Eyes Of The War escrita por buckyonce
Notas iniciais do capítulo
Te amo, Sofia ♥
>>>>>>>>>>>>>>>>> #Lalia ♥ ♥ ♥
Como lidar com a saudade?
Como lidar com o fato de você não estar mais aqui comigo?
O que farei agora sem você?
Nosso casamento, nosso filho e nossos planos... Tudo acabado.
E pensar que o que te tirou de mim foi uma guerra à milhares de quilômetros daqui. Uma guerra que eu sabia que iria terminar mal. Mas você tinha dito que ficaria bem e que voltaria. Por mim e por nosso filho. E eu acreditei. Eu realmente achei que nada de mal aconteceria com você...
Como eu pude crer?
Olhando para a paisagem calma e tranquila de Chicago, agora coberta pela neve, lembro-me de nosso namoro. Quando saímos pelas ruas congelantes, de mãos dadas. Você dando seu casaco para mim, como um perfeito cavalheiro e dizendo que eu era seu tudo e que não queria me perder nunca.
Ou então nossos verões no Texas, na casa da sua família, onde andávamos de bicicleta, caminhávamos horas e horas, e de noite, víamos as estrelas no telhado, ignorando completamente os avisos de sua mãe para tomarmos cuidado. Você pegava minha mão e a beijava, bem no dedo anelar, dizendo que em alguns anos, aquele dedo não estaria mais vazio. Eu sorria, tímida e boba, e lhe dava um leve beijo.
Fechei a cortina com uma lágrima traiçoeira caindo e me virei, dando-me de cara com nosso filho vindo no corredor. Ele ainda tinha um ano e mal caminhava, mas só em vê-lo, eu já me lembrava de você. Mesmos olhos, mesmo nariz, mesmo sorriso... Aquele sorriso que me fez te amar e te adorar...
Jonathan era seu nome. Jonathan Daniel Heisenberg. Em homenagem a seu pai, um ex-soldado morto na Primeira Guerra. Mas, não era assim que o chamávamos. Para nós, ele sempre fora Johnny.
De repente, Johnny veio correndo até mim. Abri meus braços para pegá-lo, mas ele acabou caindo. Corri para alcançá-lo e quando o peguei, ele estava sorrindo. As covinhas nas bochechas aparecendo e eu sorri, apenas o olhando. Trouxe-o para mais perto de meu rosto, de modo que nossos narizes se tocassem e ele riu, dando palmadinhas no meu rosto. Ajeitei-o no meu colo e parti para a cozinha, a fim de preparar uma sopa para ele. Quando adentramos no pequeno compartimento, o pus na cadeira alta e fui preparar a sopinha, sem antes dar mais uma olhada em Johnny.
Ele ria e se divertia com seu brinquedo. Um cachorrinho de pelúcia. E quando nossos olhos se encontravam, ele sorria ainda mais, me fazendo te ver cada vez mais nele. Afastei meus pensamentos e preparei a sopa, soprando-a antes de dar a ele.
Isso me fez ter uma outra lembrança...
* * *
-- Ah, vamos Johnny, tome a sopa!
-- O que houve, amor?
-- Johnny não quer tomar a sopa. Não sei por quê. - Você tinha feito um biquinho e eu ri, pegando a sopa e rapidamente a soltando.
-- Não me surpreende que Johnny não queira tomar a sopa. Está muito quente, amor. Precisa assoprá-la e depois, dar a ele.
-- Assim? - Peguei a colher, soprei, e pus na boca do bebê, que imediatamente a tomou.
-- Viu?
-- O que seria de mim sem você, afinal? - Você me puxou e tomou-me um doce e breve beijo. - Te amo.
-- Também te amo.
* * *
Terminei de dar a sopa a Johnny e o levei para banhar e dormir. Depois de arrumado e cheiroso, trouxe nosso bebê para a sala e comecei a cantar aquela velha cantiga de ninar, que só você sabia e que cantava para ele quando este estava muito inquieto. Lembro-me que eu ficava sentada na cozinha, apenas observando-os enquanto você balançava na cadeira e Johnny adormecia em seus braços. As feições parecidas com as suas até na hora de dormir.
Logo, o pequeno maroto adormeceu e eu o levei para o berço. Fiquei o observando até que decidi comer algo e fui para a cozinha. Mais uma vez, as lembranças me rondaram e, dessa vez, não me contive...
