Jogos Vorazes: O Despertar escrita por FernandaC


Capítulo 19
Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, nossa depois de quase um ano, FINALMENTE, estou postando um novo capítulo. Por favor, desculpem-me pela demora! Esse ano foi bem difícil para mim, não dava para escrever, sem tempo algum. Enfim, sem mais delongas, espero que não tenham me abandonado e que continuem comentando. =)
Não me matem. rsrs

Desculpem-me mais uma vez.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/436503/chapter/19

– Quem chegou? Peeta? O que está havendo? – Eu pergunto a esmo, olhando de Johanna para Peeta, mas ambos me ignoram.

Antes de ela abrir a porta, o misterioso rapaz, com ar de guerrilheiro, toca no obro dela e toma seu lugar para abrir a porta. Percebo Johanna formar um pequeno sorriso no canto do lábio. Olho de esguelha para Peeta, ele tem os ombros tensos e dá dois passos agitados para frente. A porta é aberta e na soleira da entrada da casa, um senhor de uniforme da guarda de Panem nos encara, levanta a mão e nos mostra sua identificação. Comandante Belford – centro geral de Panem.

O que diabos significa “centro geral de Panem”? Provavelmente algum fantoche importante para a defesa nacional. Ainda assim, mantenho minha usual carranca, ficando na defensiva. Ninguém é confiável, ou melhor, ninguém do governo é. O comandante direciona seus olhos cinza para mim e levanta um arrogante sorriso de desdém. Acho que ele entendeu o que eu estou pensando sobre ele. Então, desvia o olhar para Peeta.

– Sr. Mellark, queira me acompanhar? – Ademais da pergunta, sabemos que não se trata de algo opcional. Ainda assim, Peeta continua no mesmo lugar. – Por favor, senhor, não cause mais transtornos para o sistema. Todos nós temos consciência do caos que ainda se encontra o país, então, vamos acabar logo com isso.

– Para onde você vai me levar? – Peeta pergunta calmo, mas firme, pontuando nas entrelinhas que não irá voltar para Capital. O comandante o analisa brevemente.

– Vamos até o centro de apoio na cidade. Tem um carro aqui nos aguardando. Vamos apenas conversar. Dr. Aurélius estará lá para esclarecer algumas coisas... – o sr. Belford afirma. Mas eu não estou segura disso. Não quero que Peeta vá... Isso cheira a conspiração.

Peeta estica mão para trás e eu a pego.

– Ok. Mostre o caminho.

– Para os dois. – Digo, logo em seguida.

O rapaz guerrilheiro balança levemente a cabeça demonstrando respeito pela minha atitude. Johanna tenta nos acompanhar também, contudo, ela é barrada pelo comandante que demonstra, agora, clara e nítida impaciência para com a gente. Entramos em um carro camuflado grande e forte. O comandante no banco passageiro, um soldado uniformizado dirigindo, eu e Peeta no banco traseiro.

Chegamos rapidamente no centro de atendimento na praça principal da cidade. E levo um susto enorme. Câmeras por todos os lados, repórteres, luzes, microfones... Por mais que eu não goste, tenho que admitir, estou impressionada com a velocidade que a notícia se espalhou e, principalmente, com a agilidade dessas pessoas em chegar aqui e formar todo esse circo.

Felizmente, ou não, vários guardas já nos aguardavam na entrada do centro de atendimento, então foi fácil passar pela massa de repórteres que se espremiam para conseguir um ângulo ou palavra nossa. O que esse pessoal vê em nós de tão especial, que não conseguem nos deixar em paz?! Irritante. Atravessamos o enorme galpão de atendimento e armazenamento. Direcionam-nos para a ala médica. Dr. Aurélius está sentado atrás de uma escrivaninha lendo, concentrado, uns papéis pardos.

– Sr. Mellark... E srta. Everdeen! Que surpresa encontra-la por aqui! – O médico, um tanto quanto envelhecido precocemente, fala para nós.

– Doutor, eu sei que errei em ter fugido, eu sei! Mas não voltarei para a Capital, vocês me “prenderam” lá por muito mais dias do que o havíamos combinado, eu não vou voltar. – Peeta pontua demonstrando fortes sentimentos de aversão e desgosto. O dr. Aurélius o encara, estudando-o.

– Eu sei disso, Peeta. Não vamos leva-lo. Nosso maior propósito em ter vindo aqui foi, lógico, para checar se você está bem e também para acompanharmos a srta. Everdeen em segurança até a Capital. – O médico diz com simplicidade, como se isso fosse a coisa que mais anseio na vida.

Eu o olho bestificada. Viro a cabeça para a porta de saída, calculando quantos guardas possivelmente devem estar me esperando no lado de fora. Automaticamente descarto a opção. Olho para o teto, alto demais. Sem saída. O desespero começa a se formar e então o maldito médico começa a rir.

