Era apenas mais um dos costumeiros treinos da Seirin, o campeonato de inverno estava chegando e isso fazia com que Kuroko e Kagami sempre fossem os últimos a sair da quadra, a sincronia entre eles estava melhor do que nunca mas eles não achavam que isso estava bom o suficiente, eles ainda tinham muito o que melhorar.

Depois que todos os outros saíram os dois ainda ficaram por mais duas horas na quadra até o zelador praticamente expulsá-los do ginásio porque tinha que fechar a escola, já virara quase que uma rotina para os dois serem expulsos pelo zelador e depois de serem praticamente expulsos da quadra os dois se encaminhavam para a lanchonete. Mas este dia foi diferente.

– Kuroko foi mal mas hoje não vou poder ir com você, se eu não estudar para a prova de matemática não vou passar e não terei permissão de jogar... – o ruivo estava realmente frustrado pelas notas que estava recebendo, ele queria poder treinar mais e não ficar com a cabeça nos livros.

O azulado apenas faz que sim com a cabeça e então some indo até a lanchonete, ele como sempre pede um MilkShake de baunilha e se senta na mesma mesa de sempre o tomando de forma lenta quando é surpreendido por uma garota se sentando na sua frente. Não que isso nunca tivesse acontecido antes, as pessoas dificilmente o viam, mas aquela garota era bem...chamativa.

Ela sofria de albinismo por isso tinha os olhos de um azul límpido, a pele pálida e o cabelo de um loiro quase branco e liso. Só que o cabelo da jovem era cheio de mechas coloridas: azul, roxo, verde, preto e vermelho. Além disso ela tinha um pircing no lábio esquerdo e usava roupas coloridas e chamativas, muito diferentes do tipo sóbrio usado pelas japonesas.

– Oi posso sentar aqui? O lugar está tipo lotado de gente... O que está pegando, hoje é o dia do super desconto ou algo assim – a garota começa a falar olhando para o azulado na sua frente, ela mexia as mãos para falar de modo chamativo – este lugar tem os melhores milkshakes de todos mas o lugar hoje está mais cheio do que o comum, eu venho aqui desde que me mudei o que não é muito tempo na verdade...

E agora continuou falando durante uns cinco minutos sem nem ao menos parar para respirar, ela gesticulava enquanto falava, as vezes brincava com o canudo no milkshake de morango. Kuroko não disse nada, não que ela tivesse dado para ele qualquer brecha para ele falar. A garota era bem diferente dele para dizer o mínimo, e então ela para e respira, pisca os olhos e então fica completamente vermelha.

– Eu fiz de novo não é? Eu sempre faço isso de ficar falando demais e não deixar as pessoas responderem – ela admite ficando vermelha e tomando um gole do milkshake – sou Horo muito prazer.

A garota tinha um sorriso brilhante nos lábios, agora Kuroko via que ela usava várias pulseiras coloridas de contas no braço direito e um relógio chamativo e também colorido, as unhas eram curtas e os cílios estavam azuis. Horo Maara não era o tipo de garota que se via todo dia andando pelas ruas, ela era quase que o oposto do jogador da Seirin.

– Kuroko Tetsuya – falou o garoto tomando outro gole do milkshake e sem saber o que falar exatamente, então opta por ficar quieto.

Enquanto o azulado preferia o silencio, a garota de cabelos coloridos adorava falar sobre tudo e encontrou no azulado um ótimo ouvinte, além de é claro ele ser bem interessante. Era difícil conseguir fazê-lo falar muito por ser um tanto introspectivo, mas quando conseguia ele sempre falava coisas interessantes. Eles acabaram pedindo outro milkshake para continuar a conversa que era quase um monologo com a garota falando muito e o rapaz fazendo um comentário ou outro.

– Ai meu deus olha só a hora – disse a garota se levantando em um salto – eu estou te alugando até tarde, desculpe Tetsuya... Fazia tanto tempo que eu não conversava com ninguém... As pessoas não gostam muito de mim, sabe? Porque eu sou assim e desculpe, estou falando muito de novo.

O rapaz a entendia, e como entendia ele sabia como era ser diferente. Ele quieto demais, invisível para a maioria, ela chamativa demais. A garota era quase que cinco centímetros mais alta do que ele, mas mesmo assim era considerava baixinha. Horo gostou da companhia do jogador, ele era tão legal e ela não queria estragar tudo. Como sempre fazia na realidade, suas bochechas estavam coradas e já estava se preparando para nunca mais cruzar com ele em toda a sua vida.

