Os dias iam se passando e eu via que a cada dia Guilherme estava mais e mais apaixonado por nossa filha. Ele,Nara e seu pai tiveram uma conversa séria esses dias e eles se resolveram,agora tudo estava bem mas os dois não vão voltar para casa.

Guilherme conseguiu um trabalho com seu pai mas quando dá faz uns bicos num karaokê aqui perto de casa,se Deus quiser uma gravadora grande vai pegar ele.

Zack e Dejan vish parece que a Ann é mais filha deles do que nossa filha.

–SÔOOOOOO.-Escutei Zack gritar,saí correndo enrolada na toalha ainda. Desci as escadas igual uma doida.

–O que houve? Minha filha ta bem?-Perguntei desesperada.

–Ela esta ótima,nós que não estamos.-Dejan disse. Os dois estavam encharcados de vômito,Ann estava gargalhando da cara dos dois.

–Que susto garotos,achei que tinha acontecido algo.

–E aconteceu.-Eles falaram ao mesmo tempo.Balancei a cabeça rindo e fui até minha filha,peguei ela do colo de Dejan e limpei sua boquinha.

–Bem feito né filha,ninguém mandou ficar chacoalhando você para cima e para baixo.-Ela deu uma gargalhada gostosa de se ouvir,música para meus ouvidos.

–Sô sera que...-Olhei para Zack e apenas assenti.

–Tem toalhas novas embaixo do armário e podem pegar a roupa reserva de vocês,esta no armário também.-Eles assentiram. Levantaram com cuidado e subiram para o meu quarto.

Olhei para Ann e sorri,ela estava tão linda e a cada dia estava mais parecida com o pai.

Percebi que ainda estava de toalha,mal deixaram eu terminar de me arrumar.

–Filha seus tios são muito bobões né,tenho dó de você.-Sorri. Meu celular começou a tocar em cima da mesa. Caminhei até ele e vi que era Alex que me ligava.-Oi Alex.

–Sô.–Sua voz parecia ser de choro.–Aonde você ta?

–To em casa por que?

–Eu preciso falar com você,é urgente.–Sua voz estava trêmula e difícil de entender.

–O que houve Alex? Aonde você esta?

–Eu to numa cafeteria perto da sua casa,da para você dar uma passada rápida aqui?

–Da,eu só vou trocar de roupa e já estou indo. Não saia dai.

–Ok,obrigado.–E desliguei. O que seria de tanta urgência assim? Será que ele e Patrick terminaram? Só Deus sabe. Subi as escadas correndo com Ann no colo,entrei em meu quarto e escutei o barulho de chuveiro.

–Zack ou Dejan?-Perguntei com o ouvido colado na porta.

–Zack.-Ele respondeu. Abri uma frestinha e coloquei a cabeça para dentro,não dava para ver nada pois o box era escuro.

–Zack eu vou deixar a Ann aqui em casa pois o Alex me ligou chorando dizendo que precisava falar comigo com urgência,tudo bem?-Ele abriu uma fresta do box e colocou a cabeça para fora.

–Tudo mas você sabe o que aconteceu?

–Não. Bom eu vou me trocar e Ann estará no quarto.-Ele assentiu. Fechei a porta,coloquei Ann deitada em minha cama e peguei a primeira roupa que vi pela frente.

Zack saiu do banheiro vestindo apenas sua calça reserva e meias,sua camiseta estava jogada em seu ombro deixando a mostra seu abdômen sarado.

Chupa gringas já passei a mão por aquele tanquinho u.u Se bem que prefiro do meu amor.

–Pode deixar que eu o Dejan damos conta da Angel.-Assenti com um sorriso de canto.

–Obrigada meninos.-Peguei minha bolsa e lhe dei um beijo na bochecha,olhei minha filha que brincava com seu próprio pé e lhe dei um beijo na testa.-Tchau. Qualquer coisa eu ligo.

–Tchau.-Saí correndo de casa e liguei para Alex paras ver aonde ele estava,a sorte que era a dois quarteirões de minha casa. Apressei o passo e em poucos minutos já estava dentro da cafetaria.

No fundo da cafetaria estava Alex,ele estava olhando para seu celular e sequer piscava. Caminhei até ele.

