Anjos Mortais escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 4
Sangue Azul




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– Meninas acordem!- Disse Emilly abrindo a cortina.

– Emi que horas são?- Perguntou Karin apertando os olhos.

– Já são quinze para as dez.

– E por que nos acordou tão cedo?- Perguntou Roberta.

– Que cedo Roberta pare de preguiça vamos passar o dia juntas porque a noite vocês já tem pares.

– Você também tem companhia! - Resmungou Roberta.

– Ha é e quem? Só se for o homem invisível.

– Ele é bem visível... - Respondeu Karin.

– Meninas parem de imaginar coisas eu e o Gabriel não somos nem amigos.

– Nem tocamos no nome dele! - Disse Roberta.

– Meninas parem com esse joguinho está me irritando.

– Pare Emi diga logo que você está caidinha por ele! - Disse Karin sorrindo enquanto pulava da cama.

– Jamais, nem morta... Ele me irrita, odeio pessoas assim... Capaz... E quer saber vou descer ajudar a minha mãe tomem um banho pra ver se acordam e param de sonhar.

Emilly nem escutou as risadas das amigas apenas deixou o quarto e caminhou para cozinha.

– Que cara é essa?- Perguntou a mãe ao ver a filha.

– Nada não.

– Filha me conta, e não diga que não é nada pois você saiu de dentro de mim te conheço melhor que você mesma.

– Mas não é nada importante mãe.

– Mesmo assim pode dividir isso comigo.

– Tudo bem vou te contar.

– Então vamos nos sentar na mesa, conversamos e esperamos as meninas.

Emilly assentiu com a cabeça e se sentou a companhia da mãe.

– Pois bem pode começar... - Começou a mãe.

– Ontem saímos com uns meninos da nossa classe, todas estávamos ansiosas, dentre esses rapazes estava o Gabriel que é um rapaz que á alguns meses havia sido muito gentil comigo, me encantei por ele... Más... Me surpreendi com ele, como desde aquela vez não trocamos uma só palavra eu havia criado uma imagem sobre ele, imaginava um príncipe encantado talvez, só sei que ontem percebi que meu príncipe sempre foi o sapo.

– Para o Sapo virar príncipe ele precisa do beijo da princesa. - Respondeu a mãe sorrindo.

– Mas nem morta!

– Porque não? Você está mesmo na hora de começar a namorar.

– Mãe não faz piada eu realmente me decepcionei feio.

– Você ainda nem conhece o rapaz, vai com calma nem sempre as coisas são o que parecem.

– Impossível! - Respondeu Emilly suspirando. - De todos os Carmichael ele é o mais complicado.

– Carmichael? Nossos vizinhos? É ele que você espiona toda noite?

– Como a senhora...

– Você é minha filha, já disse sempre sei de tudo... Era de se imaginar que fosse um deles, como sempre eles chamam atenção quando voltam. - Interrompe a mãe.

– Como assim?

– Da ultima vez foi assim também, eu estava com a sua idade, foi dois anos antes de eu engravidar de você.

Emilly admirava a mãe que havia engravidado na adolescência, em seguida o namorado a abandonou e a mesma foi mandada embora de casa, aprendeu a lutar sozinha, educou a filha com perfeição. Porem seu mundo desmoronou ao descobrir que seu bebe era enfermo de uma doença desconhecida, á única coisa que se sabia era que a maldita doença era hereditária e que até então não tinha cura apenas remédios para retarda la e aliviar a dor, mesmo assim a mesma jamais tirou as esperanças da filha.

– Eles davam as melhores festas, todos queriam ser convidados, tinham carros de ultima geração... Era muito dinheiro que rolava no meio de tudo, mas as coisas foram mudando, com o desaparecimento de algumas pessoas e o assassinato de outras... Os Carmichael não demoraram para ir embora, alguns acham que eles que estavam por trás de tudo, pois foi eles partirem para tudo cessar, outros dizem que eles fugiram de medo, não se sabe o certo.

