We Remain escrita por garotadeontem


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Amei escrever esse capítulo. Espero que gostem. ;)



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1 mês depois...

_ Não, Érico, você só pode estar de brincadeira comigo... – ele suspirou olhando pra tela do notebook, sentado à mesa da cozinha.

Fabinho mal tinha dormido naquela noite com aquele trabalho para entregar ainda hoje, e Érico tinha lhe ligado pedindo para mudar tudo porque o cliente tinha pedido.

_ Eu vou desligar para não te xingar, cara. Sério. Sério.

Ele ouviu um barulho de algo batendo e um gritinho.

_ Tchau, Érico. Que foi? – ele perguntou quando Cida adentrou a cozinha saltando um pé só.

_ Por que você deixa tudo jogado, Fabinho? As caixas ainda estão atrapalhando o caminho... – ela se encostou a uma parede, massageando o pé que bateu.

_ Ué, você tá aqui pra isso, pra me ajudar a tirar essas caixas daí, né, madame? – ela foi até a geladeira, coçando os olhos.

_ Acordou com as galinhas, foi? E já tá estressado?

_ É essa merda de trabalho, eu vou matar o Érico... – ele bufou e ela riu.

_ Bom, hoje eu termino de desembalar as caixas e tento organizar tudo, ok? – ela pegou um copo e encheu com o leite que pegou da geladeira.

_ Não sei quanto eu vou ter que te pagar depois disso, mas tenha dó porque eu não sou rico.

_ Não, você é mentiroso! Você é rico...

_ Rico é o meu pai. – ele levantou e pegou um copo de leite também – Eu preciso comprar uma máquina de café, porque o meu café é horrível, e o seu... – ele revirou os olhos – Pior ainda.

_ Ingrato! – ela deu um tapa no braço dele e ele riu.

Não era como se eles estivessem juntos, juntos como casal, mas moravam no mesmo lugar temporariamente. Fabinho decidiu comprar a casa de campo e acabou se mudando pra lá. Ele precisava de alguém que o ajudasse a arrumar tudo, e Cida queria ficar um tempo longe da vida de famosa que levava. Só foi juntar o um mais um: ela o ajudava a organizar a casa e ele lhe distraia.

No fundo, bem no fundo, Cida tinha medo daquela aproximação dela com Fabinho. Não queria mais sofrer, não queria misturar as coisas, então eles tentavam ao máximo não se aproximar tanto. Depois do hospital, ela teve que ficar de repouso, e se não fosse ele, ainda estaria na cama. Ele era o melhor amigo que ela nunca teve, e não queria vê-lo como mais do que isso.

Ela terminou de tomar o copo de leite e estava voltando pra sala, sentindo os olhos dele a encarando.

_ Que foi? – ela disse com as mãos na cintura.

_ Tá na hora de tirar esse pijama, né Maria Aparecida. Eu sei que você quer descansar, mas não precisa ficar de pijama o dia todo. Tira logo antes que eu tire uma foto e mande pro EGO.

_ Como você é bobo, Fabinho...

_ Bobo não, quero só seu bem. Já passou da hora de levantar e chutar a tristeza pro lado. Eu não to fazendo isso?

_ É... – ela balançou a cabeça – Mais ou menos, né.

_ Tá bom, você entendeu... Eu vou tomar um banho e já desço pra te ajudar com as caixas. – Fabinho subiu para o banheiro e Cida sentou no sofá, começando a abrir as caixas.

A regra da casa era clara: tinham dois nomes proibidos lá dentro: Elano e Giane.

Elano tinha conseguido alugar um quarto e um cômodo comercial para o seu escritório na Casa Verde e ele nunca tinha tanto trabalho pra fazer. Ele tentava ao máximo ocupar sua mente, adorava quando chegava um caso novo. Um amigo seu estava cuidando dos papéis do divórcio dele e de Cida, e sua irmã já tinha vindo lhe encher a cabeça. Penha tinha vindo buscar Cida, mas ela não quis voltar, iria ficar com Fabinho na casa que ele tinha comprado. Quem diria? Elano entendia essa atitude como um ato de superação.

O clima estava pesado com Giane, a mulher andava mais brava do que galo de briga. Principalmente depois que soube que Cida iria morar com Fabinho.

Ela não falava mais com ele, mas Elano falava pouco com ela, queria se afastar desse rolo todo. O seu foco era o trabalho.

Elano tinha acabado de se despedir de um cliente, quando uma Giane-furacão adentrou o seu local de trabalho.

_ Giane?

_ Oi... – ela disse, parecendo nervosa.

_ Que foi?

_ Você vai almoçar agora? – ela olhou para um relógio na parede – Tem alguém pra atender agora?

_ Não, mas... – ela se sentou na cadeira onde o cliente estava sentado a tempos atrás. Suas pernas balançavam.

_ Que foi, Giane? – ele observava seu jeito – O que aconteceu?

_ Nada, cara, eu só... – ela apertava os dedos das mãos – Tem um pouco de água aí?

_ Tem... – ele a olhava confuso. Se levantou, pegou um copo d’água pra ela no filtro e lhe deu.

Ela tomou a água, e Elano puxou a cadeira para se sentar de frente pra ela.

_ Que foi, hein? – Elano estava curioso.

_ Eu não queria te atrapalhar, eu sei que você... Você nem... A gente nem se fala mais, né? Mas é que eu não sabia pra onde correr.

