Música

         O tempo ia passando e eu ainda estou aqui, apenas com roupas intimas me olhando no espelho tentando decidir se vou pelada ou com roupa, eu não sei qual agradaria mais ele. Ah, Eliza, você sabe sim. Okay, menos.

         Já coloquei de tudo que tenho aqui e nada me agrada, tudo é igual. Okay, eu já saí com ele antes, mas nunca para um “primeiro” encontro, tem muita pressão nessa palavra, exige muito da gente. Argh, que droga!

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        Depois de um tempo, decidi ir com um vestido preto de bolinhas brancas e com meu velho all star de sempre, assim está perfeito, ele não namora uma modelo pra ficar desfilando por aí. Eu já estou toda linda assim. Credo, pensando assim ele não vai me querer por muito tempo... mas dane-se, foca no primeiro encontro, o resto é resto. Peguei meu casaco e segui rumo ao quarto do gatão. É hoje!

        Ryan estava incrível com um jeans preto e camisa branca que ficava apertada em seus braços fortes, uma jaqueta preta e com aquele sorriso sacana nos lábios. Tá aí o porquê deu ter me apaixonado por ele, esse homem é tão lindo que me sinto um patinho feio do seu lado.

— Você está linda – Ryan me lançou um olhar sexy. Querido, assim a gente não vai ter encontro fora, vamos ficar aqui na sua cama mesmo.

— Você também está ótimo – Dei lentos passos em sua direção e lhe dei um beijo estalado na bochecha.

— Acho que a boca fica mais pro lado – Ryan sussurrou e eu quase morri. Sorri sacana e me aproximei da sua boca, sem toca-la.

— Deixa o prêmio para mais tarde, baby – Fechei os olhos e fiquei ali sentindo sua respiração em meu rosto. Como eu amo esse garoto!

— Que misteriosa você está, moça – Ryan sorriu e me abraçou.

— Você que me deixa assim, com fogo – Sorri envergonhada.

— Eu posso apaga-lo – Me olhou nos olhos.

— Vamos, estamos atrasados – Dei leves tapinhas em seu ombro. Mudei logo de assunto, temos um encontro hoje.

— Eliza, Eliza... – Ryan sorria enquanto dizia meu nome. Sorri de volta e me virei, seguindo pelo corredor.

         Quando saímos do colégio, me deparo com uma moto parada em frente a porta. Oh Deus.

— Não me diga que quer que eu vá com você aí? – Olhei assustada para a moto.

— Sim, vai ser legal, você vai gostar – Ryan sorriu me entregando um capacete. Cara, é agora o meu fim.

— Ryan... – Peguei o capacete meio relutante.

— Confia em mim. – Não, essas palavras não. – É o nosso primeiro encontro, quero que seja inesquecível – Ryan me deu um beijo nos lábios.

— Tudo bem – Me rendi – Vamos lá – Sorri de nervoso e subi na moto logo após ele. Deus nos guarde, amém.

           Depois de muitos pedidos para Ryan ir com calma, finalmente ele deu partida com a moto e aquilo começou a andar, fiquei num medo tão grande que só consegui me agarrar em Ryan com toda força que tinha e orar baixinho. Okay, talvez eu esteja exagerando, mas eu tenho medo e eu estou de vestido, o que me deixa com mais pânico ainda.

— Eliza, pode relaxar – Ryan virou o rosto para trás – Eu estou devagar, não vou deixar nada te acontecer – Claro, tô bem calma agora. Se soubesse que era tão fácil assim.

— Eu não consigo – Gritei e Ryan gargalhou.

— Não precisa gritar, eu consigo te ouvir – Fiquei mais vermelha que um tomate. – Só tenta curtir o momento e relaxe. – Ryan tocou meus braços que estavam esmagando sua barriga.

— Vou tentar – Afrouxei um pouco o abraço e fiquei olhando para o nada. Talvez eu consiga ficar mais calma.

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               Depois de alguns minutos, estacionamos em frente a um restaurante mexicano. Okay, devo admitir que não foi ruim andar de moto, em um certo momento a gente só quer sentir a brisa e relaxar, igual Ryan disse.

