Vive Le France escrita por Mallu


Capítulo 3
Quebrando regras


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpa a demora pra postar, de verdade. É que eu tô em época de recuperação, e por mais que sejam duas matérias, são da área de Exatas, então eu me lasco toda pra estudar. Mas depois de quarta feira(que é o dia que acaba a recu) eu vou postar com mais frequência. Espero que gostem desse capítulo! Beijos,
Giulia B.



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#Sophie

Já tava todo mundo pra lá de animado às 22:00 da noite. Eu já conhecia todos da festa, já tinha bebido quatro copos de 500 com vodka pura(e ainda estava sóbria) e conversava animadamente com a Beatriz, que eu só fui saber que era lá da minha sala porque o Noah saiu gritando sobre o namorico dela com o Dudu, um dos 7 repetentes da sala(ele tinha 17 anos. sim, 17). Enquanto minha conversa com a Bia fluía como se nos conhecêssemos há anos, o dono da festa, mais conhecido como Noah Jones Smith, se atracava com uma garota feeeeeeeeeeia que dói, num canto do prédio.

– Esse garoto não presta mesmo. - comentou Bia, dando um risinho de decepção.

– Ué, por que? - perguntei, enquanto olhava o Instagram.

– Porque ele é daqueles que fica com várias meninas numa festa, sejam elas feias ou bonitas pra fazer a contagem depois, e no dia seguinte usa a desculpa de estar bêbado. Ele só gostou de verdade de duas garotas: a Ana Clara, que estudou com a gente na 2ª série mas depois saiu, e da Nathalia lá da sala, eles namoraram por 2 meses na 5ª série, mas ela largou ele por algum motivo que eu não lembro. Ele sofreu por dois anos, e mesmo amando ela, continuou pegando várias só pra dizer que tava bem. Ele é uma pessoa maravilhosa e tal, muito amigo, de verdade mesmo, ele é um túmulo de segredos, sabe minha vida inteira, inclusive... Mas pra relacionamentos ele é terrível. Ou ficou terrível. Se eu fosse você, não confiava.

– Por que eu, Beatriz? Deixa disso.

Levantamos e fomos pro sofá. 20 minutos depois, apareceu o Noah e sua renca de amigos, todos bêbados.

– Sai daqui Noah, você tá fedendo a cachaça.

– Eu não vou sair daqui enquanto não fizer isso.

O americano fedido a cachaça me beijou. E foi um beijo com gosto de cachaça. Tudo naquele menino tinha cachaça, até o cabelo. Mas em compensação, ele beijava bem pra caramba. Depois de me beijar, ele me abraçou com carinho e saiu dali, cambaleando. Eu não sabia se eu fazia parte da maldita contagem dele ou se ele realmente queria ficar comigo desde o início, e preferi ficar sem saber. Depois de receber o beijo de um bêbado e de beber 4 copos enormes de vodka, me veio uma DPB(depressão pós bebida) e me sentei no chão, encolhida, chorando que nem um recém-nascido.

– O que foi? - perguntou Bia, me abraçando.

– Olha pra mim, cara. Eu já quebrei 2 regras só essa noite. Já bebi e já deixei de atender as 47 ligações da minha mãe. Eu não pertenço a esse mundo de vocês. Poderia muito bem pertencer, poderia ser o meu novo mundo, mas eu não faço parte disso, não é do meu perfil ficar bebendo com adolescentes bêbados e drogados. Eu sou daquelas certinhas, estudiosas e com amigas caretas que fazem coisas caretas. Tá, nem todas as minhas amigas são caretas e fazem coisas caretas, mas eu sou certinha demais pra tudo isso aqui. Vou embora.

Não sei porque, mas quando levantei, me veio uma tontura forte, e desmaiei. Quando acordei, já estava no quarto do Noah, com um monte de garotos sem camisa e empilhados um do lado(e em cima) do outro. Olhei no iPhone: 8 horas da manhã. Eu tava muito ferrada. Andei até a cozinha procurando o Noah, e achei ele, fazendo chocolate quente.

– Noah pelo amor de Deus me leva de volta pro hotel.

– Eu levo sim - respondeu ele, sorrindo fofamente como sempre faz.

