Quatro coisas em você escrita por kah_aluada


Capítulo 1
Quatro Coisas em você


Notas iniciais do capítulo

Sem betagem, mas feito com carinho. Desculpem algum erro.Fic feita só pra uma de tantas possibilidades...



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–Você já beijou alguém?- Os olhos brilhantes dela estavam o analisando de forma direta, curiosa, ela era muito curiosa de uma maneira que ele não foi, ele era acomodado, ela corou, ele sorriu.

–Não.-Devolveu de forma simples- E você?-Ela corou, seu jeito infantil era engraçado, ele nunca pensou que podia conversar com ela de forma simples.

–Não.- Silêncio, os pés dela balançavam sem parar, a mesa rangia, ele finalmente sentou ao lado dela e estendeu uma caneca cheia de chocolate derretido- Quanta gordice.

–Você não precisa se preocupar com isso.-Ele respondeu num tom casual- Sempre assalta a cozinha da escola de madrugada?

–Só quando estou de TPM.-Ela devolveu e corou, se encararam, ter doze anos não era a coisa mais simples do mundo, muito menos com garotos baderneiros como aquele sentado ao lado dela infernizando sua vida- Você vem sempre?

–Só quando você está de TPM.-Eles riram, em sincrônia mergulharam a colher nas canecas e em seguida levaram a boca, a pele branca da bochecha dela sujou, ele olhou-a e riu, a penumbra era uma boa companhia.

–Você está suja.

–Você também.-Ambos começaram a rir. - Não é tão chata quanto parece.-Ele murmurou com um pequeno traço de timidez.

–E você até consegue ser agradável longe dos seus amigos.

Ele nunca admitiria, mas sentiu-se muito culpado quando a flagrou chorando na cozinha porque ele e os amigos tinham tingido sua saia de vermelho e feito a turma acreditar que ela estava suja de sangue. Naquele dia ela o olhou nos olhos e perguntou entre as lágrimas o que tinha feito para ele. O rapaz não soube responder, na verdade ele apenas seguiu a ideia de James, o Maroto de óculos sentia prazer em irritar Lílian, ele sempre dizia a Sirius o quanto gostava de vê-la vermelha e a ponto de explodir.

Desde aquele dia se encontravam esporadicamente na cozinha e conversavam. Há quatro meses, sem marcar ou prever, rumavam para a cozinha com vontade de encontrar um ao outro.

– Não tome isso como elogio.-Ambos riram de novo e ele se aproximou, segurou o rosto dela. Limpou a mancha de chocolate com o polegar, ela continuava olhando-o com aqueles olhos abertos e brilhantes, eram verdes arredondados- Por quê?

–O quê?-O menino perguntou rindo e tirou a mão do rosto dela, Lílian sorriu. Para ela existiam quatro tons de cinza, quatro tons que a deixavam curiosa, quatro tons que a instigava a descobrir sobre ele. Também eram quatro palavras que tinha dito a ele naquela noite, quatro estrelas que contaram em outro momento, quatro colheradas para esvaziar a caneca. Quatro centímetros para provar o que gostaria, quatro meses que reunia coragem para perguntar. E ela nunca teve um carinho especial pelo número que a perseguia.

–Por que nunca beijou alguém? –Ela enfiou a colher na boca e continuou encarando-o com aqueles olhos perscrutadores. Ele deu de ombros, queria corar, mas há quatro anos não corava, há quatro meses sentia que podia voltar a fazê-lo.

Eram quatro tons de vermelho para perseguir, o vermelho dos cabelos, o vermelho das bochechas coradas de vergonha, o vermelho das unhas que ela pintava ousadamente, o vermelho da roupa íntima que ele espiou ocasionalmente pelo buraco da parede. Haviam quatro tipos de coisas que ele queria esquecer, o vermelho da roupa íntima, o vermelho do lábios, o vermelho das sardas enfeitando o colo, o vermelho do desejo que ocasionalmente o visitava no chuveiro.

