Idioma do coração (João Miguel e Malú CCOA) escrita por Katye Alves


Capítulo 8
Entrega


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Como foi o natal? Espero que tenha sido cheio de saúde e felicidades. Porque nós merecemos, né? Bem aí vai mais um capítulo da nossa fic. Alternâncias entre Malú e João Miguel. Boa leitura !!



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POV João Miguel

Malú ainda me olhava esperando a resposta de sua ultima pergunta. Sobre o que diziam seus olhos. Mas havia uma grande diferença entre compreender o que estava lá e explicar isso com palavras. E antes que eu pudesse responder, ela recomeçou:

―Se preferir, posso dizer o que vejo nos seus! ― o tom de sua voz denunciava seu constrangimento. Eu podia ver o quão difícil isso estava sendo para ela. E só havia uma explicação para essa entrega: ela me amava de verdade. Como um homem, não como seu salvador. Pensei em suas palavras e imaginei até onde ela conseguia enxergar o que se passava dentro de mim.

― Ah é? Então me fala? ― Pedi aos sussurros, me concentrando no que ela iria dizer. Várias hipóteses vieram à minha mente.

E foi quando ela disse algo que eu realmente não estava preparado para ouvir:

― Que você quer algo que eu tenho. ― Uma explosão dentro de mim sacudiu meu corpo. Estava atônito. Minha doce e tímida Malú estava me seduzindo? Ou ela não conhecia a força daquelas palavras sobre mim? Olhei ainda mais no fundo dos seus olhos. Ela não falava apenas de um beijo. Pelo menos não era o que seu olhar dizia. Parecia me puxar para dentro dela.

― Ainda não consegui descobrir se o que eu quero nesse momento, você já possa me dar. ― Eu sabia que havia despertado um sentimento muito bonito em seu coração nesse curto espaço de tempo, mas que era frágil como uma bolha de sabão se comparado à tenacidade do ódio escondido dentro dela. Vi isso na seção de psicanálise a qual ela me contou de seu trauma e onde eu descobri que fui o causador daquela ferida e de seus pesadelos. Amor e ódio, dois lados de uma mesma moeda. Minha valiosa Malú. Mas nesse momento em que ela estava tão conectada a mim eu não poderia deixá-la escapar. Eu viveria até que sua rejeição interrompesse as batidas do meu coração e eu me tornasse um homem morto. Mas viveria esse momento com ela se assim ela desejasse.

E suas próximas palavras me encurralaram como num “xeque mate”.

― Então porque não tenta vir pegar? ― Sua voz estava firme, mas seu rosto estava corado, sua timidez sendo vencida pelo desejo. Meu corpo estremeceu com a forma que seus olhos me buscavam. E o meu desejo começou a doer. Só havia um caminho para o qual eu poderia mover-me: em direção a ela.

― Eu te amo!― Foi só o que fui capaz de dizer e nossa comunicação passou a ser expressada pelos nossos corpos. Colei meus lábios nos dela e pela primeira vez meu corpo se moldou em suas curvas e eu pude senti-la junto a mim. Incapaz de esconder a força do meu desejo por ela. Era um pecado querê-la daquela forma, deseja-la daquele jeito. Ela podia sentir o que sua proximidade me causava fisicamente enquanto minha boca a explorava com ganância, e eu a apertava como que para fundi-la a mim. Meu peito doía querendo mais. Eu a buscava e ela vinha, me inundando, como um rio encontrando o mar. Envolvi seus cabelos entre os dedos e pressionei ainda mais sua boca contra a minha, a respiração irregular. Eu queria torná-la parte de mim.

Então notei que estava perdendo o controle com ela. Tudo estava rápido demais e eu não poderia assustá-la. Não agora que ela se entregava pela primeira vez em sua vida. E juntando todas as minhas forças eu me separei dela. Cedo demais.

♥ ♥ ♥ ♥

POV Malú

Seu corpo se uniu ao meu inteiramente. Muito perto. Cada parte dele estava a minha espera. E o meu próprio corpo era mais rápido que meu cérebro, se encaixando no dele. Percebi que todo aquele medo não tinha razão para existir. Eu já era sua desde que o vi pela primeira vez. Já pertencia a ele antes mesmo de ter consciência disso. Como pude ter tanto receio? Receio do que eu nunca havia sentido? Como poderia me negar a ele se tudo que eu queria naquele momento era que ele se doasse para mim? Eu sentia uma vontade incontrolável de nunca me separar dele.

Ao contrario do que eu imaginei, sentir seu corpo em busca do meu me trazia uma sensação de prazer, de querer dar a ele algo que eu ainda não conhecia. Algo só nosso. Que não se compra. Que não podemos tocar ou explicar, apenas sentir.

