Laço Inquebrável escrita por Nyah


Capítulo 1
Capítulo Único




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Londres, 1850

Em uma parte da grande Londres reside uma moça de longos cabelos pretos e olhos azulados. Seu nome é Laura Evans. Sua casa é modesta e, segundo a alta sociedade inglesa, mal-cuidada em relação às outras casas daquela região. Laura vive com seu irmão mais novo, Luis. Eles perderam os pais cedo, num acidente que houve havia alguns anos.

Laura tem de trabalhar em diversas casas para conseguir sustentar a si mesma e ao seu irmão. Até que ela não se importa com o tanto de horas que trabalha, já que isso faz com que ela e Luis tenham o que comer.

Um dia, enquanto estava no mercado ao ar-livre comprando coisas para o jantar daquela noite, Laura foi surpreendida por um rapaz que rapidamente pegou a bolsinha de dinheiro dela. O rapaz misterioso, apesar da baixa estatura, corria velozmente, o que impedia Laura de correr eternamente atrás dele. Philipe, um rapaz de cabelos loiros reluzentes a ouro e olhos esverdeados, vendo a situação da jovem, corre atrás do ladrão que, tomado pelo susto, tropeça e cai na rua. Depois de recuperar a bolsa, Philipe retorna para onde Laura está:

- Aqui está sua bolsa. – ele diz, entregando-a para Laura.

- O-Obrigada...

Laura estava sem jeito, já que nunca um jovem da alta aristocracia havia sequer lhe dirigido a palavra, quanto mais correr atrás de um ladrão por sua causa.

- Não há de quê. – o jovem sorriu.

Laura pensou em perguntar como o rapaz se chamava, mas uma jovem que estava um pouco distante de ambos se aprontou a chamá-lo:

- Philipe! Philipe, venha para cá.

- Bem... Eu tenho que ir... – ele sorriu mais uma vez e, em seguida, saiu.

Philipe foi até a jovem. Ela tinha o cabelo num tom de loiro médio e seus olhos eram de uma coloração mel. Seu nome era Claire Morgan. Claire trajava um vestido vermelho com detalhes em dourado, e mantinha seu cabelo preso numa trança bem feita. Depois de murmurar algumas coisas que Laura não conseguia distinguir, Philipe saiu do mercado ao ar-livre acompanhado da bela Claire.

Umas semanas foram se passando, e Laura não conseguia tirar Philipe de sua cabeça. Não sabia bem o porquê, mas queria fazê-lo. Pensar demasiadamente nele não permitia a ela dormir, e isso estava começando a atrapalhar seu dia-a-dia.

No momento, se encontrava sentada à mesa da cozinha, com os pensamentos vagos. Decidiu, por fim, que iria agir: se não conseguia parar de pensar naquele rapaz, então, iria tentar encontrá-lo para saber mais sobre o que estava começando a sentir.

Andando há pouco mais que meia hora pela cidade, Laura ainda não havia encontrado Philipe. Depois de o que se pode dizer, dez minutos dedicados a procurar o jovem loiro, Laura sente alguém tocar seu ombro por trás. Como modo de defesa, ela vira-se para trás e, com sua bolsa, acerta o rosto do indivíduo.

- Ai... – era Philipe, que, como na primeira vez que a encontrou, estava lindo. – Nunca pensei que uma bolsa de mulher fosse tão pesada... – brincou.

- D-Desculpe-me... – Laura estava começando a se desesperar. Não foi sua intenção atacar o homem que, em outrora, a salvou. – Não sabia que era...

Ela não pode continuar, pois ele a cortou:

- Não há problema algum. Eu é que não deveria ter te tocado no ombro assim, do nada. Outras mulheres fariam um escândalo. – ele se desculpou – Mas é que eu não sabia o seu nome, e seria muita indelicadeza a minha gritar “Hey, garota que foi assaltada por essas semanas” no meio da rua. – ele deixou escapar um fiapo de gargalhada, o que diminuiu a tensão que havia pairado no ar.

