Saudade escrita por Evye


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas! Look who is back! É, eu lol! Bem, eu trouxe um presentinho para vcs, uma pequena oneshot com um dos casais inusitados da titia: AldebaraxAfrodite! Que venha as prévias antes da Long!
Bem, ficou bem cheia de nhom nhom nhons e coisinhas fofas, mas espero que gostem! Boa leitura!!



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O álbum de fotografia foi gentilmente fechado enquanto um sorriso satisfeito desenhava-se nos perfeito lábios vermelhos, os dedos passearam pela capa de couro com um certo carinho, na face uma genuína e pura expressão de... De que, afinal?!

Arregalou os olhos azuis juntando as sobrancelhas pensando no que sentia naquele momento, pousou o indicador sobre o lábio inferior mentalizando todas as sensações que conhecia, poderia ser nostalgia? Não... Nostalgia não causava aquela sensaçãozinha triste de perda, também não diria angústia, angústia doía terrivelmente, uma dor diferente da que sentia no momento... Afinal, como definir o aperto em seu coração?

-Com licença...

-Ah, bom dia Aldebaran.

-Bom dia, Afrodite. Como tem passado?

-Bem..

O moreno observava com curiosidade o belo cavaleiro de longos cabelos louros e pele clara, a beleza do homem a sua frente intensificava-se com o brilho do sol que tornava sua pele dourada, era uma visão reluzente. O brasileiro distraiu-se por alguns minutos contemplando o pisciano, a expressão séria e pensativa, simplesmente adorável.

-Há algo errado, Afrodite?

-O que? Oh, não. Está tudo bem.

Riu da feição confusa do outro tentando justificar seus pensamentos escondidos, porém para Aldebaran era óbvio que havia algo de errado, afinal, ele sempre tivera a grande capacidade de interpretar as pessoas.

-Ah sim, é que você me parece... Intrigado.

-Intrigado? Eu? De modo algum!

Passou a mãos pelos fios encaracolados bagunçando-os sob um olhar infantil de reprovação do representante de Peixes.

-Ora, não se acanhe peixinho! Pode dizer, o que houve?

Sentou-se no sofá que o sueco estava, o pequeno baú de madeira entre os dois corpos e os olhares se cruzando, Aldebaran não pode deixar de alargar o sorriso, adorava a companhia do colega, por mais que dissessem que este era uma pessoa fria e cruel nunca fora maltratado, muito ao contrário.

Suspirou, realmente não gostaria de discutir com Touro sobre o que sentia, cruzou os braços com um bico carregado de teimosia, os braço cruzado analisando atentamente o olhar castanho sobre si.

-Pois bem! Me diga Aldebaran, o que é quando você sente que... Falta algo, uma coisa que você perdeu e não terá mais volta, mas você quer que volte.

-Acho que não entendi...

-Hum... Sabe, eu estava vendo essas fotos. -Tocou o baú o apontando para o brasileiro. -E senti algo assim, era uma sensação de distância, algo longe... Que eu não poderia ter mais por perto, mas eu queria ter... Dá um aperto no coração e uma sensação ruim no estômago, o que é isso?! Eu não entendo...

Aldebaran tomou o objeto das mãos pálidas do amigo, abriu o álbum folheando as páginas, a maioria das fotos eram de um Afrodite em torno de seus cinco anos, porém, logo nas últimas imagens havia diversos retratos da vida no santuário desde quando chegaram até os dias atuais. Distraiu-se observando as fotografia, havia algumas extremamente fofas, como a que um piscianozinho no auge dos seus doze anos era amassado em um abraço entre Máscara da Morte e Shura, outra que Dohko, ainda em sua imagem jovem, segurava no colo o loirinho por volta de seus sete anos, ambos com um grande sorriso nos lábios e o pequeno peixinho um tanto envergonhado.

-Mas que criança mais linda! Eu não me lembrava de você ser tão fofo assim e...

-Aldebaran!

-Oh, me desculpe!

Riu gostosamente, batendo a mão no ombro do loiro que sentiu-se chacoalhar com o gesto do homem de mais de dois metros.

-Eu sei o que é isso, Afrodite.

-Então...?

-Saudade.

-Sa-Sau... O que?

-Saudade.

-Saudase? Sautase? Soutase? Como que....

-Sau-da-de!

Divertia-se com a careta que o sueco fazia cada vez que tentava pronunciar a palavra estranha a sua língua mãe e até mesmo ao grego.

-O que diabos é isso?

Sorriu. Tomou as mãos de Peixes entre as suas, analisando os grandes e curiosos olhos azuis que aguardavam sua resposta; suspirou, gostaria de ter uma câmera em mãos para registrar a feição do colega, simplesmente apaixonável.

-Saudade é uma palavra que não existe em todos os idiomas e seu significado é mais forte do que o simples "sentir falta"...

-Não entendi.

