Luísa

Quando voltei da excursão , me limitei a subir no telhado de meu chalé e observar o sol se por. Eu nunca fui muito sentimental , achava que ficar pensando muito nisso deixava as pessoas mais bestas e vulneráveis. Mas fiquei muito brava e decepcionada com meu pai naquela manhã. Eu fui adotada ainda bebe por uma mulher mexicana muito rica chamada Eleni, que nunca se casara e nunca tivera filhos. Cresci chamando ela de mãe e fiquei devastada quando esta morreu quando tinha 12 anos. Eleni sempre fez questão de que eu tivesse a melhor educação possível, mas tanto eu quanto ela dispensávamos o luxo.

Depois da morte de Eleni, eu fugi, pois não queria ser adotada de novo. Me escondi no compartimento de malas de um avião que ia para Nova Iorque. Mas eu não era a única com essa ideia. No compartimento de bagagem, conhecei mais três semideusas: Clary e sua irmã mais nova, Natacha , russas e filhas de Nêmeses; e Beatriz , filha de Quione que já estava pegando o seu terceiro avião para tentar chegar aos Estados Unidos ( ela não era muito esperta...). Elas me explicaram o que era ser um semideus e comecei a desconfiar ser uma, pois vivia fazendo coisas estranhas como derreter as coisas, fazer plantas crescerem e , uma vez , explodir uma panela de pressão.

Quando chegamos a Nova Iorque , ficamos um bom tempo perdidas, fugindo de monstros e do juizado de menores. Foi quando fomos encontradas por Connor e Travis Stoll. Eles nos levaram ao acampamento , onde vivemos o ano todo desde então. Nos tornamos melhores amigas , cada uma com uma história trágica. Beatriz vira o pai ser rasgado em pedaços por um monstro na tentativa de protege-la e o pai de Clary e Natacha , que era também um homem rico, fora vitima de uma armação e morto em uma emboscada. Elas teriam sido mortas também se não fosse a um amigo de Clary, Lenin, que as salvara.

Quando descobri ser filha de Apolo, fiquei imensamente feliz. Tinha família, amigos e um lar novamente! Mas não imaginei que tinha dois pais divinos e que nenhum dos dois tivesse me ajudado no tempo em que ficara perdida em Nova Iorque. Se soubessem pelo que eu e minhas amigas passamos...

Fui tirada de meus pensamentos quando uma voz ao meu lado disse:

– Travis, eu acho que temos alguém meio triste aqui...

– Também acho, Connor. – disse uma voz do outro lado. Me viro e vejo os irmãos Stoll sentados um de cada lado de mim.

Revirei os olhos.

– Eu não estou triste. Só um pouco... nervosa.

– Acho que ela está escondendo algo, Connor!

– Também acho , Travis. – respondeu o irmão. – pare de dar uma de Clary e esconder seus sentimentos!

– Ok, vocês venceram. – disse suspirando – eu estou triste, mas não estou afim de falar sobre isso, entenderam?

– Foi algo que aconteceu na sala do trono? – perguntou Travis – Te pegaram tentando colocar bosta de minotauro no trono de Hera?

– Sim e não. – respondi rindo.

– Acho que conseguimos deixar ela feliz, Travis!

– Acho que sim Connor! Fizemos o nosso trabalho!

– Bem temos que ir. – disse Travis – Temos que ligar a internet clandestina até o chalé de Hecáte .

– Ei! Avise Clary que hoje não tem erro! – berrou Connor descendo do telhado com o irmão – Ela vai conseguir falar com o namorado!

– ela e Lenin são apenas amigos... – tentei argumentar.

– Uhum – disseram os gêmeos em uníssono se afastando do chalé.