- Não gosto de escândalos. Não seria bom para minhas patroas que uma de suas empregadas estivesse envolvida num escândalo.

- Espere um pouco... Você disse... Patroas?! – perguntou ele, confuso.

- Sim, eu disse. Por quê?

- Ah, é que eu nunca ouvi falar de uma moça que trabalhasse em mais de uma casa.

- Bom... Com certeza não é algo que se vê todo dia, não é mesmo? – brincou ela – Mas é que eu preciso sustentar a mim e a meu irmão, e, por isso, não me importo de ter que trabalhar para mais de uma família.

- Hum... – pausa de um minuto – Bom, mudando de assunto... Conte-me um pouco mais sobre a sua vida, poderia? – Philipe não sabia ao certo o que conversar, mas tinha consigo a certeza de que precisava conversar com Laura.

- E que interesse você poderia ter com a minha vida? – perguntou, estranhando a pergunta feita por ele.

- Se não quiser responder, não precisa. Apenas queria conhecê-la um pouco melhor.

- Se quer tanto assim me conhecer, não seria mais fácil... – parou de súbito ao perceber o que estava prestes a falar.

- Não seria mais fácil...?! – ele repetiu a última frase, para que ela pudesse continuá-la.

- N-Nada... – Laura ruborizara.

Rapidamente, tratou de sair de perto de Philipe.

Mais uma semana se passara. Enquanto passeava pela cidade na companhia de seu irmão, tinha a sensação de que era seguida. Assustada e temendo a segurança de seu irmão, Laura retornou o caminho para casa, deixando seu irmão, alegando que iria comprar coisas no mercado e que iria demorar.

Vendo-se sozinha, seguiu o olhar por todos os cantos, parando-o na direção de um rapaz loiro, dos olhos esverdeados, trajando uma típica roupa da alta sociedade. Era Philipe. Seguiu até uma área mais ou menos deserta e esperou até que Philipe se aproximasse.

- Que queres comigo? – perguntou sem mais delongas.

- Saber algumas coisas... – deu uma resposta um tanto vaga.

- Coisas... Como assim coisas? – perguntou – Quero uma resposta mais clara, por favor.

- Primeiramente, como se chama? Como poderei abordá-la na rua, se nem ao menos sei o seu nome? E segundo: Poderia, por favor, continuar o que iria falar naquele dia?

- Que dia?

- Ora, não se faça de desentendida... – Philipe foi se aproximando – Se quiser, digo meu nome a você. – não obtendo uma resposta, ele prosseguiu: - Me chamo Philipe. Philipe Lautner, prazer.

Laura estava hesitante, mas estendeu a mão:

- Meu nome é Laura Evans. – falou – Agora, quanto ao que eu iria dizer aquele dia, lamento informar-lhe, mas terá que permanecer na curiosidade mesmo.

- Ah, é sério isso? – fez menção de fazer bico, mas se conteve.

No dia seguinte, enquanto voltava para casa, depois de um longo dia de trabalho na casa de Madame Ângela, Laura é abordada por Philipe:

- Laura... – estava sorridente – Você poderia me dizer o que iria falar naquele dia?

- Não. – respondeu espontaneamente.

- Mas... Por quê?

- Porque não. – ela apressa o passo, e ele faz o mesmo.

- Então, que tal se sairmos para passear? Que acha? – sorriu travesso – Assim, não lhe incomodarei mais quanto àquilo.

- Está bem...

E lá se foram eles, passear pelos mais diversos lugares.

Com o passar do tempo, esses passeios foram se intensificando, e Laura e Philipe estavam cada vez mais próximos.

Um dia, enquanto se encontravam sentados sob a copa de uma árvore, num imenso descampado que havia nos arredores de Londres, Laura e Philipe trocaram um beijo. Durante todo o tempo, aquele beijo foi algo puramente verdadeiro e singelo. Subitamente, Philipe se separa de Laura:

- D-Desculpe-me... – ele estava corado – E-Eu... Eu não deveria ter feito isso.