– Pessoas desapareceram... Mãe sera que o papai não...

– Não filha! - Interrompe a mãe. - Eu me lembro muito bem daquela noite, seu pai já estava estranho a algum tempo quando descobri que estava gravida eu corri contar a ele... A expressão dele foi de tristeza, não me deixou continuar com a minha alegria ele disse que não podia... Se afastou e foi embora, eu fui até a casa dele na manhã seguinte a mãe dele estava desesperada disse que ele havia fugido... Eu não acreditei entrei no quarto dele mas vi que suas roupas não estavam lá, na verdade nada que ele realmente gostava estava lá... A mãe dele me culpou por isso até sua morte.

– Me desculpa mamãe... Eu sei que a senhora sofre muito com isso eu não devia ter insistido nesse assunto.

– Tudo bem minha filha já faz tanto tempo... Eu tenho que me desapegar do passado, mas é tão difícil é como se ainda fossemos ligados.

– E será que não são?

– Claro que não filha já faz dezessete anos desde tudo aquilo, ele já deve ter outra família.

– As vezes não a senhora não sabe!

– Tudo bem filha melhor terminarmos por aqui esse assunto.

– Mas mãe...

– Emilly por favor vamos parar aqui?

– Tudo bem.- Cedeu a filha.

–Bom dia Dona Melissa. – Disse Roberta ao entrar na cozinha.

– Pode me chamar só de Melissa ou mesmo Mel Roberta. – Respondeu a mãe de Emilly.

– É costume senhora. - Respondeu Roberta envergonhada.

– Dona Mel bom dia! – Disse Karin invadindo a cozinha em um salto.

–Bom Dia Karin... Meninas sentem se vou colocar as coisas a mesa.

Emilly notou que a mãe estava de bom humor ao ver as coisas que ela havia preparado. Havia sobre a mesa três tipos diferentes de bolo, um de chocolate com pedaços de bombons, outro de prestigio e por ultimo um de creme de avelã. Sucos naturais e iogurte não faltavam, alem dos biscoitos e pães tanto doces quanto salgado.

– Nossa mãe quanta coisa está parecendo mesa de hotel. – Disse Emilly sorrindo enquanto pegava o bolo de chocolate.

– Tudo para agradar as visitas. – Respondeu a mãe.

– E agradou e muito! – Respondeu Karin enchendo o prato com os três bolos enquanto segurava um pão salgado com a boca olhando para o iogurte.

– Tenha modos Karin! – Cutucou Roberta.

– Imagina! Pode se servir a vontade. - Disse Melissa.

As meninas comeram um pouco de cada coisa.

– Nossa comi demais! – Disse Karin assim que saíram as três para caminhar um pouco.

– Eu também acho que você comeu demais! – Respondeu Roberta.

– Comi a vontade! – Respondeu Karin fazendo bico.

– E que vontade não! – Respondeu Roberta sorridente.

– Parem vocês duas... Roberta sorria o Richard está vindo. – Respondeu Emilly avistando Richard na companhia de outro jovem que a mesma ainda não conhecia.

– Bom dia meninas!- Disse Richard se aproximando.

– Bom dia!- Respondeu as meninas em um coro.

Richard se aproximou ainda mais de Roberta e a presenteou com o encostar de lábios assim como namorados.

– Bom dia minha querida!- Disse ele suavemente.

– Bom... Dia!

– Meninas esse é Lucas, ele trabalha em minha casa estamos indo comprar umas coisas que ainda faltam para hoje à noite e aproveitamos para dar uma volta querem ir com agente?

– Adoraríamos! – Respondeu Roberta.

– Bom acho que eu fico por aqui comi demais essa manhã e não estou me sentindo muito bem, vou voltar para sua casa Emi. - Disse Karin empalidecendo.

– Eu vou com você! – Respondeu Emilly assustada.

