Silverblade escrita por aniero


Capítulo 1
Quando você chega em uma cidade nova


Notas iniciais do capítulo

Heeey! Mais uma fic, com tantas outras pra administrar, eu sou irresponsável. Pois é. Mas sério, eu quero muito continuar com essa. Não vou abandonar as outras, calma. Bom, enjooy



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Rachel Rizzi

- Come.

- Não.

- Anda logo.

- Não quero.

- Vai, come.

- Não!

- Rachel, come a droga do cereal.

- Desde quando você manda em mim?

- Desde que a mamãe saiu e a gente está atrasado para chegar ao aeroporto. Come o cereal.

- Não vou comer. Tem gosto de asfalto.

- Então vai passar fome. Tira esse pijama, põe uma roupa decente que eu vou chamar o táxi.

- Não sei por que eu ainda vou nessa viagem. Nunca quis fazer intercâmbio.

- Não é intercâmbio, vamos ficar em um hotel. Nem vamos sair da Inglaterra.

- Então não tem propósito.

- Por que você é tão cabeça-dura?

- Porque eu tenho um primo mandão e idiota que me obriga a ser assim.

- Vai trocar de roupa. – ele sorriu.

- Você dá risada porque sabe que eu tenho que te obedecer.

Fui ao meu quarto e peguei a primeira roupa que tinha no armário. Abri uma mochila roxa e enchi com a minha reserva secreta de salgadinhos. Ah, se o Oliver soubesse que eu guardo praticamente um quilo de Doritos em uma caixa debaixo da cama... Em outra mochila, coloquei minhas revistas da Marvel, meu Nintendo DS, o MP3 com os fones de ouvido e a coleção completa dos livros e filmes de “O Senhor dos Anéis”. Coloquei uma nas costas, uma virada para a frente parecendo uma barriga gigante, peguei as malas e fui para a sala.

- Achei que ia demorar a tarde toda. Vem, o táxi já chegou.

Joguei a bagagem no porta-malas do táxi e sentei no banco de trás com as duas mochilas.

- Abre um espaço aí, priminha. – pediu Oliver.

- Não. Você é o responsável, vai do lado do motorista.

- Ok, ok. – e sentou no banco do carona. – Aeroporto, por favor.

O motorista deu partida no carro e em pouco tempo chegamos ao aeroporto. Logo estávamos em nossos lugares no avião.

- Oliver, eu quero ficar na janela.

- Para uma adolescente rebelde de 14 anos, você age de uma maneira bem infantil.

Sentei no lugar da janela, abri a mochila com os salgadinhos e peguei um pacote de Doritos.

- Quer Doritos? - perguntei.

- Você sabe que isso é feito de caldo de galinha fora de validade misturado com massa calórica, não sabe?

- Bom, se você não quer, melhor. Sobra mais para mim. – comecei a comer e logo precisei pegar outro pacote, dessa vez de Fandangos.

- Seus dedos estão laranja, Rachel. Vai lavar as mãos.

Limpei os dedos em seu casaco.

- AI, RACHEL! Que nojo! – protestou Oliver.

- Afinal, para onde a gente vai? Eu esqueci.

-Liversbadel, Rachel. Uma cidade grande, mas desconhecida.

- Ah.

- Agora vai dormir, vai. Para de comer. Vai acabar tendo um distúrbio alimentar desse jeito. Que horas são?

- Sei lá. Cinco?

- Cinco? Chá! Eu preciso de chá!

- Por favor, Oliver. Só porque você é inglês, não precisa tomar chá das cinco o tempo todo.

- É uma tradição!

- E depois a infantil sou eu. Boa noite. – disse, colocando os fones e aquela venda que sempre dão nos aviões. Ajuda muito a dormir.

Sonhei com pôneis. Eles lutavam boxe e a cadaroundvoltavam mais coloridos. No final, o pônei de crina rosa choque venceu e explodiu em uma nuvem de fumaça arco-íris, enquanto a música “Radioactive” tocava. Talvez esse fosse o prêmio. Explodir ao som de Imagine Dragons.

Acordei e senti algo molhado perto da gola da camisa. Percebi que havia babado na minha roupa.

- Rachel. Acorda. Chegamos.

- Para de cutucar, Oliver. Já acordei.

Descemos e pegamos as malas depois. Sinceramente, a pior parte de viajar de avião é essa espera de checar os bilhetes, a papelada, tudo. Enfim, fomos até o hotel e fizemos o check-in. O hotel era bem confortável, e o quarto tinha uma cama de casal e uma de solteiro.

- A de casal é minha! – gritei.

- Eu sou mais velho, é minha.

- Não é não. – tirei os sapatos, subi na cama de casal e comecei a pular nela. – Perdeu.

- Você é uma criançona.

- Ai. Isso me magoou. Vou tentar não chorar na hora de dormir.

