Silverblade escrita por aniero


Capítulo 5
A Força Não está Com Rachel


Notas iniciais do capítulo

não, eu não morri, eu sei que não tem mais ninguém lendo isso, porém dane-se, vou continuar postando porque eu realmente gosto de escrever essa história, aproveitem, não tá com cheirinho de pão dessa vez, mas enfim



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Max Bennett

Eu estava no meio de um sonho envolvendo cangurus usando Fedoras quando a trilha sonora do Darth Vader me arrancou da cama.

Olhei no relógio: sete e meia. A aula começava às oito. Essa coisa despertou mais tarde. Comecei a calcular o tempo. Banho em 7 minutos no máximo, um minuto para me vestir. O café da manhã eu posso comer no caminho. Dez minutos para chegar ao colégio. Ainda dava tempo.

Faltavam 15 minutos para a aula começar quando eu saí de casa com meio sanduíche de queijo com presunto em uma mão, um suco de caixinha na outra e a mochila (dessa vez com o peso extra dos cadernos que eu costumava carregar na mão) nas costas.

Cheguei ao colégio no horário certo, e corri para a sala de aula. Alice já estava lá, e sentei-me ao lado dela como de costume.

– Bom dia. – cumprimentei.

– Bom dia. Limpa o queixo.

– Aonde?

Ela puxou um espelho portátil da mochila e virou-o para mim. Eu tinha um pedaço consideravelmente grande de queijo derretido no meu queixo.

– Droga. – praguejei baixinho, limpando a sujeira, enquanto Alice dava risada.

O professor de Gramática chegou, já mandando a turma abrir os cadernos, dizendo que ia passar um monte de exercícios e blá blá blá. Não me entenda mal, estudar certas coisas é bom. Certas coisas. Coisas interessantes. Como canalizar ondas magnéticas, ou identificar um dinossauro pelo fêmur. Eu não poderia ligar menos para regras ortográficas.

A aula só ficou interessante no terceiro período, quando a professora de Biologia chegou com uma apresentação de slides sobre astronomia. Quando o sinal para o intervalo tocou, procurei uns trocados no bolso da mochila e saí junto com Alice para comer. Encontramos Louise e sua (nossa) nova amiga Rachel sentadas em uma mesa, provavelmente debatendo sobre o ocorrido de ontem.

Quando eu olhei para Rachel, tomei um susto. Ela estava usando um gorro do Homem-Aranha cobrindo até as sobrancelhas, e sua franja tampava parcialmente um dos olhos. Falando desse jeito não parece assustador, mas incluindo o fato de que a parte não coberta do seu olho estava praticamente preta e inchada, sua bochecha esquerda tinha um hematoma e ela tinha a mandíbula lateral marcada por uma linha vermelha... bom, já dá para imaginar.

– O que você... – comecei.

– Digamos que depois que a gente saiu da casa do Sam, eu não voltei intacta para o hotel. – ela adiantou-se.

– Rachel, você apanhou? – perguntou Alice.

– Eu queria muito poder ser sarcástica agora, mas eu realmente estou sem condições. Pois é, eu apanhei. Louise e eu voltamos juntas, certo? Mas, antes de eu chegar ao hotel, uns caras me abordaram e começaram a me bater. Eu ganhei essas belezinhas. - ela apontou para os machucados em seu rosto. – Tem algumas no resto do corpo também. Eu até mostraria, mas eu não quero me mexer mais do que o necessário.

– Por que você não ficou em casa, criatura nefasta? Como você conseguiu andar até aqui?

– Acredite, eu daria tudo para estar naquela cama macia e cheia de travesseiros do meu quarto, ouvindo Led Zeppelin e lendo, mas se eu vim para cá é porque eu quero conversar com vocês. Quem fez isso comigo não foram só arruaceiros, ou bêbados, ou valentões, o que seja. Eles não estavam andando e falaram "vamos bater naquela garota". Aquilo era uma gangue. Eu posso não ser tão observadora quanto a Louise, mas eu tenho certeza que todos eles tinham a mesma tatuagem no pulso.