– Não, eu estou bem vá com eles.

– Tem certeza?

– Claro amiga vá com eles.

Emilly obedeceu à amiga.

Enquanto Roberta e Richard andavam a frente de mãos dadas, Emilly acompanhava o garoto de cabelos e olhos negros.

– Você também mora na casa dos Carmichael? – Perguntou Emilly tentando puxar assunto.

– Moro sim.

– E há quanto tempo trabalha com eles? – Continuou a jovem.

– Há muito tempo para ser sincero nem me lembro bem.

– Entendo... E que idade tens?

– Uns vinte e dois mais ou menos.

– Mais ou menos?

– É mais ou menos! – Respondeu ele agora sorrindo enquanto fechava os olhos.

– Como assim?- Insistiu ela.

– Segredo meu! – Respondeu ele.

– Sou muito curiosa.

– É mesmo?

– Sou sim, e me ajudaria muito se me contasse sua idade.

– Eu já contei.

– Mas por que o mais ou menos?

– Isso é segredo!

– Mas eu já te disse sou curiosa por que não me conta.

– Não posso!

– E por que não?

– Se eu te contar não será mais segredo.

– Então que maldade haveria se eu descobrisse seu segredo?

– Maldade alguma.

– Então me conte!

– Se você a descobrisse, por mim estaria tudo bem, mas não a descobriria por mim!

– Terei que me virar sozinha?

– Talvez!

– Como assim talvez?

– Talvez sim... Talvez não... Isso só depende de você!

– Essa conversa está me enlouquecendo vai-me dizer sua idade ou não?

– No momento não.

– Mesmo se eu insistir?

– Mesmo se insistir. – Respondeu ele sorrindo novamente. – Aproveite o Hoje, quem sabe Amanha você descobre.

– Vai ser muito difícil eu descobrir.

– Isso eu não sei isso só depende do seu desempenho.

– Vou me empenhar sobre isso.

– Eu sei!

Emilly trocou um sorriso sincero com Lucas.

– Tenho a leve impressão que já te vi em algum lugar. – Continuou Lucas.

– Talvez... Eu sou sua vizinha.

– É mesmo? Interessante, mesmo assim não seria possível cheguei ontem à noite e só sai agora com Richard.

– Serio então sou a primeira pessoa daqui com quem conversa?

– É sim.

– E você é sempre assim tão simpático?

– Sinceramente? Não nenhum pouco somente com as pessoas com quem me familiarizo.

– Nossa isso por algum motivo me alegrou.

– Lucas vamos ver algo aqui na Adega?

– Vamos senhor ainda falta dois tipos de vinho.

Emilly não conseguia deixar de olhar Lucas, cada detalhe do jovem alto magro dos cabelos e olhos negros tão familiares, o jovem encontrava os olhares de Emilly por cima do ombro de Richard.

– Ele te chamou atenção não é mesmo?- Perguntou Roberta observando a amiga.

– Mais ou menos!

– Ah serio?

– Não sei, eu gostei dele do jeitinho dele sorrir de conversar...

– Só disso?

– Não! Roberta não sei como explicar isso, gostei dele de uma forma diferente... E outra ele é mais velho e certamente deve ter uma namorada.

– Como se isso fosse um problema enorme para você.

– Roberta para com isso você sabe que não sou assim!

–Não vou falar mais nada, só acho que vocês têm tudo para dar certo.

– Eu acabei de conhecer ele!- Respondeu Emilly abismada.

– Pronto meninas já terminamos por aqui! – Disse Richard se aproximando das jovens.

– Onde precisam ir agora? – Perguntou Emilly.

– Preciso achar um lugar onde vendam guloseimas, doces, tortas... Essas coisas pequenas. – Respondeu Richard parando na porta da adega.

– Podemos ir ao Caffé’ Sucrée sempre tem essas coisas! – Respondeu Roberta sorrindo.

– Pode ser, vamos? – Perguntou Richard olhando para Emilly.

