The Daughter of Darkness escrita por Meriane Ganter


Capítulo 12
O Traidor




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– Precisamos conversar. - disse ele seriamente.

Heitor e eu ainda estávamos "brigados", na verdade só estávamos de frescura, mas sou orgulhosa, nem morta eu pediria desculpa a ele. Eu estava de toalha, tinha acabado de sair do banho, Thaissa não estava nos quarto, Heitor disse que ela foi "dar uma voltinha", pedi à ele que me alcançasse a minha mochila, peguei uma muda de roupas e voltei ao banheiro.

Vesti uma calca jeans que tinha muitos cortes na frente da coxa, uma camiseta do Ramones e o meu all star velho, preto e encardido. Prendi o cabelo em um coque bagunçado, passei lápis nos olhos, o que era o básico de maquiagem que eu usaria. Sai do banheiro e la estava Heitor plantado me esperando, ele
parecia convencido em conversar comigo.

– Podemos ir para o terraço? - perguntou Heitor e eu assenti. Chegamos no terraço, apesar de não ter nenhum tipo de "conforto" era um lugar agradável, dava-se para ver muita coisa dali de cima, casas ao redor e ate as montanhas ao fundo. Nos sentamos em uma mureta que rodeava a caixa de água, era
incrível a calma que aquele lugar me causava, soltei o coque que havia feito e deixei meus cabelos negros soltos para dançarem com o vento.

Observei Heitor por um instante, ele olhava para o horizonte, pensativo, o por do sol deixava o brilho de seus olhos verdes ainda mais encantadores, que não estavam com o brilho vivo de antes. Quando Heitor percebeu que eu estava o observando ele me olhou e sorriu, eu pulei da mureta e fiquei em pé na frente dele.

– Então? O que quer falar comigo? - disse tentando parecer durona.

– Você e muito mal educada e arrogante sabia? - provocou.

– Heitor, jura que você me fez subir ate aqui pra me dizer isso? Heitor riu. - Não vejo graça alguma seu babaca, não tenho tempo para isso! - eu já ia me retirando e Heitor pulou da mureta e segurou minha mão.

– Me desculpe, foi uma brincadeira boba e sem graça. - eu revirei os olhos e puxei minha mãos que Heitor ainda segurava e cruzei os barcos, esperando pela chatice. - Ah.. Helena.. Quando eu tinha 13 anos, fui para o acampamento, fui bem recebido, bem ate demais, as meninas do chalé 10 fizeram uma festinha pra mim e.. - eu o encarava de maneira que ele entendeu "definitivamente eu não quero saber das suas festinhas no chalé 10."– Mas enfim, fico no acampamento quase sempre, todo mês vou visitar minha mãe na clinica. - eu franzi o cenho.

– Espera.. Clínica? - Heitor baixou a cabeça.

– Minha mãe esta a 5 anos em coma Helena, depois de um acidente, em que ela foi atropelada. - aquilo foi um belo soco na minha cara. A mãe de Heitor em coma por 5 anos, isso.. era terrível. - Um cara bêbado atropelou ela, eu era pequeno, como não tinha o meu pai pra cuidar de mim, fui entregue a minha tia, e meu pai permitiu essa estupidez, cresci com essa tia que me odiava, dizia que eu era um monstro e não me deixava brincar com os filhos dela. Quando completei 12 anos meu pai me guiou ate o acampamento, onde cheguei em segurança e fiquei la ate hoje. Eu definitivamente não sabia o que dizer, a mãe de Heitor, indefesa presa em uma cama de hospital, toda aquela pose de maioral dele era apenas uma fachada, que escondia os problemas dele, eu estava me sentindo péssima.

– Ah.. Heitor.. Eu.. Não.. Sabia. - Heitor sorriu.

– Ninguém sabe Helena, não é o tipo de coisa que se sai contando. - eu mordi a boca. - E acho que por conta disso, tomei muitas decisões erradas. Alguns meses antes de você chegar, eu me aliei a um certo cara, que quer a destruição do Olimpo, eu não sei porque aceitei me juntar a ele mas eu o fiz. A algum tempo eu venho coletando informações e repassando para Herius. - ao ouvir esse nome meu corpo estremeceu, tinha alguma coisa nesse cara que me arrepiava.

– Herius? Você disse Herius? Você é um traidor Heitor? - disse me levantando rapidamente.