– Eu gosto de você como amiga... gosto do seu jeito – o rapaz diz naquele tom calmo de sempre com um sorriso leve nos lábios, ele consegue ganhar um sorriso enorme e brilhante da garota.

Os dois andam juntos pela rua pela parte do caminho que era comum para os dois, Horo ria alto, gesticulava exageradamente e era difícil não notá-la enquanto o garoto era praticamente invisível, quem os visse acharia que a garota estava falando sozinha. Só que quando ele falava ela ficava completamente quieta ouvindo tudo o que ele dizia com atenção.

Quando tiveram que se despedir ela perguntou se poderia assistir um dos treinos dele, porque ela queria muito vê-lo jogar. Mesmo o garoto falando que seria entediante e nem de longe tão emocionantes, mas nem isso fez com que a garota desistisse. Ela deu um beijo estalado na bochecha do rapaz quando eles se separaram e isso deixou o jogador fantasma realmente corado.

Horo foi para casa com um sorriso no rosto, havia conhecido um garoto tão legal e ele não a achara uma completa maluca como todos pareciam achar. A garota havia chegado a uma semana no Japão e simplesmente não se sentia a vontade no lugar, ela se sentia tão deslocada e não conseguia se enturmar. Fora uma verdadeira sorte encontrar Tetsuya e ele era tão legal, a garota balançou a cabeça para espantar os pensamentos, não podia criar expectativa demais.

Kuroko não estava acostumado a falar com garotas, elas pareciam nem vê-lo na verdade. As únicas com quem ele já tinha falado antes fora Momoi que o perseguia como se fosse sua namorada e a treinadora, mas ele não conseguia ver nenhuma delas como mais do que uma amiga. Não que ele visse Horo assim, quer dizer a garota era legal mas eram tão chamativa e ele havia acabado de conhecê-la.

No dia seguinte ela apareceu na metade do treino da seirin, com o cabelo preso em duas marias chiquinhas e usando o que deveria ser o uniforme colegial mas que havia sido customizado e perdido as cores sóbrias. A saia preta lisa agora era rodada e cheia de paete rosa, a blusa tinha as mangas cortadas e algumas fitas passando, a garota usava meia calça, sapatilha e vários anéis nos dedos substituindo as pulseiras no dia seguinte. Mesmo assim não deixava de estar bonita, ela tinha um rosto bonito e um corpo bonito mesmo por trás das roupas chamativas e isso desconcertou todos os garotos.

Nenhum deles disse nada, ela ficou apenas ali encarando o jogo com um sorriso que parecia brilhar um pouco mais a cada novo passe que o seu mais novo amigo fazia, ela estava completamente impressionada com ele. As vezes era até mesmo difícil achá-lo em campo, mas o que ele fazia era pura magia aos olhos da garota que tentava não perder um único movimento em campo. Assim que o treino acabou e os garotos foram se trocar, apenas Kuroko e Kagami continuaram treinando como no dia anterior. Horo não se importou e continuou sentada a onde estava olhando o treino até ser surpreendida pela técnica da Seirin.

– O que faz aqui, para quem você trabalha... Não pode ficar espiando os nossos jogos assim – disse a técnica examinando a garota que poderia estar espionando a Seirin para passar informações para outro time.

– Eu...eu... – Horo demorou alguns segundos até finalmente conseguir falar, e falar muito – eu conheci ontem o Tetsuya enquanto estava tomando milkshake sabe, porque o lugar estava super lotado então dividimos uma mesa e ficamos conversando e tomamos mais milkshake... E eu sou nova aqui, no Japão sabe, e eu não me encaixo muito, mas o Tetsuya é legal e ele me falou da vida dele e do time dele e eu queria muito vê-lo jogar e eu queria ver e achei que não tinha problemas... Eu não sabia que era espionagem e que era proibido, desculpe mesmo... Eu posso falar com o tetsuya, eu queria que ele soubesse que eu vim vê-lo como eu disse que faria...

A treinadora arregalou os olhos enquanto absorvia aquela série de informações, tudo bem ela estava acostumada a lidar com números mas não com uma garota que falava sem parar uma série de coisas enquanto gesticulava e ficava com o rosto vermelho pela confusão em que se meteu. Além disso havia o sotaque que carregava o que dificultava ainda mais.

