POV RACHEL

Rose, Luke e eu encontrávamo-nos á porta da tenda, longe da vista dos convidados. Rose fez sinal para que o pianista começasse a tocar, e logo a marcha tradicional de Wagner se ouviu.

– É a minha vez – observou Rose. – Canta até dez e depois segue-me – indicou. A minha madrinha iniciou uma marcha lenta pelo corredor.

De repente, irrompeu uma fanfarra entre a musica solene e eu soube que tinha chegado a minha vez.

– Não me deixes cair – pedi a Luke. Ele enfiou a sua mão no meu braço e apertou.

– Eu continuo a achar que se caísses era muito mais engraçado – afirmou com um sorriso divertido. – Mas deixa lá, Rachel Zabine!

Esta seria a última vez que seria Rachel Zabine, dentro de uma hora eu seria Rachel Potter. Sorri, gostei do nome.

Luke começou a andar, levando-me com ele.

“um passo de cada vez”, pensei nervosa.

Assim que apareci, ouvi sussurros dos convidados sobre mim. Corei. Obvio que eu seria a noiva tímida!

Quando ganhei coragem levantei a cabeça e procurei por Albus. Encontrei-o junto ao altar.

Mal me apercebi de Scorpius, em pé ao seu lado, ou Rose a sorrir do outro lado do altar. Não vi a minha mãe que chorava com a minha futura sogra, na fila da frente. Não vi nenhum dos convidados. Eles teriam de esperar pela minha atenção.

Na realidade, tudo o que vi foi o roste de Albus, e assim que os nossos olhos se cruzaram, um sorriso capaz de me fazer prender a respiração, surgiu nos seus lábios. Apenas a mão de Luke me impediu de correr até o meu noivo e beijá-lo. Impedida de fazer o que desejava, apenas sorri.

Eu já não estava nervosa. Ele amava-me e eu amava-o. Pertencíamos um ao outro, o casamento apenas iria oficializar as coisas. Não havia necessidade de nervos.

A marcha era demasiado lenta, pelo que tive de me esforçar por manter o passo ao ritmo da música. Mas, felizmente, a extensão do corredor era pequena. E finalmente, cheguei lá.

Albus estendeu a mão e Luke pegou a minha, entregando-lha. O toque de Al arrepiou-me e eu senti-me em casa.

A cerimónia foi curta e quando as palavras do padre estavam a ser ditas percebi que era ali que eu queria estar. Era o meu lugar. Ao ver o brilho nos olhos de Al, compreendi que eu também tinha ganho, porque nada mais importa do que nós dois juntos.

– Sim – consegui dizer, embora a tremer, quando a hora chegou.

Quando foi a ver de Al, a sua voz saiu nítida e vitoriosa.

– Sim – jurou.

Fomos declarados marido e mulher. Albus ergueu as mãos para em segurar o rosto e beijar. Através da cortina de lágrimas que me cegava, tentei absorver o facto de que aquele homem á minha frente me pertencia. Pareceu-me ver lágrimas nos olhos do meu marido.

Ah! Marido! Como é bom poder dizer isso, finalmente!

Ele beijou-me com ternura e eu rapidamente esqueci as pessoas que nos olhavam.

A multidão bateu palmas e Al virou-nos de frente para os nossos amigos e familiares.

Os braços de Rose foram os primeiros a vir ao meu encontro. Ela tinha um enorme sorriso no rosto, espelho do meu. De seguida, a minha mãe veio até mim com lágrimas nos olhos.

Fui abraçada e felicitada por todos os presentes, sem nunca largar a mão de Al. Era assim que eu pretendia fazer daqui para a frente. Nunca deixar o meu marido!

POV SCORPIUS

Albus estava a ter uma crise pré-matrimónio. Ou estava quase la!

Ele andava de um lado para o outro no altar, estalava os dedos, passava as mãos no cabelo, endireitava o fato, bufava. Sim, Al estava nervosa.

Ri-me.