– Não se desespere. Não vamos levar você tampouco. Apenas brinquei. – Ele diz descontraído. Mal ele sabe que quase enfio uma caneta na jugular dele.

– Haha... Muito sem graça, doutor. – Retruco azeda. Peeta relaxa um pouco ao meu lado.

– Pois bem, pelo visto vocês estão juntos, conseguem manter uma vida relativamente saudável. Peeta tem uma padaria, logo, possui um objetivo, algo em que se manter ocupado. Recebi os resultados de seus exames e está tudo bem. – Dr. Aurélius diz. – Já Katniss, temos que fazer alguns exames de rotina, ver algum medicamento para essas queimaduras... E apesar da brincadeira, isso foi um teste psicológico, você ainda é “perigosa”, percebi a caneta em sua mão. Então, não posso lhe dar, o que poderíamos chamar de liberdade condicional, ou seja, a possibilidade de sair do distrito para visitar outro.

– Quê?! Ah! Mas isso não vale, o senhor jogou baixo, eu não estava esperando por um teste agora! O senhor tem que reconsiderar... Eu não ia lhe espetar com a caneta. – Digo inutilmente. Todos nós sabíamos que estava entrando em pânico, recorrendo à violência se necessário.

– Sinto muito, Katniss. Quem sabe você melhore na próxima vez? – Ele diz decididamente, finalizando a discussão.

Recosto-me no encosto da cadeira cruzando os braços. O doutor anota algumas coisas no papel que lia. Peeta tamborila os dedos na mesa. Incomodado com a situação e encara o doutor que ainda mantem a cabeça baixa. Então, ele pigarreia limpando a garganta.

– Dr. Aurélius, por qual razão eu passei tanto tempo longe do Distrito 12? – Peeta pergunta, mas nós sabemos que ele se referia ao fato de ter passado tanto tempo longe de mim. O médico termina de escrever e pondera uma resposta.

– Peeta, tudo que nós fazemos não é a esmo. Tem um propósito. Já que essa etapa foi finalizada, tenho permissão para responder e explicar sua pergunta. Pois bem, você passou exatamente 39 dias longe do Distrito 12, - Dr. Aurélius diz e gesticula para mim com a mão. – diante dos inúmeros acontecimentos nos últimos três anos, tínhamos que ter segurança sobre o modo como vocês dois reagiriam dentro de uma situação assim, se causariam problemas para a sociedade, sendo violentos para conseguir alcançar seus objetivos, ou se teríamos problemas com a segurança de vocês, no sentido de evitar que cometessem alguma insanidade consigo mesmos. Sabíamos que era mais fácil observar você, Peeta, do que a Katniss. Então, a deixamos aqui, sob a vigília de Haymitch e alguns supostos repórteres.

– Como assim, “supostos repórteres”? – Pergunto intrigada.

– A casa número 4, onde está residindo, temporariamente, uma equipe de jornalistas... Bem, sinto dizer que, nem todos ali são, efetivamente, paparazzis. Um grupo pertence à minha equipe de médicos, que veio aqui para observar seu comportamento Katniss, suas reações em momentos de raiva e fúria. Um detalhe, essa equipe chegou junto com os repórteres, então, vocês dois foram analisados juntos e separados. Fizemos nossas observações e anotações. Em síntese, vocês não são perigosos contra si mesmos e somente Peeta não é perigoso contra a sociedade, já você srta. Everdeen tem problemas de auto controle, talvez alguma síndrome incutida desenvolvida na inconsciência, devido aos fortes acontecimentos na sua vida. Vou lhe prescrever alguns medicamentos e espero que cumpra a receita, posto que isso poderá ser o seu ticket para a liberdade total.

O dr. Aurélius explica como se tudo isso fosse continuasse a ser a coisa mais simples e normal no mundo. Fomos estudamos como cobaias, explorados e invadidos. Sinto-me quase violentada. Então, olho para Peeta.

– Peeta, acho que não somos os únicos doentes mentais nessa história. – Digo baixinho para ele, que balança a cabeça em concordância. Escuto o doutor soltar um pequeno riso pelo nariz, enquanto escreve a minha nova receita.

– Então, doutor, se isso é tudo que o senhor tinha para nos falar, por que o senhor teve o trabalho de vir até aqui, trazendo todo esse circo? – Pergunto.

– Acredite ou não, mas essas câmeras nos irritam tanto quanto vocês, e de alguma forma a notícia de que o Peeta estava no Distrito 12 vazou. Vocês ainda são vistos como símbolos da liberdade e a Katniss, principalmente, ainda é vista como o fabuloso tordo da esperança. Então, obviamente o que deveria ser ultrassecreto, assim não foi. Alguém dentro da mídia soube que o Peeta estava efetivamente aqui. E os guardas tiveram que vir, porque enfim, eles devem controlar o caos. Logo, por precaução, como não sabíamos o que íamos encontrar por aqui, um grupo de guardas veio nos ajudar. Alguma outra dúvida? – O doutor pergunta cansado. Balanço lentamente a cabeça em negativa, tentando digerir todas essas informações. – Então, podem se retirar. Voltarei para a Capital essa noite ainda, desta forma, ligarei para saber se você está cumprindo com a receita.