– Treinadora eu chamei a Horo, não achei que teria um problema – fala Kuroko assustando as duas por ter aparecido do nada.

Se bem que as duas estavam tão entretidas no que a garota falava enquanto tentava se explicar que nem notou que os dois garotos haviam parado de treinar para olharem e depois Kuroko achou melhor intervir e salvar a nova amiga, se é que podia chamá-la assim. Horo ficou vermelha e sorrio para o azulado sem saber exatamente o que falar.

– Han claro...De onde você é? – pergunta a técnica olhando o modo chamativo da garota.

– Eu sou daqui, mas fui criada no Brasil sabe e lá é tudo tão colorido e faz Sol o ano inteiro eu amo o lugar acima de tudo mas agora moro aqui mas, ainda não me sinto em casa mas eu não quero atrapalhar – a garota só se atrapalhava mais enquanto tentava explicar.

Kuroko riu de leve, ela era engraçada do seu jeito atrapalhado e chamativo. No final tudo foi resolvido rapidamente e a garota continuou sentada assistindo os treinos do garoto e depois indo tomar milkshake com ele e Kagami.

Ela fez isso nos dias seguintes, até que já havia se passado dois meses. Ela não conseguia fazer amigos no próprio colégio mas já conhecia todos os garotos da Seirin e já tinha o celular do azulado com quem falava pelo Whattsapp e pelo Snapchat o dia inteiro, ela vivia mandando fotos engraçadas e divertidas para ele enquanto o garoto as vezes mandava fotos de milkshakes ou de coisas que achava que ela iria gostar.

Um dia depois do treino Kuroko estava inquieto e enquanto se trocava no vestiário junto a Kagami o azulado tentava encontrar coragem para pedir ajuda do amigo. Quer dizer ele gostava da presença da garota e de estar perto dela e ela era engraçada, assim como era divertido sair com ela.

– Chame a garota para ir ao cinema – fala o ruivo terminando de se vestir e lendo a aflição no amigo – hoje eu não vou com vocês tomar milkshake então aproveite a chance.

O ruivo bagunçou os cabelos do menor enquanto saia, para o ruivo era engraçado ver duas pessoas tão diferentes apaixonadas e nenhuma das duas tomar a atitude. Mas o jogador fantasma merecia uma garota que estivesse a altura dele e se essa garota era por ironia do destino a garota mais chamativa que qualquer um já tivesse visto, bem era isso não?

Horo e Kuroko foram andando até a mesma lanchonete de sempre e se sentaram na mesma mesa que se conhecerem, o azulado se sentia nervoso enquanto falava de como começou a jogar basquete e das coisas que já lhe aconteceram por ter pouca presença. Horo ria alto e ela própria estava nervosa porque tinha que tomar uma atitude, ela já sabia que havia se apaixonado pelo fofo jogador de basquete que era tão diferente dela, mas quais chances ela tinha?

Os dois já estavam andando a algum tempo e pela primeira vez estavam em silencio, provavelmente pelo nervosismo. Kuroko queria chamá-la para ir no cinema mas sempre que abria a boca nenhum som saia e ele se sentia ainda menor, ele precisava falar mas era tão difícil. A garota mexia nos botons que tinha na saia do colégio para arrumá-los, mas era apenas uma desculpa para tentar controlar o seu nervosismo. Quando chegou a hora de se separarem os dois se olham sem sabe o que fazer e então.

– Eu gosto de você Tetsu

– Quer... sair comigo, ir no cinema...

Os dois falam praticamente ao mesmo tempo e ficam muito vermelhos, depois arregalam os olhos e a garota leva a mão a boca completamente chocada, os corações batiam de forma acelerada enquanto eles assimilavam aquilo, a garota o olha e se aproxima dele ficando ainda mais vermelha.

– Eu... eu adoraria Tetsu – ela diz vermelha e se abaixa um pouco para ficar na altura dele e rouba um selinho constrangido do rapaz.

Os dois ficam vermelhos e se encaram, depois dizem tchau e cada um sai correndo para as próprias casas pensando no que haviam falado no que haviam feito. Kuroko ainda não acreditava que havia a chamado para o cinema, que ela gostava dele e que eles haviam se beijado e então o rapaz percebeu que não havia respondido para ela. O azulado pega o celular e manda uma mensagem para ela.

Eu também gosto de você, Horo.