Ele olhou para mim.

– Tu és o meu padrinho – afirmou. – Devias tentar acalmar-me!

Eu ri ainda mais.

– Mas assim já não me podia rir da tua cara – admiti. – Al, tu devias ver a tua cara agora!

Ele bufou.

– Serio, Scorpius, fala de alguma coisa comigo – pediu. – Preciso de me distrair.

Pensei durante uns segundos.

– Eu tenho uma dúvida – afirmei. Albus olhou para mim, á espera. – Porque eu não pude ver o vestido da Rose?

– Eu também não vi o da Rachel.

– Sim, mas tu és o noivo – disse o óbvio. Rolei os olhos. Aprendi essa mania com Rose. – Agora eu não sou, graças a deus! Imaginas-me a casar com a Rachel? Sem ofensas, amigo – disse vendo a cara dele. – Mas ela realmente não é o meu tipo. É muito pacífica!

Al sorriu.

– Não me ofendi!

– Mas diz-me porque eu não vi o vestido dela? Fui o único que não pude ver – disse. – Até o meu pai, tu e o Luke viram!

Al gargalhou. Fico feliz por ter conseguido distraí-lo do casamento.

– Porque assim tu vais ficar muito mais surpreso quando a vires com ele vestido – afirmou Albus. – E acredita em mim, tu não te vais arrepender por ter esperado!

– Sabes que pareceste gay agora, certo? – Perguntei sarcástico. – “Não te vais arrepender de ter esperado”? Estas a falar do quê? Da perda da minha virgindade?

Albus rolou os olhos.

Sophie veio até nós, a saltitar.

– Scorp – chamou, impedindo Al de responder.

– Olá princesa – peguei-a ao colo. Será que é estranho eu pegar uma menina de 5 anos ao colo? – Onde estavas?

Ela sorriu.

– A mamã vestiu-me – informou a menina, apontando para o vestido azul que combinava com os seus olhos. – E eu vim-te mostrar.

– Hum… estás linda, Soph - elogiei. Sophie não corou, ao contrário do que Rose fazia quando recebia elogios.

– Obrigada! – Lexi chamou Sophie, e a menina despediu-se de mim indo em direção á loira.

– Está na hora – informou Albus.

Endireitei-me no meu lugar e ajeitei a gravata. Realmente odiava estas coisas! Fatos e gravatas! Não era o meu estilo, principalmente se tinha de manter a camisa nas calças!

Ouvi a música começar a ser tocada e instantes depois vi Rose.

Arregalei os olhos.

Rose estava linda. O cabelo numa trança de lado, com algumas madeixas soltas. Os lábios pintados de vermelho com um sorriso.

O vestido de Rose era vermelho com alças finas e um decote, meu merlin! O vestido apertava logo debaixo dos seios da ruiva e caia em cascata até ao chão. Rose usava um salto alto prateado!

Nas suas mãos, Rose trazia um pequeno ramo de rosas cor-de-rosa claro. Calculei que fosse uma miniatura do bouquet de Rachel.

A ruiva colocou-se á minha frente, do outro lado do altar, e sorriu quando me viu a olhar para ela.

Desviando a minha atenção, Rachel entrou no corredor acompanhada por Luke. Rose tinha feito um bom trabalho com ela. Eu não podia mentir e dizer que ela não estava linda, no entanto, eu não conseguia desviar durante muito tempo a atenção da ruiva á minha frente.

A cerimonia foi rápida, pelo menos eu acho. Metade dela passou me ao lado. Eu não conseguia desviar os olhos de Rose, e ela percebeu isso. Eu vi que ela fazia um esforço enorme para se manter atenta á cerimonia, no entanto as vezes cedia.

Era nesses momentos que eu pensava como seria se fossemos nós ali, a trocar alianças. Rose desviava os olhos, e logo os meus pensamentos mudavam de direção. Pois, ela nunca iria querer esse tipo de relação comigo. Nem esse tipo, nem nenhum!