Desventura Divina: A Jornada de Ouro escrita por Lady Meow


Capítulo 1
Bibliotecas não são mais tão seguras


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo prontinho para ser lido *-*
Espero que gostem e nos vemos nas notas finais!



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Ronnie

O único pensamento que se passava na minha cabeça era: “se as aulas no Internato Miss Coraline Para Moças fossem tão chatas como o dia de orientação, preferiria mil vezes aguentar meus vizinhos ouvindo musicas bregas 24 horas por dia no ultimo volume durante toda a eternidade.”

Mais 20 garotas caminhavam em fila levadas por um dos orientadores, um homem alto e com sotaque esquisito que precisava seriamente de uma bala de menta, pois todos mantinham uma distancia razoável da sua boca. Elas tinham aparência estranha: olhares vagos, ombros caídos e andavam como se estivessem em um enorme transe. A voz daquele cara era realmente atordoante.

– E então, nosso colégio tem sido muito influente na sociedade das ultimas décadas, pois fora aqui que foram educadas as mulheres que hoje são importantes mundialmente...

“Minha mãe estudou aqui e hoje ninguém se lembra dela ou sabe que ela esta desaparecida a mais de 9 anos” – pensei.

Me afastei do grupo enquanto iam em direção as estatuas dos fundadores daquele colégio interno. O jardim era enorme, cheio de arvores e arbustos que mais ao fundo dariam em uma floresta escura que era cortada por uma grade enorme com uma cerca elétrica no topo. Do que adiantava o lugar ter uma aparência fina e delicada se seriamos obrigadas a viver trancadas como se estivéssemos em uma cadeia?

Uma garota veio correndo e ficou do meu lado. Ela deveria estar atrasada para orientação. Era alta, tinha cabelos negros e pele pálida, vestia roupas escuras e usava uma boina francesa roxa escura. Não sabia como ela conseguia ser tão silenciosa quanto um fantasma.

– O que ele esta falando mesmo? – Perguntou a garota tirando os fones de ouvido.

– Alguma coisa sobre as normas. Principalmente a parte em que não poderemos sair da área do colégio. Eu já meio que deduzi isso, pela cerca/grade e pela grande quantidade de câmeras e radares. Esse tipo de coisa.

– Nossa, falando assim você parece que é “profissional” no assunto. – Disse ela.

– É complicado para se explicar, eu meio que “sinto” esse tipo de coisa sabe?

– Sei sim, certas coisas que também acontecem comigo são difíceis de explicadas...

Não sei o que ela queria dizer com isso, mas então o orientador disse que estávamos liberadas para explorar o campus e a escola desde que não fizéssemos nada de errado. A garota desapareceu. Eu decidi seguir em direção a biblioteca, onde ficava a sala de troféus e prêmios. Eu tinha uma pesquisa pessoal para fazer.

{...}

A sala de troféus era grande e com paredes feitas de medeia, talvez para deixa-la mais aconchegante. Haviam vários troféus, estatuetas de “ouro”, medalhas de todo tipo de coisas e fotos das ganhadoras. Todos estavam dentro de grandes armários com portas transparentes e trancadas. Encontrei aquilo que procurava depois de um tempo: uma foto antiga. Com algo rabiscado nas bordas: 1990. Nele havia a foto de uma garota com mais ou menos a minha idade que segurava um troféu na mão e estava completamente orgulhosa. Era minha mãe.

Algumas coisas pareciam as mesmas daquela que desapareceu a nove anos. Eu não me lembrava do que tinha acontecido, só sabia que em uma manhã de sábado acordei sozinha na casa onde morávamos e não conseguia me lembrar de nada. Depois de crescer, passei meses a procurando por ela, iria frequentemente à delegacia de policia ou centro de atendimento a pessoas desaparecidas para tentar saber se houveram noticias sobre Alex ou Alexsandra Vega, mas todos apenas negavam e diziam que não existia ninguém com esse nome.

Apesar de uma foto ser algo legal, isso não seria útil na minha busca. Do que uma foto poderia me ajudar a encontrar minha mãe? E como sempre, eu havia voltado à estaca zero.

– Droga! Isso não esta ajudando em nada! – Gritou alguém do meio das prateleiras da biblioteca.

A mesma garota de roupas pretas e boina estava parada em frente a uma prateleira de livros sobre...hum... Eventos sobrenaturais? Ela segura um livro velho, algo relacionado a pessoas que podiam se comunicar com os fantasmas.

– Ah... é você. – Eu disse.

– É. – Ela bufou – Da para acreditar que ainda dizem que essa é uma das melhores bibliotecas do mundo? Mais uma mentira que criaram para promover esse colégio idiota.