_ Giane, não é bem isso... Eu não quero que nossa amizade acabe, eu só preciso de um pouco de tempo... Sabe?

_ Eu sei disso, eu também precisei. Mas então, aconteceu que...

_ O quê? Você vai me matar de curiosidade.

_ Eu desmaiei um dia desses brincando com os meninos da rua e...

_ Você tá bem!?

_ Eu to... Não sei, acho que eu to... Eu pensei que fosse a pressão, aí a Margot me ajudou a ir pra casa, e sabe, eu não tenho andado bem... Enjoada, vomitei algumas vezes...

Elano deixou a ficha ir caindo lentamente e Giane lhe encarava com lágrimas nos olhos.

_ Eu não queria...

_ Ei... – ele levantou e foi pra perto dela, pegou em suas mãos – Você já foi fazer o exame? – ela balançou a cabeça indicando que não.

_ Mas, eu fiz o de farmácia, sabe? E...

_ Ai meu Deus, Giane! Você tá grávida! – ele a puxou da cadeira e a abraçou com força. Ela riu nervosa do jeito dele, mas algumas lágrimas lhe escaparam dos olhos. – Eu... Eu não sei nem o que te dizer... Isso não é ruim. – ele segurou o rosto dela com as mãos, lhe secando as lágrimas – Não mesmo.

_ Mas o pai é o Fabinho...

_ Eu sei que é. E ele vai ficar feliz com isso, eu tenho certeza disso. Ou... quase certeza. – ele sorriu torto.

_ Como, Elano? Ele não quer me ver nem pintada de ouro na frente dele. Agora ele tem a Cida, lembra?

_ Giane, a gente não sabe...

_ Você acha que não? Eu tenho certeza que morando embaixo do mesmo teto que ela, já rolou alguma coisa. O Fabinho sempre foi assim. Sempre. E ela não é um exemplo de... – Giane começou a ficar nervosa de novo.

_ Acho melhor não falarmos disso agora... Você quer que eu vá fazer o exame com você? Eu vou. Só tenho um cliente hoje a tarde...

_ Sim, mas eu quero que te pedir uma coisa... Não conta pra ninguém, principalmente pra ele...

_ Mas, Giane, ele é o pai, ele tem que saber. Você viu o que aconteceu com...

_ Ele não tem que saber, não tem que saber de nada. Esse filho é meu, só meu. O Fabinho não é mais nada meu.

_ Você não tem que tomar decisão nenhuma com a cabeça quente desse jeito. Vamos, eu vou com você no hospital. – ele lhe deu um beijo no topo da cabeça e foi pegar as chaves do carro.

Mais tarde na casa de Fabinho, Cida observava a sala que tinha arrumado. Estava tudo limpo e organizado, e ela estava exausta. Se jogou no sofá ainda embrulhado no plástico, seu celular começou a tocar embaixo do seu braço. Ela atendeu: era Penha.

_ Fala, Cida.

_ Oi, Penha. – ela sorriu ao ouvir a voz da amiga.

_ Como você tá?

_ Eu tô... Você sabe, e você?

_ Eu to bem, amiga. Eu quero saber até quando você vai ficar exilada na casa do lobo mau. – Cida riu.

_ Não sei, eu já to terminando tudo aqui.

_ Cida, amiga, você tem que parar pra pensar no que você tá fazendo... Não acho nem um pouco certo tudo isso, você morando com o cunhado... É melhor você acabar logo com isso, se não, já sabe...

_ Ai, Penha, você me ligou pra me dar sermão a essa hora? Eu já vou embora daqui, eu sei que logo o Fabinho volta correndo pra moleque dele, e eu tenho que voltar para as minhas coisas, meus fãs. Eles me amam de verdade, fico só acompanhando no twitter. – Penha riu.

_ Menina, você viu que esses dias a tag FicaBemCida entrou nos tredi.... Naquela coisa lá? – Cida riu.

_ Nos trendings topics. Eu vi, Penha, vi sim. Eles são uns amores.

Fabinho estava na cozinha e parou para ouvir a conversa das duas, que agora falavam sobre trabalho, mas tinha ouvido que tinham falado sobre ele. Adorava Cida e sabia que um dia ela iria embora. Iria sentir falta da presença dela, dos pés descalços andando pra lá e pra cá, das reclamações, da cantoria dela por todos os cantos, até mesmo de todas as vezes que acordava de madrugada com o choro dela.

Mas, não queria se envolver com ela, os dois já tinham sofrido demais. E a cada momento livre, Giane vinha na sua cabeça, ele ainda não tinha superado perde-la. Só entrou na sala quando ela tinha desligado o celular, carregando um balde de pipoca.

_ Já escolheu o filme?

_ Não... – ela riu. – Não deu tempo, a Penha ligou. Pode escolher, eu vou dormir de qualquer jeito, to cansada.

_ Mas não tem graça ver o filme e você dormir, empreguete...

_ Não foi você que limpou tudo aqui, né? Escolhe aí e não come toda a pipoca, você sempre faz isso... – ela roubou um punhado de pipocas e subiu as escadas – Vou tomar um banho rapidinho.

_ A pipoca vai esfriar! – ele gritou pra ela.

Fabinho começou a tirar o plástico do sofá e conectou a TV na tomada. Encontrou uma caixa com algumas coisas no fundo e ao abrir, se deparou com uma bola e todos os presentes que Giane tinha lhe dado. Ele suspirou, ainda era doloroso. Fechou a caixa e a escondeu embaixo da escada.


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