* * *
-- Onde estamos indo, afinal?
-- Calma, querida, só mais um pouco...
-- Não me faça querer abrir os olhos, amor. Mostre-me logo a tal surpresa!
-- Abra agora! - Ele falou e eu abri, arfando ao ver o que era.
-- É nossa? - Falei apontando para a casa de dois andares amarela e com um lindo jardim na frente.
-- Sim, inteiramente nossa. Gostou?
-- Eu amei! - Falei, agarrando-me a você e lhe dando um beijo feroz e amoroso. Nos separamos arfantes, e eu me virei mais uma vez, para me deparar com a casa.
-- Podemos entrar?
-- Claro! Venha. - Você falou e pegou minha mão, guiando-me até a entrada da casa, aonde pegou uma chave do bolso e com ela abriu a porta. Dentro, ela era ainda mais estonteante. A decoração era perfeita. Havia dois sofás azuis perto de uma lareira aconchegante, uma sala de jantar com uma mesa que pressupus ser bastante antiga e ainda tinha castiçais com várias velas. Andei mais para dentro e vi a cozinha, pequena, mas acolhedora. - Querida, aqui em cima!
Corri para cima, prestando atenção nos quadros e detalhes, e vi o que me esperava. Você estava diante de um quarto pequeno e amarelo.
-- É o quarto do nosso bebê. - Você falou e eu não pude deixar de me emocionar.
-- É lindo, amor. Eu adorei. Tudo é perfeito.
-- Ainda falta algo!
-- O quê?
-- Nosso quarto! - Você falou e eu ri, deixando-me ser levada até o último cômodo do corredor. Já estava lá uma cama de casal imensa, coberta por lençóis brancos e um mosquiteiro. Adentrei no quarto e, curiosa, toquei no mosquiteiro. Parecia tão mágico...
Virei-me de frente para você, abraçando-o pelo pescoço, e sorri, entorpecida por aquele perfume masculino maravilhoso.
-- Fiquei muito feliz pelo presente - Falei, recebendo um beijinho de esquimó - Obrigada pela casa, amor.
-- Acredite, a felicidade é toda minha por você gostar daqui. - Sorriu, me encarando profundamente. - Só de saber que estamos seguro, já é um alívio enorme.
Você deslizou as mãos dos meus quadris até a lateral das minhas coxas, unindo nossas testas. Apoiei-me em seus ombros e num movimento rápido, envolvi sua cintura com minhas pernas, fazendo com que me carregasse. Sorrindo de um jeito danado, eu o beijei, enquanto dava alguns passos até me prensar contra a parede. Pressionando seu corpo contra o meu. Você parecia estar muito solto, embrenhando suas mãos nos meus cabelos e agarrando-os com força.
Eu, em compensação, comecei a acariciar sua nuca com minhas unhas e passei a distribuir beijos e chupões em seu pescoço. Logo, você passou suas mãos por debaixo das minhas pernas, apertando o interior das minhas coxas e me puxando para mais perto de si. Senti meu corpo todo arrepiado com a respiração quente tão perto do meu ouvido, parecendo gostar bastante do agrado.
-- Se continuar caprichando assim eu vou cair, querida. - Você sussurrou e eu me afastei, recuperando o fôlego.
-- Quer que eu pare? - Perguntei, com um sorriso safado e uma sobrancelha erguida. Você fez cara de derrotado e rapidamente passou os braços por debaixo de mim, me carregando até chegar à cama.
-- Você sabe me provocar direitinho, mocinha. - Murmurou, encaixando suas pernas entre as minhas e passando suas mãos por debaixo de mim, segurando firme em minha bunda.
Você me beijou profundamente e eu deslizei minhas mãos pelos seus ombros até alcançar suas costas. Comecei a puxar sua camisa para cima, sentindo aquele conhecido volume entre suas pernas e nosso beijo foi interrompido por dois segundos para tirar a blusa.
Eu deslizava minhas mãos por sua barriga, peito, ombros e braços durante o beijo, sem saber de qual parte eu gostava mais. Suas mãos geladas escorregaram até as minhas costas, me arrepiando com cada toque, e respirava pesadamente. Não passava de um amasso como qualquer outro, fora o fato de estar sem blusa, mas estávamos tão mais tranquilos porestarmos totalmente sozinhos que cada movimento parecia mais excitante, mais caloroso e mais intenso.