— O que achou? – Ryan pegou o capacete em minhas mãos.

— Bom, apesar do medo – O olhei assustada.

— Eu falei que você ia gostar, é só relaxar, baby – Ryan tocou meu rosto e me deu um selinho. – Está com fome? Está é a primeira parada – Concordei com a cabeça, estou faminta.

             Adentramos o local e Ryan havia feito uma reserva, isso é tão chique, me arrependo de não ter colocado um sapato melhor. Mesa para dois a luz de velas e com direito a flores e corações. Bem gay, eu sei, mas eu tô quase morrendo por dentro de tão feliz que estou, Ryan é um amor e eu nunca recebi isso antes.

            Fizemos nossos pedidos e eu fiquei igual boba olhando para tudo aquilo como se fosse coisa de outro mundo, de fato no meu mundo é algo novo. Desde que voltei para a escola tudo tem sido maravilhoso, sem mentiras, interrupções, gente nojenta ou o que seja, estou numa fase boa e calma, sem dramas, só os da minha vida normal mesmo, como por exemplo essa carne que eu pedi que só tem pimenta e eu tô chorando desesperada.

— Pegando fogo – Falei desesperada, Ryan só ria da situação, como se aquilo tivesse bastante graça.

— Vai com calma, tem que comer aos poucos – Ele ria cada vez mais. Eu tô morrendo aqui e o garoto não ajuda nada.

— Meu Deus! O que eu faço? – Arregalei os olhos, já marejados.

— Toma um pouco de água, quer ir ao banheiro? – Acenei com a cabeça e corri para o banheiro. Não sabia que as comidas mexicanas eram tão apimentadas assim, socorro.

           Depois de um tempinho me recuperando e me recompondo, voltei a mesa como se nada tivesse acontecido, tudo estava normal. Ryan me encarou com um olhar preocupado e eu apenas sorri de leve. Eliza como sempre estragando tudo que é perfeito. Típico.

— Já estou bem, foi apenas uma emoçãozinha para o primeiro encontro – Dei um sorriso amarelo.

— Se não tivesse nenhuma eu já ficaria preocupado – Gargalhamos e voltei ao meu jantar, dessa vez comendo devagar, a comida não vai fugir, não é mesmo?!

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— O jantar estava incrível, obrigada por isso, Ryan – Estávamos do lado de fora do restaurante – Foi tudo incrível – Sorri e o abracei.

— Eu que agradeço por sua companhia, você torna tudo incrível – Beijou a ponta do meu nariz. Isso é tão fofo.

— Agora vamos para onde? – O olhei curiosa.

— É surpresa, meu bem – AH MEU DEUS, MEU BEM?! JÁ POSSO MORRER, JÁ POSSO. ELE ME CHAMOU DE MEU BEM, SOU O BEM DELE, GENTE!

— Tudo bem – Mordi os lábios e sorri.

             Subimos na moto e dessa vez eu já estava mais calma, com menos medo, digamos que já confiava um pouco nele. Fiquei sentindo aquele vento batendo em mim e me deixei levar pela sensação. Já estava tarde e quase não se via carros pelas ruas, parecia que tudo ali era nosso, só nosso. Fechei os olhos e fiquei imaginando mil cenas na minha cabeça, todas elas tinham Ryan, é claro, ele tomou conta de tudo que é meu.

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— Caramba, aqui é lindo! – Desci da moto e olhei tudo ao redor. Estávamos em um lugar pouco deserto, um campo livre com um lago enorme logo a frente, algumas luzes que iluminavam pouco o local.

— Eu achei esse lugar um dia e quis trazer você aqui para conhecer – Ryan olhava para o lago.

— É incrível! – Dei alguns passos à frente deixando Ryan para trás.

— Podemos curtir só nós dois – Virei para trás e vi Ryan encostado na moto sorrindo para mim. Isso não se faz.