Descobri que ele não tinha tudo, afinal. Pensei em suas palavras: “Dê-me apenas o que você quiser me dar e garanto que já terei muito”. Ele teria tudo de mim, ele já sabia. Realmente não me obrigaria a nada. Eu o estava oferecendo de bom grado, naquele momento.

O medo desaparecia de dentro de mim como uma chuva de verão que vem e se vai rápido mais deixa o seu cheiro na terra molhada. A incerteza já não era de entregar-me a ele. Isso eu queria como jamais quis alguma coisa. O que havia era uma ansiedade que doía pela pressa. E o receio de não saber como fazer com que ele sentisse exatamente como eu.

Então, finalmente ele me aninhou novamente em seus braços e me levou pra onde inconscientemente eu queria estar desde que saímos da igreja. O quarto.

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

POV João Miguel

Com a mente enevoada e os pensamentos atordoados cruzei a porta do quarto com ela nos braços. Coloquei-a em seguida, em pé, ao lado da cama, deixando uma mão agarrada a sua cintura.

Como foi para ela? Eu precisava saber até onde eu deveria ir. Eu queria ir muito longe com ela me prendendo em seu abraço, mas ela ainda não estaria pronta? Ou esperava por isso? Segurei o seu queixo com uma das mãos e continuei cuidadosamente a buscar respostas.

― Sentiu nojo de mim? ― Perguntei com ansiedade. Temendo sua resposta.

― Não! ― Ela balançou a cabeça reafirmando sua resposta e meu coração disparou. Eu pulsava contra seu corpo.

― Foi ruim?

― Não! ― Eu não podia acreditar no que ouvia. Estava ensandecido. O que ela fazia comigo? Mas ela estava assustada. Sei que estava.

― Sentiu medo? ― Terminei a pergunta com a voz quase inaudível.

― Nesse momento não!

Eu não conseguia seguir em frente. Estava apreensivo, com medo de magoá-la, de perder o que eu já havia conseguido dela. Medo de frustrá-la. O que exatamente ela esperava de mim? Estaria disposta a ir até o fim? Por que eu estava, mas também estava apavorado.

― Então me diga como foi. Por favor! O que sentiu?

♥ ♥ ♥ ♥

POV Malú

Eu via em seus olhos o medo que lhe acompanhava. Precisava ouvir claramente que estava livre para me tocar de todas as formas e que seria aceito. Precisava enxergar o caminho que eu o deixaria percorrer apesar de já saber o percurso que desejava seguir.

Fechei os olhos e deixei sua presença se espalhar em meu corpo. Respirei seu cheiro e levei para dentro, bem onde despertava uma parte ainda desconhecida em mim. Me deixei guiar pelos meus instintos como um ser incapaz de pensar. Uma dor urgente me dominando com sua proximidade.

Quando aquela sensação se tornou absolutamente palpável eu estremeci. E deixei meu corpo conduzir minhas palavras:

― Uma sensação terna que acaricia meu coração, mas ao mesmo tempo intensa e descontrolada que modifica o compasso dele. Uma necessidade de tocar sua pele que me tira a razão e me estremece. Que me faz esquecer de mim e querer ser parte de você, pro resto da minha vida.

Enquanto eu falava, ele mantinha os olhos fechados como se seus instintos aflorassem de dentro dele. Seu corpo libertando pequenos tremores em reação ao que eu dizia. E seu hálito banhava meu rosto enquanto sua boca passeava em busca da minha. Quando seus lábios tocaram os meus, o resto do mundo deixou de existir. Naquele momento ele era meu próprio universo. Não havia nada que me arrancasse dele.

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

POV João Miguel

“ELA É MIIIINHA, SENHOR, OBRIGADO!” Minha mente gritava.

Eu queria ajoelhar-me diante dela por me deixar ouvir aquelas palavras. Queria poder dizer algo tão lindo quanto aquilo para ela, mas as palavras que eu encontrava eram pobres e mesquinhas. Queria arrancar meu coração do peito e entregar a minha mulher, mas ele já não estava comigo, estava com ela, me chamando. Minha Malú, meu coração. Então pude sentir que eu a teria. Inteira. De uma forma que eu jamais me permiti sonhar. Estávamos enfim, sincronizados na mesma frenquência. E eu estava em suas mãos. Ela seria minha vida ou minha morte.

Era meu anjo. Meu anjo perigoso e letal para mim. Suas palavras me mostraram o quanto eu estava enganado. Não precisava temer. O meu coração a havia conquistado para mim, como esperei. Ela me queria como eu a ela. Talvez para sempre.

Seu corpo estava febril e ela tatuava meu peito com seus beijos enquanto tirava minha camisa. Eu não precisei pedir. Não demorou e seu lindo vestido já descansava ao nosso lado. Ela estava perfeita sem ele.