– Eu quem o diga. Mas, sobre o que você esta procurando? – Perguntei, mesmo sabendo que ela deveria estar procurando livros para estudar para uma prova de te da uma vaga para entrar para os Caça-Fantasmas.

– Você me chamaria de louca se soubesse. – Disse ela dando ombros. Logo em seguida ela me empurrou para os lados – Abaixa!

Uma estante caiu, se ela não tivesse me empurrado, agora mesmo estaria esmagada.

– Mas o que foi... – Algo fez o chão tremer. Terremoto, pensei. Se fosse um terremoto seria bem melhor do que o que iria acontecer: Todas as portas ou possíveis saídas se fecharam e grades apareceram, destruindo qualquer chance de fuga.

– Ai... Sistema de segurança talvez? – Disse ela, massageando a cabeça no local em que um livro cairá.

– Não. Se fosse isso, o alarme soaria. – Respondi.

– Então o que é isso?

Eu não queria dizer o que eu achava que era. Uma armadilha. Mas afinal, para que nos prenderiam em uma armadilha? Descobrir isso não estava nos meus planos, eu precisava sair dali. Agora. Antes que as coisas piorassem, ou melhor, o que realmente aconteceu.

Dei uma volta completa pela biblioteca, tentava entortar as pesadas grades ou arrombar as fechaduras, mas nada. A “princesa fantasma”, o apelido que dei a ela, pois a garota desaparecia com a velocidade de um fantasma e preferia ficar próxima as sobras, tenvada usar um globo terrestre para amassar uma das grades.

– É impossível. Essas grades nem se quer ganham uma única rachadura. – Eu disse, escorregando na parede e sentando no chão, abraçando os joelhos. Ela jogou o globo em cima de uma mesa de leitura e se sentou em nela.

– Mas e agora? SOCORRO! – Berrou ela, batendo com todas as forças contra a parede.

As luzes começaram a piscar. Senti os fios do meu cabelo eriçarem. OH NÃO! Barulhos de uma descarga elétrica extremamente forte vinham das paredes.

– Para debaixo da mesa, AGORA!

Nos encolhemos e ficamos em baixo da mesa enquanto fortes descargas elétricas vinham de todos os lugares. Por uma questão de sorte, o carpete embaixo da mesa era feito de fios de plástico. Plástico não conduzia eletricidade.

As descargas elétricas eram tão fortes que chegavam a parar a minha respiração. Tudo cheira a queimado. Assim que pararam, pequenas faíscas vermelhas vinham do que antes eram as lâmpadas. Algumas delas chegavam aos livros e as estanques que facilmente começavam a pegar fogo. Droga.

– Ainda acha que isso é um procedimento do sistema de segurança? – Perguntou ela, irônica.

– Com certeza não mais. Vamos sair antes que... – Agora a mesa onde estávamos escondidas estava cheia de pequenas chamas.

– Algum sugestão? – Ficamos de costas uma para outra, de olho nas chamas ou em outro possível ataque.

– Nenhuma, mas podemos usar os tapetes para tentar diminuir mais o fogo e usar os vasos de flores?

– Boa ideia. – Disse ela indo para um dos lados.

As coisas não estavam nada bem, boa parte da sala havia sido consumida pelas chamas. Era difícil enxergar no meio daquela fumaça escura. Jogava toda a agua dos vasos que estavam no parapeito da janela. Aquilo não estava adiantando em nada.

A cada minuto mais o fogo avançava, deixando poucos espaços para andar. Levei um susto ao esbarrar na outra garota que vinha correndo da parte onde livros e estantes queimadas começavam a cair.

– Não deu para usar os tapetes. O que vamos fazer?

Procurei algum tipo de extintor de incêndio ou um alarme, qualquer coisa, mas não encontrei nada. Bom, provavelmente pensaria que eu estava louca, mas aquela parecia a minha única saída: estendi uma das mãos em direção as chamas.

– O que acha que esta fazendo? – Perguntou ela

– Quer saber? Eu não tenho a mínima ideia...

“Ok. Podem para com adua dança. Serio, isso não é nada legal sabiam?”. Sim, eu estava falando com o fogo. E ele obedeceu. Não havia diminuído muita coisa, mas já era uma melhoria. Isso era estranho.

A segundo tentativa parecia surtir mais efeito. Agora as enormes labaredas se reduziam a pequenas fagulhas ou chamas do tamanho de um estojo. Eu controlava fogo. Me senti agradecida e poderosa por ter dado um fim ao que se não tivesse agido rápido se tornaria o meu fim. Essa sensação boa não durou por muito tempo, meu corpo inteiro enfraqueceu e cai ajoelhada. Minhas mãos estavam cheias de queimaduras e marcas escuras, mas não me incomodavam nem um pouco.

