O pequeno tordo Rue escrita por Isabela Furiato


Capítulo 8
Capítulo 8 - Uma surpresa


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem.



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Eu poderia estar caminhando por dias. Mas pareciam anos. Eu vivia fugindo e me isolando, temendo bestantes e teleguiadas assassinas. Eu poderia ficar simplesmente parada e esperar pela morte. Eu estava a poucos metros daquela árvore. Vi vários tributos esparramados pelo chão de folhas. Meu Deus! Que alvo fácil! Uma facada ali e aqui e já era! Mas era isso que a Capital esperava de nós. Que fizéssemos esse jogo. Muito bem, eu estava quase perto agora.

Caramba.

Os Carreiristas do 1 e 2 e... Peeta?! Arquejei e dei um passo para trás e ouvi alguém arquejando junto comigo. Vinha de cima das árvores. Avistei uma garota e ela era Katniss.

Oh, caramba, caramba, caramba, Katniss estava viva! Ela tinha vários tributos em suas mãos, AGORA!

Mas... por que não fazia nada? Por que estava parada, chorando? Os Carreiristas vieram atrás dela, será? Eu... Eu poderia ajudá-la. Subi na árvore fina ao lado da dela e mergulhei nas folhas, agradecida por me abrigarem. Agora eu estava olhando Katniss. Sua perna estava machucada e ela tremia, suspirava de dor e tentava ao máximo segurar os grunhidos. Vi que passava um tipo de pomada sobre o machucado. Reconheci que aquilo era um queimado.

E agora, e agora? Estou perdid... Touché!

Avistei um ninho de Teleguiadas tão perto de Katniss!! Assoviei baixo para tentar chamar sua atenção. Ela levantou a cabeça assustada para o alto. Virou-a em todas as direções até pousar os olhos negros em mim. Eu apontei o ninho. Ela olhou para ele e depois para mim, esperando mais. Então eu apontei a faca que estava cravada em sua bolsa e fiz um movimento de serrar. Katniss acenou.

E fugi. Fui para longe de lá. As teleguiadas iriam me atacar e então seria meu fim. Torci para que Katniss conseguisse. Aquilo estava nas mãos dela.

***

De onde eu estava ainda dava para ouvir os gritos. Picadas daqueles demônios deviam ser devastadoras, ainda mais pelo seu corpo inteiro. Ouvi passos correndo nas direções opostas, desviando-se dos zumbidos tenebrosos das Teleguiadas. Os barulhos foram indo embora e aquele grito cessou, logo após de um barulho de canhão.

Esperei no lugar durante 10 minutos ou mais para ir atrás de Katniss. Eu não pude esperar mais. Corri até onde estava o ninho das bestantes destruído no chão e .... Caramba. A garota Carreirista do 1, Glimmer estava morta. Sua aparência era horrível. Bolhas pelo rosto, agora não mais pulsantes, espinhos imersos em pus em suas mãos. Os olhos azuis abertos e inchados, sem vida e sem volta. Passei por ela e notei que não tinha mais seu arco prateado em mãos, nem suas flechas. Katniss tomou seu rumo. Mas para onde? Tentei encontrá-la. Não demorei muito para achá-la no chão. Levei um susto. Corri para ver seus batimentos cardíacos. Ainda estavam batendo, mas devagar. Algumas bolhas em seu pescoço e mãos pulsavam. Aquilo devia doer. O que pude fazer? Suguei todas as minhas forças e arrastei Katniss até um lugar seguro, fiz curativos com eucalipto e Erva Medicinal, o que reduziu bastante os machucados feios. Escondi seu arco e flecha e esperei.

Deve ter passado uns dois dias. Eu estava de vigia atrás de um tronco enorme cheio de musgo. Katniss estava deitada, inconsciente e atada no chão. Ela se mexeu levemente e acordou de um susto. Fui para trás do tronco imediatamente. Espiei ela por uma fresta do tronco. Katniss estranhou os curativos no seu pescoço e em suas mãos. Avancei mais para fora de trás do tronco e ela me viu. Meu coração estava aos pulos. Ela se aproximou de mim.

– Não vou machucar você.

Eu saí de trás do tronco totalmente

– Foi você que fez os curativos? - perguntou Katniss.

Fiz que sim. Toquei uma das ataduras para ver como estavam.

– Os troquei duas vezes. - eu disse, tímida.

– Obrigada... - agradeceu Katniss, dando-me um sorriso.

Escureceu bem rápido. Por isso fizemos uma fogueira de manhã e assamos as patas do coelho que eu havia guardado. Eu e Katniss arrumamos o saco de dormir e usamos as mochilas como travesseiro.

– Venha. - Katniss abriu os braços.

Fui ao encontro deles e me aconcheguei como um filhote de tordo em seu ninho. O céu artificial da arena estava escuro.

– Alguém não deu sorte hoje? - perguntou Katniss.

– A garota do 1 e o garoto do 10. - eu disse.

– E o garoto do meu distrito? - ela perguntou, envergonhada.

Eu ri.

– Ele está bem. Acho que está perto do lago. Os Carreiristas montaram uma montanha de suprimentos.

– Tenho uma ideia, Rue.

Levantei-me e fiquei sentada para escutar. Katniss disse que iríamos, de manhã, fazer duas fogueiras enormes. Enquanto eu as ascendia, para os tributos irem atrás da fumaça, ela iria explodir todos os suprimentos dos Carreiristas perto da Cornucópia. Daí, iríamos nos encontrar para o jantar.

– Tudo bem. Será que vamos conseguir? - perguntei.


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