Quando finalmente encostei minha pele nua na dela uma força magnética envolveu nossos corpos, então a conduzi para nossa cama, deliciosamente entre seus beijos. Eu estava lidando com minha própria vida em minhas mãos. Ela se encaixando sob medida em meu corpo em chamas. E ele doía antecipadamente, implorando por seu toque. Cada vez que seus lábios tocavam com um beijo a minha pele, aquele ponto explodia insano, irracional, deixando um rastro de fogo sobre mim. E imediatamente eu buscava mais uma dose do seu corpo, insaciável. Eu avançava cada vez mais próximo do meu objetivo: fundir minha alma à dela.

― Pensei que não quisesse me mostrar o quarto. ― Ela disse em meu ouvido e eu sorri, não acreditando que ela ainda estivesse no controle de sua mente. Por que eu não estava.

― Pensei que não quisesse conhecê-lo. ― Falei no mesmo tom.

― Pois acaba de se tornar meu lugar preferido. ― Suas palavras quase silenciosas me provocavam arrepios.

― Pois espero que nunca mais queira sair dele. ― Respondi numa afirmação do meu próprio desejo, mesmo sabendo que eu não merecia estar com ela daquela maneira. Ela não poderia imaginar que corria voluntariamente em direção ao monstro do seu passado.

Meus instintos estavam selvagens na presença do seu cheiro, dentro daquele quarto, sozinhos em nossa cama. Eu a desejava desesperadamente. Queria plantar em seu coração o antídoto para a doença de sua alma a qual eu mesmo causei. Eu precisava conduzi-la numa dança hipnótica e suave ou do contrario eu iria perdê-la para sempre antes mesmo de tê-la por completo. Eu não poderia deixar meu sentimento aflorar com tamanha intensidade e com toda a sua potencia, vindo à superfície. Ela não entenderia minha fome. Qualquer toque mais áspero poderia despertar em sua mente o monstro agora adormecido que ela enojava e que a privava de ser minha completamente. Eu o odiava tanto quanto ela, embora ele estivesse terrivelmente impregnado no meu passado monstruoso.

Ela se entregara a mim com tanta doçura, tão pura... E eu sou um homem miserável por me sentir feliz que ela nunca tenha sido de mais ninguém. E que isso se deva ao meu crime, ao trauma que eu a causei. Mas não posso deixar de sentir dor em pensar que outro homem poderia ter tocado seu corpo como eu toquei... sublimemente como agora.... ou covardemente como na primeira vez.

Definitivamente eu mereço morrer pelo que fiz. Mas só ela seria capaz de me destruir. Não! Eu havia me destruído para ela. Eu dei a ela a arma pela qual iria me matar. A rejeição. Ela só ainda não sabia disso. Mas eu, sim.

― Eu poderia morrer agora, Malu. Não me importaria. Já tenho tudo o que sonhei!

Ela sorriu, mas não parecia querer minha morte. Não naquele momento.

― Primeiro faça comigo o que sua mente deseja. ― Fechei os olhos e senti o cheiro de sua pele. E era como se a eletricidade vinda dela estivesse se conectando a cada uma de minhas células. Todas muito conscientes da presença dela. Meu corpo inteiramente alerta ao seu pedido. A sensação era tão extasiante que eu queria prolongá-la. Testava a resistência do meu corpo ao dela. Conhecendo cada centímetro seu, marcando-a com o meu próprio cheiro. Descobrindo seus pontos sensíveis e como ela desejava ter-me em cada um deles. O desejo que crescia nela alimentava o meu.

Quando ela começou a gemer suavemente em meu ouvido, me trazendo alucinações, foi minha fraqueza. Era tão... doce! Minha boca conseguia sentir o sabor. Afundei completa e delicadamente em seu corpo e nos tornamos um só. Não ela e eu: “Nós”. Eu nunca seria capaz de imaginar que minha presença tivesse aquele efeito sobre ela. Seu rosto a denunciando para mim. Cada movimento de sua boca... a ternura de seus olhos... cada som involuntário que ela sussurrava me alucinava e me enlouquecia. E eu transbordei. Entregue ao seu ritmo. Quanto mais ela tinha de mim, mais me dava em troca. Não havia um ponto em mim que não fosse sensível ao seu toque.

Pequenas mortes foi o que eu senti naquela noite cada vez que minha mente era tragada por sua presença em meu corpo. Ela estava me matando... deliciosamente. Eu jamais poderia viver sem ela, isso era uma verdade absoluta.


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Notas finais do capítulo

O amor não precisa ser entendido, apenas ser sentido. Um ano novo cheio de muito amor a todos!! Até a próxima!!



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