Vive Le France escrita por Mallu


Capítulo 5
I wanna be your boyfriend




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#Sophie

É, verão né. Enquanto na Europa meus familiares e amigos desfrutavam de um frio de corroer seus lábios e estourar seus ouvidos, eu sentia o ambiente mais abafado a cada minuto e molhava meus pés no laguinho do bendito jardim de inverno que eu havia pedido pro meu pai desde que ele estava com o projeto da casa. Já estava ficando estressada com a maresia das minhas férias e subi pro meu quarto, deixando meu rastro molhado pela casa inteira. Tomei um belo de um banho de banheira, sequei meu cabelo enrolei a toalha no meu corpo, sentando no meu pufe preferido e discando o número da Bia.

– Fala, cabeça de fósforo - atendeu ela. Um poço de fofura.

– E aí, o que tá fazendo?

– Agora, nada. Tô tentando achar uma roupa boa pra o aniversário do Gabriel. E você?

– Acabei de sair do banho. Peraí, que Gabriel?

– Gabriel Fontes, lá da sala. A propósito, ele mandou te chamar.

– Por que? Eu mal falei com ele ano passado, só na hora de formar o time de futsal - respondi, mexendo na minha gaveta de calcinhas.

– Exatamente. Quer se tornar amiga do Gabriel? Jogue futsal. E jogue bem, senão não adianta.

– Ué, mas eu achava que ele não ia com a minha cara.

– Por que?

– Por causa daquela confusão do trabalho de Português, que eu não deixei ele copiar o meu e ele se estressou comigo, só faltou me bater, aquele desgraçado. Até hoje eu tenho raiva dele quando lembro. Acho que não vou pra festa dele não.

– Eu conheço o Gabriel, se ele mandou te chamar pra festa dele, é porque ele quer se redimir. Vá por mim, ele é orgulhoso o bastante pra mandar alguém falar as coisas por ele.

– Coisa mais infantil. Tudo bem, se arrume aqui em casa e a mamãe leva a gente, beleza?

– Em 30 minutos eu chego aí.

Dito e feito, em 30 minutos a Bia chegou, e já chegou abalando. Quase caiu na escada, derrubou a bolsa cheia de roupas no chão, derramando o conteúdo da mesma pelo corredor e confundiu o meu quarto com o quarto do meu irmão, que estava jogando XBOX e quase derrubou o controle no chão, tamanho susto que levou. Quando finalmente entramos no meu quarto, ela pediu ajuda pra a roupa que usaria na festa e eu fiz o mesmo.

– Bom, como eu não sei o que usar, eu trouxe várias opções. - anunciou ela, despejando novamente o conteúdo da bolsa na minha cama.

– É, eu percebi. Mas vem cá, como vai ser a festa? Tipo a primeira que o Noah fez que eu dei a louca ou mais formal?

– Vai ser formal porque a família dele vai estar lá.

Depois de mexer muito no meu guarda-roupa, cansei e peguei uma roupa qualquer, ficou até boa. Esperei a Bia se vestir, fiz um coque daqueles arrumadinhos no cabelo e fomos pra festa. No carro, a minha mãe nos encheu de recomendações:

– Pelo amor de Deus, não bebam muito, não se droguem, não façam sexo... Não com um garoto que vocês não conheçam.

– Mãe! Por favor né, a última parte foi desnecessária, temos 14 anos de idade.

– Fica quieta, vou terminar enfiando o lápis no seu olho. - avisou Bia.

– Desculpa, eu tive que reclamar.

Chegando na festa, demos de cara com dois armários(os seguranças), que pareciam robôs. Sem tirar os óculos escuros(de noite???), eles pediram nossos convites.

– Somos convidadas do aniversariante. - disse Bia, estufando o peito.

– Senhor Gabriel! Receba suas convidadas e leve-as até a sala.

Senhor Gabriel apareceu na porta principal de terno e gravata, um traje que eu nunca o imaginaria vestido.

– Vocês estão... lindas demais. - nos recebeu ele, com um sorriso que eu julguei escancaradamente falso. Detalhe: não tirou os olhos de mim.

Como pedido, ele nos levou até a sala da enorme casa, e por lá ficamos. Garçons e mais garçons passaram por nós oferecendo champagne, whisky, vodka com alguma coisa, salgadinhos e docinhos, e a única coisa que eu queria era ir embora.

– Mas acabamos de chegar! Relaxa aí.

– Eu não tô vendo ninguém que a gente conheça aqui, só tem a família do Gabriel, que diabos a gente tá fazendo aqui, Beatriz?

– Não tem ninguém que a gente conheça aqui porque essa é uma festa reservada, só pra os familiares, que a mãe dele inventou pra comemorar o aniversário dele. O festão mesmo vai ser numa rave, daqui a uma semana.

– Vou repetir: que diabos eu estou fazendo aqui? Não sou familiar dele. Muito menos você! O que NÓS estamos fazendo aqui?

– Eu sou melhor amiga dele desde o jardim de infância, a mãe dele me adora. Ele mandou te chamar, sabe diabos porque. Vai ver ele quer apresentar você pra familia dele - concluiu ela, rindo.

Parece que andou ouvindo nossa conversa, porque depois de alguns segundos o Gabriel apareceu:

– Nossa, que descuido. Vou apresentar a Sophie à minha família.

Passei pela mãe, pelo pai, por todos os 30 tios, 40 tias(9 solteiras e uma se separando), pelos avós e pelos 45 primos. Sim, ele tinha uma família muito grande.

– E pra finalizar a apresentação - passou um braço pela minha cintura e o outro segurava uma taça de champagne - eu gostaria de fazer um comunicado. Ou melhor, um pedido.

Arregalei um pouco os olhos. Enquanto o Gabriel tirava o braço da minha cintura e se preparava para se ajoelhar em minha frente, eu olhava para todos os lados, procurando a Bia, que estava num canto, com cara de paisagem. Já ajoelhado, ele pegou uma das minhas mãos e sorriu.

– Gabriel, levanta aí, pelo amor de Deus. Antes me explica o que é isso. - sussurrei pra ele, entre dentes.

– Isso, minha linda... Isso é, oficialmente um pedido de namoro que eu queria fazer desde o último dia de aula. Confesso que você não era uma das minhas pessoas preferidas e nós dois sabemos porque... Mas eu percebi a garota maravilhosa que você era, e tentei te dar algumas pistas também.

"Então foi ele... foi ele que mandou o anel e as rosas!"

– Mas como nenhuma delas foi descoberta, eu resolvi vencer o meu orgulho e te pedir pessoalmente. Sophie, você... você quer ser a minha namorada?

Em meio a olhares arregalados, rostos pasmos, sorrisos e choros emocionados(inclusive da mãe dele), algumas palmas foram se revelando, e antes de tudo eu perguntei, de modo que só ele escutasse:

– Então foi você que mandou o anel e as rosas pra mim?

– Não, estou falando dos olhares e das alfinetadas que trocávamos no colégio. Eu não pensei em te dar anel e rosas porque eu não ia resistir em ser um admirador secreto, eu queria te dar um anel e rosas quando completássemos um ano de namoro. Mas enfim, o que me diz?

"Se não foi ele que mandou os presentes e os papeizinhos com coisinhas fofas, então... quem foi?"


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Notas finais do capítulo

Só pra não dizer que fiquei muito tempo sem postar, tá aí, dois garotos já foram removidos desse mistério. Segunda feira tem mais, hein! Beijos,
Giulia B.



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