Você partiu o beijo, ofegante, e tirou minha blusa, sem precisar pedir minha permissão.
Nem mil palavras descreveriam o jeito como observou minha barriga e meus peitos, erguendo seu olhar para mim logo depois e sorrindo pervertidamente. Eu sorri de volta, do mesmo jeito safado, sentindo-o acariciar minha barriga de baixo para cima e pousando suas mãos sobre meus seios, ainda parcialmente cobertos pelo sutiã. Você os envolveu com suas mãos suficientemente grandes e os apertou devagar, como se fosse para verificar se aquilo estava acontecendo mesmo.
-- Como você é linda. - Disse baixinho, com os olhos brilhando.
-- Só eu, né? - Sorri fazendo carinho em seus ombros. Você sorriu de volta e me beijou, quase alcançando o fundo de minha garganta com sua língua. Baguncei seus cabelos com vontade, correspondendo ao beijo com o mesmo desejo. Suas mãos não saíram de meus seios, apertando-os com mais força e gemendo baixinho com a boca colada à minha. Eu já começava a suar, arranhando suas costas, quando o senti investir no fecho do meu sutiã...
* * *
Abri meus olhos, assustada, meus batimentos cardíacos estavam muito acelerados e erráticos. Peguei um copo d’água e bebi, tomando mais em seguida. Aquela lembrança fora forte demais. Eu quase pude sentir os toques e os beijos que ele me proporcionava. Voltei à pequena sala e liguei o rádio. Já estava na hora dos anunciamentos referentes à guerra e eu tinha esperança de que, um dia, eles fossem falar seu nome na lista de vivos.
“- E mais uma vez, depois de um dia inteiro de varreduras na Alemanha, Polônia e parte da Holanda, não foram encontradas sobreviventes americanos nos escombros. Aqui vai a lista, outra vez, dos encontrados da semana passada...”.
Desliguei o rádio. Eu não conseguiria ouvir isso. Encostei-me na cadeira e, sem querer, adormeci...
* **
Era um lindo dia de verão. Eu estava na casa da minha tia, Morgana, esperando ela vir das compras para irmos a uma livraria. Eu adorava ler e minha tia sempre me impulsionava a ler mais. Ela dizia que quando eu crescesse, poderia virar uma autora muito famosa e fazer vários livros. Isso sempre me fazia suspirar. Eu adorava essa ideia, porém, meus pais tinham em mente algo contrário. Algo relacionado a casar e ter filhos e eu não queria isso. Eu não queria me prender em algo ainda tão jovem. Ainda tinha 18 anos, minha vida agora que estava começando.
-- Sophie? Está pronta, querida? - Tia Morgana chamou da sala e eu saí do meu quarto. Estava usando um vestido azul bem rodado, longo e com mangas curtas. Em minhas mãos, havia luvas brancas e em minha cabeça, um chapéu azul. Cheguei à sala e saí junto com Tia Morgana. A caminhada da casa de minha tia para o centro da cidade custava apenas 15 minutos. Tempo suficiente para eu perceber o quanto era quente essa cidade. E bonita também. Nada como Chicago, que agora vivia sofrendo mudanças em relação ao mercado, que estava se industrializando e as fábricas tomavam o lugar de casas, praças e prédios antigos.
-- Tia Morgana, onde fica a livraria?
-- Perto da confeitaria, amor. Quando sairmos de lá, pensei em tomarmos um lanche juntas, que tal?
-- Parece uma ideia perfeita, tia! - Falei e ela sorriu, nos encaminhando para a biblioteca.
Quando chegamos, fui direto à sessão de suspense. Sim, eu era fã de livros assim. Nada comum em uma garota, certo?
Fiquei encantada com o número de livros, de vários tamanhos, cores e preços, e me perdi neles. Passei os dedos em suas capas, sentindo a textura de cada um quando senti algo tocar minha mão. Olhei para o dono das mãos e vi um rapaz, que me olhava com a mesma expressão de susto. Seus olhos eram castanhos, mas brilhavam com a luz do sol que vinha da janela do seu lado. Seu cabelo era da mesma cor dos olhos e estavam arrumadas em um topete estiloso e cheio de gel. Seus lábios se curvaram em um sorriso de lado, com covinhas de criança em suas bochechas.