– Não vamos esperar o Lucas? – Perguntou Emilly olhando o rapaz ainda no balcão assinando uma papelada.

– Ele nos alcança Emilly.

– Pode ir com a Roberta ela te leva, eu espero o Lucas ele é novo aqui pode se perder.- Respondeu Emilly ainda olhando para Lucas.

– Emi ele já...

– Vamos Richard os esperamos lá!- Interrompeu Roberta puxando Richard pela mão.

Assim que Richard e Roberta saíram pela porta à frente Emilly caminhou até o balcão debruçou em cima do mesmo e com uma mão ao rosto sorriu.

– O que está fazendo?- Perguntou ela.

– Assinando os papeis para que eles possam levar os vinhos até a casa.

– Mas compararam tantos assim?

– Cento e quinze ao total.

– Nossa, mas por que tantas?

– São muitas pessoas Emilly, a nossa adega não vai garantir o gosto de todos.

– Como assim muitas pessoas? Pelo que nos disseram eram poucas pessoas, apenas uma festa de boas vindas.

– Os Carmichael são conhecidos por suas festas, sem falar que Victor chegou ontem também e ele é extremamente extravagante, gosta de festas luxuosas, com muita bebida e mulheres.

– Quem é esse?

– É o dono de todo o dinheiro que os Carmichael possuem, é algo maior do que se possa imaginar.

– Certamente não vou gostar dele.

– Também espero por isso, pelo seu bem!

– Pelo meu bem? Como assim?

– Confia em mim ele não é alguém amigável.

– Você não gosta dele não é mesmo?

– Não nenhum pouco, mas não posso nem demonstrar isso.

– Por que não?

– Porque ele é meu patrão.

– Entendo.

– Por que não foi com eles?

– Quis ficar com você, Richard e Roberta estão se dando bem é bom para eles ficar um pouco sozinhos, e também não podia deixar você andar sozinho por ai pode se perder.

– Eu não me perderia! – Respondeu Lucas sorrindo.

– Como não? Você é um GPS humano?

– Não, mas eu já morei aqui Emilly.

– O que? Como assim disse que tinha chegado ontem.

– E cheguei, mas há muito tempo atrás morei aqui. Tudo bem que as coisas estão bem diferentes mas as ruas são as mesmas e não faz muito tempo desde a minha ultima visita.

– Por que não me disse antes?

– Eu iria te dizer, acabei me esquecendo quando entramos aqui. - Respondeu ele. – Vamos?

– Claro! – Respondeu ela caminhando até a porta. - Nossa que mudança do tempo. – Continuou ela ao olhar o céu acinzentado.

– Onde eles foram?

–No Caffé’ Sucrée é só seguirmos até a...

– Até a esquina e virarmos a direita, seguir dois quarteirões a diante e virar a esquerda passaremos pela loja Passarela que estará a nossa direita em seguida estará o Caffé’ Sucrée. – Interrompeu ele – Correto?

– Corretíssimo.

– Não temos muito tempo antes que chova, vamos? – Perguntou ele estendendo o braço direito.

– Claro! – Respondeu ela segurando em seu braço.

Não demorou muito para que começasse a chover.

– Vamos correr agora falta pouco! – Disse ele sorrindo.

– Vamos nos molhar!- Respondeu ela limpando o rosto.

– Se ficarmos aqui vamos mesmo nos molhar, bem que eu não vejo mal algum nisso... Afinal não somos feitos de açúcar.

Emilly apenas sorriu quando sentiu a mão de Lucas acolher a sua e por um impulso correr em sua companhia.

– Tenho certeza que te conheço.

– Eu tenho certeza que não!- Respondeu ele diminuindo o passo quando avistou o Caffé.

– Por que tanta teimosia eu me lembro bem do rosto das pessoas. – Respondeu ela erguendo uma sobrancelha.

