_ Maurício, isso é incrível. – suspirou Malu, assistindo as crianças, maravilhada – Essas crianças são adoráveis.

_ Nem todas eram assim quando eu as conheci. – garantiu o rapaz – Algumas melhoraram muito, outras ainda são arredias. Agora que seu pai está começando a incentivar o projeto da Giane... Bom, minha mãe está mexendo os pauzinhos dela e pretendo juntar os dois projetos. Quanto mais crianças nós pudermos ajudar, melhor.

_ Sabe que todo esse lance de crianças, está me despertando de novo a vontade de trabalhar com elas? – comentou Malu, fazendo o amigo sorrir – Digo... Meu pai quer muito financiar esse lance do projeto, mas ele precisa de alguém para cuidar disso para ele. Quem sabe eu não possa fazer isso?

_ Eu acho que você poderia fazer faculdade de pedagogia. – sugeriu Maurício – Ou quem sabe, algo ligado aos trabalhos sociais.

_ Gostei da ideia da pedagogia... Não sei por que não pensei nisso. – a moça sorriu, pegando a mão de Maurício – Obrigada pelo convite Mau...

_ Disponha. – ele sorriu de volta – Quer desenhar alguma coisa?

_ O que você sugere? – perguntou a jovem, pegando uma lata de tinta.

_ Bom, estamos falando de coisas infantis... Que tal alguma coisa de alguma história?

_ Eu adorava Monteiro Lobato. E eu tinha uma ficção pelo Saci. – contou Malu, pegando a lata de tinta preta – Será que eu consigo?

_ Vem cá que eu te ajudo. – ele se posicionou atrás da amiga, pegando a mão dela – Primeiro, a cabeça...

~*~

_ Eu estou maravilhada com essa menina. – comentou Silvia, enquanto ela, Fabinho e Caio aguardavam Giane e Camila provarem as roupas da sessão – Fabinho, que graça, que pessoa adorável.

_ É um pivete maloqueiro, isso sim. – Fabinho sorriu discretamente – Só serve para jogar futebol e falar besteira.

_ Mas você baba nela. – provocou Caio, recebendo uma fuzilada – Qual é Fabinho, seus olhos quase saem fora quando ela está por perto.

_ Fica olhando para a sua mulher e me deixa em paz. – resmungou o publicitário, enquanto via Giane e Camila saindo do provador – Uau...

_ E depois fala que não baba. – Silvia e Caio riram baixo, disfarçando com uma tosse – Bom meninas, esses são os looks que vão ficar na campanha do site e...

Silvia desatou a explicar sobre onde iria cada look, enquanto Giane e Camila ouviam. Caio começou a mexer no celular, desatento. Fabinho tentava não babar em Giane, linda em um vestido de renda preta, contrastando com a pele branca dela. A jovem corava quando sentia os olhos do amigo sobre si, sorrindo discretamente.

_ Bom, então estamos acertados? – apenas Camila assentiu, já que os demais não estavam prestando atenção – Giane, Fabinho, Caio?

_ Hã... Claro, tudo certo Silvia. – Fabinho se levantou depressa, apanhando o celular – Bom, eu vou levar a Giane para a Casa Verde e passar na casa da tia Salma. Você dá conta da agência?

_ Pode ir tranquilo, eu e o Érico mantemos tudo sobre controle. – ela riu da afobação de Fabinho, enquanto Giane e Camila voltavam para o provador.

~*~

Mayara saiu afobada do laboratório, sorrindo de orelha a orelha. Voltaria no dia seguinte para coletar sangue, e se tudo desse certo...

Havia dado muita sorte no final de semana, conseguindo enganar Bento tão facilmente. O rapaz ainda a via como a doce e meiga Mayara, a menina que chegara a Casa Verde fraca a desamparada, com um bom coração.

Além de, é claro, ele acreditar que ela ainda era virgem quando dormiram juntos. E como a maioria dos homens, Bento não se tocou que uma mulher virgem pode vir a engravidar mesmo na primeira vez. Ou primeiras, no caso.

Apesar de fazer apenas cinco dias, o exame de sangue já pode detectar a presença do hormônio Beta hCG, que determina se a mulher está ou não grávida. Talvez o do dia seguinte não desse nada, mas não desistiria.

Havia feito as contas, e o final de semana na praia havia calhado em seus dias mais férteis. E tinha certeza que, em meio aos diversos momentos entre os lençóis, em algum deles havia conseguido seu bilhete premiado.

~*~

_ Vai, fica ali do lado do Saci, deixa eu tirar uma foto. – mandou Maurício, pegando o celular de Malu e se afastando um pouco. A moça correu até a parede, parando com os braços abertos ao lado do desenho – Tá suja que nem uma porquinha.

_ E posso confessar? – ela pediu, pegando o aparelho de volta – Fazia anos que não me sentia tão bem assim.

_ O que dirão se ouvirem que Malu Campana está se sujando de tinta, e feliz por isso? – ele brincou, enquanto recolhia as tintas.

_ Que ela entrou na toca do Saci. – brincou Malu, apontando o desenho – Hum... Acho que seria um nome legal.

_ O que?

_ Toca do Saci. – ela sorriu – Para a fundação que meu pai está criando. Aí poderia incluir o futebol, ter uma parte mais creche... Acho que vou propor isso para ele.

_ Bom, então marque uma reunião com nós dois, o seu Plínio e a dona Verônica, porque a Toca do Saci vai ser aula de grafitagem. – Maurício avisou, logo completando – Mas só em espaços permitidos.

_ Sabe Vasquez? Esse pode ser o início de algo muito bom. – Malu abraçou Maurício pelos ombros, subindo nas costas dele de cavalinho.