Laura não entedia o porquê daquela reação dele, mas também não questionou. Philipe a levou de volta para casa, e, logo em seguida, retornou para sua casa.

As semanas se passaram, até que um mês se deu desde a última vez que Laura e Philipe se viram pela última vez.

Laura estava passeando com seu irmão pela belíssima Londres, quando viu duas moças conversando. Reconheceu uma delas como sendo aquela do dia em que conheceu Philipe. Pensara em se aproximar, perguntar sobre Philipe, mas, ao ouvir um pedaço da conversa das duas damas, simplesmente desistiu:

- Claire, minha querida... – comentou a outra – Como está se sentindo sabendo que, dentro de poucos dias, se casará com Philipe?

Laura apertou um pouco mais a mão de Luis, para evitar se debulhar em lágrimas. Quando chegara em casa, correu para seu quarto, e entregou-se aos prantos. Agora ela entendia tudo: o porquê da reação dele após o beijo, o sumiço após o mesmo episódio de suas vidas...

Dois dias depois, quando voltava do trabalho, encontrou Philipe recostado a uma carruagem. Aproximou-se com cautela, e o abordou:

- Por que fez aquilo comigo? – ela lutava contra as lágrimas.

- Não era a minha intenção... – ele tentou se explicar.

- Se era comprometido, por que, então, se aproximou de mim?

- Eu não sei. Mas sempre que a via, meu corpo se movia contra a minha vontade, e quando me dava conta, já havia falado com você.

- Mas isso não o impedia de ter-me dito que era comprometido.

- Sim, mas... – fez uma pausa – Como soube que eu era comprometido?

- Pouco importa os meios, quando os fins são os mesmos. Se me der licença, preciso ir para casa. Meu irmão me espera. Espero que sejas muito feliz em seu casamento.

Antes que ela pudesse sair, ele a segurou no braço:

- E se... – houve uma hesitação – E se eu terminar meu relacionamento e for embora com você?

- Ir embora comigo? – Laura arregalou os olhos – Mas... É certo isso? Porque, se for para ter um futuro incerto, eu prefiro continuar como estou.

- É certo, sim... – respondeu convicto. – Hoje mesmo terminarei com Claire.

Dito isto, cada um seguiu para seu canto.

Ao chegar em sua casa, Philipe se arrumou e foi encontrar-se com sua noiva, Claire. Estava no parque da cidade quando Philipe quebrou o silêncio agradável que se havia feito entre eles:

- Claire...

- Sim?

- Eh... – ele não sabia como dizer aquilo a ela, mas prometera a Laura, e cumpriria com sua palavra – Estou terminando com você.

- C-Como assim? – perguntou Claire com descrença – Como assim vai terminar comigo? Já pensou em sua família, em mim? O que irão falar?

- Vocês sobreviverão. – disse sério.

- M-Mas... – lágrimas formaram-se em seu alvo rosto.

- Claire, acredite em mim: estou fazendo isso por você e por mim. De que adiantaria, para você, ficar com alguém que não te ama?

- Você tem outra, não tem?! – pergunta ríspida.

- Nunca te traí. Mas a verdade é que há outra mulher que eu amo, e, por isso, sinto que não serei capaz de amar-te.

- Mas, com quem eu devo ficar então? – sua voz estava chorosa.

- Com certeza você encontrará ágüem que a mereça mais do que eu. Desculpe-me.

Dito isto, Philipe saiu. Em sua casa, escreveu uma carta para seus pais, pois sabia que dizer-lhes a verdade cara a cara seria impossível:

Queridos papai e mamãe, informo-lhes, nesta carta, que terminei meu noivado com Claire, e que fugi com alguém que, tenho certeza, me fará feliz.

Saibam que, não importa onde eu estiver, eu sempre lhes amarei, e muito.

Um grande abraço, Philipe.

Philipe foi até a casa de Laura e a buscou junto com Luis, para que pudessem viver os três sempre juntos.


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