–Alex.-Ele me olhou,seus olhos estavam bem verdes e seu rosto pálido.

–Sô.-Ele se levantou e me deu um abraço apertado,senti seu coração acelerado bater forte contra o meu peito.

Nos sentamos frente a frente sem esbouçar nenhuma reação.

–Então Alex o que houve? Eu vim o mais depressa possível.-Ele estalou os dedos e olhou para fora pela janela.

–Patrick esta em coma de novo Sophie.

–Como é que é?-Franzi o cenho.-Como assim ele esta em coma de novo Alex?

–Ele entrou hoje cedo,ontem eu não sei o que houve que ele começou a ter convulsão do nada. Eu sai correndo e o levei para o hospital,o médico disse que isso não é nada bom Sô.-Eu estava um tanto chocada mas mais preocupada com Alex.

–E o que mais ele disse Alex?

–Que... ele não sabe se o Patrick vai sair vivo dessa.-Ele mordeu o lábio e seus olhos voltaram a se encher de lágrimas.

–Calma Alex,tudo vai ficar bem. Deus sabe o que faz.-Ele olhou para suas mãos e assentiu.

–O hospital acabou de me ligar dizendo que o doutor quer falar comigo,eu to com medo Sô e se ele tiver piorado?-Segurei forte sua mão.

–Bom se ele tiver piorado eu vou estar do seu lado para te ajudar,Patrick é forte Alex ele vai sair dessa você vai vê.-Ele assentiu e uma lágrima desceu pelo canto do seu olho.-Quer ir lá no hospital agora?

–Você vai comigo?

–Claro.-Ele sorriu,parecia um pouco mais aliviado que antes. Resolvemos ir de táxi até o hospital,Alex não estava com cabeça para dirigir.

Chegando lá ele conversou com a enfermeira que o tinha ligado e ela pediu para esperarmos na sala de espera.

Alex estava inquieto,quase dava para ouvir seus pensamentos de tão tenso que o clima estava.

–Alexander?-Escutamos uma voz rouca chamar. Nos levantamos e caminhamos até o doutor, o mesmo da última vez.

–Então doutor,como esta Patrick? -Segurei forte sua mão.

–Eu tenho uma boa e uma má notícia,qual vai querer primeiro?

–A boa é claro.-Ele disse nervoso.

–A boa notícia é que Patrick esta fora do coma.-O médico sorriu,olhei para Alex e um sorriso de uma orelha a outra cresceu em seu rosto.

–Serio Doutor?-O médico assentiu.

–Meu Deus que maravilha.-Sorri de uma orelha a outra.

–Obrigada Senhor,muito obrigado.-Alex sorria igual uma criança quando ganha doce.

–Mas ainda tem a noticia ruim doutor,o que é?-Perguntei,novamente Alex apertou minha mão.

–Bom a má noticia é que Patrick tem os dias contados.

–Como é que é?-Perguntamos ao mesmo tempo.

–Como assim doutor? Explique-se.-Alex pediu.

–Bom o caso de Patrick se agravou e temo que ele tenha alguns meses de vida apenas.-Na hora meu queixo foi parar lá no chão. Como assim Patrick tem apenas alguns meses de vida?

–O-o-oque?-Alex gaguejou.Vi seus olhos se encherem de lágrimas.Apertei forte sua mão. Ficou um silêncio pairando sobre o ar.

–Então quer dizer que o Alex pode vir a morrer daqui uns meses?-O doutor assentiu,meu coração estava hiper mega acelerado.

–Doutor só me responda uma coisa. Ele vai conseguir estar na sua festa de 20 anos?-Daqui 5 meses Patrick irá fazer aniversário e Alex estava planejando de fazer uma festa surpresa para ele.

–Eu temo que não.-No mesmo minuto só senti a mão de Alex relaxar e ele cair de joelhos na minha frente. Ele não tinha desmaiado,apenas fraquejado.

–Alex você esta bem?-Perguntei com os olhos cheio de lágrimas.

–Você ainda pergunta?-Com cuidado eu e o doutor o colocamos sentados numa cadeira. A enfermeira lhe trouxe água e uns calmantes,Alex tremia. Eu nunca tinha o visto tão desesperado.

