainda não entendo o que sua irmã viu naquele rapaz. – Hershel se senta ao lado da filha. – Você entende?

– Ás vezes... – Ela responde, mandando seus pensamentos para qualquer lugar distante. – Não escolhemos por quem vamos nos apaixonar. É como... Como nos sonhos, nós nunca sabemos o que vai acontecer, mas quase sempre temos certeza do que devemos fazer.

O homem sorri um pouco. Nunca a ouviu falar daquela forma.

– Ainda estamos falando da Maggie? – Pergunta.

Beth suspira e fecha o caderno. Ela dá mais uma olhada para o casal antes de se virar para o pai.

– Claro.