#Sophie

Eu olhava para o Gabriel sem saber o que fazer naquele momento. Sério, eu nunca estive tão confusa em toda a minha vida. Costumo me apegar rapidamente, e eu não sabia o que eu sentia por aquele garoto. Não sabia se era raiva, se era amizade, se era amor... Simplesmente não sabia. Pegou novamente minhas mãos e disse:

– Eu não vou desistir, vou fazer nosso namoro valer a pena.

Antes de se levantar pra falar com algum parente que chegou atrasado, ele me deu um beijinho e um gole do conteúdo de sua taça de cristal que fizeram minha cabeça rodar. "Será que eu exagerei no champanhe ou as garotas confusas tendem a ficar tontas?" Tontura vai, tontura vem e eu decidi ir pra casa. É, sempre fui fraca em relação ao álcool, até um bombom de conhaque me deixava com dor de cabeça. Levantei meio cambaleante em direção à sala e procurei pela Bia, que conversava animadamente entre risos e gestos largos com 3 primas do Gabriel. Cumprimentei as meninas e puxei-a delicadamente pelo braço, sussurrando em seu ouvido: "ei, pra mim já deu, ok? eu estou cansada, preciso de banho e cama, urgente. qualquer coisa me liga, beijos." Ela respondeu meu recado com um beijinho na bochecha e um sussuro-resposta: "fica bem". Sabendo que se eu fosse embora sem falar com Gabriel e sua família eu seria extremamente mal educada(e ainda sairia mal falada, eu mereço), procurei por ele e avisei:

– É.. eu preciso ir pra casa.

– Mas amor, a festa só tá começando, só se passou 1 hora e meia desde que chegou aqui! Relaxa, senta ali com a Bia, que tá com a Giselle, Giulia e Gabriela.

– É sério... amor. Eu estou meio tonta e com a cabeça explodindo.

– Ah, a parada da bebida, saquei. Da próxima vez eu vou proibir os garçons de te oferecer bebidas que não sejam suco, água e refrigerante. - disse ele, enfiando as mãos no bolso e fazendo uma carinha fofa de preocupação. - Vai querer que eu te leve em casa?

– Não, tudo bem, a mamãe já tá aí na frente, passei mensagem no Whatsapp pra ela agorinha.

Ele me beijou(dessa vez um beijo decente), cumprimentei os parentes dele e corri discretamente, fazendo o percurso sala>hall>varanda>seguranças-armário(que, surpreendentemente, me pediram a merda do convite novamente, o que me estressou profundamente "eu sou a namorada do aniversariante, caramba! me deixa em paz")>carro da mamãe.

– O que aconteceu? Você disse que não pretendia chegar cedo, até porque de festa chique não se vai embora cedo, já te ensinei isso. Tem que se enturmar com a alta sociedade do Rio de Janeiro, Sophie.

– Mãe, segura a onda aí. E segura essa: o Gabriel me pediu em namoro na frente da família dele, minha cara foi no chão.

Mamãe quase bate o carro.

– Mãe, quer me matar? Já estou tonta e com dor de cabeça, não faz isso. - gritei, agarrada á minha bolsinha clutch que eu levei só pra colocar o celular dentro.

– Mas e você, disse o que? - respondeu ela, 50 tons mais alto, com uma cara de surpresa neurótica, ignorando completamente a minha tontura/dor de cabeça.

– Eu... eu aceitei né... eu não ia dizer "não" na frente da família Falcão todinha, pelo amor de Deus.

– Ai filha, que bom, agora você tem um namoradinho! - vibrou minha mãe, completamente doida. Doidona. - Só não vá me arranjar netos.

– Mãe!

O assunto "Gabriel" foi rolando até a nossa casa. Chegando lá, tomei um belo e merecido banho, vesti o pijama mais confortável e me joguei na minha cama, ligando imediatamente o ar condicionado e me enrolando nas cobertas. Depois daí, apaguei e não lembro de ter sonhado nada. Acordei às 15:34 da tarde, com a minha mãe batendo na porta e me avisando:

– Sophie, temos visita. Se arrume e desça, nem que seja pra dar um oi.

– Ah mãe, agora não. - resmunguei, agarrando uma das minhas 7 almofadas.

– Agora sim, vai logo. São umas amigas lá da academia, vieram para um cafezinho. Quero que conheçam minha filhinha que já está crescendo, meu Deus. Até namoradinho já tem - frisou minha mãe, com lágrimas nos olhos. Isso mesmo, LÁGRIMAS.

– Mãe, me poupe. Não quero descer agora.

– Mas você vai. Desça logo, só cumprimente elas e eu deixo você dormir até o dia em que o mundo acabar, se você quiser. Prometo.

– Promete nada, promessa é coisa de momento. Jure!

– Tá, eu juro. Mas vê se desce logo - riu ela, batendo a porta como sempre.

Levantei, tomei um banho relâmpago(larguei o ar condicionado ligado) e fui conhecer as tais amigas da mamãe. Júlia, Márcia, Adriana, Karina, Marieta, Marília e Patrícia. Todas bonitas e com corpo em cima(que nem a mamãe, modéstia à parte), só que aquilo parecia mais um clube da luluzinha do que um café depois da malhação. Cumprimentei todas, fiz sala por mais ou menos 20 minutos e subi desesperadamente em direção ao quarto>cama, achando que conseguiria dormir. Merda nenhuma. Quando estava quase caindo no sono, meu iPhone acendeu a luzinha da tela:

Whatsapp: Gabriel Falcão: Amor, que tal um cinema mais tarde? Beijão s2

"Mó ressaca, amor. Deixa pra próxima, desculpa. Beijo s2"

2 minutos depois: Poxa... quer que eu vá te ver aí? Tô com saudade da minha cabeça de fogo :(

"Nos vimos ontem, amor... não precisa não, de verdade. Se daqui pra 18:00 eu melhorar eu te ligo, e aí nós podemos sair, ok? Beijo...

Meu dedo coçou na letra T, meu coração bateu mais forte...

"Te amo."