- Eu vou descansar. E você devia também. A gente tem escola amanhã.

- TÁ BRINCANDO, NÉ¿

- Não. A mamãe matriculou a gente.

- Meu Deus, eu vou pra outra cidade e ainda tenho que estudar. Chegar na escola na metade do ano. Não conhecer ninguém.

- Você se acostuma. Pelo menos não tem que decidir sobre a faculdade.

- Verdade. Você se ferrou.

- Pode ligar a TV. Eu vou tomar um banho.

Coloquei no DVD o filme “As Duas Torres”, mas comecei a jogar Super Mario no DS. Quando Oliver voltou, reclamou.

- Está gastando energia. E esse filme é uma droga.

- Eu também trouxe “Meu Pequeno Pônei e a Terra do Arco-Íris”. Acho que você prefere esse.

- Engraçadinha. Tira o DVD. Deve estar passando “Sherlock”.

- Não. O Gandalf vai aparecer.

- Um velho que faz chapinha com um palito mágico. Uau.

- Não é só isso, ele tem um chapéu supercool também.

- Não vou discutir. Abaixa o volume que eu quero dormir.

Abaixei o volume e voltei a jogar. Maldita fase dos peixes.

Olhei pela janela. A cidade era grande, com vários prédios iluminados. Quase como uma Tóquio menor, menos colorida e menos apinhada de gente. Uma garota corria. Quatro vultos estavam atrás dela. Eles a alcançaram, e dois deles puxaram pistolas. Os outros imobilizaram a garota, segurando seus braços. Ela tentou se desvencilhar, mas bateram em sua cabeça e ela desmaiou. Roubaram sua carteira e um colar que estava em seu pescoço e depois fugiram.

- Oliver... Tem uma garota desmaiada lá embaixo.

- Rachel, vai dormir... Não é dia de salvar o mundo, você só faz isso terça-feira...

- Roubaram as coisas dela.

- Deixa isso pra polícia, Rachel.

- Eram quatro contra uma.

- Quer que eu vá com você ajudar? Tudo bem, vamos.

Descemos até onde ela estava, ela havia acabado de acordar e tateava o pescoço procurando o colar.

- Com licença... Lembra de algo? - perguntei.

- Lembro. Eles roubaram minha carteira e o colar, mas antes bateram na minha cabeça. É comum. Terceira vez esse mês. Nem sei por que eles ainda roubam, devem ser donos da terceira maior mansão da cidade.

- Como... Como... – gaguejou Oliver.

- Como eu sei disso tudo? Eles fazem isso sempre. Trabalham para o Ladrão.

- O Ladrão?

- É, com L maiúsculo. É como um ser supremo por aqui. Pode ser qualquer pessoa. Não rouba apenas bens materiais, sabem. Rouba sentimentos, emoções e até memórias. Acho que não nos apresentamos. Meu nome é Alice.

- Sou Rachel.

- Oliver.

- Muito prazer, os dois.

- Se não for abusar da hospitalidade de alguém que acabou de acordar de um desmaio, pode mostrar a cidade pra gente? - perguntei.

- Tudo bem.

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- E aqui é o shopping com coisas mais baratas que o barato.

- Eu acho que falta alguma coisa na cidade. – disse Oliver, pensativo.

- Sei o que pode ser. Já viu alguma árvore ou qualquer tipo de planta aqui? - Alice ergueu uma sobrancelha.

- Não... Não vi.

- É porque não tem. Querem saber o porquê?

Assentimos.

- Bom, sabem o que são ciganos? Não são que nem no filme do Corcunda de Notre Dame, sabem. Sem brincos de argola, nem tarô, nada disso. Eles eram realmente videntes. Eram perseguidos por isso. Eram mortos, queimados, todo tipo de brutalidade. E, infelizmente, eram fáceis de reconhecer.

- Como?

- Herança genética. Todo cigano nasce com alguma parte do corpo de alguma cor. É impossível mudar. Em alguns casos, é mais fácil de se esconder, por exemplo, o umbigo, as costas, as unhas dos pés... Outras vezes não. Olhos, nariz, lábios, unhas das mãos, orelhas, todas as partes do corpo que não se pode cobrir sem ficar estranho.

- Não poderiam usar, sei lá, lentes de contato?

- Não por muito tempo, dependendo do poder da pessoa. Elas queimariam.

- Que cor era?

- Acho que você já deduziu.

- Verde... Por isso não tem árvores.

- O ódio pelos ciganos era tanto que proibiram qualquer uso de verde na cidade desde... Bom, desde sempre.

- O que houve com os ciganos que restaram?

- Restou apenas um. Os outros morreram.

- E como você conhece essa história toda?

Alice levou a mão até a franja preta em sua testa, segurou-a e puxou para trás. Todo o cabelo foi junto, enquanto mechas verdes caíam pelos seus ombros.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, kissus e até a próxima =*



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