Alice arregalou os olhos. Ela puxou o pequeno bloco de desenho que sempre trazia no bolso e um lápis e começou a esboçar uma espécie de símbolo, que parecia um homem com um lenço tampando-lhe o nariz e a boca.

– Era mais ou menos assim? – ela indagou.

– Acho que sim. Provavelmente. – respondeu Rachel. – Onde você viu isso antes?

Ela respirou fundo antes de responder.

– Umas duas semanas atrás, eu tive um sonho em que eu entrava em uma sala cheia de bandeiras, todas com esse símbolo. Ele também estava em desenhos nas paredes. No final da sala, uma das paredes não tinha bandeira nenhuma, só o símbolo, enorme, pintado com tinta spray. Eu me virei para voltar, e não tinha nenhuma porta, só um espelho. O meu reflexo não era eu; era uma moça mais velha, loira e tatuada. Antes de eu me perguntar o porquê, veia alguém de preto por trás de mim e me deu uma paulada na cabeça. Depois eu acordei.

Nós ficamos todos em silêncio por um tempo. Ninguém sabia direito o que dizer, era tudo muito estranho. Rachel quebrou o silêncio:

– Obviamente isso não é uma coincidência. Tem uma gangue atrás de mim, uma galera barra pesada. Se eles apareceram no seu sonho, Lice, deve ser coisa séria, logo você... – ela parou de falar abruptamente.

– O que? – indagou Louise.

– Nada. – e ficou por isso mesmo. Olhei para Louise curiosamente, e ela deu de ombros, como se concordasse que tinha algo que nós não sabíamos, mas que não valia a pena insistir.

E sim, eu consigo interpretar tudo isso a partir de um sacudir de ombros.

Fazer o quê? Eu conheço aquela baixinha há tempo suficiente. Somos praticamente gêmeos de cérebro, se é que isso existe.

– Bom, - começou Rachel, se espreguiçando, mas logo retraindo os braços por causa da dor. – Filhos da mãe. Como eu ia dizendo, já fiz o que tinha que fazer, disse o que tinha que dizer, vou para casa. Ou melhor, hotel.

– Assim? Sozinha? A pé? – perguntei. – Você é maluca. Ou muito corajosa. Não importa. Eu te levo.

– Ah, tá legal. Até parece que eu vou deixar você fazer isso. Um, eu duvido que gangues ataquem de dia. Dois, se eles estiverem me seguindo, aí mesmo é que eu não quero você por perto. Se você se machucar, a culpa é minha, e aí?

– Como é meiga. Desse jeito, parece até que você se importa comigo.

– Não fica assim não, no fundo eu me importo. Láááá no fundo.

– Imbecil. – eu me levantei da cadeira, e fiz menção para ela levantar também.

– Que parte do que eu falei você não entendeu?

– A senhorita é muito teimosa. Para com o drama e me deixa te ajudar? Se não quer que eu te leve em casa, eu te acompanho até a saída da escola, pelo menos.

– Tudo bem então.

– Você consegue andar?

– Na medida do possível, sim. Vamos.

E nós seguimos até a coordenação do colégio primeiro, com Rachel explicando o mal-estar e as condições em que se encontrava e pedindo para voltar para casa. Ela foi liberada, e eu a deixei nos grandes portões de entrada (e saída) da escola.

– Tchau, estranha. – eu me despedi. – Põe um gelo nisso aí, uma pomada, sei lá.

– É óbvio que eu vou tratar esse estrago todo, não sou idiota. Valeu por me trazer aqui, aliás. É bacana saber que as pessoas ligam.

– Nem adianta vir com discurso de oprimida que todo mundo aqui gosta de você. Chega pra lá com essa nuvem negra. Vai pra casa, vai. Se cuida.

– Tchau. – e foi, mancando mesmo, a pé até o hotel.

E eu voltei para o refeitório, afinal, ainda tinha um bolo de carne esperando por mim.


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Notas finais do capítulo

hm eu espero que vocês tenham gostado, desculpa a demora (e sim, a manha de escrever notas finais/iniciais foi perdida 100%)



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