The Daughter of Darkness escrita por Meriane Ganter


Capítulo 9
Um Lugar Nada Agradável




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Pegamos o primeiro ônibus em direção a Nova York, de inicio eu sentei bem longe de Heitor pra não termos mais daqueles momentos de climão. Agatha se sentou ao lado de Gabriel, acho que ela estava gostando dele, estava sempre ao lado e o olhava de um jeito fofo. Achei meigo, pois ela estava recostada no ombro de Gabriel. Thaissa estava sentada ao meu lado. Estava um calor infernal e eu estava ficando enjoada.

– Preciso ir ate o banheiro. - disse à ela. - Volto já, fique de olhos bem abertos o.k.?! - Thaissa assentiu.

O banheiro daquele ônibus era tão pequeno e tão fechado, abri a torneira e lavei o rosto, comecei a me sentir mais mal do que já estava ate que comecei a ficar tonta. A porta do banheiro se abriu e Heitor entrou, o vi abrir um saquinho branco e senti ele colocando algo salgado em minha boca. Estava tudo girando, Heitor dava tapinhas em meu rosto. "Helena! Helena!" Quando de repente o ônibus balançou e Heitor e eu quase caímos para fora do minúsculo banheiro. Depois de alguns minutos o motorista chegou a conclusão que por falta de água o motor estragou.

– Parece que o motor fundiu pessoal, descendo com calma, outro ônibus já esta a caminho. - gritou o motorista.

Thaissa levantou-se preocupada e foi ao encontro de Agatha. Eu ainda estava tonta e Heitor ainda me segurava, ele pousou a mão direita em minha testa enquanto me segurava apenas com o braço esquerdo, depois de sentir minha temperatura, Heitor passou a mão em meu rosto, fazendo uma suave caricia, senti coisas estranhas no meu estômago.

– Temos que sair daqui. - disse Thaissa. - E rápido!

– Como assim? O que esta acontecendo? - perguntou Heitor.

– Não seja burro fadinha, motores não ficam sem água de repente. - provocou Agatha. - Temos que sair e continuar a pé ate algum posto ou hotel.

Assim que saímos do ônibus, melhorei instantaneamente, Heitor havia me "examinado" antes de sairmos e disse que foi apenas uma queda de pressão. Estávamos caminhando pela estrada, Agatha conversava com Thaissa sobre estratégias e da genialidade dos gregos para invadir Tróia.

– Tudo isso por causa de uma mulher estúpida! Tudo por causa daquela maldita Helena! - Agatha voltou-se a mim. - Desculpe Helena, não era de você que estava falando. - eu assenti e sorri. - E ela nem era assim tão bonita! - continuou Agatha.

Logo atras de Agatha e Thaissa estava Heitor, ele andava com o peito estufado, parecendo um galo, e atras dele estavam Gabriel e eu. Eu olhava para Heitor e depois para Gabriel, que fitava Agatha com ternura.

– Então, você é do Dallas? - perguntei, puxando assunto.

– Sou sim. - afirmou. - Morava la com a minha mãe a cinco anos.

– E como esta sua mãe? - era estranho falar sobre mães, pelo menos pra mim, já que a minha havia morrido a sete anos.

– Minha mãe é dona de uma construtora, trabalha muito, mas sempre foi atenciosa comigo, ela reclama de eu não ir visita-la com muita frequência. - contou. - Ja expliquei que o acampamento e mais seguro mas ela teima em dizer que meu lugar é ao lado dela. Mas se não fossem os monstros, eu estaria la com ela.. Te contei que minha professora da quinta serie tentou me estrangular?

– Não.. - Gabriel riu.

– Pois é, eu estava jogando bola e a professora disse que queria falar comigo, quando entrei na sala de aula ela trancou a porta e agarrou o meu pescoço, sorte que o zelador era um sátiro, e me ajudou, dando uma bela de uma direita, bem no meio da cara dela. - gargalhamos. - Mas dai, ela se levantou e pulou pela janela, desaparecendo no bosque. Sertor me trouxe ate o acampamento, e através de uma mensagem de Íris, Quíron avisou minha mãe.

– Nossa Gabriel, que historia. - Gabriel me olhou, sorriu e voltou a fitar Agatha. Era muito lindo o jeito que ambos se olhavam, o carinho, o afeto, eram de fazer ate uma filha de Hades como eu suspirar.

