Não demorou muito para que pudesse sair do hospital e ir para minha casa. Meus pais estavam felizes por eu estar bem, mas os pais de Alice choravam sem parar, eles ficaram bravos comigo, o pai da Alice até tentou me agredir... Estavam me culpando pela morte de sua filha... E olha que isso não foi minha culpa! Eu não matei ninguém que não tivesse que morrer, pelo menos até agora é isso que eu fiz.

A casa de Amy foi totalmente fechada e no momento proíbem que as pessoas entrem lá, acho que logo vão demolir a casa, talvez até comprem a casa... Não, acho meio improvável que alguém compre, afinal, essa historia do assassinato e dos corpos enterrados lá já se espalhou por toda a cidade, tem muitos caras tentando entrar na casa para filmar coisas lá dentro, tem até uns malucos inventando que os corpos que estavam lá – Só da minha amiga e um cara qualquer – Estão andando pela casa... E com isso alguns policiais tiveram que ficar lá para cuidar que ninguém entrasse por enquanto.

Meus pais não falavam muito no assunto, acho que eles pensavam que comentar sobre o esses acontecimentos poderiam me traumatizar mais ainda ou me deixar triste... Bom, se eu fosse uma garotinha normal eles estariam fazendo o certo, mas como eu não estou nem ai para isso tudo, eu simplesmente fico em silêncio, assim tenho mais chances de não falar besteira sem querer ou deles pensarem que estou melhor e podem voltar a falar normalmente comigo. Meus pais são completamente irritantes, são pessoas chatas e alegrinhas demais...

Eles querem se mudar agora, já que ficar aqui nessa cidade já virou um problema sem tamanho! Uns desses caras malucos vem tentar falar comigo, sabe, acham que eu posso falar coisas para eles escreverem nos seus blogs de coisas sobrenaturais idiotas! Meus pais ficam muito bravos quando aparecem, eu apenas fico observando escondida o que acontece, bom, não me interessa para onde formos agora, desde que possa ficar na boa e fazer as coisas que quero fazer...

–-- F-Filha... Eu estava pensando, faz um tempo que não saímos, o que acha de darmos uma volta de carro? – Perguntou minha mãe.

–-- ... Não sei... – Disse tanto parecer distante, mas só queria que ela deixasse eu sair dali e ir pro meu quarto dormir.

–-- Ah... Bom, seu pai e eu achamos que seria bom para você e para a gente ir dar uma volta, quem sabe uma ultima volta ate, afinal, você sabe que logo vamos nos preparar para uma mudança, não é? – Disse minha mãe de forma simpática.

–-- Sim, eu sei disso... Vamos então, eu vou pegar meu casaco... – Disse ainda meio distante.

–-- Ah! Que bom! Então vamos, eu vou chamar seu pai! – Disse minha mãe toda alegre indo correndo chamar meu pai para o passeio.

–-- Que desgraça, esses dois não sabem a hora de deixar a alegria irritantes deles morrer... Não sabem a hora de morrer também pelo visto! – Disse para mim mesma irritada enquanto ia pegar meu casaco.

Quando voltei minha mãe e meu pai já estavam prontos – E irritantemente sorridentes – Me esperando para irmos para o carro passear.

–-- Pronta? – Perguntou meu pai.

–-- Sim. – Disse indo para a porta da frente.

–-- Tudo bem então, acho que podemos ir até uma praça e tomar um sorvete! – Disse minha mãe que logo abriu a porta do carro e abriu espaço para que eu entrasse.

Foi um passeio completamente entediante, meus pais tentavam ser animados e bonzinhos enquanto eu quase dormia de irritação. A única coisa boa foi o sorvete, que pelo meu estado pude ganhar um bem grande com tudo que queria, isso foi bom! Até dei uns sorrisinhos como recompensa depois disso, e mais tarde acabamos voltando pra casa por que mais um desses caras malucos nos encontraram lá e tentaram nos perseguir. Meu pai jogou uma lata de refrigerante na cara dele! Hahaha! Daquilo eu gostei de verdade!! E o cara começou a gritar: “Meu olho!! Meu olho!!!” Aquilo foi engraçado demais! Eu não sei como consegui segurar as risadas!! Hahaha!!! Mas logo voltamos para o carro e dali direto para casa.

Quando voltamos para casa, meus pais me levaram para a cozinha e me sentaram na mesa. Eu achei estranho, eles estavam com uma cara meio triste e séria... Achei que iam me pedir para que eu esquecesse sobre aquele cara que tentou nos perseguir, mas não!

–-- Filha, olha... Acho que está na hora de falarmos um pouco sobre tudo que aconteceu... – Disse minha mãe se apoiando no balcão da cozinha.

–-- Sim, é que nesses dias você andou tão quieta e triste... Entendemos que você esteja triste pelo que aconteceu com sua amiga e assustada pelo que aquela tal Amy fez, mas temos que falar sobre as coisas que nos fazem mal! Não queremos que guarde esses sentimentos dentro de você, então, se você quiser contar algo, comentar sobre qualquer coisa que seja, só queríamos que soubesse que vamos te ouvir. – Disse meu pai de forma gentil.

–-- ... Eu não sei se quero falar sobre isso agora... – Disse friamente.

–-- Mas querida, já estamos assim sem falar sobre tudo que aconteceu faz um tempo, você nem nos explicou direito o que aconteceu naquela casa, ou como aquela tal e Amy tentou machucar você... Ou por que ela fez uma coisa dessas! – Disse minha mãe mais aflita.

–-- Querida, fique calma... Ela ainda deve estar triste com tudo, você sabe... – Disse meu pai tentando acalmar os nervos da minha mãe.

–-- Tudo bem... Me desculpe. – Disse minha mãe me dando um sorrisinho.

–-- Não quer mesmo falar disso? – Perguntou meu pai.

–-- Não. Posso ir pro meu quarto? – Disse com ainda mais frieza.

–-- P-Pode... – Disseram meus pais um pouco decepcionados.

Então desci da mesa e fui direto para meu quarto, sem demonstrar nenhuma emoção.