Depois de ensacar os medicamentos, que por sorte não eram muitos, finalmente nos dirigimos para a saída. De algum modo, dessa vez não havia nenhum paparazzi nos esperando na calçada. Talvez os guardas os ameaçaram ou algo assim. Chegamos na minha casa. Johanna estava sozinha nos aguardando deitada no meu sofá, vendo televisão.

– Até que você não fica tão desmiolada na tv, sabia? – Johanna diz para mim sem tirar os olhos da tela. Eu retruco pelo nariz e me aproximo olhando ao redor.

– Estamos sozinhos. – Ela fala, respondendo minha pergunta interna.

Eu dou um aceno com a cabeça e olho para Peeta, que evita meu olhar. Johanna se levanta do sofá e se direciona às escadas.

– Vou dormir estou muito cansada, se precisarem de mim estarei no quarto de hospedes, não se incomodem, sintam-se em casa. – Ela diz como se eu a tivesse convidado a ficar.

Fico olhando para as escadas, indignada, até escutar a porta do quarto se fechar. Viro-me para Peeta, mas ele não está mais na sala. Vou para a cozinha, vazio. Como ele pode ter saído tão silenciosamente? Vou verificar o jardim de entrada e nada dele. Contorno a casa em direção ao quintal e finalmente o encontro sentado no banco de madeira envernizada. Vejo-o encarando as estrelas. Ele percebe minha presença e desvia o olhar para mim.

Sento-me ao seu lado. Pego suas mãos. Peeta não sorri, não fala nada, apenas mantem o olhar. Observo seus cabelos platinados por causa da luz do luar sobre nós, a cor dos seus olhos azuis, o formato das sobrancelhas... E abro um largo sorriso como há muito, muito tempo não fazia. Toco as bochechas do seu rosto com minhas mãos. Ele as cobre com as suas. Peeta, então, entrelaça nossos dedos e apoia sua testa na minha. Sentimos a aproximação um do outro. E com os olhos fechados, deleito-me sobre a sua doce presença, o prazer em desfrutar do seu calor, em sentir seu coração.

– Katniss, eu percorri todas as distâncias para estar aqui. Nada foi difícil, nada era impossível. Impossível era continuar sem ver você, era continuar longe da minha Katniss. Se esse é o nosso eclipse, então eu vou tentar o absurdo para torna-lo eterno.

–--

Acordo-me com o usual solavanco. Sento-me rapidamente atordoada. Lembro-me da noite anterior, então, olho para o lado esquerdo e encontro Peeta dormindo em um sono pesado. Sorrio para ele e devagar me deito de volta, analisando-o descansar. Então, desço para trazer algo para comermos. Na sala, encontro Johanna sentada relaxadamente no sofá com as pernas cruzadas e esticadas sob a mesinha, vestida apenas com uma camisa grande camuflada e calcinha. Olho para ela carrancuda. Johanna devolve o mesmo olhar, desafiando-me a reclamar ou expulsa-la daqui. Ela sabe muito bem que não tenho o direito de reclamar, digamos assim, querendo ou não, ela ajudou Peeta.

Então, olho com atenção na blusa que ela está usando. E penso já ter visto uma blusa assim, observo os detalhes e o símbolo da guarda de Panem. Controlo minhas emoções. Como Johanna tem uma camisa da guarda? Ela lança-me o olhar mais enojado de todos e se levanta, caminhando em direção à cozinha. E, simples assim, escrito atrás da camisa, eu leio: Ten. Hawthorne. Muito confusa com tudo isso, eu vou para a cozinha confronta-la. Quero respostas e rápido.

– Johanna! – Digo ríspida, apertando forte seu antebraço, virando-a para me olhar. – O que está havendo? De quem é essa blusa? E porque está escrito Tenente Hawthorne?!

Ela se desvencilha do meu aperto com um puxão e quando começa a abrir a boca para falar, com um dedo apontado para mim, a porta dos fundos se abre, inundando a cozinha com a brisa morna da primavera.

– Essa caminha é minha. – Gale entra no cômodo, vestindo apenas jeans escuros e botas pretas, todo suado, segurando alguns galos da floresta na mão. E logo atrás o guerrilheiro, que veio com Johanna e Peeta. – Katniss... Vem aqui fora comigo, tenho que falar com você.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, sei que eu mal postei um capítulo, mas tenho que informar que vou viajar no ano novo e não vai dar para escrever muito. Vou tentar escrever pelo celular... Mas não garanto postagens. Feliz natal e um ótimo ano novo para vocês!! Ano que vem posto novamente. xD