– Não! Helena eu me desvinculei dele. Desde que ele me deu uma ordem que eu não.. não fui capaz de cumprir..

– A é? E que ordem foi essa? - me aproximei do rosto de Heitor e ele abaixou a cabeça. - Vamos me diga, que ordem foi essa?

– Te matar. - balbuciou Heitor. Eu recuei, o tempo todo Heitor queria me matar, aquilo foi um choque para mim. Heitor colocou a mão em meu rosto e eu a tirei.

– Traidor.. TRAIDOR! Não encoste em mim, como pude ser tão idiota? O tempo todo você queria me matar! - Heitor ajoelhou-se e começou a chorar.

– Helena, me perdoa, preciso do seu perdão, não posso conviver com isso, eu preferiria ficar em coma numa cama de hospital desligado do mundo a ter de suportar o seu olhar de desprezo, por favor, me perdoe.

Por mais que eu quisesse eu não poderia simplesmente perdoar Heitor, ele era um grande traidor, ele não traiu apenas a mim, mas a todos!

– Me diz.. Porque não pode cumprir a ordem? - eu estava com medo da resposta, ele poderia responder que se sentia mal, que nunca desejou tornar-se assassino, mas sua resposta me surpreendeu ainda mais. Heitor levantou a cabeça e me fitou com seus encharcados olhos verdes.

– Porque me apaixonei por você! Desde o momento em que te carreguei nos braços quando chegou, eu sabia que nossos destinos estavam ligados Helena. Recebi uma profecia de Rachel ano passado, eu estava sentado perto do riacho e ela veio ate mim. - Heitor tomou fôlego e começou a recitar a profecia.

"Seu destino traçado esta,

Pelo sangue poderoso ira apaixonar,

Ao renegado deveras decidir, entre o deter ou o servir,

Diante da espada ira escolher, pela filha do grandioso, viver ou morrer."

Eu fiquei paralisada ouvindo, por um momento eu fiquei em choque mas depois coloquei-me a pensar na tal profecia. "Pelo sangue poderoso.." Acho que deve ser essa coisa de os três grandes, sou filha de Hades, um dos três grandes, se bem que Thaissa também se encaixava na descrição, filha de Zeus, porem já compromissada. "Pela espada ira escolher, pela filha do grandioso, viver ou morrer.." isso certamente não era nada bom. Respirei fundo e Heitor se levantou, nossos corpos estavam a vinte centímetros um do outro.

– Heitor eu.. você tem o meu perdão, mas não posso aceitar sua traição, fique tranquilo que não contarei a ninguém o que me disse. Heitor tossiu e perguntou se eu ainda o queria na missão. - Claro Heitor, você trabalhou para Herius, pode nos levar ate ele. Não vou confiar em você da mesma forma, que fique bem claro isso para você.

Heitor assentiu, descemos as escada e voltamos para o quarto, no qual estavam todos de volta, Thaissa sorriu para mim e eu a ignorei, eu sei, foi um ato muito grosseiro da minha parte, mas ela me deixou sozinha com Heitor e isso foi sacanagem. Agatha e Gabriel se entupiam de hambúrgueres e refrigerante, Heitor me deu um saco com sanduíche, um copo grande de refrigerante, um canudo e guardanapos. Conversamos por horas sobre meu sonho com Nico, estávamos em Washington mas não fazíamos ideia de onde procurar.

– Parecia um parlamento, uma sala de um senador, algo assim. - Agatha colocou o dedo no queixo pensativa.

– Senado.. Pode ser o prédio do Capitólio. - disse Agatha

– Ou a Casa Branca. - Especulou Gabriel com a boca cheia de hambúrgueres.

– Não seja nojento Gabriel, não fale de boca cheia garoto! - resmungou Agatha.

– Não.. Casa Branca e muito arriscado, mortais saindo e entrando, isso não seria bom para manter um prisioneiro, Herius não seria tão burro. - disse Agatha. - Seja como for, vamos pega-lo, agora se me permitem, vou dormir.

Após Agatha, pouco a pouco todos foram dormir, exceto eu, não estava muito legal para ver meu irmão sendo torturado e eu não poder fazer nada para ajuda-lo. Fiquei olhando o céu pela janela, adormeci um pouco antes do amanhecer, não tive sonho algum, apenas o escuro infinito.


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