Sabbath escrita por stefani kaline


Capítulo 2
2°Capítulo: A Casa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/436436/chapter/2

–Acho que Gerald está doente, Amy -murmurou Violet com o rosto colado em seu aquário.

Havia um peixinho dourado de cabeça para baixo em um grande recipiênte de vidro cheio de água. A jovem garota de pouco mais de 7 anos dava pancadinhas em um de seus lados fazendo o líquido dentro dele se mexer e com ele o pequeno animal marinho.

–Peixes não costumam ficar doentes. -respondeu sua irmã sentada no chão do quarto mergulhada nas páginas de um livro grosso.

–O que há de errado com ele, então?

–Vai ver ele morreu. -Amy respondeu distraida, só percebeu o que havia feito quando sua irmãzinha saiu correndo aos berros pela casa.

–O que aconteceu com essa menina?! -indagou Katniss preocupada quando surgiu no quarto com uma grande caixa de papelão nos braços.

–Gerald morreu, tentei dizer isso a Violet e ela pirou.

A mãe da jovem colocou a caixa em cima da mesa próxima ao aquário, o fitou por alguns segundos e falou:

–Bem que você poderia ter dito isso de uma maneira mais gentil. Sabe muito bem que sua irmã é uma criança sensível. Devia ter dito que o peixe foi para um lugar melhor.

–Tipo o céu? -perguntou Amy fechando o livro -Nem sei se ele existe para nós quanto mais para bichinhos de estimação. Só não queria alimentar falsas esperanças para Violet.

A mulher bufou contrariada, mas logo mudou de assunto:

–Então, já terminou de juntar suas coisas para a mudança?

Haviam caixas como a que Katniss trouxera por todo o quarto as quais logo seriam postas em um caminhão com destino à Cherwood, cidade natal de seu padrasto, Dereck. Ele conseguiu o emprego de novo xerife da cidade depois que o último surtou e destruiu a própria sala na delegacia.

Alguns alegam que ele não aguentou a pressão, todas as responsabilidades que tinha eram pesadas de mais para um homem só. Graças a sua crise de estresse fora afastado do cargo e o próprio prefeito pediu para que Derick assumisse o posto.

Ele afirmou que um policial competente de cidade grande teria mais capacidade de botar alguma ordem naquele lugar. Derick não pensou duas vezes em aceitar a proposta.

–Na verdade não. -respondeu a jovem- Cheguei a conclusão de que não irei para Cherwood.

–Qual a parte do "A nova ciade fará bem à nossa família" você não entendeu.

–Todas elas! Não vou abrir mão da minha vida inteira só porque o Dereck arranjou um emprego novo. E os meus amigos e a minha escola?

–Conhecerá novas pessoas em Cherwood e tenho certeza que gostará do novo colégio.

–E o papai? Ele morreu quando eu tinha 7 anos e a maioria das lembranças que tenho dele estão aqui!

–Amy Price, não tente jogar isso para o lado emocional -bradou Katniss com as mãos no quadril- Não estou te pedindo para esquecer seu pai, só estou lhe dizendo que em Cherwood nossa condição financeira melhorará e isso é muito importante para seu padrasto. Agora, levante-se daí antes que chame o Derick para te arrastar até o carro e te amarrar no banco de trás.

–Não seria capaz disso! -sibilou Amy em tom de desafio.

–Não devia duvidar de mim, mocinha. -falou a mulher com um sorriso nos lábios -Derick, suba aqui, por favor.

Alguns segundos depois um homem alto e forte de cabelos bem penteados e barba feita apareceu na porta do quarto.

–Me chamou? -falou ele com sua voz rouca.

No mesmo instante Amy se pôs de pé bufando de raiva.

–Não vamos mais precisar de você, Derick. Se for para sair daqui, prefiro ir andando com os meus próprios pés.

Ela deu uma última olhada na mãe e cruzou a porta do cômodo à passos fortes, logo estaria no banco de trás do carro de seu padrasto à caminho de Cherwood. Violet passaria a viagem inteira bebendo refrigerante e obrigando-os a parar em cada posto que avistassem, pois estaria apertada de mais para segurar. Derick colocaria seu CD do The Police para tocar no som do carro e Katniss falaria sobre as 1001 vantagens de se morar naquela pacata cidade.

Seria uma tortura a Amy e provavelmente ela teria abrido a porta e saltado do carro em movimento se depois de quilometros e mais quilometros rodados sua mãe informasse:

–Chegamos em White Brick!

Sua irmã imediatamente saiu do carro e correu para a frente da nova casa. Em seguida Derick com um largo sorriso no rosto caminhando como se já estivesse com seu uniforme de xerife de Cherwood e depois Katniss que se deu o trabalho de bater na janela de trás do automóvel e fazer sinais para que a filha mais velha se juntasse ao resto da família.

