Fabinho se sentou na areia quente, observando o mar à sua frente. Giane estava em seu campo de visão, segurando o filho pelos braços, o ajudando a pular as pequenas ondas da beira da praia. Ao seu lado, Cida estava sentada com a filha no colo.

Tudo parecia no lugar por hora.

Elano se aproximou do irmão com duas latas de cerveja, se sentou ao seu lado e lhe deu uma. Os dois ficaram longos minutos em silêncio, apenas a observar aquela cena. As duas riam, assim como as crianças, e Elano estava com aquele sorriso bobo no rosto ao vê-las.

_ Parece que agora tudo está encaixado no lugar. – Fabinho disse, tomando um gole de cerveja.

_ Sim. Parece que agora sim. – Elano disse. – Eu nunca imaginei que ter um irmão seria tão... Complicado? – os dois riram.

_ Eu nunca imaginei ter um irmão. – Fabinho deu de ombros. – Então, estamos quites.

_ Estaremos, quando eu puder quebrar o seu nariz. – Fabinho assentiu.

_ Justo. É só você nunca mais chegar perto da Giane e estamos de boa.

_ Você acha que com uma mulher como a Cida do meu lado, eu vou olhar pra Giane?

_ É melhor eu não responder essa pergunta. – os dois riram de novo. Giane e Cida vinham com as crianças na direção deles.

_ Será que o Davi vai ser tão briguento que nem vocês dois? – Elano questionou.

_ Será que a Megan vai ser tão “awwnn” quanto vocês? – Fabinho brincou.

_ Só espero que eles sejam grandes amigos.

_ Só isso. – Fabinho assentiu. – Vem cá com o papai, Davi. Sua mãe é uma desnaturada mesmo... – ele disse quando Giane se aproximou o suficiente. – Você tá cheio de areia na sunga.

_ Ah, Fraldinha, não começa... Vai lá com o papai, filho. Vai... – Davi riu quando Fabinho o pegou no colo e fez uma careta pra ele. Cida se sentou do lado de Elano e Megan se ajeitou no colo no pai. Giane se sentou do lado de Fabinho, ajeitando os cabelos molhados.

_ Maloqueira, não precisa me molhar não. – ela riu.

_ Como você é irritante, Fabinho, imagina quando você ficar velho...

_ Nossa, imagina você, então! Provavelmente, a velha mais linda do baile da terceira idade... – ele roubou um beijo nela. – Na verdade, eu to louco pra tirar esse seu maiô... – ele sussurrou no ouvido dela.

_ Fabinho, o Davi!

_ Ele não entende... – ela riu, os dois observando o filho babando a mão gorducha. – Ele já está precisando de um irmãozinho ou uma irmãzinha. Quero um time de futebol, lembra?

_ Você fala assim porque não é você que sente as dores na hora de parir!

_ Eu te amo muito, sabia? – Giane deu um sorriso sem graça.

_ Você é um tremendo de um babaca, mas eu também te amo.

_ Só isso? – Fabinho sorriu pra ela. – Só ama? – ela revirou os olhos.

_ Você sabe que eu te amo muito. Muito. Tá bom assim?

_ Tá, maloqueira. Tá...

Cida deu um beijo no ombro de Elano, que lhe sorriu em seguida.

_ O quê? – ela perguntou, enquanto ele a encarava.

_ Você está particularmente bonita hoje. – ela sorriu.

_ Algum motivo especial?

_ Nenhum. Você está linda todos os dias.

_ Você é um bobo.

_ Ah, eu sou mesmo, um bobo louco, apaixonado, viciado em você. – ele a beijou.

_ Acho melhor colocar os tampinhas no chão, não queremos amassá-los. – brincou Fabinho, enquanto sentava Davi na areia. Elano fez o mesmo com Megan, aproveitando que os dois já conseguiam se manter sentados sozinhos, e logo os dois casais voltaram a namorar, sem nem ligar para quanta areia os dois provavelmente engoliriam.

E aquela cena se repetiria, muitas mais vezes do que eles poderiam imaginar, com a diferença que o tempo trataria de adicionar novos personagens a ela.

Por parte de Giane e Fabinho, mais uma menina e dois meninos. De Elano e Cida, mais uma menina. Deveriam ter imaginado que algum dos irmãos daria continuidade a “duplicidade”, mas essa ideia nem passou por suas cabeças quando o casal Campana resolveu fechar sua prole em três, acabando ficando com quatro. E Elano... O advogado tinha certeza que ficaria grisalho bem cedo com tantas mulheres em sua casa.

E junto a essas fotos, outras estampariam os álbuns de fotografias e memórias, como festas com temas de princesas para Megan, tendo um Davi de príncipe e sempre emburrado. Jantares na casa dos Campana, com Davi sempre vidrado no videogame e Megan de bico por não receber atenção do primo. Haveriam noites de pôquer na casa de Fabinho e Giane, muitas vezes com as crianças deixadas aos cuidados dos avós e brincadeiras constrangedoras de “eu nunca”, porque afinal, a idade é um mero detalhe.

O celular apitava todos os dias com fotos novas dos sobrinhos, e ele sempre mandava fotos de seus filhos. Os feriados eram sempre de casa cheia, ou no Rio ou em São Paulo. Não importava a distância, eles sempre dariam um jeito de estarem juntos.

Fabinho nunca havia imaginado que teria irmãos, e havia ganhado dois. E por mais que amasse Malu incondicionalmente, sua relação com Elano era única. E o advogado podia dizer o mesmo. Apesar do vínculo intenso com Penha, o que havia entre ele e o publicitário não podia ser expresso em palavras. Havia dividido a barriga da mãe com ele, e depois haviam passado quase 25 anos separados. Mas aquele laço de nove meses se provou mais forte que todos os anos separados e todas as brigas e desavenças.

E eles sabiam que iria durar para sempre.