Revirei os olhos novamente e entrei no meu chalé. Lá dentro, minha irmã Annie Martinez ,de 13 anos, Jogava Uno com Will Solace e Gabriel Hendrey; Giovanna Fredick brigava com Matheus Gildern por uma lata de Coco-cola enquanto Amélia Sparkly aproveitava para roubar os doces que o irmão guardava embaixo da cama. Suspirei. Como conselheira-chefe do chalé de Apolo, deveria botar ordem naquele lugar, mas não estava com animo e nem paciência para isso, então, apenas peguei meu arco e gritei “ só não se matem!” antes de sair do chalé para dar uma volta.

Estava na metade do caminho para o estande de arco e flecha quando ouço uma voz gritar:

– CUIDADO!!!

Mal tive tempo de me virar antes de ser atingida no ombro por um pedaço de metal , vindo do chalé de Hefesto. O impacto fez com que eu caísse no chão , derrubasse o arco e a aljava , espalhando suas 24 flechas pelo chão. Me viro e vijo um garoto moreno e outro bem novo correndo em minha direção.

– LEO VALDEZ, EU POSSO SABER QUE HADES É ISSO? – berrei.

– Foi mal , Luísa – respondeu o filho de Hefesto ajudando-me a se levantar e recolher as flechas.

– É - disse Harley , se abaixando para ajudar nos dois – Nos estávamos quase conseguindo consertar o Festus...

– Jura? – perguntei , mais animada. Eu adorava o “ dragão feliz”

– Serio! – disse Harley devolvendo-me a aljava. – Leo é um gênio! Estamos quase lá!

– O que posso fazer! – disse Leo , fingindo modéstia.

– Não sei como a Reyna te aguenta... – disse

– Fazer o que? Ela não resiste ao Valdelícia aqui!

– Ei, Luísa! – disse Harley – Her... como... como vai a Annie?

Eu e Valdez trocamos olhares cumplices.

– Bem. – respondi

– é , muito bem. – disse Leo – mas me diga Luísa: ela já tem par para os fogos de 4 julho ?

– não, ela está esperando alguém convida-la...

– Isso foi uma indireta? – Perguntou Harley, corando ligeiramente.

– Não, isso foi uma direta mesmo. – disse Leo – convide ela logo!

– Pra você é fácil falar ! Tem namorada...

– Como se meu estomago não parece afundar no tártaro toda vez que convido ela pra fazer alguma coisa.... –disse Leo

– Awnt! Bem eu vou deixar os dois garotos apaixonados conversarem em paz. – disse recolocando a aljava nas costas.

– Hum, eu acho que alguém está brava porque um certo irmão nosso ainda não a convidou para os fogos.... – zombou Leo.

– Henry? E-eu não estou esperando que ele me convide.... – respondi , sentindo meu rosto corar

– Você mente mal, sabia? – zombou Leo novamente.

– Tchau pra você também , Valdez. E boa sorte com Festus! – disse me afastando.

Fui andando tão distraída que acabei trombando com outra pessoa antes de conseguir chegar ao estande.

– Perdão! Eu não te vi! – disse Georgia Rose, filha de Dionísio.

– Tudo bem. – disse pegando novamente a aljava caída – eu já estou me acostumando com isso...

– Você viu Pollux? – perguntou Georgia.

– Não...

– Se o vir , mande ele se esconder! E avise que Clarisse descobriu o que ele disse! – gritou a menina se afastando.

Observei a garota morena se afastar, me perguntando o que foi que Pollux dissera sobre Clarisse. Enfim, consegui chegar ao estande de arco e flecha que , para mim , era o melhor lugar para extravasar a raiva. Porém, vi que ,sentada perto de uma árvore lendo um livro, se encontrava Jess , a mais velha filha de Athena com 22 anos, então , já tinha uma boa ideia de quem era a garota de cabelos castanhos atirando com o arco.

– Ally! Vá mais devagar! Desse jeito não vai sobrar nenhum alvo! – berrei.

Alysson se virou surpresa, aparentemente não havia percebido minha aproximação.

– Também precisando extravasar a raiva? – perguntou enquanto eu colocava uma flecha no arco.

