Estou amarrado na maca branca e inebriante . Daurius a minha frente, perde um pouco de seu corpo por dia, uma dor insuportável de se assistir, quanto mais de se sentir. Annie tem vários surtos, mas uma pessoa imaginária sempre está lá para confortá-la; imagino que sua loucura esteja criando uma versão de Finnick para salvá-la dos abismos de seus pesadelos.

A situação tem ficado mais precária. A comida tem sido diminuída diariamente. E a água tem caído apenas em alguns momentos.

–Lavínia?- um Pacificador abre a porta com um estrondo.

Lavínia na maioria das vezes tem dormido. E quando não dorme, arregala os olhos e pensa que há uma fera em sua cela. Ela se acua na parede e fica cutucando, algo imaginário com uma lança também imaginária.

Ela se levanta trêmula. O Pacificador faz um sinal, e mais dois entram com uma cadeira e uma máquina. Um terceiro entra com uma garrafa. Ela começa a se agitar. Tenta escalar a parede, mas é inútil. Um Pacificador abre a cela e a amarra na cadeira. Ela tenta gritar, mas não consegue. Um Pacificador joga água nela, e o outro instala a máquina na cadeira. Ela tenta se soltar, mas não consegue. Annie recomeça a gritaria e Johanna berra com os Pacificadores, Enobaria escondeu o rosto em suas mãos e Daurius está inconsciente. O Pacificador aperta uma alavanca. O choque perpassa o seu corpo rapidamente, só é possível ver algumas faíscas. O Cabelo ruivo está queimado e seu rosto está irreconhecível. Um Pacificador solta o botão e em seguida olha pra Johanna, um tanto ameaçador.

Fecho os olhos e enterro as unhas nas minhas mãos até sentir o sangue fluir. Não há o que fazer.

Começo a sentir o líquido fluir em minhas veias antes de perceber o que está acontecendo. Um dos pacificadores havia vindo para minha cela enquanto meus olhos estavam fechados. As alucinações começam e sinto uma dor incontestável atrás dos olhos.

–Parem!- Johanna está berrando. E berrando. Sua voz vira um eco fraco.

Não!Deixem que eles continuem. Acho que Katniss já queria me matar mesmo. Isso polpa ela de sujar suas mãos!

O que está acontecendo?

Tento silenciar a voz em minha mente.

Ela matou minha família. Meus amigos. Meu Distrito não existe mais. Mais nada a que possa me segurar nesse mundo.

Minha família? Meus amigos?

Não lembro qual foi a primeira vez que vi o que tinha acontecido no doze, mas lembro a dor que me arrebatou. Sinto um cólera se espalhar por minha mente e tomar os meus movimentos. Sei que estou me mexendo freneticamente.

–Eles estão te enlouquecendo! - ouço o eco de Johanna.

Reabro os olhos.

A minha visão está turva mas vejo a boca de Johanna mexendo. Os pacificadores trocam palavras e começam a se movimentar na direção da cela dela.

Pisco, espantando as estrelas em minha visão.

Estão colocando Johanna na cadeira.