O número quatro parecia o perseguir, ele tinha um carinho especial por aquele algarismo, porque os Marotos eram quatro, porque um número impar demonstrava solidão e Sirius detestava solidão, porque o quatro era a medida exata para o peso, porque ele era guloso... Porque no fim não havia motivo certo para gostar, mas quando via já era aquele algarismo rondando suas coisas, e no fim eram os quatro tons de vermelho.

–Eu não sei, nunca tinha parado para pensar muito em beijos.-Ele deu de ombros- Digo, já pensei sim, mas é que as garotas mais velhas elas... Elas me deixam de cabeça meio abobada, sabe?

–Não.-Respondeu Lílian de forma direta e ele sorriu. E eram mais quatro tons que ela apreciava, era o sorriso maldoso, lançado quando ele aprontava, o sorriso cansado depois de um dia cheio de deveres, o sorriso malicioso, esse ela tinha visto pouquíssimas vezes, e aquele sorriso todos os dentes, infantil e sincero, era o que ela mais gostava.

–Elas têm algo que as meninas da nossa serie não têm.-Murmurou sonhador- E... Nunca me deu vontade de beijar uma menina da nossa serie porque elas são idiotas.

–Obrigada.

–Você não é idiota.-Ele murmurou de volta rindo- Eu também não posso sair beijando as meninas daqui... Já pensou se eu fizer alguma coisa errada? Elas vão comentar e minha reputação já era!- Lílian segurou o riso por alguns segundos e em seguida começou a gargalhar sonoramente.

–Esse é o seu problema? Medo de fazer errado? É por isso que diz que já beijou?-Ele deu de ombros.

–É por aí. Não sei se alguém confiaria esse segredo caso eu fosse horrível... Mas e você? Por que nunca beijou?-Ela corou e disse de forma divertida.

–Você já olhou duas vezes pra mim?-Ele assentiu- Então é auto explicável!-O garoto franziu o cenho.

–Não, se você usasse essa resposta dizendo que já beijou tudo bem! Não é possível que se ache feia.

–Não, feia eu não sou, mas sou desinteressante, além do mais tenho só 12 anos, quem pensa em beijar como essa idade?

–Todo mundo.-Os dois se encararam sérios e começaram a rir segundos depois. Em seguida Sirius questionou- Vai, não beijou ainda por quê?

–Não tinha pensado em ninguém interessante o suficiente para tentar fazer isso.

–Então tem alguém em vista?-Ela o encarou divertida.

–Pode ser que sim...

–Você é cheia de segredinhos.- A ruiva sorriu de novo.

–Eu sei guardar segredos.-Um silêncio pairou entre eles, ambos ficaram sérios, ele não era idiota, tinha entendido muito bem no que implicou a declaração dela. Lílian suspirou e encarou-o longamente – Você já beijou alguém?

–Não, e você?

–Não...-Ela se aproximou deslizando na mesa- Você sabe guardar segredos?

–Sim, e você?

–Sim.-Ele sentia as mãos suadas, não era possível que estava entendendo o que estava entendendo.

–Você gostaria de tentar? Digo... Para não passar vergonha com alguém que não saiba guardar segredos?-Ele piscou muitas vezes seguidas, sim era aquilo que ele tinha entendido, uma sensação quente se apossou de seu corpo, não eram quatro, era apenas um segredo, o quinto tom que surgiu entre eles. O garoto abarcou o rosto dela com as duas mãos e seus polegares fizeram uma carícia terna, ela estava muito séria, o quinto tom que surgia, qual era a mistura entre verde e cinza? Era peculiar, instigante e acima de tudo inevitável.

–É ótimo que não somos dois linguarudos.-Ele sussurrou e em seguida encostou seus lábios nos dela, não deu tempo para que ela se acostumasse com a pressão de seus lábios e mordeu a superfície macia dos dela, a ruiva abriu a boca em rendição e um uspiro baixo foi ouvido, ele revirou os olhos e suas línguas se encontraram, desajeitadas, sem ritmo, sem saber exatamente o que faziam, ambos fizeram uma careta e se separaram- Ok isso está...