–Alex,ei olha pra mim.-Me ajoelhei na sua frente e levantei seu rosto.-Eu conversei com o doutor e ele disse que não tem certeza ou seja isso pode ou não ocorrer,Deus é maior que tudo nessa vida,acredite nele,coloque toda sua fé na recuperação de Patrick.

–Eu sei Sô mas me dói tanto só de pensar que posso perder ele.-Segurei para não deixar rolar uma lágrima que insistia em sair.

–Eu sei que dói e é por isso que estou aqui,para te ajudar,para o que vier e der.-Ele tentou sorrir,mas foi em vão.-Doutor Patrick já sabe disso?

–Eu preferi esperar,talvez vocês gostariam de conta-lo.-Engoli seco. Olhei para Alex e ele voltou a chorar,depois de nos acalmarmos eu e Alex seguimos para o quarto de Patrick.

Assim que abrimos a porta encontramos com ele todo sorridente na cama,tinha apenas um cateter em seu pescoço e um soro em sua veia.

–Anjo.-Alex correu para abraça-lo.Fechei a porta com cuidado e fiquei apenas observando os dois. Seria uma tarefa mega difícil para Alex,mas ele é forte.

–Sô.-Patrick disse mais sorridente ainda. Sua voz era fraca mas ainda dava para ouvir de longe.

–Olá Rick.-Caminhei até ele e lhe dei um abraço,não muito forte para não machucar.

–Vocês viram,eu acordei do coma.-Ele disse sorridente.

–É,acordo sim.-Sorri de canto e passei a mão pelo seu cabelo,que não era mais igual como antes. Agora estava sem brilho e quebradiço.

–Como esta Angel? Faz tempinho que não a vejo.-Sorri.

–Ela esta ótima,os meninos estão cuidando dela por mim.-Ele sorriu. Seus olhos estavam mais escuros que antes mas mesmo assim brilhavam intensamente toda vez que via Alex.

–Então,o que o médico falou para vocês? Quando vou poder sair daqui?-Alex me olhou e suspirou,apenas assenti.

–Então amor...-Caminhei até a porta,esse seria um momento só dos dois. Sai do quarto mas mesmo assim podia se ver tudo que ocorria la dentro por conta de uma janela que dava para o corredor que os médicos usavam para observar os pacientes. Vi Alex segurar sua mão e dizer lentamente o que tinha acontecido.

Patrick foi mudando de expressão a cada palavra dita,ela estava de boca aberta e olhos arregalados e Alex de olhos marejados.

Num movimento rápido Patrick abraçou Alex,eu consegui ler seus lábios,ele dizia: Não me deixe ir Alex.

E aquilo foi a gota d'água para partir meu coração,as lágrimas desciam pelo meu rosto sem cessar.

–Menina?-Olhei para o lado e uma mulher me oferecia uma caixa de lenços,ela também chorava. Olhei em direção a janela a sua frente e vi na cama um corpo coberto até a cabeça.Engoli seco.

–Obrigada.-Tirei um lenço e sequei minhas lágrimas,me sentei ao seu lado observando Alex e Patrick. Os dois choravam abraçados.

–Eles são o que?-A mulher perguntou. Olhei para ela.

–Namorados.-Comentei apenas.

–Toda vez que eu vinha aqui e eles estavam nesse quarto eu via o quanto carinhosos são um com o outro.-Assenti.-Aconteceu algo grave?

–Acabamos de saber que ele tem apenas alguns meses de vida.-Engoli o choro.

–Nossa,eu sinto muito.-Ela olhou para a outra janela.-Luiz teve mais sorte,sua morte foi de repente,não teve que sofrer sabendo que poderia morrer dali uns meses.

–O que ele era seu?-Encarei o corpo.

–Filho.-Vi uma lágrima descer pelo canto do seu olho.Respirei fundo,acho que se fosse meu filho eu morreria também.

–Eu sinto muito.-Mordi o lábio inferior.

–Eu também.-Ela se levantou e sem dizer mais nada saiu.Continuei ali olhando para o corpo e para os meninos,se Deus quiser não teremos que ver Patrick do mesmo jeito que o filho dessa mulher.