Chegamos em uma determinada parte da estrada em que havia uma loja com um letreiro caído e meio apagado, com alguns minutos de observação li alguma coisa como "RÓEPIMO ED AÕSEN ED JIDARN AD ATI MEE", eu como os outros semideuses, tenho dislexia, as palavras se embaralham quando eu as vejo e não consigo entender o que esta escrito, Agatha me falou que isso acontece por que meu cérebro esta programado para o grego antigo, mesmo assim era difícil conviver com isso.

O lugar parecia estar abandonado a um bom tempo, haviam estatuas de pedra por toda parte, algumas quebradas no chão, pisoteadas, o que me fez pensar que por ali passaram alguns monstros. Havia uma fonte de pedra no meio do jardim da loja, vi através da água, dracmas reluzindo no fundo da fonte. Toquei uma das estátuas, elas eram bem feitas que ate pareciam reais.

– Que lugar estranho. - disse a Thaissa.

– Aqui não era um lugar muito bom de se estar a alguns anos. - gritou Heitor de trás do balcão nos assustando. - Sabem que lugar e esse, não é? - todos assentiram, menos eu, como sempre.

– Helena, as estátuas, isso não te é familiar? - perguntou Gabriel e eu neguei com a cabeça.

– Tentei ler o letreiro, mas essa dislexia e fogo.. - me expliquei.

– Empório de Anões de Jardim da Tia Eme. - Thaissa leu em voz alta a placa. Claro, como fui estúpida, as estátuas, por isso parecem tão reais, porque são reais!

– Medusa? Jura? - todos assentiram e Heitor soltou um breve riso. - Do que esta rindo idiota? Por acaso não e disléxico também? - gritei.

– Sou.. mas ainda sim, consigo deduzir algumas coisas o.k. esquentadinha. - disse Heitor rindo.

– Heitor, porque você não pega esses dracmas todos e engole pra ver se você reluz mais? estou cansada do seu ego, cansada das suas piadinhas ridículas, CANSADA DE VOCÊ! - sai para o jardim e Thaissa veio atras.

– Ei.. o que foi aquilo? - perguntou.

– Aquilo fui eu de saco cheio. - resmunguei. - Porque sempre da tudo errado Thaissa? Quando descubro alguma coisa sobre mim, sobre meu passado, sobre quem sou de verdade, acontece coisas piores que as que já estavam acontecendo? Como o sequestro do Nico.. E tão difícil a vida de semideus assim?

– É dai pra pior Helena. - ela passou a mão pelo meu tosto tirando uma mecha que estava desalinhada. - Nos temos que lidar com coisas horríveis de mais para nossa idade. Tenho 17 anos, cheguei no acampamento com 8, vi coisas terríveis, vi Cronos quase destruir Nova York e Percy junto com todos os outros semideuses, lutando juntos para impedir, vi Clarisse La Rue amassando um Drakon sozinha, porque Silena Beauregard foi morta por ele, sim, foi a 2 anos, não faz tanto tempo, mas a cena passa pela minha cabeça todo santo dia, lembro de todos os campistas que perdemos naquela guerra, um por um. Sabe Helena, o acampamento e o nosso lar, e os campistas, goste ou não, são nossa família, e muitos dos campistas que morreram eram meus amigos. Por isso precisamos nos unir para que não hajam mais perdas.

Eu sorri para Thaissa e pedi desculpa, ela me disse que tudo bem, assim que se retirou eu me coloquei a pensar, o que eu deveria fazer agora? Gabriel veio ate mim e sentou-se ao meu lado, encostei a cabeça em seu ombro e fiquei observando o céu, que estava incrivelmente estrelado. Suspirei e ouvi um barulho estranho do outro lado do jardim, era o som de um galho se partindo, todos se prepararam segurando suas armas, Thaissa com sua espada, Agatha com uma adaga, Gabriel com outra espada, menor que a de Thaissa, Heitor com seu arco e eu com a espada que Gabriel havia me dado.

Eu me aproximei devagar do lugar onde ouvi o barulho e quando faltava menos de um metro um cão enorme e negro pulou em cima de mim, fiquei assustada, quando achei que iria morrer o cão me surpreendeu, ao invés de me devorar, ele me lambeu, logo em seguida outro cão, bem maior que o primeiro, enorme pulou dos arbustos e bufou. Depois de ser encharcada com baba de cão infernal eu me levantei e acariciei a cabeça do cão.

– Este, se chama Kerbus, e o outro Phyros. - disse e todos guardaram suas armas. - Não sei como sei, e também não sei como me acharam.

– Helena. - disse Agatha. - Eles sentiram seu cheiro, cheiro de morte. - eu revirei os olhos e Kerbus rosnou para Agatha que recuou instantaneamente.

– Acho que já temos como ir para Washington. - disse olhando para Kerbus e Phyros.


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