– Você é extremamente teimosa entenda que eu jamais esqueceria o seu rosto, ainda mais quando se é tão parecido com o dela. – Respondeu ele de forma dolorosa.

– Dela quem?

– Ninguém.

–Pode me contar se quiser.

– Melhor não.

– Não conto a ninguém.

– Não tenho o que contar a você senhorita curiosa, tem coisas que temos que guardar no fundo de nossas almas.

– Você é sempre assim?

– Assim como?

– Cheio de segredos!

– Na maioria das vezes. - Respondeu ele abrindo a porta.

– Que demora! – Disse Richard assim que os jovens se sentaram a mesa.

– Emilly você se molhou? – Perguntou Roberta.

– Um pouquinho.

– Pedi para que o Gabriel viesse nos buscar. - Disse Richard.

– Senhor perdoe minha incompetência! – Pede Lucas ainda em pé.

– Imagina Lucas eu pedi que viesse comigo nesta caminhada, bom enquanto ele não chega vamos comer algo.

– Ótimo. – Indagou Emilly.

– O que vamos pedir?- Perguntou Richard.

– Eu gostaria de um Cappuccino com bastante chocolate com gotinhas de amêndoas. – Pediu Emilly.

– Quero o mesmo! – Disse Roberta.

– Bom eu quero apenas um café torrado na hora sem açúcar. – Disse Richard.

– Sim senhor! – Respondeu Lucas.

Lucas caminhou até o balcão e fez o pedido não demorou muito para que o mesmo voltasse seguido de um garçom quem segurava uma bandeja de prata reluzente com três xícaras perfeitamente colocas sobre a bandeja. O jovem garçom colocou os pedidos a seus devidos donos e Lucas colocou um pequeno prato azul cheio de biscoitos.

– Não vai pedir nada Lucas? - Perguntou Emilly.

– Não obrigado já estou satisfeito.

– Como pode nem te vi comer nada. – Ressaltou Emilly.

– Tomei um ótimo café da manhã pequena.

– Acho que cheguei em boa hora. – Disse alguém a se aproximar.

Emilly relutou em seus pensamentos queria estar enganada, mas aquela voz a arrepiava de tal forma que o sangue chegava a pulsar em sua nuca, não precisava nem olhar para trás para saber de quem se tratava.

– Gabriel sente se. – Diz Richard.

– Obrigado. – Agradeceu ele se sentando ao lado de Emilly. – Lucas, por favor, poderia pedir um café com um pouco de chocolate sem açúcar?

– Claro Senhor!

– Mais uma coisa. – Chamou ele. – Em seguida pegue o carro e vá ao posto mais próximo e encha o tanque.

– Por que você mesmo não fez isso? – Resmungou Emilly sem ao menos reparar.

– Porque eu não quis, simples assim!- Respondeu ele encostando as costas na cadeira.

– Sim senhor! – Respondeu Lucas seguindo ao balcão.

– Você é tão ignorante. – Atacou Emilly olhando para Gabriel.

– Acho que é isso que você gosta em mim.

– Santa ignorância Gabriel.

Lucas colocou a xícara na frente de Gabriel pegou as chaves e se retirou.

– Estou mentindo? – Continuou ele após um gole.

– Tenho coisas melhores pra fazer. – Respondeu Emilly corando.

– O que, por exemplo? – Perguntou ele.

– Chega gente! – Pediu Roberta. – Já tem bastante gente olhando.

– Tenho muita coisa. – Continuou Emilly.

– Como me procurar pelo seu telescópio?

Emilly engoliu a seco a resposta de Gabriel, como poderia ter descoberto algo que ela era tão cuidadosa a fazer. Emily levantou se colocou algumas moedas sobre a mesa e se dirigiu a porta.

– Como pude me enganar tanto ao seu respeito. – Comentou ela extremamente vermelha com os olhos transbordando com um nó em sua garganta.

Emilly esperou chegar ao próximo quarteirão aproveitou a chuva que molhava seu corpo quente e desfez o nó em sua garganta começou a chorar.