-Como dizer... -Suspirou, recordando-se de alguns momentos e gravando aquele que estava vivenciando com o pisciano e que, ironicamente, lhe causaria muita saudade. -É um sentimento bom e ruim, dolorido e nostálgico. Não é apenas sentir falta de algo, mas sentir falta de algo que já se possuiu. A saudade pode engrandecer ou derrotar um homem, as vezes vem acompanhada da dor da perda e as vezes dos sentimentos gostosos do passado... Saudade não é simples, mas pelo brilho de seu olhar... É o que está sentindo...

Afrodite prendeu a respiração por alguns segundos, o olhar do taurino sobre si era carregado de carinho e boas intenções, um olhar estranho para si, admitia. Sentiu um queimar nas bochechas, então, era esse o nome que se dava para algo que se perde, mas já se teve e deseja muito de volta? Era isso... Não negava, de fato gostaria muito de ter os dias alegres da infância de volta, as brincadeiras, os treinos, as risadas, a companhia do cavaleiro de Libra (sempre fora tão atencioso com todos...), era apenas... Saudade.

-Saudade... É isso, certo?

-Sim, você disse certo dessa vez!

Sorriu tristemente, o sentimento tomando conta de seu coração, a sensação de vazio tomando seu coração e as lembranças invadindo-lhe a mente.

-O que mais ela é?

Aproximou-se sutilmente do guardião do segundo templo, a cabeça baixa escondendo o rubor na face.

Aldebaran ajeitou-se no sofá apoiando os braços nos joelhos pensando em como explicar um dos sentimentos mais exclusivos e únicos do universo.

-Pode ser difícil para um estrangeiro entender uma palavra que é exclusiva de algumas línguas... Mas quando se sente, é diferente... Saudade pode ser muita coisa, Afrodite. Há aquelas que vêm acompanhadas com o arrependimento, outras com a sensação da perda eterna, algumas apenas com a nostalgia gostosa... Saudade é um sentimento único e por mais que doa e pareça cruel... É bom, nos ajuda a crescer.

-Do que você sente saudade, Aldebaran?

Arregalou os olhos castanhos encarando as orbes azuis que lhe analisavam com astúcia e uma pitada de carinho. Como diria à ele que o mesmo era o motivo de sua maior saudade?! Saudade de algo que nunca tivera, a saudade que fugia a regra das demais, a saudade de algo que nunca teve e nunca teria.

Engoliu em seco, tocou uma das mechas louras que caiam sobre os ombros desnudos do outro, alisando-a. Sentia-se envergonhado e temeroso, sentia que seria menosprezado e ouviria escárnios, afinal, o que estava pensando?! Desejar o cavaleiro mais belo de todos era tão audacioso e vindo se si... Praticamente uma ofensa!

-E-eu sinto saudade de algo que nunca tive.

-E é possível?

-É claro... Saudade é apenas uma classificação especial para um sentimento que assola a todos... E ter suas inúmeras variáveis.

-O que é essa coisa que você nunca teve? Como pode sentir falta de algo assim?

Aldebaran sorriu fracamente sentindo-se nu diante dos olhos inquisidores. Afrodite tinha plena consciência do poder que exercia sobre os outros, mas por vezes pensava que a expressão inocente e curiosa vinha livre das malicias tipicas do cavaleiro e, naquele momento, o olhar sob si, o despindo, acalentando seu corpo e coração possuía uma pureza desconhecida. Balançou a cabeça negativamente, não teria condições de admitir o que sentia por Peixes, nunca. Sabia o quanto este era desejado e que suas chances com o mesmo eram abaixo de zero, afinal, como competir com cavaleiros tão belos?! E, verdade seja dita, a beleza era critério básico para estabelecer um relacionamento com o excêntrico pisciano; poderia ser homem, mulher, amazona, cavaleiro, deus ou deusa, não importava, se não agradasse os padrões do homem jamais teriam o privilégio de tocá-lo.

E esta era a ideia que tinha em mente, comparado a cavaleiros como o de Câncer e Capricórnio, o que era? Até mesmo alguns de bronze e prata admitiam suas fantasias em relação ao guardião da décima segunda casa. Sabia, para Peixes, não era nada além de um colega que o visitava, nada além de um personagem secundário em sua história.

O sorriso triste morreu aos poucos nos lábios grossos, olhou para o lado encarando a própria imagem em um dos grandes espelhos colocados na parede, riu. O que diabos estava pensando?

-Não se incomode com minhas saudades peixinho...

Afrodite apertou a mão no estofado olhando para o teto, adorava a companhia do taurino... Até demais.

-Por que você não me diz? Somos amigos, não?

A frase assustou o protetor de Touro, arregalou os olhos com a boca entreaberta em um discreto "o", não sabia o que responder, seu coração saltitava de felicidade, quer dizer, havia escutado corretamente? Afrodite o chamara de amigo? As borboletas batiam freneticamente nas paredes do estômago, causando uma sensação boa e desconfortável ao mesmo tempo, não pode deixar de abrir o grande sorriso que poderia acalentar até mesmo a maior revoltar dos mares... E isso que Afrodite era, uma grande revolta marítima... E somente Aldebaran poderia contê-lo.

