Honeymoon Avenue escrita por Nathalia de Oliveira


Capítulo 5
Honeymoon Avenue


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem de mais um capítulo.
Perdoem-me meus leitores pela demora, estive com um bloqueio de criatividade tenso.
Boa leitura!



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Aconteceu a peça mais esperada de todos os alunos do meu colégio: Romeu e Julieta. Não pude participar pois eu estava no hospital. Mas Ariana era uma figurante. A peça era uma versão boa de Romeu e Julieta, a qual eles não morrem. Eles casam e tem filhos. Eu achei uma boa ideia, mas confesso que a atuação dos alunos deixou um pouco a desejar. Eu também estava muito vidrada em Romeu e Julieta, pois digamos que esse era o meu livro favorito. Eu estava escrevendo uma versão atual de como seria Romeu e Julieta versão século XXI. Eu acho que não teriam a inocência e o amor puro como eles tinham antes, talvez eles fossem apenas ficantes.

Eu fui pro hospital para ver como eu estava, afinal, dois meses atrás eu estava num coma vegetal. Chegando lá, varias pessoas em situações inexplicáveis estavam na fila. Eu não podia explicar o que eu sentia quando via aquelas pessoas, com suas doenças, e saber que algumas delas tinham dias contados. E ainda saber que eu posso ser uma delas. As vezes, tento não pensar na minha doença quando estou com Ariana ou Felipe. Porém esses dias parece impossível...

O fato de eu achar que ninguém estava me vendo ou ouvindo me assustava demais. Eu não sabia nem o que dizer pro meu pai, que suspirava alto toda vez que o médico falava a palavra "exame". Eu detestava exames.

Descobri que meu quadro melhorou uns 10%. O médico disse que era estranho eu ter melhorado de uma hora para outra, mas acho que ele só disse isso pra tentar animar meu pai, que tinha derramado café de tanta tremura em suas mãos. Estive pensando se meu pai, se soubesse que eu tinha essa tal doença, me adotaria do mesmo jeito. Estive pensando o porquê dele fazer tudo isso por mim. Nem de sangue nós éramos.

Voltei pra casa e contei para Felipe que meu quadro tinha melhorado. Ele ficou feliz e disse que tinha uma notícia para me dar. Como entrei em férias de verão recentemente nós iríamos viajar. Mas não era uma viagem qualquer. Era para Nova York. Ele tinha parentes que cederam a casa para nós dormimos lá. Eu logo pedi pro meu pai, que deixou na mesma hora. Acho que ele pensa que o Felipe é o motivo do meu quadro ter melhorado, talvez se eu tivesse depressão meu quadro estaria pior, tipo... morta.

Algumas semanas depois eu e Felipe já tínhamos embarcado. E naquele dia eu só tinha de agradecer tudo o que ele tens feito por mim. Sério, eu nunca imaginei amar e ser amada daquele jeito. Pra mim, histórias de amor só funcionavam em novelas e filmes, os quais eu sempre odiei ver. Eu sempre detestei romance, talvez porque todos os meus acabaram em algum fiasco.

Depois de muitas horas de viagem eu e Felipe chegamos, e com um guia achamos a casa. O pessoal da casa era muito legal, eu fiquei conversando com cada um deles mas de repente ouvi um grito vindo de Felipe do lado de fora da casa. Saí em disparada pra ver o que tinha acontecido, mas eu só o vi apontando para uma placa. A placa indicava o nome da vila em que os parentes dele morava. E o nome era Honeymoon Avenue.

Apenas sorri, não podia acreditar. Eu não conseguia explicar direito o que aquilo significava pra mim, só de imaginar o quanto aquilo marcou a minha vida e a vida de Felipe, eu já tinha meus olhos cheio d'água. Honeymoon Avenue era o nosso princípio, meio e fim. Se é que nossa história vai ter fim.

Eu e Felipe saímos para jantar, e foi uma noite inesquecível. Ele pagou tudo e ainda teve show de violino - meu instrumento favorito - sem dúvidas aquela foi uma das melhores noites da minha vida inteira. Mas não ficamos em Nova York por muito tempo, voltamos depois de uma semana. Não aconteceu nada de muita importância, mas serviu para me distrair um pouco da desgraça que era a Miastenia.

Na noite em que voltei para casa, soube que nesse meio-tempo Ariana estava namorando. Enquanto estava em NY ela tinha me mandado uma mensagem que dizia "Honeymoon Avenue" mas na verdade não entendi. Depois que cheguei de viagem fui saber que ela jantou com Guilherme no Honeymoon Avenue e ele a pediu em namoro na frente de todo mundo - assim como Felipe fez.

Amanheceu e eu tive algumas tonturas, porém apenas um desmaio. Meu pai me socorreu, fiquei no hospital por algumas horas, mas o médico disse que não foi nada de muito grave. Talvez foi algum choque que a doença me fez, ele disse que eu tinha que tomar algumas vitaminas para os meus músculos não sentirem falta das proteínas que estão perdendo.

Então todos os dias eu tenho que tomar uma coisa azul que deixa um gosto ruim na boca. Não reclamei, afinal, depois daquele remédio eu fiquei bem melhor. Sem tonturas, sem desmaios. Eu passei umas ótimas semanas, e minhas férias infelizmente acabaram. Agora eu estou em provas e tenho que estudar muito. Mas não é nada impossível. Estamos na segunda metade do ano, e tudo está acontecendo perfeitamente. Eu tinha um namorado - o qual era perfeito, uma melhor amiga, um pai protetor, uma casa linda, um colégio perfeito, e ainda estava fazendo o que eu mais amava no mundo: escrever.

Escrever simplesmente é o que eu quero fazer pro resto da vida, escrever define o que eu sou. Eu acho a ideia de transformar seus sentimentos em versos simples maravilhosa. Mas ninguém sabia, a escrita era um dos meus maiores segredos. Não ousaria deixar nenhuma amiga minha ler qualquer poema meu sequer. Pensava em publicar um livro, porém não tinha coragem para fazer isto.

Eu queria poder falar para uma nação inteira o que é realmente importante. Que eles são importantes, que eles podem abraçar o incrível, que eles tem que acreditar que simplesmente tudo pode acontecer. Afinal, se você pode sonhar você pode fazer. Acabem com os padrões. Parem de procurar um livro pra viver numa biblioteca lotada, e comecem a escrever o seu próprio.

Eu não queria ser só mais uma, queria ser escutada, entende? Eu não quero ser um lápis numa caixa de 48, eu quero ajudar a colorir o mundo inteiro. Afinal, agora eu sei, que tudo pode acontecer.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que vocês tenham gostado!



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