_ Também tenho essa sensação. – o rapaz saiu andando com a amiga nas costas.

~*~

_ Giane, você se importa se nós dermos uma passadinha em um lugar, rapidinho? – perguntou Fabinho, olhando o celular – Preciso assinar um contrato, vai demorar cinco minutos no máximo.

_ Sem problemas, não quero atrapalhar. – ela garantiu, enquanto estacionavam em frente a uma imobiliária – Pensando em se mudar?

_ Sexta-feira o caminhão leva minhas coisas. – ele garantiu, saindo do carro depressa.

Giane deu de ombros, pegando o celular. Tentou ligar para Maurício, mas caia direto na caixa postal. Suspirou, jogando o aparelho na bolsa. Era mais fácil se comunicar com o Batman do que falar com o namorado.

Como prometido, logo Fabinho estava de volta ao carro, com uma pasta cheia de documentos, sorrindo de orelha a orelha.

_ Posso saber para onde está fugindo? – ela perguntou, quando saiam com o carro.

_ To saindo de casa. – ele avisou, tentando parecer despreocupado – Meu pai resolveu levar a Irene para morar com ele, e eu me recuso a dividir o teto com ela. Então, vou para um canto só meu.

Ela apenas assentiu, sabendo que não adiantaria discutir. Ele dirigiu em silêncio, cada um absorto em seus pensamentos, até que Giane arregalou os olhos.

_ Fabinho... É a Malu com o Maurício? – perguntou ela, com a voz engasgada. O publicitário seguiu seu olhar, vendo a irmã e o namorado de Giane juntos, saindo de braços dados de uma lanchonete – Fabinho, para o carro, agora.

_ Giane, se acalma. – pediu ele, estacionando o veículo. A garota não deu bola, abrindo a porta e saindo depressa do carro.

_ Maurício Vasquez. – ela gritou, atraindo a atenção da dupla. Eles se viraram depressa, se deparando com a raiva de Giane, e largaram os braços – Dá pra você me dizer que merda é essa?

_ Amor, calma, não é o que você está pensando. – ele se aproximou, mas ela estava possessa.

_ Então era esse seu compromisso Malu? Sair com o meu namorado? – ela rosnava, enquanto Fabinho e Maurício a impediam de chegar perto de Malu – Isso porque disse que era minha amiga né? Que grande amiga você é.

_ Giane, se acalma, não aconteceu nada. – prometeu Malu, se protegendo atrás do irmão – O Maurício só me convidou para conhecer o projeto dele em Heliópolis, porque eu que vou coordenar o projeto do meu pai.

_ Ela tá falando a verdade Giane, se acalma. – implorou Maurício, agarrado com a namorada – Você sabe que está sendo irracional.

_ Não estou sendo. – ela rebateu – Afinal, não foi você que tirou a virgindade dela na festa da escola?

_ O que? – Fabinho guinchou, virando-se para a irmã – Malu, que merda é essa?

_ Como você sabe disso? – perguntou Maurício, enquanto Giane se afastava dele.

_ A Camila comentou sobre isso hoje, quando eu perguntei para ela sobre o que o Bento havia feito. Ela me disse que mais cachorrada ainda, havia sido ele mentir que havia transado com a Malu na mesma festa, sendo que quem tinha feito isso era você. – a corintiana despejou tudo, um pouco mais calma – Aparentemente, uma amiga dela viu você carregando a Malu para fora do armário depois.

_ Porque você me disse que tinha sido o Bento? – Fabinho quase gritava.

_ Eu só descobri que tinha sido o Maurício quando estávamos na praia. – admitiu Malu, vendo o irmão ficar roxo de raiva – Fábio...

_ Seu canalha. – o publicitário virou um soco na cara de Maurício. Giane e Malu correram segurá-lo, impedindo que ele batesse mais no rapaz – Você dorme com a minha irmã e não tem nem cara de admitir isso?

_ Chega Fabinho, vamos embora. Agora. – mandou Giane, puxando o publicitário pelo braço – E você Maurício... Quando eu tiver cabeça, a gente conversa sobre isso.

Ela arrastou o amigo para o carro, o colocando no banco do passageiro. Sentou no do motorista, dando partida. Sabia que se deixasse Fabinho no volante, acabariam os dois no hospital.

Chegaram a Casa Verde em silêncio. Fabinho desceu e deu a volta no carro, abrindo a porta de Giane. Ela desceu muda, lhe dando um beijo no rosto, antes de rumar para a própria casa. O rapaz voltou ao carro, mandando uma mensagem para Silvia de que não voltaria para casa. Tinha algo a resolver.

~*~

_ Ai meu Deus. – sussurrou Malu, limpando o canto da boca de Maurício – Meu irmão é um bruto.

_ Eu mereci o soco Malu. – suspirou Maurício, logo gemendo de dor – Se não pelo que fiz a você, pelo que fiz com a Giane.

_ Não tente se livrar dessa culpa tão fácil. – ela brincou, vendo-o sorrir de canto – Mau, você precisa resolver isso.

_ Eu sei Malu, sei bem. – ele suspirou – Mas não sei como.

_ Eu sei. – Fabinho apareceu na cozinha – A sua empregada abriu para mim. – ele explicou, diante do olhar surpreso dos dois – Eu não sei o que você fez com a Giane, mas já até imagino. E imagino quem tá na bagunça. – ele se aproximou, colando o dedo na cara de Maurício – Então é bom você me explicar tudo direitinho, pra não ficar com o outro olho roxo.

O Vasquez engoliu em seco, trocando olhares com Malu. Ela parecia irritada, mas assentiu que o amigo contasse.

_ Bom, é melhor se sentar. É uma longa história.