-Sim, somos amigos.

-Então, me diga.

Aldebaran suspirou, bem, o que poderia perder?!

Caminhou até o pisciano parando a sua frente, ajoelhou-se tomando as pálidas e pequeninas mãos entre as suas, sentindo a diferença entre texturas e cor. Sorriu, não conseguia deixar de sorrir, não ao lado de Afrodite. Ergueu a mão direita passando pela bochecha avermelhada do cavaleiro, enroscando os dedos nos longos cachos louros, os olhos fixos nas orbes azuis.

-Você.

-Hum?

-Eu sinto saudade de você.

-Mas como? Quer dizer, eu estou aqui...

-Sim, mas lembra-se do que é a saudade? Sentir muita falta de algo que se perdeu...

-Mas você nunca me perdeu Aldebaran, eu estou aqui!

-Não, Afrodite, eu nunca o tive. E é essa é minha maior saudade.

Sorriu soltando as mãos do sueco que ainda o olhava com confusão e curiosidade, levantou-se sem dizer mais nada, a leveza que sentia antes agora parecia chumbo no mar e o desconforto estava mais forte que a alegria de ser chamado de amigo. Perderia Afrodite, agora definitivamente, e sua saudade finalmente teria uma razão para existir. Estava próximo a saída do templo, amargurando-se e brigando com a própria mente por levá-lo a tamanhas loucuras, arrastava os pés, o peso da armadura três vezes maior do que o normal. E graças a sua distração não notou quando o mais velho gritou seu nome, mas percebeu o toque frio ao redor de sua cintura o enlaçando em um gentil abraço.

-A-Afrodite?

-Não.

-Não?

-Não vá... Ou eu vou sentir saudade.

Engoliu em seco virando o corpo ficando frente a frente ao cavaleiro que o olhava com os olhos de brilho misterioso, voz melodiosa e o corpo como uma personificação da luxuria.

-Afrodite...

-Eu não entendi o que é saudade, mas eu sei que se você sair, eu vou sentir.

Abriu os olhos em espanto com as palavras do outro, um grande sorriso desenhado no rosto enquanto seus braços envolviam o pequeno corpo abaixo de si, praticamente o escondendo.

Não queria pensar que aquilo era apenas um jogo, que no futuro iria se arrepender de entregar-se a sentimentos juvenis e tolos ou de que se tornaria motivo de piada para os outros, apenas queria senti-lo, abraçá-lo e viver os poucos momentos que lhe fossem proporcionados. Que Afrodite o usasse como quisesse, apenas não queria perdê-lo...

Queria estar ao seu lado, desde seus dias juvenis até o fim...

~

Afrodite sorriu ao recordar-se daquela época, suspirou longamente tocando o lençol de tecido egípcio, eram tão jovens e inconsequentes... Ao auge de seus dezesseis anos e já se declaravam assim... Riu discretamente, contendo-se para não acordar o outro. Olhou de soslaio para o grande corpo que descansava ao seu lado apreciando a calma e sempre tão ritmada respiração, perdeu alguns segundos apreciando o corpo rústico que ocupava praticamente três quartos de sua cama, balançou a cabeça negativamente, há quanto tempo estavam naquilo?!

Sempre distraído, como um bom pisciano, não sentiu quando um dos braços morenos envolveram sua cintura o empurrando de volta para o colchão. Caiu em um baque surdo sobre o acolchoado, frente a face de olhos castanhos que o observava com um grande sorriso no rosto.

-Bom dia peixinho.

-Oh, acordou trambolho?

-Tsc, sempre um amor...

Sorriu, ignorando os protestos do brasileiro que reclamava do tratamento que recebia pelas manhãs.

-Hei.

-O que?

-Você ainda sente saudade?

-Saudade?

Aldebaran riu recordando-se do dia que os levou até aquele momento.

-Não, não mais... Porque agora eu o tenho. Não há mais saudade, nunca mais haverá...

Afrodite esboçou um triste sorriso disfarçado com o brilho dos olhos, passou as mãos pelos grossos cabelos castanhos, descendo a mão até o rosto que aos poucos adormecia novamente.

-Sim, nunca mais haverá...

O sol se punha ao horizonte morrera como testemunha de ambos, do passado, do presente e do futuro. Mas acima de tudo, testemunha da traição, da mentira e dos atos cruéis e sujos... Afinal, falamos do mais belo e cruel cavaleiro de todos, no final, não havia motivo para estarem juntos...

Exceto um, que não conseguia deixá-los separados e sempre acabava os unindo novamente...

Apenas um.

Apenas a saudade.


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Notas finais do capítulo

Bem é isso ai!
Espero que tenham gostado e nao deixem de comentar! *-*! Isso me estimular a escrever uma long! u.u Que por sua vez, provavelmente sera MdMxDite! E tbm pretendo escrever uma CamusxMilo! Bem, basta eu me aproximar mais do casal... Bem,teremos mais surpresas até o final do ano!
See ya ~