-- Oh, me desculpe, senhor... - Falei, tirando a minha mão da dele e olhando para baixo, envergonhada.
-- Sem problemas, senhorita. Vejo que gosta de livros de suspense, certo? - Ele falou e eu sorri.
-- Sim, adoro. Apesar de ser um gênero diferente do que a maioria das pessoas pensam que gosto. E você, senhor...
-- Hausen. Chame-me de Hausen. - Ele me falou e eu fiz uma pequena reverência, sorrindo logo após.
-- É um prazer conhecê-lo, Hausen. Meu nome é Sophie Thomas. - Falei e ele pegou minha mão, e a beijou olhando diretamente a mim.
-- Enchaunté, mademoiselle. - Ele falou e eu corei, pondo uma das mechas de meu cabelo para trás da orelha. - Já tem algo escolhido?
-- Sim, esse aqui. A Escolha Errada. Parece ser um bom livro. - Falei pegando o livro de capa verde e grandes letras pretas e ele sorriu, pegando-o da minha mão, fazendo com que elas, mais uma vez, se tocassem.
-- Ah, já li esse. Tenho certeza que irá adorá-lo.
-- Sophie, minha querida! Precisamos ir! - Tia Morgana falou à algumas prateleiras depois e eu me despedi de Hausen antes de ir até ela. Minha tia comprou o livro e perguntou se teria algum problema se primeiro fôssemos ao ateliê, que ela iria buscar um vestido. Falei que não e fomos. Ficamos cerca de uns 45 minutos lá, porque Tia Morgana ainda provou o vestido e mandou fazer outros dois, um para ela e outro para mim, apesar de eu ter insistido veemente em não ter.
-- Aqui é a Confeitaria dos Sonhos, meu amor. Espero que goste. - Tia Morgana falou, antes de adentrarmos o prédio. O interior era ainda mais bonito do que eu poderia pensar. Lustres de cristal adornavam o teto, com desenhos que lembravam os tetos da Capela Sistina (que já havia visitado em uma das viagens de papai). As paredes tinham aquela estranha combinação de branco e dourado e cortinas vermelhas decoravam as imensas janelas, que existiam em quase toda a extensão do local. Sentamo-nos em uma mesa e o garçom veio logo nos atender. Pedimos chá e torta de cereja, porque, segundo minha tia, não existia melhor torta que a dessa confeitaria. Começamos a conversar sobre os livros que tínhamos comprado e mostrei à minha tia o meu. Ela pareceu fascinada apenas pelo título e me fez prometer que a emprestaria assim que terminasse. Eu, claro, aceitei.
-- Titia, aqui é tão lindo.
-- Eu sei. Seu tio Vladimir costumava me trazer aqui antes de... Você sabe. - Tia Morgana parou no final e eu a vi contendo as lágrimas. Há pouco mais de dois anos, meu tio Vladimir Thomas, irmão de papai, havia morrido em um acidente de barco, deixando Tia Morgana e suas gêmeas, Isabella e Annabella, sozinhas. Tia Morgana e Tio Vladimir se amavam de verdade e eu podia ver isso no jeito que se olhavam, ou apertavam as mãos, ou até mencionavam seus nomes em alguma conversa. Seus olhos brilhavam e um sorriso brotava quando um aparecia na vista do outro.
Eu sempre tive inveja da minha tia por isso. Amor é algo que eu sempre desejei ter, apesar de não tolerar o pensamento de me casar tão cedo. Pelo menos, eu queria casar com alguém que eu gostasse e não com um desconhecido. Sem querer, lembrei-me do estranho senhor Hausen na livraria e, imediatamente, toquei minha mão direita à qual ele tinha beijado.
Como se o destino quisesse pregar uma peça em mim, quem resolve aparecer no exato momento na confeitaria é o próprio, mais alguns amigos, pelo que pude perceber. Ele pareceu notar que alguém o encarava, porque varreu os olhos pelo local até nossos olhos se encontrarem e eu corar por isso. Ele fez um pequeno gesto com o chapéu e eu acenei a ele. Tia Morgana pareceu notar essa troca de gestos, porque seus olhos passaram de mim a Hausen e ela deu uma risadinha. O que atraiu minha atenção.
-- Algum problema, tia?
-- Não, só estou vendo você e aquele belo rapaz se comunicando.
-- Não estávamos nos comunicando. - Falei, abaixando a mão e corando ainda mais.
