Nasuada não sabia bem o que fazer. Parecia que atacariam logo, já que ela vira Saphira e o outro dragão, o da elfa voarem alto. Os três estariam cansados demais para lutar. O exército estava parado em uma ponte de terra improvisada até a ilha. Os três dragões voaram sobre eles e pousaram em uma campina, onde havia alguns Cavaleiros e elfos. Arya saltou e reconheceu o antigo amigo Blödhgarm. O elfo veio falar com eles.

–Dröttning, Rainha Nasuada e Murtagh. – o elfo se reverenciou. – Gostaria que estivéssemos em um momento mais agradável do que este para nos encontrarmos. O que fazem aqui?

–Viemos ajudar. – Arya se manifestou. – Lutamos contra o mesmo inimigo em uma tentativa de destruir Alagaësia.

–Tenho certeza que vão ajudar mesmo cansados. Precisam de armaduras. Eu não posso abandonar meu posto, mas devem ir para nossa vila. Procurem por Ghoifep, nosso ferreiro ele deve ter alguma armadura para seus dragões e para vocês.

–Obrigada. Nós voltaremos para a batalha. – afirmou Nasuada.

Os três voaram por pouco tempo, e conseguiram achar um arsenal onde havia um elfo. Era o tal ferreiro Ghoifep que vestiu os três dragões em tempo recorde e os três Cavaleiros. Quando voltaram nem Eragon nem Galväne estavam por ali, mas os Gigantais – e o seu líder – estavam se movendo. Dragões selvagens os atacavam, mas não os Cavaleiros e os três foram se juntar com Blödhgarm. Nasuada sabia que os Cavaleiros eram jovens e que seria a primeira luta real de todos eles. Então algo muito estranho aconteceu: reforços vieram, mas não para o lado deles. Eram Ra’zacs montados em seus Letrblekas. Aquilo sim era assustador, e alguns Cavaleiros começaram a recuar. Menos o elfo, ele se mantinha em sua posição junto com alguns outros. Isso era um teste para os novos Cavaleiros. Nasuada vira de todas as raças, incluindo anões e Urgals. Até mesmo Arya confessou que estava com certo medo daquilo – e se a Rainha estava, todos deveriam estar. Mas Nasuada sabia que pânico agora poderia fazer todos fugirem. Não, Eragon precisava tanto dos Cavaleiros quanto dela mesma.

Algo aconteceu com as duas. Um tremor se espalhou pelo corpo delas e pareceu continuar se propagando. Era como se a Cavaleira estivesse abrindo sua mente e a expandindo. A Rainha começou a sentir tudo ao seu redor, dês dos minúsculos seres unicelulares até os oceanos, ela podia tanto sentir aquela ilha quanto sentia... Alagaësia inteira. Naquela fração de segundos ela pareceu conectada á tudo, se tornou mais uma parte daquela terra. O exército inimigo recomeçou a avançar pela ponte de terra. Eally abriu suas asas majestosamente e com uma batida já estava voando. O ar ao seu redor não estava sendo controlado, era como se ele sozinho quisesse ajudá-las. Eally logo estava na frente dos dois exércitos, mesmo com os Letrblakas rosnando para ela, o dragão branco não os temeu. O tremor as encheu novamente e Eally rugiu. Foi algo totalmente diferente do que qualquer um ouvira, era algo grave, poderoso e contínuo, que se propagava lentamente e poderosamente. Era forte, fez os Letrblekas se agitarem nervosos e fez os Gigantais estremecerem. Ela mal notou quando outro rugido ecoou do seu lado, mas não tão potente quanto o dela. Era Thorn. Então Fírnen se juntou á ela e logo vários dragões rugiam. Nasuada sabia que o que precisavam era um ato, algo que iniciasse a luta, então Eally foi impulsionada para frente, para o exército de bestas voadoras. Eally atacou com fúria tudo que via pela frente. Nada acertava seu dragão, nem mesmo os ossos-flechas. Poderia ser os Eldunarís que as protegiam ou a armadura. Eally deixou os outros combatendo e foi para o chão, mais especificamente pousar no meio do exército. Eles, ao grito de seu líder deram espaço para ela descer. Nasuada pulou de sua sela com sua espada em punhos. Teria sido uma visão assustadora, estar cercada pelo inimigo, mas ela foi em frente. Eally levantou voo para voar um pouco longe e começar a atacar os Gigantais com a ajuda de outros dois dragões selvagens, um preto e outro laranja. Nasuada se encaminhou para Kowet.

–Vejamos quem está aqui... é a Rainha Nasuada. Devemos todos nos curvar perante sua grandiosidade.