–Estranho.

–Sim... Talvez... Acho que é a primeira vez, a gente pode treinar mais, não pode?-Ela assentiu.

–Acho que sim, beijar igual fazem em filmes.-Ele assentiu- Quer tentar mais uma vez?- Ela não precisou perguntar de novo, ele a tomou nos braços, dessa vez se abraçaram e buscaram um ritmo próprio, suas línguas agora brincavam uma com a outra ele ousadamente aprofundou o beijo e fez movimentos que ela gostou, se afastaram de novo- Acho que o caminho é por aí.

–Estou acertando?-Ela assentiu.

–Acho que sim, foi satisfatório... Não, foi diferente...-Ela o olhou parecia fazer força para buscar a palavra correta- Foi gostoso.

–Ótimo!-Ele a puxou para si, o beijo se aprofundou, ela deslizou as mãos para os ombros dele sentindo a língua do rapaz mover-se de forma lenta e faminta, ela não se reconhecia precisando puxá-lo para mais perto, ouviu um suspiro sair da boca dele e o mordeu nos lábios, o gosto da boca dele era algo incrível e arrebatador, diferente de tudo que imaginou. Ela suspirou e respirou fundo. Eles podiam se esquecer do mundo depois daquilo. Se afastaram e Lílian saiu de perto dele.

–E-eu acho que... E-eu... Er...-Ele a encarou, ela sorriu.

–Eu não vou falar nada pra ninguém.

–Então foi tão horrível assim?-Ela apenas sorriu mais.

–Foi uma das melhores sensações que eu já provei até hoje.- Era quatro tons, o cinza de alegria, o cinza de medo, o cinza de desejo, o cinza dos olhos de Sirius, deixado sozinho, gelado e frio, longe do calor que os tons de verde e vermelho dela emanavam.

O calor do vermelho quase cegou-o na manhã seguinte, como um pedaço de sol nos cabelos dela. O sorriso dela ao lado de Dorcas era a coisa mais bonita que ele tinha lembrança, estava embasbacado olhando-a, saber que o beijo dela era tão doce e cheio e carinhoso foi incrível.

–Fecha a sua boca.-Remus murmurou percebendo o comportamento do Maroto a cerca de Lílian. Só ele poderia saber, sendo analítico e paranoico como era, apenas ele seria capaz de perceber. Sirius se recompôs limitando-se a rosnar, e eram rosnados diferentes, cada um para um tipo de emoção.

–Bom dia Sirius.-Lílian passou por ele finalmente quebrando o acordo silencioso entre eles. O rapaz corou, James o olhou ofendido e ele sentiu-se na obrigação de concertar, ele teria que reparar a falha dela, não seria interessante e nada legal para seu ego que ela falasse com ele, se James dava bola para ela em público para depois irritá-la o problema era dele.

–Bom dia Evans, espero que tenha colocado as fraldas hoje. Hahaha.-Ela estreitou os olhos quando viu que os quatro riam muito dela, lançou um olhar gelado a ele e saiu andando com dignidade, o Maroto sentiu-se mal.

A penumbra era sua amiga, ele entrou sorrateiramente para a cozinha, ela estava lá, ele sabia que ela estaria, estava disposto a se desculpar e talvez ganhar mais um beijo, se aproximou.

–Você não tem seus amigos?

–Agora não. E você?-Ela bufou.

–Tenho.-Virou, seus olhos estavam magoados, ele tinha o dom de ser idiota, se aproximou e abraçou-a, ela ficou parada, não correspondeu- Eu não vou fazer isso...-O vermelho não era mais quente, e aquilo o machucava, ele se afastou- Não vai tirar de mim beijos ocasionais e me tratar como um lixo para seus amigos te aprovarem.

–Eu...-Ela se aproximou e beijou os lábios dele de leve.

–Eu não fui o único brinquedo.-Desceu da mesa e saiu deixando-o sozinho, eram quatro coisas que ele odiava em si... E o algarismo não era mais tão atraente.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?



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