-- Bom, então não sei o que estavam fazendo. Não se preocupe, querida. Eu já fui da sua idade e não sou como seus pais, que a privam de viver a vida. Afinal, ela me ensinou que devemos aproveitá-la ao máximo, antes que seja tarde demais. - Ela falou e repousou a mão na minha, em um estranho gesto de reconforto. Sorri para ela e continuamos a tomar o chá, mudando de assunto...
* * *
Aquela tinha sido a primeira vez que eu o tinha encontrado. Eu sempre havia acreditado que amor à primeira vista era apenas coisas de fábula e que príncipes encantados haviam desaparecido com o fim da Idade Média. No entanto, eu acabei renegando tudo quando o conheci. Aquele sorriso... Aqueles olhos... Eles eram capazes de derreter o mais duro coração feito de pedra da história da Terra.
Com os pensamentos a mil e tocando o singelo presente que me dera quando noivamos - um colar com um pequeno par de asas - voltei às lembranças.
* * *
No inverno de 1940, minha família resolveu anunciar que eu me casaria com um filho de um amigo íntimo deles. Aquilo fez meu mundo desmoronar. Eu estava começando a escrever um livro e me recuperar da morte de Tia Morgana - que faleceu seis meses depois do nosso dia na livraria - e meus pais agora me vem com essa noticia.
-- Como você é sortuda, Sophie. - Isabella falou e eu revirei os olhos. Minhas primas tinham vindo morar aqui logo após a morte desastrosa de minha tia, que acabou se suicidando, e ficávamos bastante tempo juntas. Eu estava lendo um de meus livros, preguiçosamente deitada em uma das enormes cadeiras da sala de estar da casa, enquanto minhas primas tricotavam e conversavam em outras duas cadeiras, bem perto de mim. Hoje eu lia “Romeu e Julieta”, para ver se os clássicos conseguiam me reanimar um pouco.
-- Como posso ser sortuda, Bella, se me casar é a última coisa que quero?
-- Dizem que seu noivo é bonito. Um rapaz bem inteligente, de ótimo caráter e com carreira militar! Parece que ele é tenente da base 14 em Dallas, sua cidade.
Meu coração deu um pulo só ao ouvir esse nome mencionado. Instantaneamente, toquei minha mão coberta pela luva e fechei meus olhos, lembrando-me do estranho da livraria.
Hausen...
-- Bom, ele parece ser um ótimo partido e eu não perderia essa chance, querida prima. A sorte está com você, apenas. - Annie falou, saindo junto com Bella, e fechei meu livro, suspirando.
Meia hora depois, mamãe veio me chamar para me arrumar porque meu pretendente estava vindo para jantar conosco. Subi, emburrada, e banhei-me, chegando ao quarto e encontrando a roupa já selecionada pela mesma. Era um vestido vermelho longo e rodado, luvas até o cotovelo da mesma cor e um salto preto. Amarrei meu cabelo em um coque meio frouxo e passei um pouco do batom vermelho de mamãe, mesmo odiando-o. Peguei um de meus cachecóis, por conta do frio, e fiquei esperando a empregada vir e me dizer quando sair.
Dez minutos se passaram e a empregada apareceu, dizendo para eu descer. Enquanto descia, ouvi as vozes de meu pai e minha mãe conversando com alguém - parecia um homem meio velho, por conta do tom da voz - e havia uma mulher ao seu lado também. Quando cheguei até eles, papai fez questão de apresentar-me e eu tentei ser o mais simpática possível.
-- Richard, onde está o seu filho, afinal?
-- Ele havia ido estacionar o carro. Filho venha cá! - Richard falou, indo até a porta e chamando o rapaz.
-- Já vou, papai! - Aquela voz... Parecia-me familiar.
-- Meu querido Jeffrey, quero apresentar-lhe meu filho. - Richard falou e o rapaz entrou.
Hausen...
Era ele.
Com os mesmos olhos castanhos, o mesmo cabelo penteado com gel e o mesmo sorriso de bebê...
Sim, era ele.
-- Hausen. - Murmurei e meu pai olhou para mim.
-- O quê, minha querida?
-- Sim, é você! - Falei, olhando para papai. - Papai, eu já tinha visto esse rapaz antes.
-- Sério? Aonde? - Minha mãe perguntou.