A garota se ajoelhou ao meu lado e disse: - Bom trabalho. Como você fez isso?

Eu murmurei um “não sei”, porem acabou saindo algo muito esquisito. Estava tão fraca que acabei tombando novamente e perdendo todos os sentidos.

Voltei a consciência quando senti meus sapatos molhados. Isso ai. Completamente molhados. Havia agua chegando a altura do meu peito. Jatos descontrolados saiam de dentro de buracos na parede. Como aquela sala havia alagado tão facilmente.

– O plano de nos matar com fogo não funcionou e parece que a nova ordem agora é nos matar afogada! – Disse a menina que tentava tampar um dos buracos, mas isso parecia impossível já que ela tinha que se manter na superfície ao mesmo tempo.

Ela tinha razão. Seja lá o que fizemos, eles queriam nos matar. Isso era obvio.

– Não existe nenhum ralo? – E então mergulhei. Ainda estava dolorida, só que estava bem melhor. Procurei qualquer coisa que pudesse sugar a agua. Voltei a superfície quando estava ficando sem ar. Não me lembrava de termos chegado a poucos centímetros do teto tão rápido.

– Nada. – Eu disse

– Isso já esta me irritando. – Gritou ela, estendendo as mãos para sua cabeça não bater no teto. – Bela forma de morrer. Será que quantas vezes eu tenho que avisar que odeio agua e sou péssima nadadora? Até parece que eles não leram minha ficha para as aulas de educação física. Droga!

O nível de agua subiu ainda mais. Agora minha cabeça batia no teto.

– Vamos morrer. Alguma sugestão de ultimas palavras? Um discurso, sei lá?

– NÃO! EU NÃO CONSIGO! NÃO VOU FAZER ISSO DE NOVO – Ela gritou, tampando os ouvidos e balançando a cabeça.

– O que? – me assustei e acabei batendo a cabeça.

– Eu já falei. Ela... ele... Essa voz! Eu não vou fazer isso seu fantasma estupido! Não de novo! Eu quase morri da ultima vez! Vai matar ela! – Continuou ela, como se estivesse brigando com alguém que só ela pudesse ouvir – Confiar em você? Confiar em alguém que já morreu? Ah, desculpa se te ofendi! Isso é impossível! Ah!

Aquela era uma cena assustadora, ela se contorcia ao falar com a voz que só ela ouvia. Em algumas vezes chagava a engolir um pouco de agua. A voz parecia querer deixa-la louca. Em menos de um minuto não havia como respirar. O meu oxigênio começou a se esgotar mais rápido que o normal. Ela ainda se debatia na agua e gritava (pelo menos era o que eu achava) consigo mesma. Também estava perdendo ar e não aguentaria por muito tempo.

Minha cabeça começou a doer e fui puxada para baixo. Minha visão estava escurecendo. Uma vez ou outra um livro se chocava contra o meu rosto. A cada minuto me sentia puxada pela escuridão até que algo agarrou a minha mão e me puxou para cima.

Abri os olhos, esta frio e escuro. O mundo parecia girar mais do que um cata-vento em uma ventania. Eu estava respirando, não ar “comum”, ele era mais pesado, mas forte e tinha cheiro de acido, enxofre e algo mais profundo, morte.

Eu havia morrido? Sentia minha vida sendo sugada, estava sendo puxada para frente, por um caminho sem fim. Tinha acabado. Fui jogada com força contra o piso duro cheio de linhas azul, branca e vermelha. O barulho da queda ecoava por algo com que eu estava familiarizada: um ginásio.

Me levantei apesar de sentir que boa parte havia sido sugada pela viagem em meio das sombras, eu não parecia muito pior do que a garota de boina roxa: ela estava ajoelhada, tremendo e com as mãos cobrindo o rosto.

– Minha primeira viagem também não foi das melhores – Disse um garoto que ate tampouco eu não via ,sentado na arquibancada. Enquanto caminhava em nossa direção, ele pulou as grades como isso fosse a coisa mais fácil do mundo e caminhava de uma maneira estranha, leve, porem lenda e...fantasmagórica. Não era como a garota, ele era realmente um fantasma. Vestia roupas pretas exceto a jaqueta de aviador que era marrom. Tinha cabelos pretos, olhos pretos e pele pálida. De alguma forma ele me lembrava a garota fantasma.

– Olá, sou Nico di Angelo, O Rei Fantasma – disse olhando para nos, e então se virou para a garota que se parecia com ele – E sou seu irmão.


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Notas finais do capítulo

Olá de novo!E então? Gostaram pessoas? Comentem por favor, nem que seja um "continue", "adorei" ou "amei" okay? Bjos



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