Nova Terra escrita por Raposa das Bibliotecas


Capítulo 17
Rainha do Sul




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–Minha senhora! –Disse a empregada com uma bacia de água quente nas mãos. –Ele acordou, mas ainda está muito ruim. –A Rainha se levantou, finalmente, e seguiu para o quarto do marido.

O Rei do Sul, que piada, nunca mais se lembram do nome dele. Nunca mais se lembram do nome de um rei quando se torna rei. Sempre é chamado de o Rei de tal, não sei porque este não se chama o Rei de Merda, refletiu a Rainha. Que há muito seu nome também fora esquecido.

O castelo Black fica em uma encosta, próximo ao mar, e todo dia, toda tarde, ela e o marido iam para a torre mais alta presenciar o pôr do sol. Então, ele ficou velho. Não velho fisicamente, mas mentalmente. Ela se lembra de como ele a pegava, abraçava, e juntos faziam amor ali. Muitas vezes isto aconteceu e, claro, nunca foram pegos; agora?... Ela nunca mais voltou à torre. Talvez eu vá até lá esta tarde, depois que ele morrer. Ela estava pensando em matá-lo, claro, homens que mais não tem juízo não servem vivos.

Desde que Malmer morrera brutalmente no Norte, o Rei adoecera, nunca fora bom com ele, o Rei disse, e é verdade. Nunca sequer foi bondoso e generoso com o próprio filho. Nunca lhe deu palavras de carinho, e só reconheceu isto com a morte dele. Fraco! Muitas vezes se chamou, mas sabia que esta indireta seria para o filho, caso o mesmo tivesse sobrevivido. Fraco, você é fraco, é um inútil de rostinho lindo. Só vai servir para infligir mulheres. E alguém assim nunca pode ser julgado um rei.

–A senhora quer vê-lo? –Perguntou a empregada.

–Não, não quero, saí de meus aposentos à toa, somente para uma caminhada. –Ela nem ao menos olhou na cara da mulher ao entrar no quarto.

–Meu... Amor... – A tosse do Rei expulsou de seus pulmões algo gelatinoso e verde.

–Não me chame de meu amor. Já não somos assim há anos, e não será por conta de uma doença que meu coração amolecerá por você. Saiam daqui, AGORA! –Todos os serviçais saíram às pressas do quarto.

–Está se mostrando final... –Mais secreção- Finalmente. –Disse, limpando a boca.

–Ora, não me vai dizer que está arrependido? Pois não deveria estar, deveria estar orgulhoso, meteu seu pau na boceta da filha mais rica do Sul. Claro, meu pai é o Lorde do extremo sul e você teve a honra de me engravidar e assim ficar com toda a minha fortuna.

–Pois você gostou. Se bem me lembro... Você gemeu na primeira vez e da última também, então não venha mostrar... Superioridade.

–Superioridade? Ora bolas, eu não tenho um pau, se percebeu. Tenho somente uma vagina molhada e gostosa, que praticamente todo o reino quer foder. –Houve um grande silêncio. –Você sabe que tudo isto é culpa sua, não sabe?

–Eu não matei nosso filho...

–Não com uma espada, mas sim com o seu orgulho. Meu filho tem que ser o maior, já que será dono do maior exército de todos e será coroado o Rei do Sul e comerá várias nobres. Isto é patético.

–Eu sei... Ago... Agora eu sei.

–Percebeu tarde demais. Eu disse pra você, disse que aquela gentinha gelada não presta e você não me ouviu.

–Estava ocupado demais com seus gemidos. –Ironizou.

–Nada de brincadeiras, paspalho. Você está morrendo, e eu serei a soberana de nossas terras e, diferente de você, vingarei nosso filho.

–Você não sabe o que... O que te espera se for para o Norte.

–Uma guerra, talvez, e vencerei, pois nosso país tem o maior exército dos quatro reinos.

–Eu sei que tem, mas não é disto que estou falando.

–E do que é, então?

–O Rei do Norte convocou-nos para pedir ajuda. O Ocidente está invadindo.

–Disto já sei.

–MAS VOCÊ É BURRA... –A tosse o sufocou. –Você é muito burra. Não é uma simples invasão. O Ocidente tem forças obscuras... Mui... Muito poderosas. São monstros que regem o Ocidente.

O Rei continuou tossindo.

–Pode não... Pode... Acreditar, mas... Eu já... Já amei... –E se calou.

–Fredderic, Fredderic... –A Rainha o chacoalhou. –Fredderic... –Lágrimas começaram a brotar em seus olhos. –Fredderic, não...

A tarde veio mais rápido desta vez. A Rainha não acompanhou a procissão. Tochas iluminaram o velório, cantos deixaram o final do dia mais lindo e um belo barco com uma vela roxa pintou a praia. O barquinho no qual o Rei foi posto velejou por cinco metros adentro do mar, e uma flecha zuniu no céu e incandesceu o Rei. A torre mais alta do castelo Black dispõe de uma bela vista e tem uma vantagem. Um pássaro alaranjado do Oriente pousou no parapeito da torre trazendo uma mensagem clara, que fez o coração da Rainha saltar de alegria e uma única palavra ficou em sua mente por muito tempo...

Dragões!


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