Sentia que tinha tomado a decisão certa em desistir de tudo enquanto lembrava nestes pequenos segundos o que me levou a tomar minha decisão. Lembrei-me de uma frase que um dia vi num daqueles filmes de romance idiota que dizia: “O que quer que você faça na vida será insignificante, mas mesmo assim faça, pois ninguém mais o fará”.

Ficamos um tempo abraçados, comigo sentindo aquela sensação de estar protegida que chegava a ser irritante de tão boa. Nico se afastou um pouco e tirou seu casaco.

– Pega você está congelando - disse ele gentilmente

– Obrigada - disse vestindo o casaco que apesar de um pouco molhado era melhor que ficar sem nada.

– Vem eu vou te levar pra casa...

Caminhamos pelas ruas de Nova York de mãos dadas, o que era um pouco estranho pois a alguns minutos atrás estávamos gritando um com o outro, até o prédio onde morávamos. Entramos no elevador ainda de mãos dadas e eu apenas observei o pequeno letreiro que indicava o andar enquanto o elevador subia. 12°. As portas se abriram. Virei-me ficando frente a frente com o di Ângelo e ele passou os braços em volta da minha cintura.

– Você vai ficar bem? - perguntou ele me olhando profundamente

Eu não respondi apenas sustei seu olhar, e não era fácil sustentar um olhar vindo daqueles olhos escuros e difíceis de entender. Ele me puxou lentamente para mais perto, colando nossos corpos ainda molhados pela chuva. Eu podia sentir sua respiração quente batendo no meu rosto. Uma parte de mim dizia que o que iria acontecer não era certo, pois provavelmente o desgraçado do di Ângelo estaria o fazendo apenas por pena e talvez uma minúscula atração momentânea. Porém outra parte de mim pedia loucamente por lábios que agora já se encontravam tão próximos dos meus. Enquanto esta briga era travada dentro da minha mente e meu coração falhava alguns batimentos, Nico foi mais rápido que meus pensamentos e finalmente colou seus lábios nos meus de uma maneira nada romântica, até um pouco brusca, de uma maneira intensa e quente. Mas mesmo com esse seu jeito nada romântico, que eu admito ter gostado muito, ele conseguiu com um beijo me fazer esquecer de tudo o que acontecia a nossa volta, de todos os meus problemas, me fez sentir que talvez ainda houvesse um sentido pelo qual viver. Em outras palavras, seu beijo era perfeito, como o de mais ninguém, e eu precisava desesperadamente daquilo.

Como, em todo aquele que se diga um ser humano, o ar faltou e tivemos que nos separar. Nos encaramos ofegantes, ambos com expressões de o que foi isso? Nico sacudiu a cabeça levemente como se tentasse sair de algum tipo de transe em que se encontrava. Eu olhei para a porta do elevador e em seguida olhei para ele novamente.

– Talvez eu te deva algumas explicações e respostas não é? - perguntei a ele e ao mesmo tempo me perguntei por que eu iria dar explicações ( merda de consciência que tem que fica se manifestando nessas horas ).

– Vem vamos pra um lugar que talvez você já conheça, mas sei que lá podemos conversar sem ninguém atrapalhar... e é lindo - disse ele sorrindo na ultima parte como se se lembra-se deste tal local.