– Às duas horas, pode ser? – Perguntou Tyler assim que acabou a aula. Ele pegou a sua mochila e jogou sobre os ombros, seu olhar se encontrou com os meus e me fez acreditar que estava hipnotizada, sorriu com o canto da boca e se apoiou na mesa esperando minha resposta.

– Pare de fazer isso! – Exigi. Peguei minha bolsa e fui em direção a saída. Eu senti um puxão forte no braço e voltei em um grande impulso para trás. Minha respiração ficou forte e comecei a me debater para ficar longe dele.

– Isso o que? – ele estava segurando meu braço perto de seu abdômen, minhas pernas estavam começando a tremer e meu coração disparava rapidamente.

– Me solta! – Exigi. Ele olhou para mim, e olhou para onde segurava meu braço, e soltou.

– Ainda não me respondeu! – Falou com o mesmo sorriso no canto da boca. Eu hesitei, não queria responder e fazê-lo pensar que gostava dele. Abri minha boca para responder, mas a fechei novamente, pois estava sem palavras a dizer, senti algo vibrar no meu bolso, salva pelo gongo.

– Telefone! – Suspirei, avistei o numero da minha mãe pelo visor, e atendi – Alô? Mãe?

– Filha, teu avô esta aqui em casa, diz ele que já esta na hora de você aprender a controlar seus poderes e descobrir para que elemento da natureza você servirá – Falou minha mãe com a voz não muito baixa.

– Mas... – Suspirei – Ok! Estarei logo aí – Desliguei o telefone e olhei para Tyler que me encarava com os braços cruzados – O que foi?

– Ainda quero minha resposta! – Falou.

– Sinto muito, tenho que ir pra casa, o trabalho fica pra outro dia – Falei dando-lhe um tapinha no braço.

– Ainda temos aula, você sabe não é? – Falou mordendo o canto do lábio inferior, o tremor havia começado novamente, meu coração disparou, e senti borboletas no estomago, que infantilidade isso.

– Dane-se preciso ir! – Bufei – Mas foi bom falar contigo, você é legal, nem sei o que esta fazendo com Britney!

– Eu acho que a amo! – Ele abaixou a cabeça, senti algo como se fosse uma facada no peito – Mas sinto algo estranho quando estou com você, como se fosse uma corrente que me prendesse a você, estou delirando?

– Sim, você realmente esta delirando em querer seu meu amigo, fique longe de mim, você não devia nem falar comigo! – Abaixei a cabeça também e fui em direção a porta, hesitei e dei um passo para trás e olhei pra ele novamente – Vai ser melhor para nós dois se não formos amigos, vai ser melhor pra você – Ele não deu mais nenhuma palavra e eu finalmente me retirei da sala.

Humanos, porque se apaixonar por um humano? É errado, não tem nenhuma chance de dar certo, não tem nada exatamente nada a favor, tem a maldição, o conselho espiritual, e ele confessou amar outra garota hoje, uma garota que me odeia; uma garota que eu odeio.

Não demorou muito para eu chegar a minha casa, avistei meu avô de longe através da janela, como sempre ele estava com a capa preta e um capuz, sua barba mal feita, o amuleto de conselho espiritual pendurado e aquele olhar que é capaz de matar alguém com os olhos.

– Vovô! – Falei e o abracei – Quanto tempo você não nos visita.

– Bom vê-la também minha neta, acho que já esta na hora de você aprender a dominar seus verdadeiros poderes! – Falou Vovô, ele sentou na cadeira e pegou no bolso, quatro cartas colocando-as sobre a mesa – Sei que você será uma grande feiticeira nesse meio período, você sabe que nem todos feiticeiros sobrevivem a maldição, mas eu acredito que você sobreviverá minha neta, eu acredito em você!

– Obrigada Vovô, obrigada! – Falei dando um leve sorriso.

– Então, vamos descobrir em qual elemento você pertence! – Ele virou as cartas de cabeça para baixo, elas possuíam símbolos e desenhos estranhos – Vamos querida sente-se.

– O que eu farei? – Perguntei assim que me sentei. Minha mãe chegou com uma bandeja com xícaras de chá – Ariadne também vai descobrir seu elemento?

– Sim, sim, chame-a Aislin, por favor! – Mamãe não hesitou e foi subir as escadas para chamar Ariadne.

– Vovô, não sabia que o senhor estava aqui! – Ela abraçou-o – É bom vê-lo!

– É bom vê-la também Ariadne, você esta linda querida! – Ele parou pra pegar algo no bolso – Aqui esta sua autorização para ir pra escola, fico feliz que acompanhará a Luna, saiba que acredito que nenhuma de vocês, serão afetadas pela maldição!

– Obrigada Vovô! – Ela sorriu e sentou do meu lado e segurou minha mão. Ela precisava de mim e eu precisava dela.

– Então vamos começar quem será a primeira? – Perguntou vovô – Creio que terei grandes feiticeiras como netas, exemplares, fortes e dedicadas!

– Posso ser a primeira? – Perguntou Ariadne.

– Tudo bem, a única coisa que você terá que fazer é estender sua mão sobre essas cartas, concentre-se como se estivesse fazendo um simples feitiço medicinal, e foque-se, a carta com o elemento que te pertence irá ir para a sua mão – Falou vovô, ele olhou para Ariadne incentivando-a – Vamos querida, você consegue!

Ariadne estendeu a mão sobre as cartas. De repente sentimos um forte vento entre nós, as cortinas se levantaram e os moveis vibravam, e finalmente uma carta se levantou e foi para a mão de Ariadne.

– Muito bem querida! – Falou vovô, ele pegou a carta da mão de Ariadne – Você pertence ao elemento ar, que orgulho de ti!

– Obrigada Vovô! – Ariadne me encarou e sorriu.

– Certo, minha vez! – Falei. Estendi minha mão sobre as cartas, de repente os moveis começaram a vibrar, as cortinas a se levantarem, as lareiras acenderam, as torneiras se abriram, e o chão começou a tremer. Meu avô olhou espantado para mim, em seguida todas as cartas voaram até minha mão.

– Incrível! – Falou vovô – Todos os elementos foram para sua mão, isso é incrível!

– O que isso significa vovô? – Perguntei com medo e hesitei pela sua resposta.

– Não é obvio? – Falou – Você é umas das feiticeiras mais fortes existentes, você é como se fosse uma lenda, a única pessoa que dominou os quatro elementos, foi Alexander, o bruxo que lançou a maldição!

– E o que isso significa vovô? – Perguntei novamente.

– Você é uma feiticeira universal!