– Um pouco. – respondi atirando a flecha , que atingiu bem no centro do alvo. – tive uma conversa meio estressante com meu pai hoje... e você? Por que tanta raiva?

Ela atirou uma flecha em cima da minha antes de responder:

– Pesadelos.

Assenti e não insisti no assunto. Sabia que Alysson havia passado por muita coisa antes de chegar ao acampamento : vira muitos amigos morrerem , fora separada de sua família e até mesmo internada num hospício, onde conheceu Jess. Dizem as más línguas que elas são loucas de verdade, mas todos no chalé 7 e 6 sabem que isso é mentira. Ninguém do chalé 11 ousava dizer isso , já que Ally era namorada de Connor.

Depois de escurecer, me despedi de Jess e Ally e fui direto me deitar na minha cama: a parte de cima de um beliche ao lado de uma janela no segundo andar. Sim, o chalé 7 tem dois andares (Três se você contar o porão secreto onde eles escondem os computadores com a internet clandestina dos Stolls.). Não demorou muito tempo para que eu finalmente caísse no sono.

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Acordei na manhã seguinte com uma Annie extremamente feliz pulando em sua cama.

– Ai, meus deuses. – disse caindo da cama – o que você tem , menina?

– Me convidaram para ver os fogos! Um menino! Harley! – disse ela continuando a pular na cama , agora vazia.

– Amém ele te convidou, não? – disse Amélia, saindo do banheiro.

– Epa! Vai com calma! Ela ainda é muito nova pra ter um namorado! – disse Will.

– E quem disse que eles são namorados? – disse Alysson – eles só vão ver os fogos juntos! Relaxe, Will. Você não vai perder sua garotinha. Pelo menos, não agora.

Os dois desceram as escadas discutindo , então, me virei para Annie e disse:

– Peça para Alysson fazer a fila para o café, ok? Eu preciso sair.

Ela concordou e voltou a dar pulos de felicidade. Coloquei meu uniforme do acampamento e fui em direção ao chalé 13, onde encontrei Jade. Logo depois, Laura se juntou a nós. Íamos conversar sobre ontem , mas o idiota do Mateus me chamou antes que eu ou elas pudessem dizer qualquer coisa.

Quando cheguei ao refeitório , reparei que todos olhavam para mim como se fosse um Et , ou melhor, como se fosse Lord Voldemort.

– O que aconteceu? – perguntei aos meus irmãos.

– Você não leu o jornal?- perguntou Will.

– Will, olha bem pra mim. Eu tenho cara de pessoa que lê jornal?

– Você tem cara de quem não sabe nem ler...- disse ele e eu taquei coca na sua cara – Ei!

– Leia. – disse Ally me entregando o Olympus Diaries.

Cuspi o resto da minha coca assim que vi o papel.

– Meus deuses! – disse. Por sorte , antes que me cobrassem explicações , Quírion chamou eu, Laura e Jade para conversarmos.

Fomos até a casa grande onde uma garota ruiva disse uma profecia sobre nós. Meu único pensamento foi “fudeu!fudeu!fudeu!”.

Depois da profecia , Quírion “conversou” conosco. Tradução: ele falou, falou , mais não disse nada. Acabou que estava mais confusa do que antes. MAS no meio do caminho eu trombei com outra pessoa.[ N/A Jade: porra, de novo?] [ N/A: Luísa: quer me deixar conta a história?] [ N/A Jade: #bolada feat. Xatiada.]

– Desculpa! Acho que eu... – mas minhas palavras ficaram entaladas na garganta quando eu vi em quem eu havia trombado: Henry Clark, filho de Hefesto. [ N/A Laura: por quem ela tem uma queda desde que chegou no acampamento....] [ N/A Jade: queda( lê-se precipício.)] [ N/A Luísa: JÁ NÃO MANDEI VOCÊS CALAREM A BOCA?!] [N/A Laura e Jade : Afff ¬¬]

– Não, tudo bem – ele disse- eu estava meio distraído mesmo...