– Vem cá, você sabe o que me deu ontem? Eu desmaiei...

– Você não tá acostumada a beber muito, aliás você não tá acostumada a beber. Então como você ficou muito tempo sentada e balançando a cabeça de um lado pro outro sei lá porque, levantou e desmaiou, sei lá. Deve ter sido isso. Mas é melhor você ficar de boa no hotel hoje, não saia pra canto nenhum, você corre o risco de desmaiar no meio da rua. Tá com dor de cabeça? Toma um remédio, vai.

Fiquei pasma com a preocupação dele comigo. Enquanto estávamos dentro do carro do pai dele(sim, os pais dele tinham viajado e deixaram um dos carros com ele. E ele sabia dirigir bem!), ele praticamente me obrigou a ficar no hotel, só faltou me deixar na porta do quarto e me trancar lá pra se certificar que eu não ia sair.

– Obrigada, Noah. Mesmo, de verdade.

Dei um beijo na boca dele, um selinho. Foi sem querer, eu juro. Ou não, sei lá. Foi impulso. Chegando no quarto do hotel, o preguiçoso do Pierre ainda dormia, mas acordou depois que eu deixei o meu MacBook cair no chão e peguei desesperadamente, achando que tinha quebrado.

– Sua sorte é que a mamãe te procurou em todo canto, menos no mais óbvio: aqui no quarto. Você pode dizer que chegou 23:00 e dormiu com o celular no silencioso, eu confirmo pra ela depois, se ela desconfiar e perguntar. - disse meu irmão, me fazendo amar ele mais ainda naquele momento. - Ou você pode se arriscar a dizer a verdade.

Agradeci muito ao Pierre, mas eu tinha que dizer a verdade. Com o fato de eu ter dormido fora de casa sem avisar, já tinha quebrado 3 regras importantíssimas! Tomei um banho quente com calma, lavei os cabelos e me arrumei. Coloquei meu velho e preferido casaco preto da GAP, um short branco, havaianas no pé e desci até o 7º andar, onde ficava o quarto da mamãe. Bati na porta, e ela abriu, mais séria do que nunca. Sentamos na ponta da cama e desandei a falar:

– Bom, como não minto pra minha família, eu vou contar tudo sobre ontem. Eu bebi 4 copos enormes de vodka. Sim, bebi, não fiquei bêbada, mas desmaiei no fim da festa, sei lá por quê. Beijei um garoto que parecia a personificação da cachaça, não atendi suas ligações, as 45 eu não vi e as outras 2 eu realmente estava com medo de atender. Dormi fora de casa sem avisar num apartamento cheio de garotos drogados, bêbados e sem camisa, amontoados um ao lado e em cima do outro, mas ai eu ja não tive culpa, eu tava desmaiada quando me levaram pro apartamento. É, eu realmente estou muito ferrada. É que eu queria descobrir um outro mundo, outras personalidades, outro universo que não era meu. Me arrependi ontem, mas hoje quando estava tomando banho, eu refleti e percebi que estou crescendo. Mas só mentalmente, porque fisicamente tá meio difícil. Eu estou de castigo? Sim, estou né? Estou. - discursei, levantando.

Só que a minha mãe puxou meu braço de volta e me fez sentar de novo.

– Eu sabia que você não ia mentir pra mim. Estou muito orgulhosa de você, minha filhinha que até ontem brincava de bonecas agora está se metendo com gente mais madura, pelo amor de Deus, até parece que eu ia brigar com você por estar crescendo e aproveitando sua adolescência, Sophie. Eu te amo, e você não está de castigo.

Abracei a minha mãe, e andei em direção à porta.

– MAS PELO AMOR DE DEUS, NUNCA MAIS DEIXE DE ATENDER MINHAS LIGAÇÕES, PORQUE AÍ SIM VOCÊ ESTARÁ FODIDA.

É, isso nunca vai mudar. Era a minha mãe que estava ali, sentada naquela cama, xingando. Acho que apesar de tudo, aquele foi o melhor momento da minha vida, porque eu descobri que eu podia fazer tudo, desde que não deixasse de atender as ligações dela. E fodam-se as regras!


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