Os Gigantais começaram a rir dela, não como se fosse se importar. Outro tremor a percorreu. O chão sobre o líder de rachou e ele caiu de seu trono. Se ergueu, tinha uns bons 10 metros de altura. Ele pegou uma lança, ela seu escudo e ele atacou. A força do impacto era muito mais forte do que quando Leapoy a atacou, mas a Cavaleira não sentiu dor. Ela sentia só o estranho tremor ao seu redor. Ela girou e atacou, mas ele a bloqueou. Ficaram um bom tempo assim até ela ser derrubada. Kowet fincou sua lança em seu ombro e ela gritou mas não de dor, isso ela não sentiu. Ela pegou a lança, a tirou de seu ombro e se levantou. Sentiu o tremor mais forte ainda, e ela novamente sentiu tudo ao redor, e se tornou parte de tudo. Então atacou. Por essa Kowet não esperava. Enão ela atravessou a lança no Gigantai que gritou e caiu. Vários Gigantais tentaram investir contra ela, mas um círculo de fogo a protegeu. Então ela foi pega por Thorn e logo ele a colocou em sua sela. Murtagh a olhou preocupado.

–Você está bem? Está machucada?

Nasuada ainda estava paralisada. Paralisada com a facilidade que tivera para matar o líder dos Gigantais. Murtagh continuou a falar mas ela não entendia, algo estava se agitando dentro de si. Ele a mexeu de leve e notou o sangue que saia do ombro. Ele o curou mas ela ainda não demonstrava nada.

–Rainha me diga o que eu tenho que fazer! – ele disse exasperado.

Thorn deu uma guinada para baixo e ele a segurou para que não caísse. Ela tinha o olhar distante, como se não estivesse mesmo ali.

Viu como ela matou Kowet? Parecia ser ela mesma? Thorn lhe perguntou.

Não, não parecia.

Talvez ela esteja em choque.

Estou tentando acordá-la!

Ele ainda em pânico fez algo que sempre desejou e que não era adequado para o momento: ele a beijou. Ele grudou os lábios nos dela por uns 3 segundos e quando se afastou ela estava ali de novo.

–O que... – ela começou a perguntar confusa.

–Você matou Kowet, aí ficou paralisada e eu não sabia o que fazer. – ele se desculpou.

–Eu... estou bem... acho que ótima na verdade.

–O que quer dizer com isso?

–Eu... descobri meu verdadeiro nome. Naquela luta eu descobri. – ela sorriu.

–Que bom para você, mas agora precisamos acabar com este exército.

Ela assentiu. No chão, vários Cavaleiros estavam agrupados lutando, mas os dois foram se juntar com Arya e Blödhgarm. Lutaram pelo que pareceram horas, ás vezes a mente da Rainha era atacada, mas logo sentia sua mente protegida por um Eldunarí. Então ela viu uma pequena luz um pouco afastada dela. Os Gigantais perto começaram a cair mortos, e ela segui para lá e Murtagh foi atrás dela. Era um brilho negro que saia de um pequeno embrulho. Então ela sentiu a mente atacada com fúria. Era Shruikan... aquilo no embrulho era seu Eldunarí. Ela mesmo sendo atacada foi até lá e segurou o Eldunarí. Ele rugiu dentro de sua mente e a estava machucando. Sentiu Umaroth atacar o outro dragão, mas Shruikan estava sedento por vingança, a estava matando. Sua mente era como uma lâmina e estava destruindo sua própria mente e ela quase não aguentava. E logo havia uma mente amiga que protegeu a sua, e havia um braço ao redor dela a protegendo. Murtagh gesticulou para a espada dela, ele poderia afastar o dragão por um tempo, e ela teria que destruir o Eldunarí. Ela com alguma dificuldade pegou a espada branca e quebrou o Eldunarí. Ela se viu apenas com a mente de Murtagh, e este estava preocupado demais. Ela quase caiu de joelhos se ele não a segurasse.

–Preciso te tirar daqui. – ele disse.

–Não... a batalha...

–Nasuada eu sei que para ti isso pode parecer vergonhoso, mas você está tanto fisicamente quanto mentalmente cansada. Me ouça só desta vez.

Mas ela não teve como protestar. De repente os Gigantais pararam de lutar e começaram a recuar. Alguns Cavaleiros os seguiram, e os dragões também. Nasuada deixou Murtagh apoiá-la em si e começaram a sair do campo de batalha. Encontraram Arya ao lado de um corpo. Ela estava muito triste e com os olhos avermelhados. O corpo era de Blödhgarm.

–Eu devia ter morrido no lugar dele. – a elfa disse quando os dois se aproximaram. – Aquele Gigantai iria me matar, mas ele me salvou com a vida.

–Sentimos muito. – Nasuada disse. – Mas ele provavelmente sabia o que estava fazendo e que a sua vida era mais importante que a dele.

Arya assentiu e se levantou olhando ao redor.

–Nós vencemos?

–É o que parece. – Murtagh disse.

Os três procuraram pelo motivo daquilo. Eles acharam Eragon e Saphira.