-- Em Dallas. Quando fui visitar a Tia Morgana da última vez. Tínhamos ido à livraria e eu estava na seção de suspense, vendo os livros, quando nos esbarramos por acaso. Depois, nos encontramos mais uma vez na Confeitaria dos Sonhos.
-- Não acredito que o destino me trouxe até você... Sabe quanto tempo fiquei tentando encontrar a garota da livraria, que adorava livros de suspense? - Hausen falou, pela primeira vez, aproximando-se de mim.
-- Eu fiquei muito triste. Não sabia o que fazer. Depois daquele dia, nunca mais voltei à Dallas. - Falei olhando em seus olhos. Uma de suas mãos tocou minha bochecha direita e eu, imediatamente, cedi ao toque, nem lembrando dos outros quatro adultos presentes.
-- Você acreditaria se eu dissesse que me apaixonei por você naquele dia?
-- Amor à primeira vista?
-- Sim.
-- Antes de te conhecer, eu falaria claramente que não. Mas, estando do mesmo jeito que está e sentindo o mesmo que está sentindo, eu diria que não há prova maior e mais legível para isso aqui dentro do meu peito.
Ele sorriu e, instintivamente, sorri também. Vi sua cabeça começar a se inclinar na minha direção, fazendo com que o espaço entre nós ficasse menor, até que ouvimos um pigarro - claro! - vindos de meu pai.
-- Parece que temos muito a conversar. Matilde... Sirva o jantar!
-- Como eu iria saber que você era o meu pretendente? Logo você!
* * *
Com uma caneca de leite quente na mão e vestida para dormir, direcionei-me até a grande janela na sala de estar e sentei-me no confortável banco de couro, observando a calmaria enevoada que era a minha rua. Os flocos de gelo me lembraram do dia do nosso casamento. Havia flores, parentes, brincadeiras e lágrimas juntas em um mesmo dia. Lembro-me de olhar em seus olhos quando fiz meus votos e pensar que aquele era o homem da minha vida. Ver você deslizando a delicada aliança de ouro em meu dedo anelar da mão esquerda me fez perceber que, para sempre, seria sua.
A festa foi igualmente maravilhosa. Nossos pais dançavam, nossa valsa foi perfeita e os convidados também. Lembro-me de ser carregada por você para dentro de nossa casa, pôr os pés pela primeira vez no nosso canto nupcial e me entregar, de corpo e alma, em nome do nosso amor.
Nossos corpos unidos em um só, nossos sons roucos e apaixonados, nossos toques tão desconhecidos, mas tão viciantes ao mesmo tempo...
Tentei afugentar esses pensamentos e concentrei-me no além até que vi uma figura parada em frente a nossa casa e...
Meu coração acelerava.
Aquela visão era demais para mim.
Com passos pesados, fui até a porta e a abri, lentamente.
Meus olhos marejaram rapidamente e meu coração ficou apertado, porque, ali na minha frente, você estava.
Não demorou muito e eu já estava correndo para os seus braços, que me pegaram a tempo. Eu não me importava com a neve fria ou com o fato de estar vestindo apenas uma leve camisola, já que o casaco caiu enquanto corria. Porque o calor vindo de nosso beijo e dos nossos corpos me esquentou e, por um milésimo de segundo, eu pensei ter visto o paraíso.
-- Você voltou. - Ofeguei e ele assentiu, encostando sua testa na minha.
-- Eu prometi que voltaria. Não costumo descumprir promessas. - Afirmou com um pequeno sorriso nos lábios. Nossos olhos se encontraram e no beijamos de novo. Dessa vez, sem pressa e sem palavras. Apenas com o amor que emanava de nossos poros.
-- Nunca mais faça isso comigo. Nunca mais, entendeu? - Adverti, lançando um olhar para ele.
-- A guerra acabou, meu amor. Agora eu sou inteiramente seu. - Ele passou os dedos em minhas bochechas enquanto falava.
As lágrimas, que ainda lutavam, desistiram e caíram, em uma espécie de cachoeira no meu rosto. Abracei-o com força e ele deu leves beijinhos pelo meu pescoço.
-- Te amo, Sophie. Eu prometo nunca mais deixar você e nosso filho sozinhos.
-- Logan, você já se esqueceu? Para onde for, eu vou, porque eu te amo demais e não suportaria viver longe de você.
FIM
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado!
#WonderKizzes, babyz ;***