Pov Hermione

Minha vida estava normal até o jantar acabar. Eu estava realmente feliz, pois depois de alguns anos de espera, o tonto do Rony finalmente me pediu em namoro! Não aguentava mais esperar, mas fui compreensiva em não cantar"Aleluia" quando ele me fez o pedido. Minhas notas continuavam excepcionalmente altas, e tudo corria bem.

Até o jantar acabar.

Depois que saímos do refeitório, fui chamada pela Profª McGonagall. A princípio estranhei, mas caminhei atrás dela sem fazer muitas perguntas. Ela bateu na porta da sala de Dumbledore, que se abriu. Entramos, e lá estavam os diretores de cada casa, junto com monitores das mesmas.

--Caham... - Dumbledore pigarreou calmamente e o falatório cessou. - Acredito que estejam se perguntando o porquê de estarem aqui. Bem, é que eu analisei as recomendações dos diretores das quatro casas sobre que monitor deveria ser promovido a monitor-chefe, e vocês foram os escolhidos. - Ele nos encarou por cima de seus oclinhos meia-lua e sorriu gentilmente.

Ao ouvir aquilo, meu coração deu um pulo. Eu como monitora-chefe? Uau!

-- Enfim... Vejo que há algumas rixas antigas entre certas casas, e portanto, para melhorar o relacionamento entre vocês, os monitores-chefe escolhidos trabalharão em duplas. A palavra chave éunião! E... Vejamos... - ele colocou a mão dentro de uma urna e pegou dois papéis.

Ele abriu calmamente os papeizinhos e disse em voz alta:

-- Grifinória fica com Sonserina. Corvinal fica com Lufa-Lufa. Bem, boa sorte e boa noite. Estão todos dispensados.

Ao ouvir aquilo eu gelei. Grifinória e Sonserina juntos? Eu ia ter que ficar com o insuportável do Malfoy? Abafei um grito de desapontamento e fui em direção à Profª McGonagall.

-- Professora, a senhora não poderia falar com Dumbledore para me trocar de dupla? - pedi um pouco envergonhada.

--Srta. Granger, a senhorita não ouviu ao que o Prof. Dumbledore disse? Vocês trabalharão em duplas justamente para a rixa entre as casas acabar.

-- Mas...

-- Nada de "mas". Agora vá para o seu dormitório antes que eu lhe dê uma detenção.

Só de ouvir a palavradetenção, já senti um calafrio na espinha. Corri o mais rápido que pude para a Sala Comunal da Grifinória, mas passando por um dos corredores, ouvi um barulho. Chequei o relógio pendurado e já eram mais de dez horas! Quem quer que fosse, tomaria uma detenção por estar perambulando por aí depois do toque de recolher.

Peguei minha lanterna e caminhei desanimada até a fonte do barulho, e vi o que não gostaria de ter visto.

À luz de minha lanterna, estavam Rony e Lilá, quase se engolindo. Ao perceberem minha presença lá, os dois arregalaram os olhos, e eu senti uma lágrima rolar pelo meu rosto sem permissão. Apaguei a lanterna e saí pisando duro.

-- Mione! Espera! - Rony disse, agarrando meu braço.

Me virei, o encarando com ódio. Puxei meu braço da mão dele e desferi-lhe um tapa muito bem dado no rosto,e saí correndo. Era difícil conter os soluços, e rezei para não encontrar ninguém pelo caminho.

Falei a senha para o retrato da Mulher Gorda e passei correndo pela Sala Comunal, mas antes que eu pudesse cruzá-la por inteiro, alguém me agarrou pelo braço novamente. Era o Harry.

-- Hum... Alô, Harry. – falei, tentando disfarçar minhas lágrimas que caíam sem cessar.

-- Mione, o que aconteceu? Estávamos esperando você voltar com a McGonagall para nos contar o que houve e você chega nesse estado? – ele disse, e aí eu fui me dar conta que além dele, Gina também estava lá.

Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, desabei a chorar. Ele me abraçou, e Gina se aproximou, acariciando meus cabelos.

-- Ô, amiga... O que aconteceu? – Gina perguntou, ainda passando a mão em meus cabelos.

-- Aconteceu que eu vi o que nunca deveria ter visto... – me acalmei por Harry estar me consolando, e consegui falar.

-- O que aconteceu? – Harry repetiu a pergunta.

-- O Rony, ele... – repirei fundo. – E-eu estava voltando da sala do Dumbledore, e... e eu ouvi um barulho em um dos corredores. Peguei minha lanterna e... – suspirei, limpando uma lágrima. – eu vi ele e a Lilá se beijando. Ou melhor, se engolindo.

Gina deu um soco na mesinha de centro, e Harry pôs as mãos nos cabelos.

-- Aquele idiota! Eu vou matá-lo, vou torcer aquele pescoço com uma só mão! – Gina esbravejou e Harry continuava com as mãos nos cabelos, agora balançando a cabeça negativamente.

Continuei a chorar descontroladamente, e não consegui mais falar sobre aquilo. Saí correndo de novo, agora sem ninguém me impedir, e saí mais uma vez pelo retrato. Eu precisava espairecer um pouco, ou ia acabar enlouquecendo.

Vaguei um pouco sem rumo pelos corredores escuros, até que trombei com alguém.

-- Desculpe. – eu disse, de cabeça baixa.

-- Tinha que ser a sangue-ruim da Granger mesmo... – reconheci a voz fria de Malfoy.

-- Já pedi desculpas! – eu disse, brava, e ele me olhou de um jeito esquisito.

-- Você está chorando? – ele mudou o tom de voz, parecendo agora preocupado.

-- Não é nada. Me deixe em paz. – eu saí andando e ele me agarrou pelo braço. Isso já estava ficando cansativo...

-- Granger, somos uma dupla agora, por pior que isso possa parecer. E eu não quero trabalhar junto com uma sangue-ruim, que além de ser isso, também é chorona. – ele disse, e todas as esperanças que eu tinha dessa mudança no tom dele foram por água a baixo.

-- Eu não quero falar sobre isso. Agora se me dá licença...

-- Não. Volte para seu dormitório agora, ou eu terei que lhe dar uma detenção por estar fora depois do toque de recolher.

-- Sabe que eu também posso fazer isso se quiser, não? – respondi à altura e ele continuou com sua pose prepotente. Argh!

-- Está me ameaçando, sua sangue-ruim imunda? – ele me prensou na parede e me encarou.

Droga, pensei. Eu não tinha mais forças para me mexer. Ou seja, eu estava presa. E pior: eu estava gostando daquilo.

Ele suavizou um pouco a expressão, e nossos rostos foram se aproximando. Senti seu hálito, e nossas bocas estavam a um centímetro de se selarem, quando ouvi a voz de Filch gritar:

-- Quem está aí? – vi uma sombra ao longe, e o chiado de Madame Nora. Nos afastamos rapidamente e saímos correndo, um para seu respectivo dormitório.