– Her... Laura! Vamos indo na frente. – disse Jade , não dando tempo para a amiga responder e já a empurrando em direção ao refeitório ao som de seus protestos.

– Bem...- disse.

– Her... como você está?

– Não muito bem.... – suspirei.

– Você quer dizer sobre... aquele artigo? Luísa , eu convivo com você á 4 anos e toda vez que você se machuca você sangra. Isso significa que você não é imortal e , portanto, não pode ser uma deusa! Isso é um bom sinal não?

– Creio que sim. – sorri. – Obrigada , Henry. Você sempre me chama para a realidade.

Não dei dois passos antes que ele gritasse:

– Hei, Luísa!

Me virei, com as sobrancelhas levantadas mostrando que ele podia continuar.

– Vocêquerverosfogosnapraiacomigo?

– O que? – perguntei, ele falara tão rápido que eu não havia entendido nada.

– Você quer... hã... ver os fogos... você sabe... de quatro de julho ... comigo?

– Claro. – respondi.

Ele sorriu e voltamos juntos para o refeitório juntos, conversando sobre o projeto de reviver Festus. Ele estava tão animado...

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– VAMOS CAMBADA! FORMEM ESSA FILA! – gritava Alysson – hoje nós pegamos aquela bandeira de volta!

Tecnicamente, era eu quem deveria fazer isso, mas eu sou apenas uma substituta temporária , já que Ally parte amanhã em uma missão com Clary e Katie Gardner. Hoje era ela quem lideraria a fila. Para essa caça á bandeira , tínhamos feito aliança com os chalés Nêmeses, Deméter, Nike, Tique, Hecate , Hefesto e Hermes. Os restantes dos chalés estavam em uma aliança com o chalé de Ares.

Nos praticamente engolimos nossa comida e nos dirigimos para a floresta. Escondemos nossa bandeira perto de onde antigamente ficava o punho de Zeus. A estratégia era os chalés de Hefesto e Hermes protegerem e , enquanto os outros chalés distraiam os adversário, o nosso chalé tentava capturar a bandeira.

Assim que a caça começou, pude ver Alysson com Katie e Clary correndo para um lado. Tratei de correr para o outro. Não encontrei muitas pessoas no meu caminho, exceto dois filhos de Hipnos, que foram muito fáceis de passar. Já estava completamente ofegante de correr e me esconder dos filhos de Ares quando avistei a bandeira perto de um riacho. Sorri para mim mesma e comecei a andar em sua direção, quando parei abruptamente. Estava muito fácil... Ouvi som de galhos quebrando e me virei, com uma flecha pronta para atirar. Olhei ao redor. Nada.

Abaixei um pouco a flecha. Tinha certeza de ter ouvido algum barulho ali...

Foi quando um grito chamou minha atenção. Me virei e vi, caída de bruços e desacordada, Annie. Em pé perto dela estava Jade, com sua espada, lutando contra o bicho mais estranhos que eu já havia visto.

Tinha duas cabeças de cobra , mas os dentes eram caninos e os olhos de gato. Seu corpo parecia de um urso e sua cauda era cheia de espinhos.

Foi com um grito estrangulado de Jade que voltei a realidade. O monstro acabara de acertar sua mão com a calda , fazendo sua espada voar longe e ela cair no chão, apoiada nos cotovelos. Tinha de pensar rápido.

A criatura ficou de costas para mim e , mais que num instinto , peguei uma flecha. Esperei que a criatura levantasse a pata e atirei. Um tiro certeiro, no lado esquerdo do corpo, perto do osso do ombro, atingindo o coração. No mesmo instante , a criatura tombou para o lado e se dissolveu em... aquilo era areia preta???

Jade olhou para mim, mas eu não tive tempo de retribuir seu olhar. Os campistas, provavelmente atraídos pelo grito de Jade, começavam a chegar.

– Mas o que aconteceu aqui? – ouvi a voz de Quírion perguntar.

Engoli em seco. Como que eu ia explicar o que acabara de acontecer?