— Então vem – Coloquei o capacete no chão, me virei para frente do lago novamente e abri os braços para sentir aquele vento maravilhoso. Tudo isso é um sonho, só pode.

— Você é incrível – Ryan me abraçou por trás e afundou seu rosto em meu pescoço. Me virei para ele e lhe dei um beijo.

— Esse com certeza é o melhor primeiro encontro – Sorri entre o beijo.

— Você merece melhores – Me encarou sério com aquela cara de machão. Oh yeah. – Vem, vamos para perto do lago – Entrelaçamos nossas mãos e seguimos mais para a frente.

          Nos sentamos ali perto do lago e ficamos em silêncio lado a lado olhando toda aquela paisagem, nada poderia ser melhor do que isso. Encostei minha cabeça no ombro de Ryan e fechei os olhos, só queria sentir e viver cada vez mais esse momento. Ryan passou o braço por cima de meus ombros e ficamos nessa posição por um bom tempo, até eu sentir ele se mexer, me obrigando a sair da minha posição confortável.

— Tenho algo para você – AH meu Deus, era pra trazer presente? Eu não tenho nada aqui, poxa.

— Ryan, eu não trouxe nada para você – Fiz biquinho.

— Não precisa, não é um presente, baby – Me olhou sorrindo – Fecha os olhos – Me pediu. Quê isso?

— Tô com medo – Estreitei os olhos.

— Relaxa, não vou te amarrar aqui e te deixar – Gargalhou. O olhei incrédula.

— Você não seria capaz – Arqueei a sobrancelha.

— Claro que não, agora feche os olhos. Confia em mim – Aquelas palavras de novo. Dei de ombros e o obedeci. Estava cagando de medo? Sim, estava, mas ele falou pra mim confiar nele, né? Ele se mexeu mais um pouco do meu lado e logo depois pude sentir um beijo na minha testa, o que foi muito estranho, nada fofo.

— Posso abrir? Tô com medo e curiosa – Sorri nervosa e entrelaceis as mãos.

— Calma – Ryan deu uma risadinha – Agora abra, devagar – Fiz o que ele pediu e logo me espantei. Ryan estava peladão na minha frente sorrindo.

Rá! Te peguei, não era isso, era melhor que isso!

Ryan estava de joelhos na minha frente segurando uma caixinha com duas alianças e tinha o melhor sorriso nos lábios. Meu Deus!

— Oh meu Deus, Ryan! – Coloquei as duas mãos no rosto. Estava incrédula.

— Elizabeth Backer, você aceita ser minha namorada? Real oficial? – Isso não está acontecendo, é um sonho, só pode! Eu não sei nem o que responder, como responder, o que eu faço, meu Deus!

— Ah, caramba, meu Deus! Sim, sim, sim! – Sorri e me joguei nos braços dele para um abraço apertado.

— Oh, você demorou tanto para responder que eu pensei que fosse dizer não – Ryan soltou o ar em forma de alívio.

— Eu não sabia como responder, eu tô em choque ainda.

— Olhe para mim – O olhei – Você é linda – Corei. Ryan pegou uma das alianças e colocou em meu dedo anelar, dando um beijo logo em seguida. Fiz o mesmo com a dele, agora somos namorados oficialmente, não que antes não fosse, ah, eu não sei, só sei que estou feliz agora.

          Começamos a nos beijar ali e cada vez foi ficando mais intenso, puxei ele até nos deitarmos na grama. Aumentamos a velocidade dos beijos, Ryan começou a passar a mão pelo meu corpo, logo senti sua ereção e por um momento eu só queria isso, queria nós dois sendo um só. Puxei sua camisa até tira-la por completo e pude sentir seu corpo quente, confesso que estava com saudades desse clima. Ryan colocou as mãos por baixo do meu vestido e foi subindo ele devagar, me dando leves arrepios pelo corpo.

         Nos beijávamos com mais intensidade, como se aquele fosse nosso último contato, havia desejo e saudade, vontade um do outro. Logo estávamos nus e conectados, em movimentos de vai e vem suando e se amando.

Nos entregando um para o outro mais uma vez.