–White Brick?! - murmurou ela. Seus olhos esverdeados pareciam brilhar mais ao Sol do meio-dia, mesmo que eles expressassem um terrível descontentamento - Seja lá quem foi o imbécil que fundou esse fim de mundo, não teve muita criatividade com nomes de ruas!

Amy ficou um longo tempo observando a casa de número 300 a qual logo teria o nome "Os Jones" gravada em sua caixinha de correio e pensando em como isso parecia ridículo aos seus olhos, principalmente porque não era uma Jones, era uma Price. A única desde que seu pai morrera em um tiroteio.

Diziam que foi um único tiro bem no coração. Seu pai Teodor Price era um com policial como Derick. Os dois eram parceiros e melhores amigos. Estavam patrulhando a cidade quando tiveram um chamado. Um assalto em um super mercado no centro.

Era apenas um drogado com uma espingarda. A viatura parou em frente ao estabelecimento, ele começou a atirar contra eles. Tinha uma péssima mira, falavam todos. Havia só mais uma bala em sua arma quando o pai de Amy resolveu sair do carro e acabar com tudo. Existia uma chance em cem do cretino acertar o tiro em seu peito, contudo, por incrível que parecesse ele puxara o gatilho no momento certo...

As mãos de Amy queimavam sobre o capô do carro, ela não tinha ideia de quantos graus fazia em Cherwood, mas sabia que não eram poucos. Ela desviou seu olhar de sua nova casa e parou na residência ao lado, o número 301 da Rua White Brick.

Era um casarão abandonado e de aparência estranha que causava um frio na barriga de Amy e tudo isso piorou quando vislumbrou uma de suas janelas.Estava embaçada e suja de uma camada de poeira, porém era possível ver a forma de alguém atrás dela, alguém que a encarava com uma intensidade fora do comum.

Um arrepio passou pelo corpo da garota como se a mão de um cadáver tivesse tocado sua pele. Amy entrou em sua nova casa o mais rápido que suas pernas puderam levá-la. Logo, que adentrou bateu no corpo pequeno e magro de Violet que estava parada em frente a porta.

Havia uma mulher gorda e baixinha vestida com conjunto rosa bebê que gesticulava e falava como uma gralha velha para Katniss e Derick:

–Essa casa foi construida há mais de 30 anos como a maioria das propriedades da White Brick, e eu diria que fizeram um ótimo negócio ao comprá-la...

–Quem é essa? -cochichou Amy no ouvido da irmã.

–A mulher da imobiliaria.

–E de onde ela surgiu?

–Ela não surgiu! -retrucou Violet- Já estava na casa quando chegamos, e é você que é desligada e não vê absolutamente nada. Nem um hipopótomo cor-de-rosa dando sopa bem na sua frente!

Amy teve vontade de rir, contudo, se segurou. A senhora se assemelhava muito ao animal, mas optou por deixar as piadas para outra hora.

Além de ter um preço muito bom, a casa tem uma personalidade própria e discreta...

–Não estou vendo personalidade nenhuma aqui, para mim é uma casa como todas as outras. -a jovem falou.

A mulher imediatamente se virou para ela e com um sorriso de propaganda de Tv disse:

–É claro que não enxerga a diferença, queridinha. Adolescentes de 14 anos não entendem nada sobre decoração.

–Na verdade eu tenho 15!

–E eu tenho 47 e 20 de experiência com venda de residências.

Ela esperava que isso fizesse Amy se calar, porém a garota apenas mudou de assunto:

–Quem mora no 301?

–Ninguém!

–Como ninguém?! Acabei de ver uma pessoa na janela da casa!!!

–Amy! Controle o tom de sua voz. -bradou Katniss que estava na nova cozinha admirando o balcão de mármore -Pare de ser grosseira com as outras pessoas.

–Não estou sendo grosseira! -respondeu a garota com rispidez- Apenas fiz uma pergunta.

–A casa foi deixada por seus donos há alguns anos.

–E se foi deixada na certa tem algo de errado com ela.

–Já chega! -a mãe de Amy disse- Está fazendo perguntas de mais. A corretora veio aqui para falar sobre novo imovel e não sobre o 301. Agora suba com sua irmã e escolha seus quartos.

Amy revirou os olhos, todavia, foi obrigada a concordar com Katniss e em poucos segundos estava no corredor do egundo andar. Violet corria de um canto ao outro, enfiando a cabeça dentro de qualquer porta aberta.

Acabou ficando com o maior quarto da casa afirmando ter muitas coisas para serem guardadas, o que na opinião da irmã mais velha não passava de um monte de tralha. Crianças costumam ter coleções de um bando de coisas sem importância como tampinhas de refrigerante à figurinhas da Liga da Justiça que vinham em pacotes de salgadinhos e Violet parecia ter isso em excesso.

Já Amy optou por um cômodo menor com uma porta cheia de trancas que devia pertencer a alguém que se preocupava muito em manter algo bem guardado longe de tudo e de todos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sabbath" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.