Eu olho pela janela do quarto, sonhando com o dia em que serei livre. E esse dia parece demorar tanto para chegar... Eu quero sair daqui logo. Odeio tudo nesse lugar, absolutamente tudo.

A noite está bonita, estrelada. Mas com certeza estaria mais bonita se eu não estivesse nesse orfanato horroroso, se eu fosse livre.

Mas minha liberdade está próxima. Só mais quatro anos, mais quatro anos e serei maior de idade, poderei sair do orfanato.

Ás vezes me pergunto o que fiz para merecer tamanha infelicidade. O que fiz para merecer perder meus pais. Deve ter sido uma coisa muito ruim. Mas eu acredito que um dia, quando for livre, serei feliz.

" Eu acredito " sussuro para as estrelas.

Continuo olhando pela janela, sonhando com o dia em que seria livre. Quem sabe eu até procurarei algum parente vivo... A única certeza é que eu serei mais feliz.

Vejo um vulto passar pela janela. Estranho, parece... parece uma sombra humana. Mas para ter sombra, tem que ter alguém, e é impossível alguém estar naquela altura.

A Sombra fica parada em frente a janela, agora posso ve-la perfeitamente. Seus olhos são brilhantes e ela parece pedir para que eu abra a janela.

Eu devo estar sonhando... isso é impossível, ilógico, não pode ser real. A Sombra parece pertencer a um garoto. Belisco meu braço, e sinto uma pontada de dor. Aquilo é bem real.

A Sombra continua parada na frente da janela. Será que devo abri-la? A Sombra deve ser perigosa, mas entre me arriscar e ficar naquele orfanato por mais quatro anos, dos males o menor. Abro a janela.

A Sombra pega a minha mão e me puxa para fora. Solto um grito, minhas pernas estão balançando no ar, eu estava pendurada à uma altura de quatro andares, sendo segurada por uma coisa que nem devia ser real.

A Sombr começa a voar, cada vez mais alto e mais rápido, e de repente, mais quatro anos no orfanato me parecem uma boa opção. Estou completamente enjoada e não paro de gritar. Voar definitivamente não é para mim.