Como poderia ter se enganado tanto isso a jovem não entendia, será que o Gabriel que ela havia conhecido jamais existira. Esses pensamentos a atormentava seu coração queria parar o que ela estava sentindo algo novo e estranho. Enquanto as lagrimas caiam sobre sua face Emilly parou e segurou em seus joelhos precisava respirar, a mesma cessou a respiração quando não sentiu mais a chuva bater em suas costas e no chão havia um circulo que impedia que as gotas da chuva tocassem o solo.

– Te desapontei tanto assim?

– O que veio fazer aqui?! – Perguntou ela assim que pode respirar.

– Sua amiga surtou quando você saiu do Caffé eu não queria estragar o encontro então me retirei e vim a sua procura.

– Não precisava vir atrás de mim, isso nem ao menos faz sentido.

– Nada na minha vida faz sentido.

– Então poderia me deixar aqui e ir embora, eu agradeceria!

– É isso o que realmente quer?

Não! Pensou ela.

– Sim!

– Mentira.

– Não estou mentindo!

– Está sim e saiba que isso me irrita!

– Você me irrita Gabriel.

– Por quê?

– Porque o que?

– Por que eu te irrito?

– Simples porque você se faz de um tipo de pessoa quando estamos sozinhos e quando estamos junto a outras pessoas você se transforma.

– E isso te irrita?

– Como não me irritaria! – Gritou ela virando se para encontrar os olhos azuis de Gabriel.

Emilly encontrou o mesmo Gabriel da biblioteca com uma expressão serena, com olhos doces aquele que havia despertado nela algo diferente.

– Me perdoe!

– Pelo... Que? – Perguntou ela ainda em choque.

– Por te fazer chorar. – Respondeu ele secando suas lagrimas com seus dedos macios. – Tenho que te contar uma coisa.

– O que? – Perguntou ela em êxtase.

– Quando estou perto de você eu consigo ser eu mesmo, mas quando tem outras pessoas por perto tento ser quem eles conhecem e eu acabo te ferindo, me perdoe por hoje e também por ontem fui estúpido eu assumo.

– E por que está me dizendo isso? Vai mudar?

– Não Emilly eu não mudarei por que não sei o que tenho que fazer.

– Você está me enganando tenho certeza disso.

– Jamais mentiria para alguém que me olhe dessa maneira.

– Por que você me confunde tanto?

– Porque eu estou confuso Emilly.

–O que te confunde?

–O que eu sinto por você. – Respondeu ele quase em silencio.

Emilly parou de respirar novamente ao ouvir o que Gabriel havia dito. Sentiu as mãos do jovem fechar sobre seu ombro e subir sobre seu pescoço. Emilly sentiu o hálito de Gabriel soprar perto de sua face. Ela adoraria sentir o que viria acontecer, sentiu sua perna amolecer mais do que deveria as coisas começaram a escurecer, a jovem se soltou dos braços de Gabriel com a mão sobre os olhos.

– Agora não... Por favor!- Disse ela.

– Se não queria não precisava me deixar chegar tão perto. – Respondeu ele visivelmente desapontado.

– Não Gabriel... Eu não!

– Eu sei não está afim já entendi depois dessa vamos embora. – Respondeu ele estendendo um guarda- chuva visivelmente novo.

Emilly nada respondeu sabia que estava na hora de tomar seu remédio não poderia ficar ali nem mais um segundo ou desmaiaria.

Ambos caminharam até a frente da casa da jovem em silencio.

– Bom, está entregue. – Disse ele continuando a caminhar até sua própria casa.

– Espera, toma seu guarda-chuva...

– Pode ficar comprei para você mesmo.

– Bom... Obrigada.

– Emilly... Não se esqueça te espero na festa você disse que iria. –Disse ele sem ao menos olhar para trás.

– Eu irei!- Respondeu ela entrando em casa.


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